segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Joseph Anton, as Memórias de Salman Rushdie



Uma das ironias que recheiam a auto-biografia de Salman Rushdie é que, durante os doze anos nos quais o autor estava sentenciado de morte pelo aiatolá Khomeini, na iminência constante de ataques por parte dos incumbidos a cumprirem a fatwa (e ganharem o prêmio de um milhão de dólares avaliado para sua cabeça, que subia cada vez mais, oferecido por um dos novos aiatolás), vivendo em acirrada vigilância da Divisão Especial da polícia inglesa e sem endereço fixo, foi ele quem sobreviveu e viu vários de seus amigos e intelectuais de vidas mais amenas sucumbirem pelas mesmas causas prosaicas de sempre. Rushdie reflete essa surpresa impotente ao escrever: "O câncer dominou Angela Carter, e, embora lutasse arduamente, ela não o derrotou. Em todo o mundo, grandes escritores estavam morrendo cedo: Italo Calvino, Raymond Carver, e agora ali estava Angela lutando com a Parca. Uma fatwa não era o único meio de morrer. Havia sentenças de morte mais antigas que ainda funcionavam muito bem." Nas próximas páginas, outros personagens da vida de Rushdie recebem o diagnóstico de câncer e seguem com uma sobrevida para o mesmo destino: sua ex-esposa morre de câncer, seu amigo Edward Said de leucemia, Allen Ginsberg de câncer inoperável no fígado, John Diamond de câncer na garganta. Rushdie se denomina um ateu apaixonado por religião; toda sua obra está pautada por símbolos e termos religiosos; diz no questionário Proust ser religião a palavra que mais abomina; de forma que não seria simples questão de uma mente paranoica achar um sentido de prevenção verdadeiro na condenação explosiva e sem qualquer concessão dos ateus ortodoxos à religião, e, por consequência, relacionar o mal que se abateu sobre ele como um preço caro que teve de pagar por sua leviana curiosidade aproximativa. Enquanto seus amigos viviam livremente, viajavam e eram ativos participantes da vida cultural global, criavam suas famílias ou podiam traí-las por direito, tendo o livre arbítrio de morrerem com os mesmos dramas e a mesma resignação diante o inevitável, Rushdie viveu em estado suspensivo, envelheceu e engordou, passou sete anos sem escrever que o convencera de ter perdido o talento, esteve distante do filho e perdeu a esposa, e seu cotidiano era de uma clausura infinita em que ouvia suas opções de normalidade como permissões restritas para saídas vigiadas às ruas. A invisibilidade cuidadosamente imposta determinou essa sobrevivência sobre os demais, sem valor, que foi para ele o maior dos infernos.

Não é menos irônico reconhecer que os críticos de Rushdie possam estar certos ao dizerem que também foi o confronto do autor com a religião que o tornou famoso em todo o mundo. Em boa parte da década de 90, no período entre 1989 e 2002 em que durou a fatwa, Rushdie foi o segundo homem mais conhecido do mundo. Antes disso, havia ganho o mais importante prêmio literário inglês, o Booker Prize, por seu romance Os Filhos da Meia Noite, e escreveu depois um outro romance representativo, Shame, antes que se tornasse interessante para a História. As partes mais deliciosas de sua biografia são as que se dedica a descrever o processo de concepção de seus livros; Os Filhos da Meia Noite (que segue sendo o livro o qual, pelo valor artístico e pelas amplas qualidades da prosa e da imaginação, o tornará lembrado como escritor), veio pelo mês de aprofundamento na alma da Índia, na excursão pelo interior do país realizado com o estipêndio da publicação de seu primeiro romance, a percepção whitamniana da ebulição do povo, as sonoridades das línguas e a impossibilidade de aquietamento das ruas efervescidas. Quando ele passa a descrever as formas de conexão de ideias que gerou Os Versos Satânicos (que segue sendo o qual o tornará lembrado pela história), a inocência e alegria com que o então jovem promissor escritor indu-britânico recebe a liberdade de se expressar pela arte é carregada por negras premonições tardias. E o mais terrivelmente irônico de tudo_ para continuarmos nesta hipótese de condução de um destino por forças metafísicas que estão mais propícias a serem definidas como sarcásticas_ é que o cerne de Versos advém de um erro admitido pelo próprio profeta Maomé no Alcorão. Quando Rushdie estudava em Oxford, foi o único participante de um curso optativo sobre as raízes histórias do Islã oferecido por um de seus maiores entendedores; ele recorda que foi, também, seu primeiro ato de confrontação ao sistema, visto que a universidade cancelara o curso por falta de interesse do corpo discente, mas o incipiente Rushdie, que tanto se silenciara diante as discriminações raciais sofridas por ser negro, ter as maiores notas, e não gostar de futebol (as três características que, em separado, podiam valer para tornar-se socializado com sucesso, mas cuja presença das três definia o aluno como um excluído permanente), perseverou com o diretor sobre as regras internas de que, havendo um só aluno matriculado na disciplina, o instituto era obrigado a ministra-la. Ali, junto ao professor de ar recolhido (uma mostra do talento de Rushdie por desenhar personalidades enternecedoras), ele toma conhecimento da surata 53, os assim definidos pelo islã como versos satânicos registrados no Alcorão, em que Maomé dita a mensagem que, num primeiro momento, diz ter ouvido de Alá, na qual é oferecida a possibilidade de reconciliação da nova religião com as três entidades pagãs adoradas em Meca (al-Lat, al-Uzza e Manat). Como os seguidores do profeta, diz Rushdie, rejeitaram enfaticamente essa admissão súbita de uma trinca de deidades auxiliares ao único deus, Maomé rapidamente corrigiu o erro afirmando que Alá o alertara que tal recitamento fora-lhe entregue por Satanás, que se fez passar pelo divino, e, portanto, era para desconsiderá-la imediatamente. As implicações políticas do erro fomentaram a proto-ideia do romance na cabeça de Rushdie (a vantajosa aproximação da ainda avessa Meca à nova religião, através da urdida aceitação de seus deuses), e os símbolos satânicos e de redenção aplicados à realidade do fim do século XX serviram à composição da historia em que Saladim Chamcha, o diabo, e Gibreel Farishta, o anjo, sobrevivem a um acidente aéreo caindo na Inglaterra.

