No filme A Estrada, a evocação do fim parte de onde em Solaris, de Tarkovski, a ilusão de recomeço surge na submersão do personagem principal na crença em que sua esposa não havia suicidado. Em Tarkovski, pode-se adotar essa catarse desesperada, que não necessita dispor de mais efeitos de convencimento porque o enredo acaba aí, não há mais filme e as cortinas se fecham sobre essa loucura apiedante. O astronauta que se enredou nos sonhos causados pelo planeta ectoplásmico Solaris pode passar toda a eternidade como sempre quis, sem as angústias filosóficas que o acometiam, sem os pesadelos de que a morta lhe aparecia com o rosto carregado de acusações de culpa, sem a realidade de que está anos-luz de qualquer geografia terrestre que lhe seja familiar: sua rendição a Solaris lhe garante em troca voltar à lembrança da tarde em que ele, sua mulher e seu filho se deitam no gramado de sua casa de campo, absorvidos na mais sólida felicidade. O que importa os desdobramentos de seu possível despertar desse sonho?, o que importa se o astronauta não fez outra coisa que ser derrotado uma segunda vez, depois que se desatou de sua resignação ao estoicismo e se lançou nos braços lisérgicos de Solaris?, o que importa se essa fantasia não é senão os momentos iniciais de sua morte? Para a platéia, esse último e definitivo instante não só justifica a vida do astronauta como é o ponto nodal onde se coincidem poderosamente o alívio diante o niilismo da condição da história e a redenção do astronauta, o seu arrebatamento da crueza da existência. Por detrás dessa síncope freudiana onde se desaloja o recalque, há uma compensação estreitamente ligada ao mérito do martírio cristão. O astronauta, que foi voluntário para deixar o planeta Terra, alcança seu momento sublime que o liberta da culpa, da perda, da ausência de sentido; e tanto é maior esse escape quando pensamos que ele não despediu-se em definitivo da Terra, mas das avenidas gigantescas e vazias, e dos silêncios urbanos planificados da União Soviética de Tarkóvski, do protótipo de emancipação social mal realizado que descambou num pesadelo insuportavelmente pesado. Se Tarkovski mostra cenários de escombros e ruínas em filmes como Stalker, em que um depósito de ferro velho se espraia ao longo da margem de um rio florestal, com o propósito de provocar a sensação de "descanso do capitalismo", em Solaris a cena final é o descanso ao comunismo, a rendição em admitir não mais acreditar que o ser humano possa abraçar a Grande Ideia. No filme À Espera de um Milagre, o indío cherokee no corredor da morte diz que o paraíso seria voltar e viver para sempre num momento de sua vida, quando se refugiou com uma moça numa cabana da montanha. Como todo ato de abnegação de superfície enganadora, o astronauta se sacrifica por um mentira egoísta, uma deportação do mundo real.
Já A Estrada é um negativo da última cena de Solaris mas que avança de forma corajosa para todo o longo discurso apocalíptico a que Tarkóvski alude. O pai e filho de um planeta Terra ominosamente destruído fazem parte dos sobreviventes da espécie humana que purgam o mais antieufemístico experimento filosófico: viver os derradeiros meses de absoluta carência em que sucumbirá a história. Não há alimentos, não há vegetação, não há animais. Existem apenas a peregrinação rumo a lugar nenhum, a paisagem cinzenta onipresente e o canibalismo, contra o qual o pai guarda um revólver com duas balas que deve ser usado contra eles mesmos caso sejam pegos pelos canibais. O pai ensina ao filho que deve colocar a ponta da arma de encontro o queixo e efetuar o disparo. Os conselhos que o pai dá ao filho ao longo do filme são todos dessa lava de sinceridade dura. Muito do desespero de sua mulher o contaminara depois que ela própria vencera suas tentativas de dissuasão e praticara o suicídio. Quando ela clamava para que a deixasse levar o filho com ela, ele, as sobrancelhas