segunda-feira, 8 de julho de 2013

Mais um Bellow



Mais um dos grandes e indispensáveis romances de Saul Bellow será lançado pela Companhia das Letras: O Legado de Humboldt está previsto para chegar às livrarias no dia 19 deste mês. A editora está, finalmente, corrigindo o erro do mercado de livros nacional de não tratar esse que é um dos maiores autores da língua inglesa dos últimos setenta anos com o devido respeito que ele merece. Este romance em particular se distingue por ser o que tem a linguagem mais ágil entre as obras de Bellow, o que se percebe desde a primeira página, em que o leitor que não conhece as tantas artimanhas deste escritor pode até pensar que ele anda pelas veredas da literatura beatnik e dos herdeiros de Hemingway. Mas, logo, o impacto das nuances do estilo e da inteligência de Bellow mostra a missão deste livro: um movimentado romance reflexivo, que abrange profundas questões espirituais e culturais, no melhor estilo entremeado com a ensaística ácida do autor de Herzog. A tradução é inédita, de Rubens Figueiredo.

35 comentários:

  1. Meu Herzog descolou as páginas esses dias, quando mexi na estante. PORRA. Tenho que achar outro inteiro da edição antiga.

    \\
    Zizek esta gripado ou cheirado. Acho que \\..... é a resposta certa. Tá misturando um inglês (carregado no sotaque, o que ajuda a dar uma certa simpatia por ele), português e esloveno numa vibe meio Lobão porra louca. Deveriam tê-lo chamado pro debate, seria televisivo demais.

    "Sou comunista". "Precisamos de um estado central e regulatório mais do que nunca". PARA COM ISSO, CARA.

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  2. É fácil supor que nos cacoetes do cara se esconde um cheirador de pó. Isso é meio simplório demais. Um cara "cheirado" não teria tantas costuras coerentes de ideias como Zizék tem.

    Gostei da entrevista. Difícil é aturar aquele "humor" do Caruso. Ele devia estar trabalhando no Zorra Total. E escreveu "Gandi" em uma das caricaturas, se referindo ao líder da revolução indiana.

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    1. Eu tava brincando. (Sim e não)
      Certo momento enjoei do papinho dele e resolvi assistir isso aqui: http://www.crackle.com.br/c/Comediantes_em_carros_tomando_caf%C3%A9

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    2. Bobo que sou, um anti-moderno na pior acepção da palavra (longe do anti-modernismo elegante, à la Faulkner do querido Charlles), compraria sem pestanejar o dvd da entrevista do Zizek. Mais tarde vou fuçar o youtube pela entrevista. Certamente ele foi pressionado pelos entrevistados a revisitar os protestos do mês de junho.
      Vocês que o assistiram me respondam. Zizek cedeu ao espaço mais mundano do Roda Viva, descendo o seu discurso do pedestal Hegeliano e Lacaniano?

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    3. Luiz, só assisti aos 15 minutos finais da entrevista. Vou atrás pelo youtube também. Mas, pelo visto, ele não muda (afortunadamente). Hegel eu vi em suas respostas. Ele quase que cometeu uma gafe no final, ao mencionar a "relativa seriedade" do programa, coisa que o mediador agradeceu e ressaltou a palavra "relativa".