Está-se pronto Os Versos Satânicos, e aqui, a narrativa de Rushdie em sua biografia sofre perceptivelmente, como não deveria deixar de ser, uma mudança de tom. A descrição progressiva do pesadelo da fatwa forma uma sequência de páginas de inigualável estudo sobre como a realidade, como coesão imposta por fatores que servem a uma rede de conexões políticas manutenciada, é uma obra de fantasia tenra, sujeita a se quebrar por um impacto dado de forma precisa. E esse impacto inicia-se com aquela inofensividade falsa dos pesadelos, aquela docilidade peçonhenta cujo veneno maior é não indicar nenhuma ameaça à imunidade cotidiana. Uma jornalista de um jornal iraniano lê os Versos, detecta a singular ofensa e a apostasia; a matéria chega em mãos de uma aiatolá Khomeini alquebrado e posto em uma delicada linha de descrédito por seus próprios sequazes devido ao desgaste das tantas mortes de iranianos na guerra contra o Iraque, e esse aiatolá, numa astúcia salvadora, percebe ali uma chance de recuperar a estima junto ao povo. Rushdie é dado como um grande presente restaurador para Khomeini, uma impulsão que ele precisava para justificar a morte de jovens iranianos na guerra através da renovação da fé em um propósito ainda mais violento e fanatizante: ele institui que Rushdie ofendeu o profeta e a Alá, de forma inadmissível, e a única maneira do islã recuperar o respeito e impor sua distinção religiosa ao ocidente é assassinar  o demônio que escreveu o livro insultuoso e cheio de prostituição e blasfêmia, Os Versos Satânicos, cujo autor é Salman Rushdie.