arqueadas, as feições maleabilizadas por um incognoscível heroísmo niilista, se dobrava para dentro de si mesmo, negando o pedido e sabendo que não poderia salvar a esposa. Seu filho, ele monologa enquanto atravessa um campo acinzentado por uma morte total e insubtraível, é a forma com que deus fala com ele, se alguma vez deus falara com ele. O impacto congelante do filme é justamente esse, entre todas as desgraças óbvias que são conhecidas dos filmes apocalípticos, a maior é a realidade explícita de que não há mais lugar para a mais inofensiva ilusão. O pai não tem o conforto de se afundar numa fantasia de retorno tarkovskiana. Não há mais a possibilidade desses artifícios de retornos plásticos, de analgésicos psicológicos para aliviar numa sobra de sonho a certeza do fim. Ser o último representante da espécie que detêm um vestígio de luz moral é um fardo sem propósito, algo de uma insuportável loucura. A Estrada seria um filme mais duro ainda de assistir se tivesse caído nas mãos de um Tarkovski moderno e independente que pudesse ter o benefício de olhar a substância do que sobrou das expectativas humanas a partir de um lugar lúcido na América. Quais cores ele teria usado para representar a destruição da paisagem, já que um de seus méritos maiores foi sempre prescindir dos efeitos especiais? Teria esse Tarkóvski usado em substituição à ausência de um técnica cinematográfica caríssima a mesma astúcia sublime que fez em Solaris para representar a solidão extrema de uma sociedade planificada futura, usando longos takes das ruas soviéticas? Ninguém como Tarkovski conseguia traduzir o vazio e o medo interior (ou o medo do vazio) nas filmagens puras da natureza, seja urbana ou os escombros urbanos despejados no campo.
Dos diretores americanos atuais, há uma dupla que detêm o mesmo poderoso talento de Tarkóvski em explorar a mentalidade de derrocada e de trânsito para lugar nenhum do homem moderno. Trata-se dos irmãos Coen, cujo mote sensitivo de seus filmes é o de carregar o espectador de uma sombria premonição que algumas vezes trafega pelo terreno de insinuações kafkianas. Seus estudos do contraste da vida simples com a promiscuidade multitudinária das grandes cidades usa de um moralismo vago mas suficientemente não deletério para a sua arte, no estilo tire suas próprias conclusões e desprovido de qualquer cinismo maniqueísta. O casal imune à doença de assassinatos banais de Fargo, no final do filme em que a policial interpretada por Frances McDormand retorna para o refúgio seguro do seu lar, é mostrado sentado diante a televisão, num laconismo carinhoso mas sem surpresas do amor estabelecido. Nos filmes dos irmãos Coen já não se espera alcançar o grande Outro, os personagens já possuem um gene plenamente adaptado vindo do trabalho de acomodação paulatina das gerações anteriores para se manterem num estado acomodativo inquestionável. Os vilões só querem para si_ só são biologicamente capazes de querer para si_ algum tipo de benefício oferecido pelo pobre horizonte restringido ao mínimo denominador comum da ausência do grande Outro: alguns milhares de dólares, alguma falcatrua que não envolve o apreço das cobiças gigantescas dos gângsters dos filmes noir. São desprovidos de emoções exautadas, tanto de amores furiosos ou ambições furiosas; entram em atribulações apenas pela propensão natural da espécie, mas não por uma convocação demoníaca. Os personagens que tem direito à felicidade morna da não participação são aqueles que, seguindo a máxima pascaliana, não saem de seus quartos para não promoverem o mal. São personagens que não vivem tempos interessantes, e, na norma moderna de um presente perpétuo, refestelam-se no restolho plastificado das grandes emoções, simulam serem cidadãos e seres humanos involuntariamente, reagindo à concepção secreta que trabalham no interior de seus genes, pois não sabem o que na verdade é um ser humano e um cidadão.