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    4. Zizek é, arguably, o maior filósofo vivo. (Que me desculpem os entusiastas de Habermas ou Noam Chomsky)
      Aliás, eu assistia esses dias a uma entrevista dada pelo Chomsky onde ele era incitado pelo perguntador a fazer pouco caso do pensamento de Zizek. Chomsky então morde a isca e afirma que Zizek, como Derrida, era um intelectual que não tinha nada a dizer. (Mais um desses bobocas interessados em teoria, em teorização vazia). Resposta essa de Chomsky que me pareceu completamente desinformada da produção intelectual do Zizek.
      Faço esse gancho para comentar o desfile de desinformação do boboca Mario Sergio Conti, apresentador do Roda Viva, que começa a sua desastrada moderação da entrevista com o Zizek observando que a obra dele, sua filosofia, era determinada por uma teorização abstrata, sem chão e desvinculada da história. Cacete, qualquer um que lê pelo menos um terço de qualquer dos livros do Zizek, sabe que as suas considerações psicanalíticas sobre a modernidade partem de uma, se não profunda revista histórica dos eventos que marcaram essa modernidade, a Revolução Francesa, as duas Grandes Guerras, a construção e o ocaso do Leste Europeu Comunistas, pelo menos uma apaixonada revisão dessa História, enquanto eventos estruturantes do nosso mundo.
      O Roda Viva desperdiçou uma grande chance de fazer-se em agente educador de um público mais abrangente por intermédio desse programa. Trouxe interlocutores apenas timidamente familiarizados com o filósofo esloveno, não fez-se rogar da grande presença que acolhiam (alguns sem saber hospedavam anjos), e não soube trazer ao filósofo perguntas que atinassem para o presente do Brasil. Ou seja, não souberam usar do Zizek enquanto filósofo cuja a vocação é a de interpretar o mundo (e não mudá-lo, como ele bem colocou).
      Tanto melhor que Zizek, bem ao estilo Zizek, tergiversava apenas e tratava de fugir das péssimas perguntas, falando sobre o que bem lhe interessava (grosso modo do conteúdo de seus últimos livros).

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    5. Btw, ignorava que o Zizek tivesse se submetido mais de uma vez ao show de horrores do senso comum do Roda Viva. Essa entrevista de agora é a sua segunda aparição no programa.
      Apareceu também em 2008, no auge do economic meltdown de Wall Street, só que entrevistado, nessa feita, por Maria Rita Kehl e Vladimir Safatle, o que me parece, já de princípio bem mais animador que o enfileiramento de bocoiós no programa de agora.

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    6. Mantenho uma dessas relações ricas de leitor com o Zizék, que, a meu ver, tem o mesmo grau de antagonismo proveitoso com o qual me relaciono na literatura com Roberto Bolaño. Cortando o papo furado: tenho muitas críticas e discordâncias, e até vejo muitos dos esquematismos falsos da moda intelectual de cada nicho nos dois, mas... que os caras são filhos da puta de bons, são!

      Nestes dois últimos anos, desde aquela nossa conversa aqui no post de Sabres e Utopias, investi bastante tempo em Zizék, de forma que só não li os livros sobre Mao, Lênin e o de críticas cinematográficas dele. Isso que você falou aí, de que o esloveno é um observador da história, e não um pretendente a modificá-la, resume muito da má leitura que bastante gente, inclusive gente boa, faz dele, de que ele não gosta de pessoas, defende a violência, defende ideias assassinas, etc.

      Por exemplo, um dos autores muito citados (e admirado por Zizék), John Gray, escreveu um artigo bom e verdadeiro, que decanta o filósofo, que você pode ler aqui:

      http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-71/tribuna-livre-da-luta-de-classes/as-visoes-violentas-de-zizek

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    7. Tudo que leio do Conti parece falho. Ele escreve agora para a Piauí: fez um texto propagandístico vazio sobre Daniel Galera, mostrando o jovem escritor surfando, na praia, puro revista Caras. Fez outro sobre Proust que queria parecer muito expert (segundo Ssó, a tradução prometida do ciclo do tempo perdido da Cia das Letras foi entregue a ele), mas não me convenceu. E justo na edição da Piauí deste mês, tem um baita texto dele sobre as manifestações de junho no Brasil, mas um texto excelente e excepcionalmente bem escrito mesmo (procurei aqui a merda do meu código de assinante para copiar e colar o texto, mas descobri que o bendito vem junto do plástico da revista, há muito jogado fora).

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    8. Ah, sim? Eu de minha intratável ignorância nem sabia quem era o bocoió até a entrevista dessa semana no Roda Viva. Achei realmente constrangedora a sua moderação. Mereceu o tapa de pelica do esloveno no final do programa, "obrigado por receberem esse intelectual (ou filósofo) corrompido." Não que a entrevista tinha de ser pautada pelo "all smiles and giggles." Mas a última pergunta feita pelo desconhecido professor de filosofia, feita em caráter de "com essa eu coloco o esloveno na roda," se ele não temia todo o showmanship que acompanhava a sua filosofia, de que transformavam (com o consentimento dele) a sua filosofia num commodity, mereceu a resposta curta e grossa do intelectual: "que importa se, num exercício de imaginação histórica, a música de Mozart tivesse sido embalada e produzida por estratégias de marketing, feita em commodity. Ainda seria a música de Mozart. A ética ainda estaria ali."