Com essa distorção extrema de toda a segurança pretensamente oferecida pela democracia ocidental, Rushdie, pelas extensas páginas de sua biografia, pragmatiza para a vida ensolarada das grandes metrópoles tidas como resguardadas, numa série de descrições que se transformam em uma visível transposição esquemática do diário que manteve na época, o simbolismo da opressão das obras de Kafka, o alerta até então restringido ao universo da literatura sobre a perecividade do humano diante as forças do mal. Ler essas páginas é desmistificar o Rushdie elaborado por 15 anos pela imprensa e pela mídia corporativa que envernizava a realidade passando a imagem de ativa colaboradora da democracia. Lembro que, ao ver Rushdie pela primeira vez anunciado na televisão, quando eu tinha lá meus 15 anos, na matéria em que o repórter segura em mãos a capa famosa simulando um mármore azul da edição em capa dura inglesa de The Satanic Verses, e falando sobre seu decreto de morte, o adolescente que eu era raciocinou dentro da certeza de que o ocidente que passou pelo iluminismo iria dar conta do recado e resolver da melhor forma possível aquela aberrante injustiça. Jamais me ocorreria a possibilidade de que Rushdie fosse deixado de lado e, hipótese ainda mais impensável, condenado por essas mesmas forças ocidentais como o verdadeiro culpado daquilo tudo. Por isso é um tanto claustrofóbico ver o quanto Rushdie esteve na  iminência de ser abandonado a seus assassinos, pelo governo inglês que estudava incansavelmente uma forma de retirar os serviços de proteção, alegando que era uma oneração gratuita demais e excessiva (comparando que Thatcher os tinham por prestar enormes serviços à sociedade; mas o que ele oferecia em troca?); o quanto pessoas vistas como esclarecidas e até então respeitadas por mim como artistas e intelectuais defenderam que Rushdie fosse morto, como é o caso de Cat Stevens (ou Yusuf Islam, que, constrangedoramente, nega sua apologia estúpida ao assassinato hoje em dia, mesmo sendo confrontado com os artigos de jornais que escreveu e as imagens gravadas), e John Berger (que, movido pelo mais canhestro esquerdismo, afirmava que Rushdie deveria ser morto pois assim queriam milhões de muçulmanos, e as massas jamais estariam erradas). O quanto os políticos desviavam a atenção, propositadamente, do caso Rushdie, se negando a recebê-lo em seus gabinetes, pois seus países tinham acordos comerciais com o Irã e eles não queriam prejudicá-los por um motivo tão irrisório (!!!). Como diversos países negaram a entrada de Rushdie; como jornais importantes dos EUA publicavam artigos ensandecidos de representantes importantes do islã, reiterando o prêmio pela cabeça de Rushdie, e afirmavam que o faziam pelo direito de expressão garantido pela democracia. Esse isolamento é representado pelo pseudônimo que a equipe de segurança do autor recomendou que Rushdie adotasse; vendo-se sem o direito a conservar esse traço legítimo de sua personalidade, Rushdie criou a composição dos dois nomes dos escritores que mais admirava para se vestir de um outro nome: Joseph Anton, Joseph de Joseph Conrad, Anton de Anton Tchécov. (Quem se interessa por Rushdie e leu sobre ele nesses últimos anos, com certeza se deparou com vários retratos de um escritor maníaco, martirizador violento de suas esposas, egocêntrico, esnobe; um gárgula a que juntaram insinuações de lascívia sexual que cai com precisão estudada às suas sobrancelhas capricornianas e suas pálpebras caídas, assim como se demoniza V.S. Naipaul como portador das mesmas excentricidades; uma outra parte compensadora dessa biografia é ver como o autor se desmistifica dessas simplificações criadas nos anos em que ele se tornara invisível, e passível a se visibilizar com qualquer máscara colocada de fora.)

Claro que Rushdie não foi o primeiro nem o último a sofrer esse tipo de perseguição religiosa, mas, a descrição do outro lado, do lado radioso dos que o defenderam, ilumina a escuridão dessas páginas e mostra que foi uma conflagração de quantidade inédita de intelectuais em nome de um escritor, no século passado. Rushdie escreve, com incontida comoção, o quanto a elevação de vozes pelo mundo todo mostrou, enfim, que ele não se dirigia desguardadamente para a própria aniquilação. Estas páginas reacendem o interesse dos que gostam de biografias de escritores, pelo que estas oferecem de intimidades do mundo das letras. Aqui há conversas com Günter Grass, Paul Auster, Chistopher Hitchens (admirável pela frente que tomou do caso, abrindo portas, quase aos ponta-pés, de políticos e representantes de organizações internacionais), Martin Amis (também sempre presente, e protagonista de um mea culpa por parte de Rushdie por um Rushdie bêbado ter se comportado tão infantilmente com ele, em um bar), Mario Vargas Llosa, e uma série de outras personalidades. Graças à visibilidade que este grupo promoveu, os líderes políticos se viram obrigados a arvorarem a defesa da democracia e do uso sem censura da palavra, tendo que colocar restrições econômicas ao Irã_ a Suécia, numa atitude reveladora, mesmo antes dessa defesa de Rushdie ter sido construída, já rompera um tratado de 1,5 bilhões de dólares com o Irã, a título daquele país retirar a fatwa. Mesmo autores que não participaram ativamente da defesa, aparecem no livro como instigadores de fé, o que rende cenas memoráveis: Thomas Pynchon recebe Rushdie com sua comitiva em sua casa, e se põe a monologar até altas horas da noite, ao que todos, exaustos, se negam a interromper o momento, pois, afinal, é o Thomas Pynchon. Na casa de Carlos Fuentes, este passa o telefone para Rushdie, e eis que é o Garcia Marquez, que o brinda com uma longa conversa,  e que diz ser ele, junto com Coetzee, os escritores que mais lhe interessam, sem tocar uma só palavra sobre a fatwa, o que é o maior elogio já recebido por Rushdie.