Não à toa que um dos maiores filmes dos irmãos Coen veio do casamento com a obra de um escritor sintomático como Cormac McCarthy, o autor do romance que gerou a adaptação de A Estrada. Em Onde os Fracos Não Tem Vez, a adaptação da obra de McCarthy feita pelos irmãos Coen, vemos uma série de personagens automotivos, que são impulsionados a agirem por razão nenhuma. O assassino interpretado por Javier Bardem vai deixando uma fileira de corpos por onde passa, usando um compressor de ar e uma espingarda com silenciador. No meio do filme, um policial oferece a análise do assassino: ele não mata por dinheiro, mas por ser uma máquina inexplicável e compulsiva. O assassino detêm, contudo, um código moral, que usa em duas de suas vítimas para avaliar se o destino consubstanciado no cara ou coroa de uma moeda vai autorizar que elas sejam mortas ou poupadas. Não há uma metafísica, uma transcendência, um universo mental exra-orbitante, ou qualquer espiritualidade no mundo bastante aproximado do real criado pelos irmãos Coen. É um mundo intersticial que subjaz no deserto das grandes ideias, das grandes aspirações, um mundo apaticamente desumorado e regido por uma funcionalidade cega e sem eficiência_ porque não procura eficiência, a eficiência não tem sentido. São comédias criadas para não terem graça, e tragédias feitas para não obterem nenhum impacto trágico. Aí a genialidade dos irmãos Coen: lidar com as emoções aplainadas, o vazio de sentido. Daí que o impacto vem como a inesperada e ensurdecedora explosão da barreira de som quebrada, quando os irmãos Coen sorrateiramente nos manda por cima a moral sintomática, a cobrança subliminar por reação. Não há um grande Outro, ou Ele só surge na inversão indestituível da morte, como em Um Homem Sério, na magnífica cena final, uma das maiores do cinema, em que tudo feito pelo homem do título para escapar de um destino cotidiano é engolido por uma outra solução da qual ele não pode se safar. Ou as cenas gêmeas de Onde os Fracos Não Tem Vez, em que o assassino e o cowboy feridos, cada um em um momento e lugar diferente, perguntam a um adolescente (a nova geração) quanto querem por sua camisa, para que possam esconder o sangue das feridas. Ao cowboy, o adolescente junto com seu grupo, estipulam um preço alto, a visão do sofrimento não motiva qualquer outra reação humanitária ou de pena diante a alteridade. Diante o assassino, um dos adolescentes lhe entrega a camisa e diz que não precisa ser pago, que a camisa lhe será dada de graça; o assassino não aceita a gentileza, e impõe que o adolescente receba um maço de dinheiro pela camisa. Quando foge, o adolescente sem a camisa e seu colega começam a discutir pelo dinheiro.
Slavoj Zizek diz que a humanidade nesses tempos determinantes em que vigoram diferentes correntes de apocalipsismos, tanto o ecológico, o biopolítico e o do caminho para a total desregulamentação dos mercados, deveria assumir a tentativa de solução de que o grande Outro não existe, e trabalhar na recuperação a partir daí. Aceitar que o fim não está confortavelmente próximo, mas é uma realidade inevitável em franca velocidade_ e trabalhar do futuro para o passado para mudar essa nossa triste condição. Não cogitarmos intimamente que haverá alguma força exterior que nos salvará, que agirá por nós. Não o descrédito existencialista, não um recurso vaidoso sartreano de empolarmos de filosofia niilista e reivindicarmos a supremacia da liberdade humana. Zizek propõe algo de extrema chatice funcional e desprovida de qualquer instigante exercício imagético: a restauração da humanidade feita por nós mesmos, através dos únicos canais utilizáveis que se fazem efetivos, a política, a economia, o controle reducionista direto. Nada de abstrações e lamentos sofismáveis. E cita o que foi dito por um amigo, que nos tempos atuais os poetas são mais importantes que os filósofos e analistas políticos, pois eles oferecem a alucinação que está além da teoria assepsiada pelo filtro de equilíbrio acadêmico. Nisso, a mensagem de Solaris, desatrela-se do propósito político circunscrito à crítica da sociedade planificada da União Soviética e amplia-se para toda a humanidade. Filmes como A Estrada e os filmes dos irmãos Coen já não falam da condição caótica dos Estados Unidos ou de uma nação e um povo específico. Como diz Zizek, o conceito de Marx para o proletariado há muito já se subtraiu dos funcionários escravizados das fábricas alemães e inglesas, e abarca agora todos nós. Todo nós compomos a nova proletarização em nossos redutos grupais onde, aos poucos, a ausência do Estado nos condiciona a uma marginalização onde são empregadas regras internas próprias. A favela vai se tornando o mundo.
