Surpreso por ver uma ferradura pendurada na porta da casa de campo do físico Niels Bohr, um colega cientista que o visitava exclamou que não compartilhava com a crença supersticiosa de que as ferraduras afastavam os maus espíritos; Bohr retrucou: "Também não acredito. Deixo aí porque me disseram que funciona mesmo quando não acreditamos."
Slavoj Zizek, Primeiro Como Tragédia, Depois como Farsa.
Hahahahahaha, adorei e vou usar!
ResponderExcluirHysterfizavir, o único
ResponderExcluirRepentinamente desperto, viu diante de si alguém que se identificou como o deus único, de nome Hysterfizavir; este lhe deixou preceitos para uma vida sã e venturosa. Despertei!; ele exclamou, mas o deus único, Hysterfizavir, havia desaparecido, em meio aos duendes e coalas flutuantes nas nuvens róseas do quarto. Chamado mais uma vez à clínica, o desperto comunicou seu contato com Hysterfizavir, bem como todos os preceitos recebidos e sua obrigação de vagar pelo mundo como seu profeta, para levar seu conhecimento e a luz. O médico objetou, dizendo que ele, internado, nunca iria além dos muros da clínica e, como esquizofrênico, não adquiriria muita credibilidade mesmo intramuros, onde muitos, como ele, cultivavam deuses em estufa. "Então você não crê em Hysterfizavir? Acha que ele não existe?"; "Não para a primeira pergunta, sim para a segunda", responde o médico. O desperto retrucou, radiante: "Então prove!"
Hahahaha.
ResponderExcluirLembrei do Darcy Ribeiro dizendo algo assim: "o povo vai à praia e envia oferendas a Iemanjá... é uma coisa linda aquele povo todo cheio de flores, colocando elas no mar... e eu, que sou ateu mas não sou bobo, também ponho lá as minhas..."
Ótima lembrança do Zizek. Oportuna também dada a simplificação do fenômeno religioso de parte dessa chatíssima e barulhenta classe de ateus esclarecidos. Só discordo que essa postura seja moda. Acho salutar que, mesmo sendo muito chatos, os ateus vêm ganhando mais espaço e liberdade de expressão. Mas isso pouco significa que rumamos a um Planeta dos Ateus (à guisa do filme com os macacos). Pelo contrário, os sociólogos que sentenciavam nos anos oitenta o nosso irreversível destino de secularização, agora ou matiza o retrato falando em vários cenários diferentes de modernidades (Berger) e outros até do RIP da tese de secularização (Geertz, et. al.). Sem contar que existe aí uma distância enorme entre secularização e ateísmo. Outra dessas chatas distinções, que nós os chatos acadêmicos, impõem sobre os mais ainda chatos ateus esclarecidos.
ResponderExcluirTentei certa feita argumentar isso lá no Milton, mas ele não se interessou.
Ih, mermão, fodeu! Vou para o inferno mesmo não havendo um!
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