A biografia de Rushdie é a mais sui-generis das biografias de escritores. Há algumas partes atiradas a esmo, que causam a impressão de entrave na velocidade da leitura, em que fica óbvio serem partes tomadas dos diários do autor: reuniões com secretários de segurança, com representantes políticos, com entidades governamentais. Mas como não cair nesses impasses da inércia alguém cuja vida, por um longo período, se restringiu à excisão de sua liberdade cotidiana? A diferença de ritmo entre a biografia de Rushdie e de outro escritor aprisionado, como Soljenítsin, é que esse último tinha o interesse da opressão em sua forma clássica, em sua violência física premente, em sua restrição de espaço o qual tinha-se de procurar as compensações espirituais nos refúgios do recolhimento mais íntimos; já a Rushdie não foi oferecido esses amplos campos de arames farpados nem as celas de paredes umidificadas das prisões siberianas _na surrealista escala das formas a que podem chegar as casas dos mortos, a contínua ironia, a mais cruel, de sua prisão, era ele dispor de tudo, mas ser limitado a passar ao largo, em sua compulsoriedade de ser invisível.


14 comentários:

  1. No Livreiro de Cabul tem um pedacinho onde várias pessoas começam a conversar, como quem conversa sobre o tempo, sobre Rushdie. Eles lamentam a existência de um homem tão demoniaco, como é possível que deixem um homem que manchou o nome de Alá vivo, que a justiça deveria ser feita. O detalhe é que nenhuma dos presentes havia lido o livro, e alguns eram até analfabetos.

    Rushdie, como escritor, sempre me desinteressou de tal forma que nem a biografia dele eu seria capaz de ler. Para mim ele sempre foi o escritor que por burrice ou ingenuidade provocou a ira dos árabes. Eu me pergunto quem sufocou quem - ele ou a fatwa.

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    1. Rushdie não é um de meus preferidos, mas tenho acompanhado sua produção desde que li O último suspiro do mouro. Gostei meio a meio de Shalimar, e não gostei de Fúria, por exemplo_ e achei que ele gastou levianamente uma ótima história nesse último. Mas seu estilo de escrever é compensador: um misto erudito de pop com polifonia, muitas vezes abortando o que me pareceriam frases memoráveis com artifícios pop exagerados. Um exemplo deste último é a abertura de Shalimar, que começa boa, até que ele estraga tudo se referindo a um filme de Hollywood, não me lembro se Alien.

      Lembro que havia uma amiga minha leitora, no curso de veterinária, que dizia não acreditar que encontraria livro melhor que o Cem anos de solidão, o qual ela lera tanto quase ao ponto de sabê-lo de cor. Vi aquilo como desafio: emprestei-lhe Uma casa para o sr. Biswas, que eu adoro (do Naipaul), e ela achou muito bom, "mas nem chega aos pés". Daí ela sumiu das minhas vistas uns meses (era de uma turma anterior à minha) e a reencontro motivada: havia descoberto na biblioteca do campus um livro "equiparável em suas maravilhas a Cem anos". Era o Filhos da Meia Noite, do Rushdie. Esse realmente, eu penso, será o que ficará do autor.

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    2. Mas a questão aqui não é burrice ou ingenuidade. Não li o Versos Satânicos, mas acredito que o nível ali imposto é bem acima dessas intenções. E, como disse o Marcos Nunes simeonesco (acaba de lançar mais um romance!!), "nada é sagrado". Ou talvez apenas a liberdade de expressão o seja.

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    3. "Eles lamentam a existência de um homem tão demoniaco, como é possível que deixem um homem que manchou o nome de Alá vivo, que a justiça deveria ser feita. O detalhe é que nenhuma dos presentes havia lido o livro, e alguns eram até analfabetos.

      Para mim ele sempre foi o escritor que por burrice ou ingenuidade provocou a ira dos árabes."

      " E, como disse o Marcos Nunes simeonesco (acaba de lançar mais um romance!!), "nada é sagrado""

      Se nada é sagrado eu não sei, mas essa religião e indigna gente muçulmana de sacra nada tem. Devem ser provocados, humilhados e combatidos, sim.

      Momento neocon americano/opus dei meu, porém verdadeiro.

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    4. Pra mim é a ignorância deve ser combatida e não as pessoas. Já a parte da humilhação e provocação, sou contra com qualquer um.

