domingo, 25 de agosto de 2013

Meus 20 livros preferidos de não-ficção (I)

Nesta lista entram biografias, livros de divulgação científica, história e ensaios de todos os tipos.

1- Origem, de Thomas Bernhard: 


Na verdade, a edição brasileira é uma compilação de 5 escritos auto-biográficos de Bernhard. É difícil escolher o número 1 desta lista, mas creio que não é de todo injusto que o espaço seja preenchido por este volume. Aqui Bernhard está no ápice de sua arte. Minha sequência de conhecimento do autor passou pela seguinte leitura: li O Náufrago sabendo que Extinção era ainda melhor; depois que li Extinção, eu estava convicto que não acharia nada melhor escrito por ele, até me deparar com Origem. Esta autobiografia é ácida, desencantada, acusadora, dessacralizante, e carregada de um elemento novo que não tem com muita frequência nos outros títulos bernhardianos, que é um lirismo que abre margem para um enternecimento para falar sobre esse grande personagem que é o avô de Bernhard. O livro é delicioso, um dos mais magníficos e fundamentais que li.

2- Trilogia autobiográfica de Elias Canetti:


Ao digitar a frase acima me veio um assomo de culpa: esses livros deveriam estar em primeiro lugar. Como tem outro Canetti mais abaixo, contudo, Bernhard ainda é válido na posição que está, ainda mais se considerar que eu, o autor desta lista, tenho a índole mais propensa ao iconoclastismo segregado de Bernhard, seu lado outsider, que não se compactua com nada e ninguém, sua metralhadora giratória apontada para todos os lados, do que com o elitismo soberbo da escrita de Canetti que conheceu parte dos principais intelectuais do século passado. Essa trilogia tem provocado uma sensação de mágica em muita gente que a leu, e que comprovo pelas resenhas que fizeram ou pelas opiniões de um ou dois amigos pessoais (uma das resenhas encontra-se em um dos posts do site da Cia das Letras da semana passada). Tenho a mesma sensação: li essa trilogia em sequência, sentindo a mesma nostalgia maravilhada de quando me iniciei na leitura e cada livro era um universo do qual eu não desejava sair. Um livro conseguir provocar esse mesmo envolvimento em um homem adulto de mais de 30 anos, é algo raro. Vamos ao que interessa: Canetti é um aristocrata, um escritor que firmou desde criança seu sistema de valorizações e foi fiel a ele até a morte: por exemplo, era avesso ao comércio e todo assunto sobre dinheiro, e vivia exclusivamente para a arte e o intelecto; precisa-se de muita determinação e coragem para isso. Assim, purgou a pobreza por muito tempo, sem nunca reclamar. Vivia invejavelmente em uma estratosfera muito acima da do homem comum. Escreveu um grande romance que só foi editado décadas depois, e passou o período mais conturbado da história do século XX isolado, escrevendo um insuspeito tratado sobre a dominação, o fanatismo e a condução descerebrada das massas. Escreveu como ninguém e era um gênio. Foi, a meu ver, o Beethoven das letras do século XX. Depois de sua imagem consolidada, escreveu esses três livros incríveis que sequestram o leitor para dentro de sua vida e o faz viver toda a intensa liberdade desses anos. A língua absolvida, Uma luz em meu ouvido e O jogo dos olhos não é só literatura, é uma dessas experiências impagáveis que a vida recolhida nos reserva. Um aprendizado e um deleite.

