sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Quantos Livros Ainda por Ler...


O Milton Ribeiro me pediu um texto "leve e humorado" sobre o meu melhor livro de todos os tempos, para ser publicado na semana da feira do livro lá de Porto Alegre (é isso?), junto com outros textos de outras pessoas. Escrevi às pressas umas linhas sobre um determinado romance, de um determinado autor, mas logo me perturbou a honestidade de que este romance há muito já não era o meu melhor, e eu deveria, por justiça a meu demônio interior, mudar para outro que exercesse maior representatividade sobre meu modo de ver, escrever, e sentir as coisas. Digitei um outro texto ligeiro sobre outro livro, e este não saiu leve nem humorado, mas um protótipo de tratado intimista como acaba sendo quase todas as minhas iniciativas neste setor. Mandei para o Milton por e-mail e ele respondeu "Engraçado, todo mundo muda de livro...". Ao que respondi: Na verdade é um tanto despótico querer escolher o "meu melhor livro". Ainda acho que é Montanha Mágica, mas escrever sempre sobre ele quando algo assim é exigido acaba sendo limitante. E GGM eu já esgotei todas as possibilidades exploratórias. E é gozado isso, o que torna a infinitude de livros que ainda não lemos uma bênção, pois neste exato momento acabo de ler um livrinho que vai me parecer ser um de meus melhores por um bom tempo: o esplêndido Cosmópolis, do Don Delillo. Nunca li Dellilo até então, mas como é maravilhosamente divertido e adrenérgico, e uma das mais ácidas e inteligentes críticas ao capitalismo. Desses livros que parece que o escritor, ao por o último ponto, estoura os miolos. Mas Dellilo está lá, vivo, sério, magnânimo, e o jeito é começar a peregrinação atrás de todos os livros do cara.

13 comentários:

  1. Opa! Já passaria na Feira do Livro, que começa hoje, todos os dias mesmo - depois do trabalho, atravessando a Praça, descendo a Ladeira (dos sebos, do general, do Milton e do Sul21) - para pechinchar os livros da lista interminável, mas agora felizmente encontro um motivo a mais pra dar uma banda no Centro.

    Explica melhor pra nós também, Milton.

    ResponderExcluir
  2. Feira do Livro de Poa! Dia 10 estarei lá aumentando minha dívida no cartão e pegando o resto que sobrar dos balaios.

    ResponderExcluir
  3. Fui na Feira do Livro de POA e acredita que não comprei nada? Quer dizer, comprei um chapéu. Até eu me impressiono com essa mão fechada que eu tenho.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caminhante sua atitude, para mim, não é surpresa nenhuma. Aliás, por sinal, você economizou as palavras e não disse o principal: o chapéu fazia parte duma baita liquidação, não é verdade?

      Excluir
  4. Eu sou mão fechada, mas não para livros e revistas.

    ResponderExcluir
  5. Eu sou principalmente para livros e revistas, porque não gosto deles se acumulando em casa. Trauma.

    ResponderExcluir
  6. Eu gasto muita grana com livros, e não me pesa nada na consciência. Dá pra comprar os que eu quero_ e os que o restante da família quer_, pois todos aqui somos um tanto avessos a outros gastos, o que equilibra as contas. Livro aqui em casa é matéria essencial, imprescindível. Minha irmã foi ao shopping com meus filhos, e das tantas lojas em que ela entrava, eles fizeram questão de que ela comprasse para eles umas revistinhas na livraria Saraiva. Desses costumes que se formam sem se perceber, pois sempre trago para eles um livrinho, uma revista.

    A última feira do livro que fui foi uma bienal em Goiânia, com espantosa quantidade de estandes por três andares de um Centro de Convivência. Acho que isso foi pelos idos de 1998, coisa assim. Me impressiona a quantidade de pessoas que vão a esses eventos, que não estão ali atrás de celebridades da televisão ou em shows de sertanejo universitário (vi uma piadinha terna na internet esses dias: "se o sertanejo é universitário, o rock é Phd"), mas para folhear e comprar livros. Lembro que na época eu estava quebrado e senti uma profunda necessidade de vários livros ali. Vi os Cadernos de Lanzarote, ainda não lançados no Brasil, e recordo que pensei: "eu seria realmente culto se pudesse ler esses calhamaços". Vi o Além da Fé, e o Entre os Fiéis, de meu autor preferido do período, V.S. Naipaul, recém lançados, e me bateu uma angústia de estar tão náufrago do agitado mundo das letras sem poder comprar aqueles volumes. O tipo de anseio de consumo midiático que a mim parece saudável. Um ano depois recebi meu primeiro salário em um trabalho pós-formatura veterinária, e gastei-o todo com aqueles livros, e mais a encomenda de uma caixa de cd's de uma edição comemorativa do Jethro Tull.

    ResponderExcluir
  7. Acho que entendi, deve ser parte disso aqui:
    http://sul21.com.br/jornal/2012/10/o-melhor-livro-de-todos-os-tempos-para-luis-augusto-farinatti/

    ResponderExcluir
  8. Você adoraria ir a POA nessa época, Charlles. São ruas e ruas de livros, de novidades a ofertas a serem garimpadas em grandes caixas. Tem coisas de outros países, autógrafos, comida, dá para ficar o dia inteiro lá. Poderia ter até um palco com umas apresentações de dança...

    Eu vi um monte de coisas interessantes. Mas para tudo eu pensava - aposto que tem na biblioteca, se não igual sobre o mesmo assunto. E assim foi.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vi as fotos no Sul 21. De dar inveja.

      Você é incorrigível. Que argumento para uma autora de livros infantis: uma menina que acha tudo o que quer em sua maravilhosa e infinita biblioteca pública. :-))

      Excluir
    2. Um ponto turístico idissincrático para Charlles Campos em Curitiba - Biblioteca Pública do Paraná. Não apenas para tirar foto da fachada (que é muito bonita), mas para andar pelas suas salas, visitar exposição no pátio de entrada, quem sabe até assistir uma palestra.

      Ah, e tem que visitar algum Farol do Saber também.

      Excluir
  9. Ah, não poderia deixar de perguntar: diz aí quais foram esses livros que quase foram viraram artigo.

    PS: Acabo de ter que digitar uma palavra maluca e um número de 6 dígitos. Tá cada dia mais difícil esse troço, quase um teste de QI.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O livro abortado é O Amor nos Tempos do Cólera, que realmente é um dos que mais gosto. Mas ou eu partia para um estudo sério sobre o quanto me distancio cada vez mais de GGM_ o que seria um paradoxo e um despropósito ao requerido pelo Sul 21_ ou seria a mesma lenga-lenga que não aguento mais escrever sobre o colombiano a vida inteira.

      O outro livro você verá amanhã. Um dos protótipos que pensei colocar na abertura do texto mencionava você (êêta paixão!). O texto será publicado amanhã no Sul 21, segundo o Milton me informou.

      Por que esse pessoal do blogspot é tão paranoico assim com a ameaça de robôs. Seria interessante o que o R2D2 teria para dizer sobre literatura.

      Excluir