sábado, 6 de julho de 2013

3 leituras para meus próximos meses

Foram-me entregue nessa semana os seguintes livros que solicitei à Companhia das Letras:

A já tida como clássica biografia do manifestante negro Malcolm X, escrita pelo historiador Manning Marable,  falecido assim que concluída a obra, e que foi premiada por um Pulitzer póstumo em 2012. Leio na orelha do livro: "Ladrão, agenciador de prostitutas e viciado em drogas na década de 1940, quando também conheceu os horrores da prisão, ele abandonou o crime para abraçar com sua oratória brilhante, amparada em leituras autodidatas e nos ensinamentos do Alcorão, uma luta sem quartel contra o racismo e a injustiça."













Todo Aquele Jazz, (título inventado de um oportunismo que não me parece muito feliz, já que o original se chama But beautiful: a book about jazz), o curioso volume de um gênero novo de literatura, o conto-jornalismo, em que seu autor, o romancista e ensaísta inglês Geoff Dyer, produz peças que misturam ensaio e ficção sobre momentos cruciais das vidas de grandes jazzistas, "Chet Baker e seu rosto arruinado ainda jovem, Art Pepper e seus desvarios na cadeia, Lester Young viciado em qualquer droga a seu alcance, Thelonious Monk paralisado pela doença mental". A obra é de 1991, mas só agora foi lançada no Brasil, e de lá para cá já adquiriu status de peça literária comovedora e de beleza instigante, não só para os entusiastas do jazz, mas também para os amantes da boa literatura. Esse eu já programei para começar a ler na segunda-feira.



As agruras do verdadeiro tira tem sido visto pela imprensa e por sites literários como uma obra relevante de Roberto Bolaño, mas cujo caráter disperso na forma em que esse romance póstumo foi desencavado e montado de rascunhos do computador, manuscritos inéditos, e excertos de outras partes da bibliografia do autor, recomenda-se que seja lida por já conhecedores da escrita do chileno. É uma obra vultuosa, de 316 páginas, feita com o carinho típico que vem dedicando os editores e os herdeiros do espólio de Bolaño. No prólogo, vem o interessante make-off da composição a várias mãos da montagem das peças do romance, tido por Bolaño como o "MEU ROMANCE, oitocentas mil páginas, um enredo louco que não há quem entenda". Como vem sendo cheia de idiossincrasias, do prosaico ao estranhável, minha convivência com Bolaño, também a vinda desse livro tem sua história: eu o pedi assim que lançado, há seis meses; o envio foi confirmado pela Companhia das Letras, que é sempre idônea nesses assuntos; mas nada do livro chegar. Deixei por isso mesmo, considerando que seria deselegante reclamar de livros que eu considero como presentes. Mas eis que eu escuto meu cão Miles Davis latindo com o timbre sinalizador para que eu corra rápido para a garagem porque tem um evento muito estranho acontecendo por aqui, e vejo o pacote da Cia todo dilacerado pelos dentes do Miles, e nenhum sinal do carteiro. O Miles teve tempo de perceber que se tratava, enfim, de mais um livro, e inteligentemente parou de morder, mas ficou uma marquinha do canino no canto da capa. Achei um tanto inconvencional que o Júlio, nosso carteiro, tenha arremessado o livro sem me chamar_ constrangimento por terem visto o atraso de um semestre para a entrega de uma encomenda que, talvez, tivesse caído no vão de uma mesa, e só descoberta agora. Vá se saber. Coisas de Bolaño.

7 comentários:

  1. Sobre o do Bolaño já escrevi uma resenha, mais uma sobre ele e tenho um pequeno ensaio engatilhado.

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    1. A confirmação de que este Bolaño é para iniciados tirei de seu texto.

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    2. E eu continuo encarando 2666 enquanto vou pegando o ritmo da extensa biografia do Van Gogh... Creio que seria melhor ler Bolaño respeitando a ordem de publicação dos seus livros.
      De todas as vezes que me deparei com a capa de Todo Aquele Jazz só me veio à cabeça "O perseguidor" do Cortázar. No próximo final de semana vou à um Festival de Jazz e seria um ótimo esquenta.

      Ana Paula Rocha

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    3. Ana, agora que vi que tinha alguns comentários retidos como spam, entre eles este seu. Me desculpe. Fica aqui a ressalva. Abraços.

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  2. O filósofo Slavoj Zizek será o convidado do "Roda Viva", nesta segunda-feira, 10 da noite, na Cultura.

    Bora assistir? (nâo)

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