3- Dialética do esclarecimento, de Adorno e Horkheimer:


Eu gostaria de saber alemão para ler esse livro em sua língua original. A linguagem deste livro é um portento, um fenômeno, uma revolução. Essa dupla, e, notavelmente Adorno, são os melhores escritores da filosofia. Eles vão mais longe, estilisticamente, que Nietzsche e qualquer outro. Eles são, primeiramente, mais responsáveis em seu método que Nietzsche e qualquer filósofo do século XX. Eles empregam uma concentradíssima combustão de significados por linha corrida, cada palavra remete a amplos sinais e reflexos da verdade. Eles conduzem a ambiguidade a uma categoria de percepção dialética inédita. Há uma parte aqui em que eles estudam sobre matadouros de animais e concluem que a existência de indústrias do massacre de outras espécies para a provisão de nosso nicho na cadeia alimentar já é uma evidência da capacidade humana para o genocídio nazista. Depois de confrontado o leitor com esse fato ineludível, eles perguntam: mas então devemos comer só verduras e leguminosas?, e respondem, ambiguamente, que a ciência desse mal já é um passo para a evolução que exija uma nova procura, um novo instrumental para a existência. E todo o livro é isso: a proposição de um limite impossível para uma nova forma de vida humana, colocando o homem contra a parede e forçando-o a não aceitar os milênios de adaptação errática e sedimentada. O livro sentencia que o esclarecimento determina a liberdade dos aguilhões que nos aprisionam aos costumes cotidianos, aos rituais suicidas da vida moderna, às nossas tendências contra as quais aprendemos a nunca resistirmos para o assassinato e múltiplas crueldades felizes, e que o estágio último do esclarecimento, quando alcançado, é um cósmico e opressivo niilismo diante o qual se exige um novo combate acirrado. Para margear essa sobreposição massacrante de bonecas russas da verdade existencial que Adorno e Horkheimer inventaram essa nova linguagem, essa nova gramática metafísica de alta poesia. O título dessa obra diz tudo. Adorno disse que sua convicção em escrever de maneira difícil era parte do dogma pessoal de não-coaptação a todo o vício que se estabelece para estancar as engenharias espirituais humanas, era um filtro e uma imunização para tentar passar para o outro lado, para ir a lugares da mente e das possibilidades nunca visitados antes, uma arma ainda mais necessária nessa época em que a sua tão decantada Indústria Cultural estabelecia um amolecimento conformador que transformava o pensamento em um produto vazio e codificado.

4- Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt:


Resenha uns posts abaixo.

5- Magia e técnica, arte e política, de Walter Benjamin:


Já escrevi muito sobre Benjamin e pode ser que eu soe repetitivo. Esse livro é uma compilação de alguns dos mais geniais e importantes textos de Benjamin, lançado pela Editora Brasiliense. Tem textos fundamentais sobre Kafka, Proust, Robert Walser. Tem a primeira versão do ensaio clássico "A obra de arte na era de sua reprodutividade técnica", e os minitextos quase aforísticos do sensacional "Sobre o conceito da História". É impossível não amar Walter Benjamin. Lê-lo é um consolo, um êxtase, uma oração, uma expansão da mente. É um escritor único e inclassificável na história da literatura.

6- Reflexões sobre o exílio, de Edward Said:


Este livro é muito menos aclamado que os clássicos imediatos de Said, Orientalismo e Cultura e imperialismo, mas eu gosto mais dele pela variação de temas apresentados em seus ensaios. Aqui se mostra toda a beleza e versatilidade da escrita de Said, toda a sua erudição. Aqui ele escreve tanto um imprescindível ensaio em que compara Nietzsche e Conrad, textos críticos sobre Naipaul e Hobsbawn, até um surpreendente retrato de uma dançarina do ventre. Mas as cerejas do bolo são dois magníficos ensaios sobre música, no estilo que os leitores de Said já sabem_ que, em se tratando de Said, um ensaio comporta uma profunda averiguação sobre múltiplos temas dentro de um tema previsto_, são eles "Em busca de coisas tocadas: presença e memória na arte do pianista (sobre Glenn Gould)", e o monumental "Do silêncio à música e de volta ao silêncio: música, literatura e história". Este último é realmente uma das coisas mais magníficas que li em toda a minha vida: fala de política, colonialismo, e as paisagens de ruínas da música polifônica. Mas este volume traz muito mais, é de uma riqueza generosa. Lembro-me que eu fui visitar a casa dos pais da minha esposa, quando nós éramos namorados e ela morava com eles, e eu comprei este livro no shopping antes de pegar o ônibus que me levaria até a distante cidade; era a época em que eu estava descobrindo esses dois universos delicados, a obra de Said e a Dani, e a leitura do primeiro no balanço aprazível do ônibus, e o final de semana em companhia do segundo, solidificaram ambos em uma mesma percepção emotiva.

