A verdade mais simples sobre o homem é que ele é um ser estranhíssimo, quase no sentido de ser um estranho na Terra. Com toda a sobriedade, ele tem muito mais a aparência externa de quem traz hábitos de outra terra do que de um simples desenvolvimento dela. Ele tem uma vantagem injusta e uma desvantagem injusta. Não pode dormir na própria pele; não pode confiar nos próprios instintos. É ao mesmo tempo um criador que move mãos e dedos milagrosos e quase um aleijado. Envolve-se em ataduras artificiais chamadas roupas; apoia-se em muletas artificiais chamadas mobílias. Sua mente tem as mesmas liberdades duvidosas e as mesmas limitações selvagens. Único entre os animais, é sacudido pela bela loucura chamada riso, como se entrevisse um segredo na forma mesma do universo, oculta do próprio universo. Único entre os animais, sente a necessidade de desviar o pensamento das realidades básicas de seu ser corporal, de escondê-las como na presença de alguma possibilidade mais elevada que cria o mistério da vergonha. Quer louvemos essas coisas como naturais ao homem, quer as vilipendiemos como artificiais na natureza, elas continuam, no mesmo sentido, únicas. (G. K. Chesterton)
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