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    9. Acho que terei de assistir de novo o Jãjãk. Não é possível. Estou aqui, de boca aberta, com a admiração de vocês por ele.

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    10. Também gostei muito dessa parte, Luiz.

      Matheus, não sei qual livro te indicaria do cara. Talvez o sobre farsa e tragédia, ou Bem vindos ao deserto do real. É bastante instigante.

      Mas cá entre nós, a camiseta deve incomodar os bicos dos peitinhos do Zizék, ele não para de puxar o pano enquanto fala. Aquilo deve ser toc, e não cocaína. Há um conto maravilhoso de Saul Bellow que fala de um filósofo marxista hiper-ativo que se encaixa perfeitamente em Zizék, em "Trocando os pés pelas mãos".

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    11. Matheus, eu também indicaria o "Primeiro como Tragédia, depois como Farsa." É um dos livro do Zizek mais ágeis e o tema talvez te interesse. Uma análise política e filosófica sobre os rumos do capitalismo a partir da crise financeira de Wall Street de 2008.
      Mas suspeito que você já está armado contra o esloveno.

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    12. Uma análise política e filosófica sobre os rumos do capitalismo a partir da crise financeira de Wall Street de 2008, vinda de um declarado comunista? *Ri$o$* Ficou muito engraçada essa frase. Sério.

      As resenhas que li do Zizek já dizem o suficiente. Uma análise tacanha, cega, talvez caolha.

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    13. Essa é uma coisa que o Zizek não é, caolho. Por vezes seus livros irritam tanto Marxistas ortodoxos, quanto liberais de direita. Irrita a multiculturalistas e a paroquialistas da E.U.. Irrita a Zionistas e a Palestinos.
      O Hegelês do filósofo o torna um pensador difícil de ser enquadrado em esqueminhas.
      O livro acima não é uma leitura economicista do economic meltdown. É política e filosófica. Zizek é afinal filósofo. Eu sei de antemão que você não concordará com as premissas do livro. Mas certamente você não encontrará lá mais do mesmo. Uma visão maquineísta política da mundo moderno.
      Mas você precisa parar de ler resenhas de livros no sítio do Olavo ou os fichamentos literários do Coturno Noturno. Isso aí faz muito mal para saúde, meu caro.

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    14. Irritam... irritam...

      maniqueísta...

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    15. Não li nenhuma resenha de livro no site do Olavo nem conhecia o Coturno Noturno (obrigado!). Do que o Olavo fala, pouquíssimas coisas são descartáveis e/ou absurdas, e nessas ele encarna um papel de Alborghetti...

      Não é caolho? Então é cego mesmo. =)

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    16. Matheus, os esquerdistas devem odiar ainda mais o Zizek que os da direita.

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    17. Matheus,

      É muito cedo para essa postura de jogar o bebê junto com a água da banheira.
      Você não é um caso sem solução.

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    18. Mas esquerdistas odiando esquerdistas é padrão, Charlles hehe

      Hum...não entendi. Não creio que estejas dizendo para simplesmente ser de esquerda. Qual seria a solução, Luiz?

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  3. Mais ágil que Augie March? Minha nossa!

    Ah (comentário atrasado), o Dyer tem um livro sobre um filme de Tarkovski. Se chama Zona.

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    1. Augie March é um prova da versatilidade de Bellow, Paulo, pois mostra um estilo bem diferente das outras grandes obras dele. Augie tem períodos longos, faulknerianos, enquanto Bellow se distingue mesmo pelas frases curtas e cortes rápidos. E, como salientou Coetzee, Augie tem cenas gratuitas (como a do naufrágio) que são deliciososo exercícios de virtuose, enquanto Humboldt mostra um Bellow mais maduro e centrado.

      Bom saber!