7- Tudo faz sentido, de Saul Bellow:


O livro de ensaios de Saul Bellow. Tem um ensaio clássico chamado "O público distraído". Tem uma seção só com retratos na escrita brilhante de Bellow, de John Cheever, Allan Bloom e outros. Há um ensaio sobre Mozart que me ensinou muito e deliciosas confissões de escritório, além de embates descrevendo convenções de grandes escritores na época que isso ainda acontecia. Para quem gosta de Bellow, se aprende muito sobre o autor e sobre como escrever bem neste livro indispensável.

8- Darwin, de Adrian Desmond & James Moore:


Essa é a melhor biografia que já li. É uma viagem. Pouco depois de tê-la lido, meu pai faleceu. A leitura das angústias do teólogo Darwin diante sua descoberta terrível me deixou deprimido. A depressão elevada, sem prostração, de dividir através de um texto sublime as reviravoltas existenciais de um homem confrontado com sua pequenez cosmológica. Me vi incapacitado de ver qualquer eufemização no desaparecimento de meu pai. O livro narra dores imensas, como a perda da filha de Darwin, que aniquilou de vez sua fé em um deus. Na mesma época li o ditirambo fanfarrão de Deus, um delírio, do qual saí com um acentuado ar de riso diante a rasura dessa comédia de Dawkins. Em contrapartida às paupérrimas modas ateístas, essa biografia é uma dessas leituras fundamentais que provoca, que nos deixa em abandono, que destrói convicções e atitudes movidas pela inércia da falta de pensamento. Casa com o que eu escrevi acima, sobre a obrigação de um novo combate de entendimento quando o esclarecimento é alcançado em seu estágio último, na concepção de Adorno, a procura de novos significados. Ainda sou cristão e a reavaliação que faço em meus estudos sobre as ideias de Darwin me deixou mais ligado a uma apreensão transcendente do universo, mais saudavelmente humilde e disposto a aceitar a beleza disso tudo em que estamos envolvidos. Pela primeira vez, um livro me levou a ter a visão plena de que somos parte do universo, somos um produto que o compõe, de forma inescapável, e que nossos pequenos sistemas de crença, feitos na maioria pelo medo e pela ignorância,  não influem em nada: e isso é libertador de uma maneira que nunca saberia explicar. Me fez recordar de meus estudos universitários em que é dito que as mitocôndrias são organismos de vida própria que, em um determinado estágio da evolução, atacaram as células e as parasitaram. Não há bem e mal na existência, e tudo tem sua importância e sua indispensabilidade. Darwin descobriu isso e naquela época ele não era capaz de se desatrelar do fardo das pre-concepções sociais para ver a enorme alegria libertária de sua teoria. Nossa vida é um mutualismo constante. Entender Darwin é um dever, para acabar com essas falácias estúpidas da apologia a um darwinismo social: a sobrevivência está na harmonia, e não na sobreposição do mais forte sobre o mais fraco. Tudo bem, tudo bem, chega de pregação_ me excedi. O livro, além disso, traz a atmosfera da época, os escritórios, os salões universitários, Galápagos, a visita ao Brasil, e um monte de coisas boas. Masquemos audaciosamente nossos chicletes, cruzemos as pernas por sobre a mesa, e vamos um urra: a vida continua!

9- A gaia ciência, de Fiedrich Nietzsche:



Há de se ter um Nietzsche entre os melhores livros. É uma obrigação e um respeito a esse escritor que, procurando hoje em minhas instâncias espirituais já não parece me dizer nada, não pela ausência, mas porque o eco de suas palavras e seu espectro estão em todos os quartos e em todas as salas, que já penso sobre a base fundadora de minhas leituras dele de maneira inevitável.

