Temos as alternativas do silêncio, do exílio, da dissimulação, da retirada para dentro de si mesmo e para a solidão, ou então _ mais de acordo com meu gosto, embora profundamente falho e talvez marginalizado demais _ a do intelectual cuja vocação é falar a verdade ao poder, rejeitar o discurso oficial da ortodoxia e da autoridade e existir por meio da ironia e do ceticismo, misturado às linguagens da mídia, do governo e do dissenso, tentando articular o testemunho silencioso do sofrimento vivido e da experiência sufocada. Não há som, não há articulação que seja adequada ao que a injustiça e o poder infligem aos pobres, aos que estão em desvantagem, aos deserdados. Mas há aproximações a isso, não representações disso, que têm o efeito de pontuar o discurso com desencanto e desmistificações. Ter essa oportunidade já é alguma coisa.
(Excerto retirado de "Reflexões Sobre O Exílio", editado pela Companhia das Letras, traduzido por Pedro Maia Soares, p.273)
E a filhota (ou é o filhote), tudo bem?
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