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  4. Não sei se viram, mas hoje a Cosaco Naify tá com livros em descontos de ate 60%. Luz em Agosto e Palmeiras Selvagens, de Faulkner, entre eles (e Brodsky, Fernando Novais, Goethe, Canetti, James, Gorki, Sartre, etc).

    http://editora.cosacnaify.com.br/Loja/estatica.aspx?id=83
    http://editora.cosacnaify.com.br/Loja/PaginaLivro/11300/Palmeiras-selvagens.aspx

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  5. Uma intromissão daquelas q o cara se permite apenas aqui (tinha ficado devendo um certo comentário ao Matheus e tbm ao Ramiro - é óbvio q aqui não pago a minha conta, e nem depois poderei fazê-lo; mas é q hj, depois de mto tempo, pelo menos saiu algo, então lá vai):

    Ontem saí do trabalho às 15h. Em frente ao Mercado, um pequeno movimento, um ou outro tiozinho curioso andando lentamente, com os braços pendendo para trás, mãos entrelaçadas, a observar. Eu estava com fome, ainda não havia almoçado - nessa região do Centro estava tudo fechado. Fui subindo a Borges, com destino a qualquer restaurante aberto. Embaixo da Duque encontrei uma marcha, vindo em minha direção. Eram sobretudo professores e estudantes, acredito. Alguns gritos contra a Copa, outros pela educação e pelo transporte público. Entrei na caminhada. E foi uma particular "greve de fome" de consequências ainda a serem digeridas.

    Dobramos na Salgado Filho, onde quase ineditamente (ali) eu vi muitas pessoas às janelas. Um senhor balançava um pano vermelho, um jovem percussionava alguma coisa também desde a janela. Descemos em direção ao cais, pela Dr. Flores. Entrei no coro em alguns gritos que julguei pertinentes. Numa passeata destas, teus pensamentos correm a milhão. Tantas caras diversas, tantas frases ditas, cartazes levantados, e o movimento pela rua funcionando como a abertura de uma picada na mata - embora a imagem de um facão passe bem longe do clima de tranquilidade geral, alegria até. Ocorre que os pensamentos se vão mais rápido que as pernas, e tudo vai parecendo novo mesmo no slow motion da nossa toada. Ali pela Mauá um trompete soou alguma pérola dos anos 90 que eu jurei que não esqueceria (mas depois veio tanta coisa...).

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  6. [...]
    Adiante, cantaram algo que me fez diminuir o passo, um canto que visava condenar os ricos, e só os "ricos", a pagar uma conta que é (tem de ser, penso eu) de todos nós. Mas eles contrapunham "o povo" a esses ricos. Eu reconheço as classes sociais. Eu reconheço a luta de classes. Mas eu tenho uma ideia de "luta" bem definida (pelo menos em seus contornos), e ela é INCLUSIVA. O que chamam de alienação funciona para todos os lados - a consciência DE TODOS tem que ser respeitada e chamada para jogar o nosso jogo (e com "nosso" eu não estou indicando nenhuma posição a priori). Mais tarde eu veria as dificuldades de se sustentar uma ideia de acolhimento nesse contexto todo.

    Seguimos. Reencontrei a Aline, que tinha visto mais cedo, acompanhada do meu amigo Douglas Ceconello. Trocamos algumas impressões, e lá pelo Gasômetro ela me indicou uma barraquinha que talvez vendesse comida. Já se sabia o destino da marcha, a poucos metros dali: a Câmara de Vereadores. Fui à barraca e comprei um cachorro quente prensado (o que não comia desde as sextas-feiras que não voltam mais, do Maria Imaculada).

    Comi olhando para o Guaíba, e esse exercício foi um gás a mais na velocidade das ideias, superando mesmo a lavação de louça cotidiana. Sustentei o pensamento que venho tendo mais ou menos desde aquele 17 de junho: tudo isso é uma grande CONVERSA. E quando não é, melhor seria se fosse. Muitas pessoas estão saindo à rua pela primeira vez, e isso significa, não só para elas (cada um acompanha como lhe convém), que pela primeira vez pensam-se dentro de um contexto social, de uma rede de pessoas reais (que agradável ironia que a internet sirva para isso; se pensarmos bem, nem chega a ser ironia: a internet é "só" um grande instrumento, como são os telescópios e os microscópios, que nos colocou a par da dimensão disso tudo). Voltando: sendo uma conversa, e uma conversa recente (para muitos), é natural que saiam as maiores bobagens e trivialidades. Tu não sai perguntando a um desconhecido o que ele acha do financiamento público de campanha, tu pergunta que horas são, diz que vai chover, esse governo não presta pra nada mesmo. Mas aí é que tá: acho que as pessoas estão conhecendo umas às outras, e é a partir desse conhecimento - que também é reconhecimento - é que as questões mais profundas podem se colocar. A gente precisa é aprimorar a nossa forma de conversar: uns são bons em falar (não sou), outros são bons em ouvir (sou reconhecidamente um orelhudo). Temos que fazer as duas coisas melhor, com o respeito perpassando isso tudo.