10- Massa e poder, de Elias Canetti:


Julgo ter escrito muito sobre este livro ao longo deste blog. É uma vacina. Quem o lê fica imunizado a toda forma de dominação social, política, econômica, partidária, biológica. É um dos livros superiores que na concepção do filósofo do item 9, acima, são escritos com sangue. Impossível falar sobre este livro sem um tom de reverência, embora uma de suas lições seja justamente o fim de toda propensão à idolatria e à reverência.

17 comentários:

  1. Putz, mais alguns livros para eu comprar!

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    1. Este blog é pra mim, hoje em dia, a mais formidável fonte de estímulo à leitura (quero dizer, "amplificadora" desse estímulo) -- aliás, acho que em toda minha experiência, só se compara ao blog a descoberta da biblioteca de meu avô, duas décadas atrás. É comovente! Não raro eu leio um post do Charlles e me vejo acometido de uma vontade intensa de parar tudo que estou fazendo, ir para minha poltrona e afundar a cara nos livros (o que nem sempre é possível, infelizmente, mas veja, Charlles, o que às vezes eu faço: leio um post seu e me acomete essa incrível vontade de ler, mas não posso ir pois estou em meio ao trabalho [a visita ao blog foi uma breve pausa de descanso]; daí de noite, se acontecer o que de vez em quando me acontece, de estar cansado demais para ler ou encarar qualquer atividade intelectual, o que faço é abrir novamente seu site, reler o post lido no meio da tarde e pronto, tluí tluí tluí [o barulhinho aquele do Atari], está recarregada a minha barrinha de energia para a leitura! E por isso, antes tarde do que nunca, eu lhe agradeço).

      Mas o blog pode ser também um aniquilador de contas bancárias combalidas (como a minha): fui obrigado a anotar vários dos títulos citados nesse post e a partir já de amanhã saio para caçá-los pelos sebos e livrarias da cidade. (Ainda tem uma segunda parte essa lista, certo? Depois dela, se eu não aparecer mais por aqui, significa que tive que vender o computador.)

      E pra finalizar de modo menos bajulador [risos], devo dizer que só não gosto quando o Charlles escreve sobre ateísmo ("... às paupérrimas modas ateístas..."). Mas tudo bem, a grande maioria dos ateus (principalmente Dawkins, quando escreve sobre isso) também adora fazer a mesma coisa, ou seja, colocar crentes e/ou religiosos e/ou cristões todos num único mesmo saco antes de descer a lenha, antes de botar em marcha os esforços para provar como são inferiores esses outros, de modo que tudo indica que esse embate ainda deve durar algum tempo... particularmente, prefiro passar ao largo dessa arena, mais ou menos como passo ao largo do futebol [risos].

      Ainda bem que hoje é domingo! Agora vou passar o resto do fim-de-semana em meio aos livros. Estou justo naquele momento venturoso de ter terminado um e precisando escolher um novo. O que vai ser? Suspeito que o post acima terá influência... Tenho um Hannah Arendt não lido aqui, "Homens em tempos sombrios", edição de bolso da Cia das Letras, já leram?

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    2. Hahahaha. Esse seu comentário é uma festa, Fabricio. Muito obrigado. Fico feliz que pense assim deste blog.

      Na verdade, creio que você ainda não conhece os meus post sobre ateísmo. Ao menos_ posso estar enganado_, minha intenção é justamente mostrar a saturação desse combate entre ateus e não-ateus. Eu sou um não ateu. O fato que talvez você ignore, é que este blog é uma espécie de um rebento do blog do Milton Ribeiro, de onde boa parte do pessoal que transita por aqui veio; o Milton que é um ateu chato e empedernido(risos), o que acabou gerando essa chateação em ponto morto de minha parte. Mas valeu pela dica, vou me policiar.

      Esse da Hannah está na lista restante de amanhã.