Há muito não revejo os filmes de Tarkovski. Andre procurando o Andrei Rublev em cineclubes, mostras, videotecas, não encontrei em lugar nenhum. Na Internet deve ter uma cópia com legenda em mandarim. Não poderia falar sobre ele hoje, só as impressões deixadas em minha juventude. Lembro-me bem delas? Creio que não. A memoria é dinãmica, e nossas lembranças são adequadas àquelas que são construídas a posteriori, embora a mente viva, na verdade, em um buraco negro, sem tempo, a mergulhar em abismos para retirar de lá os signos que calhem à compreensão mais imediata dos fenômenos, que margeia o nada.
ResponderExcluirDos Coen gosto sobretudo de Barton Fink, pela discussão das percepções distintas da realidade, a transformação delas em arte (ou não), a obsessão do ser humano em reconstruir o mundo de acordo com sua mitologia pessoal, e pela sintética pequena sequência em que uma banhista, na praia, mira um horizonte mais além, e isso é enquadrado na tela, mas também em um quadro em uma parede, elemento decorativo que estaria ali para dizer nada, mas não há nada que não diga alguma coisa e nada se cria sem uma intenção qualquer, por mais mesquinha que seja.
Dá para romper com o apocalipsismo sem romper com ele, reduzinho a dimensão humana àquilo que ela é, frágil e efêmera, mas ter a certeza de que, afinal, a humanidade é pouco no infinito das coisas e, extintos os homens, outras coisas virão, e não o fim dos tempos; o fim da humanidade é só uma extinção insignificante, daí porque o melhor a fazer é desconsiderar essa possibilidade e tratar de viver o que há procurando transformar parte do que há em algo que sirva a todos sem desprezar ninguém. O problema é que tem uma turma aí que merece o desprezo, e que essa mesma turma também despreza pessoas como eu e, no final das coisas, todos desprezam todos, em maior ou menor grau. Dá para romper com essa cadeia de intolerâncias que faz com que, curiosamente, todos, sem exceção, acreditem no fim dos tempos? Claro que dá, tudo dá. o que não dá é para ler essa porrada de texto assim num intervalo de 15 minutos. Puta merda, não dá prá copidescar essa porra não?
Marcos, pensei em colocar no frontispício dessa pocilga algo como "Anti-blog", mas felizmente fui iluminado para não cair nesse lugar comum pseudo-original. Os textos são grandes, não tem nenhum apelo sexual, poucas figurinhas, e falam mais de um cara que vive no interior de um dos estados mais atrasados de um dos países mais atrasados do mundo, suas impressões e vivências triviais. Por isso, já deu para perceber que não me preocupo muito em ser popular, e escrevo por puro egoísmo.
ResponderExcluirTarkóvski para mim, para falar francamente, é Solaris. Vi uns três outros filmes dele (ainda não o Nostalgia, que não consigo achar em nenhum local virtual ou real_ tentei baixar via torrent mas já faz oito meses que o download não passa dos 18,7%, o que faz minha inteligência privilegiada achar que deva ter alguma coisa de errado). Solaris foi uma forte experiência estética para mim, o que me faz abençoar nunca querer ter sido cineasta, pois estaria fadado ao fracasso da influência.
Os irmãos Coen de longe são os melhores diretores e roteristas da América. Estão muito à frente da compreensão do cinema americano, e criaram uma assinatura própria digna de figurar entre os grandes, como Bergman, Fellini, etc.
Sua escrita sobre a finitude humana e a infinitude do planeta, que receberá indiferentemente novas experimentações, é clássica, a filosofia do desencanto que rendeu e tem rendido grandes frutos nas artes e na filosofia. Zizek mostra o oposto disso. Afinal, por mais que sejamos questionáveis e imorais, vamos deixar o fim acontecer sem uma reação efetiva? Parece que sim, infelizmente. Compreendi o "terror" (sempre entre aspas) zizekiano: o esloveno sauda o controle da humanidade através de sua única forma que tem demonstrado efetiva (de Talião a Talibã): o respeito mútuo do indivíduo entre indivíduo e desse pela espécie através da disciplina eficaz, da mão do Estado forte. Um indivíduo, veja bem, assimilador da Dialética do Esclarecimento de Adorno para controlar, em feedback,a própria tendência à loucura do poder do Estado.