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    1. "A gente precisa é aprimorar a nossa forma de conversar: uns são bons em falar (não sou), outros são bons em ouvir (sou reconhecidamente um orelhudo). Temos que fazer as duas coisas melhor, com o respeito perpassando isso tudo."
      É isso mesmo, arbo.
      .
      Saudações poéticas...

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  7. [...]
    Depois do cachorro-quente fui à Câmara. Foi bonito ver gente onde sempre vejo ninguém. No pátio, um cara encenava para crianças e seus pais do Movimento Nacional de Luta pela Moradia. Havia indígenas, sindicalistas, mas sobretudo estudantes. Entrei para me dirigir ao Plenário para ver como estava a ocupação. A porta do Plenário tinha só uma das folhas abertas e aos poucos um bolinho de gente foi se formando. Fiquei um pouco afastado e por uns 15 minutos apenas acompanhei. Alguns manifestantes faziam às vezes de porteiros do Plenário, alegando objetivo de organização. Sobre a porta, escrito: CASA DO POVO. Entravam só alguns, "esse é do sindicato", "esse companheiro nos conseguiu tal coisa", "esse aqui é da ocupação, passou a noite aqui". Era tragicômico ver o desfile dos critérios improvisados. Vários eram BARRADOS. Então uma mulher disse que queria entrar, que há 35 anos queria ver a Câmara com gente, queria tirar uma foto - mas não. Me dirigi à porta da "Casa do Povo", pedi licença, o primeiro abriu caminho por educação, imagino. Depois fui interrompido. Fui indagado e respondi negativamente aos critérios: não era do sindicato tal, não era "da ocupação" e etc. Esse cara era claramente SENHOR de alguma coisa, me passou batido de quê. Veio uma moça, com um pouco menos de desjeito, e como ela falava um "nós" que parecia não incluir a mim, perguntei quem eles eram. E eram o Bloco de Lutas pelo Transporte Público. [e eu pensei: interessante, caras, como vocês NÃO SABEM COM QUEM ESTÃO FALANDO - e nem precisariam, porque eu sou qualquer um, e só isto deveria bastar] Fui insistente sempre com palavras, o caminho estava fechado, era claro, e me contentei, não contente, quando um cara pelo menos foi educado comigo.

    Voltei pra casa como fui, a pé. Tem tanta coisa que cansa. Conversar cansa, mas também renova. Vamo lá, não tem outro jeito, falar e ouvir.

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    1. Gostei muito desse relato, arbo. Há complexidade demais nesse período de possível emancipação em diversos setores da visão sobre si mesmo do brasileiro.

      Você é bem mais antenado que eu, mas vai que ainda não conhece esses vídeos:

      http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=tMcMjWEWnys#at=228

      e, principalmente, ESTE:

