O historiador Carlo Ginzburg lembra de quando leu Guerra e Paz pela primeira vez e das terríveis dificuldades vividas por seu pai, autor do prefácio da edição italiana, diante da truculência nazista
Quando li pela primeira vez Guerra e Paz tinha onze ou doze anos. Com certeza, entendi pouquíssimo. Li porque soube pela minha mãe que a tradução havia sido revista pelo meu pai, que escrevera o prefácio. Meu pai, Leone Ginzburg, já tinha morrido em fevereiro de 1944 (eu tinha então cinco anos) numa seção da prisão romana de Regina Coeli, controlada pelos alemães; fora preso, três meses antes, por atividade antifascista. Soube que meu pai não pôde assinar o prefácio de Guerra e paz por ser judeu: as leis antissemitas, promulgadas pelo regime fascista em 1938, o proibiam. No final do prefácio havia um asterisco. Eu olhava aquele asterisco e sabia que ali fora colocado no lugar do nome do meu pai.
De Guerra e paz, na época, entendi pouquíssimo; mas retrospectivamente não me lamento daquela leitura por demais precoce. Penso que o encontro com a grandeza nunca é estéril, em qualquer idade que aconteça. Com o passar dos anos aprendi que a imaginação moral, nutrida pelos romances mesmo antes que pela vida, é um instrumento insubstituível. Reencontro as suas raízes naquela leitura infantil de Guerra e paz. A imagem confusa e grandiosa que deixou em mim volta a aflorar em cada leitura sucessiva (existiram muitas). Mas toda vez me parece estar lendo um romance diferente.
(Retirado do site da Cosacnaify)
Peguei. Uma edição pequena, 1 de 4 volumes, só pra levar na bolsa enquanto o Luiz não emprestava do trabalho, livro que eu poderia ficar sem prazo. Resultado: é o único Tolstoi que não tem. A edição que eu peguei é portuguesa de mil novecentos e bolinha. Oh, vida.
ResponderExcluirPor essas e outras estou com o livro aqui, parado.
É válido, Caminhante.
ResponderExcluirCharlles,
ResponderExcluiruma curiosidade, no mínimo, hilária:
http://oficina-literaria.blogspot.com/2012/01/curiosidades-literarias-grandes.html
Rodrigo
Achei ótimo, Rodrigo. Obrigado.
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