Curti e achei curto.
ResponderExcluirArbo [curtíssimo]
Charlles,
ResponderExcluiracabo de ouvir Eric Dolphy at the Five Spot · Vol.1 e acabo de chegar a uma firme conclusão: puta álbum!
Se acaso vc se interessar aí vai o link:
http://i-bloggermusical.blogspot.com/2011/08/eric-dolphy-at-five-spot-vol1.html
Outra coisa: já viu o playlist do livro Vício Inerente do Pynchon:
http://inherent-vice.pynchonwiki.com/wiki/index.php?title=Songs_mentioned_in_Inherent_Vice
Até,
Rodrigo
Rodrigo, estava procurando aqui o endereço para te oferecer da discografia do Dolphy, mas não achei. Mas é fácil, baixe pelo torrent. É incrível! O cara realmente é um deslumbramento para os ouvidos.
ResponderExcluirRapaz!!! Esse link sobre Vício Inerente eu não conhecia. Vou seguir a lista de músicas. (Mas uma trilha sonora que se encaixa com perfeição é Frank Zappa.)
Obrigadão pelos links.
Há um livro sobre Tarkóvski sob o título "Esculpir o Tempo". Quem conhece a obra dele sabe que assim ele vê o cinema: não uma forma de deter o tempo, mas se deter sobre ele, esculpi-lo, transformá-lo em um dos elementos, na verdade o essencial, da forma de arte cinematográfica. É (foi) um dos poucos artistas do cinema, que realizou seus filmes sem qualquer olhar ao processo de venda, e sim voltado à expressão daquilo que lhe interessava como artista-pensador, que vibra, sofre e se alegra para parir sua obra, e depois a coloca à visitação pública, sem, no entanto, concessões às leis de mercado. Seus filmes são insuportavelmente belos em sua estudada lentidão; Tarkovski sabe que a sucessão de imagens impede o exercício reflexivo, que necessita de um tempo maior de contemplação do objeto, não apenas para ver, mas também para escutar o silêncio, o som e a fúria de toda vida que se apresenta nas coisas. Belos filmes fez Trakóvski.
ResponderExcluirComo o Marcos disse, gostamos sobretudo de Barton Fink, talvez por abordar o "real" a partir de um escritor do gênero realista e centrado em seu próprio e restrito universo e que, contratado por Hollywood e instado a escrever um filme sobre luta-livre, reconhece a fragilidade de um mundo que para ele como que inexistia, bem como sua própria fragilidade, e a violência inaudita em "pessoas comuns", aquelas retratadas em sua peça teatral de sucesso.
"Onde os Fracos Não Tem Vez" é uma comédia de horror histriônica que tem por centro o absurdo e a aletoriedade de todas as coisas, mas aquele mundo da "América Profunda" me provicou uma certa rejeição.
Quanto ao Zizek, gostaria de comentar a questão da sociedade humana organizada em torno das relações de Estado. Sempre digo às pessoas que o privado, como já disse Marx, é roubo, é a propriação indébita. Tudo é público. Nada mais correto, assim, que o Estado, como consórcio coletivo, organize as relações de produção e o atendimento das demandas em um sistema de autogestão pública, sem a construção paralela de organismos de poder que terminem por adequar os rumos coletivos aos projetos de poder individuais. Considerando as coisas que estão a ocorrer, há uma possibilidade de redesenho do panorama político, que poderá evoluir no sentido acima, embora não de imediato, não para agora. A esperança é que as pessoas nos surpreendam e para já a possibilidade acena como boas chances de realização. Veremos.
Sensacional, Rachel. Você disse coisas aí_ principalmente na parte sobre Tarkóvski_ que eu queria ter dito mas não pude. Sensacional, MESMO!
ResponderExcluirMinha garota! (hic!)
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