      http://www.youtube.com/watch?v=tcak396PrqY

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  8. Nada mais bahtchetrideesquerda que essa “aventura”, arbo. Interessante essa sua percepção, de ser uma grande conversa, um Conversas Cruzadas sem o Lasier. Mas discordo que as pessoas “pela primeira vez pensam-se dentro de um contexto social”. Arrogantemente, penso que a massa não está pensando coisíssima nenhuma, está seguindo apenas as lideranças auto declaradas nas ruas. E, assim, discordo do que falaste dias atrás, acho, de que eu estava enganado, que não era tudo um esquemão da extrema esquerda. Pelo contrário, estou ainda mais certo disso: no momento que o os grupos de passe-livre recuaram, acabou a baderna geral. (E essa aí da Camara de Vereadores é um exemplo claro do eu e muitos outros diziam desde o início.) Outras grandes manifestações não aconteceram porque a esquerda saiu da jogada – e só a esquerda tem partidos, tem mentalidade de rua, de protesto, de mobilização, de jogar com a emoção, principalmente dos mais jovens (praga maldita, voto tinha de ser só a partir dos 40 anos; eu poderia votar, pois minha alma já chegou lá haha). E QUALQUER QUESTÃO MAIS PROFUNDA só poderá ser colocada, de acordo com a mentalidade imposta no Brasil desde os anos 60, a partir dos ideais de esquerda. QUALQUER OUTRA SERÁ DA DIREITA FASCISTA DO MAL E O POVO BRASILEIRO NÃO PODERÁ ACEITÁ-LA!!! E mesmo se o povo aceitá-la, a LUTA NÃO PODERÁ CESSAR, pois a luta é constante, até não sobrar nada do outro lado, nenhum resquício de pensamento oposto. Destruir tudo e salgar a terra.


    1-Também sou excelente ouvidor e quase mediano comunicador.
    2-O sujeito que estava barrando era um gordinho calvo?
    3-LA CONCHA DE TU MADRE ARR BOOOO (ns) Tu és vaca e meu xará é patriota, na Impedcopa? Pelo menos ninguém é do Toba. Pq, né...

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    1. A sucessão que eu acompanhei foi outra. No início, lá quando a tarifa baixou, a dita extrema esquerda tinha, sim, uma inserção naqueles "vândalos baderneiros". Tanto que o mandado de segurança foi ajuizado por dois vereadores do PSOL.

      Porém, em junho, São Paulo aconteceu. O prefeito petista e o governador tucano repetiam que o reajuste era inferior à inflação e que seria mantido. E eram todos vândalos baderneiros, Folha e Estadão cobraram, reclamaram e ganharam "mais rigor" policial. Nesse dia, um repórter da Carta Capital foi preso por porte de vinagre, sete jornalistas da Folha ficaram feridos (uma levou bala de borracha no olho). Derrubaram a pauta de vândalos baderneiros. Isso acendeu um pavio.

      E incendiou, talvez (estou tateando no escuro), meio porque os dois maiores players da política institucional, PT e PSDB, estavam na mesma, Com o mesmo discurso. O que aconteceu em junho, definitivamente, não foi liderado pela extrema esquerda. Extrema esquerda não quer extinção de partido, não é contra organização, não é contra proibir o Arbo de entrar na Câmara de Vereadores (O que é isso, companheiro?). Extrema esquerda não é anárquica, mas dura em sua hierarquia de iguais - ou outra expressão nonsense.

      Tem ainda a queda vertiginosa da popularidade da Dilma e suposta facilidade para levar a fatura no primeiro turno de 2014.. Ela derreteu quase 30%. Curioso que essa massa migrou fundamentalmente para "não sei". Marina Silva, que cresceu 7 pontos percentuais (e foi a que mais cresceu entre os nomes de pré-candidatos) é a que mais se aproxima do tal não ter partido. Mas está criando um e tem nome de Rede, talvez esteja mais sintonizada com a multidão furiosa, ou plebe rude. Aécio e Eduardo Campos mantiveram-se onde estavam: oscilaram dentro da margem de erro.

      P.S: Perdi o momento em que o post do Bellow foi entrecortado pelo Zizek, pelo Olavinho (maldade minha, Matheus, também acho que existe salvação pra ti; salvação não é coisa de comunista) e a narrativa da quinta. E eu só chego aqui na sexta. Aliás, já é sábado.

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    2. "PT diz que militantes não foram às ruas porque agora estão empregados"
      http://oglobo.globo.com/pais/pt-diz-que-militantes-nao-foram-as-ruas-porque-agora-estao-empregados-9022027
      Ah, bom!

      Olavinho? Morri.

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  9. hahaha teu xará eh meu irmao

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  10. E fizeram filme de Enquanto Agonizo. Porra, James Franco! http://www.youtube.com/watch?v=VO68Kd2yQsE

    Ele ainda quer fazer o Som e a Fúria. PRENDAM ESSE RAPAZ.

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