      (Charlles, um outro comentário meu não apareceu. Não sei se foi considerado um impu... opa, spam, ou se sumiu...)

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    5. Não censuro nem se alguém me mandar ir pra puta que me pariu. Vou ver lá na caixa de spam.

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    6. Tem essa agora... No spam estavam seu comentário e um do Matheus.

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    7. Concordo Matheus. Só agora vi que havia um antigo comentário seu na caixa de spams. Desculpa aí, ô!

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    8. Sem problema, Charlles. Nem lembro do post. Mas concorda com o que mesmo?

      Caminhante: como combater a ignorância sem combater as pessoas? o Islã é feito por homens, não?

      Quanto a humilhar e provocar, acho que exagerei...

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    9. Com educação e com o tempo, reconhecendo que a ignorância não é culpa delas e sim resultado de muitas coisas. A ignorância é falta de informação, de oportunidades, de crítica, e no caso de Islã muitas vezes é falta de um olhar tolerante, que associa diferença a ignorância. Eu sou sensível - aposto que muito mais do que vocês, por ser mulher - aos problemas que certas interpretações do Islã causam. Mas também não acho que o Ocidente seja a solução, que eles devem chegar onde Nós chegamos. Enfim, é uma questão complexa demais pra ser respondida em poucas linhas, eu mesma não tenho respostas pra isso. Só acho que é fundamental colocar o ignorância antes de pessoas, por mais que seja apenas uma separação teórica.

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    10. Educação? Não querem. É proibido, é errado, é do mal. Pode-se dizer que na Idade Média da Europa era mais ou menos assim, mas em algum momento no século X o pessoal de toalhinha na cabeça e tapetinho mágico começou a voar de marcha ré e não parou mais, enquanto a galera da Cruz marchou em frente .

      Na Alemanha (falo pois conheço pessoas que vivem de perto, intimamente essa situação) tem um bom número de imigrantes muçulmanos, principalmente da Turquia e Egito. Saem de uma condição horrível em seus países de origem, mudam para um pais muito mais estruturado, melhoram de vida, retornam à sua terra natal para se casar, mas voltam à Alemanha para morar. Sabem que é um lugar melhor para se viver. Lá os filhos terão saúde melhor, mais segurança do Estado diante dos problemas da vida. Mas pode esquecer a educação, pois muito do colégio deve ser ignorado, pois vai contra as escrituras (tá, ok, tem bastante cristão maluco que ignora biologia, arqueologia, etc, mas não é regra, não é padrão); os filhos devem continuar batendo cabeça, meninas devem ser enviadas às suas terras para terem o clitóris extirpado e a vagina costurada, deixando uma pequeníssima fenda para urinar (arderá e doerá para sempre, mas é mulher, foda-se).

      Por mais que se converse com eles, que tiveram tanto contato e oportunidade com outra sociedade (com outra cultura), nada deve se aprender dela, pelo contrário: destruí-la e conquistá-la. Falam abertamente que querem dominar a Europa. Ministros alemães, talvez pela culpa do Nazismo (que também precisava e precisa ser combatido; para mim, nazismo e islamismo andam de mãos dadas), dizendo que o islão faz sim parte da Europa, que precisam ser integrados, blablabla. Tem toda uma liberdade que não dão pro seu vizinho na terra natal.

      Ora, que merda é essa?

      Havia nazistas muito bem educados e deu no que deu. Ah, mas a educação nazista era carregada de ideologismo-x? Tá, e dai? Que educação dar? Falem o que quiser da sociedade cristã. Onde nós estamos (nós?, somos ocidente?, sei lá!) pode não ser o Éden, mas é menos pior do que do outro lado. Uma hora teremos de sair do muro e nos colocar contra essa merda toda. Inclusive os ateus, que vivem neste lado, reclamando de preconceitos e perseguições inexistentes, zombando de deuses invisíveis...tranquilamente, sem medo de morrer por ISSO.

      To puto da cara, faltou luz 3 vezes (pior que roça isso aqui), nem revisei nada, texto perdido e sem lógica, FORA CEEE, VOLTA COLLOR.

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  2. Eu não fazia idéia - por isso perguntei pra você - do quanto Rushdie realmente tinha qualidades como escritor. Pensei que ele pudesse ter feito o caminho cada vez mais comum para se tornar famoso: entrar numa polêmica e apenas a partir daí tentar mostrar algum conteúdo. Pelo que você diz não é assim. Talvez eu esteja olhando as coisas muito pelo prisma atual, das subcelebridades, dos famosos de twitter, dos videos que bombam no youtube.

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  3. boa leitura, Charlles. obrigado por compartilhar o link.
    abs.

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