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    3. Charlles, acho que já li quase tudo que você escreveu sobre o assunto, assim como conheço boa parte da trama com o Milton Ribeiro. Apesar de ter assinado o seu RSS somente em fins do ano passado (o que significa que só a partir de então passei a acompanhá-lo diariamente), eu já tinha lido posts seus esporadicamente antes, e também mais recentemente fiz algumas sessões de leitura retroativa, costurando os posts a partir das tags e dos links recomendados que aparecem no fim de cada texto. Gosto muito de ler quando você escreve sobre suas filosofias e compreensões, mesmo que sejam diferentes das minhas; nessas leituras, não é raro eu absorver uma coisa ou outra, mas o que acontece mais frequentemente é eu entender ainda mais os motivos que levam alguém a encarar o universo de maneira diversa da minha, e, nesse processo, passo a respeitar as diferenças cada vez mais, ainda que eu continue com uma interpretação diametralmente oposta da questão específica em debate. Pode ser tudo ingenuidade (ou frescura [risos]) de alguém bem pouco dado à belicosidade e/ou zombaria, mas, enfim, acho que isso me rende uma vida bem interessante... Por isso, a leve frustração quando o texto vem acompanhado de um tom de "esta é minha bandeira e ela é mais bonita que a sua" [risos], mas tudo bem, como dito acima, eu entendo o enredo, e também me parece inescapável aquilo que já dizia o poeta, de que estamos destinados a não compreender uns aos outros. E também entendo que pode ser simplesmente tudo muito divertido e eu seja um chato sem senso de humor [risos].

      Puxa, esse da Hannah deve ser bom então! Ontem acabou que não iniciei nada de novo, resolvi ler uma edição da Serrote que estava aqui há meses, emprestada pelo meu irmão. Seu post de hoje deve consolidar a vitória da Hannah como próxima leitura aqui!

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    4. Isso me deixou preocupado: bandeira mais bonita que a sua! Pô, cara, me vi como um chato incorrigível _ não foi isso que você disse, mas eu me vi assim. É sempre bom ter alguém sincero para dar-nos essa dica.

      Mas, em minha defesa, digo que sou um grande de um debochado. E me policio bastante sobre bandeiras. O fato de compor essas listas vem, claro, da vaidade natural, mas mais ainda de dar um tempo para respirar aqui no blog, que acabou virando um local que eu me exijo uma certa perícia de concentração e um certo primor de escrita; não é, pois, para dizer que eu sou um cara ultra-culto e erudito. Sei que também você não disse nada disso, mas eu ressalto essa explicação. E não tenho nada contra ateus, só gosto de uma boa provocação, mas o excesso de provocações cai no marasmo, né. Eu mesmo, sob determinado prisma, me julgo ateu, e aqui na minha cidade e entre alguns amigos, eu sou visto como um ateu irredimível. Isso porque, à diferença desses pitacos aqui, eu nunca, jamais, falo sobre religião ou deus.

      Mas valeu, cara, pela sinceridade (risos).

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    5. Chato incorrigível você está longe de ser! Sei que você sabe que eu não disse isso, mas também ressalto [risos]: o lance das bandeiras era referente ao desprezo que ocasionalmente você deixa entrever sentir (é o que me parece...) por quem se identifica com o ateísmo num significado mais amplo, não somente anti-clerical, que me parece ser mais a sua "filiação" (também me incomoda, é claro, o mesmo comportamento no sentido inverso, como em Dawkins). As listas são ótimas -- quase serviços de utilidade pública. Mas chega, já fui longe demais -- se tem um chato aqui, sou eu! Você tem todo o direito -- e bagagem de leitura -- ao deboche ou desprezo do que quer que seja, e mesmo que isso signifique que divergimos fundamentalmente em um determinado ponto (e nem me refiro a simplesmente ser ateu ou religioso ou seja lá o que for; espero que isso esteja claro desde o início), ainda assim a leitura do seu blog pra mim é indispensável e riquíssima.

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    6. Gosto quando o Charlles cutuca o ateísmo, seguindo seus amados escritores esotéricos de alta percepção da condição humana. Não vejo tal atitude como "o meu é melhor e maior que o teu", mas como uma arguta prudência de quem não pretende declarar morto ou inexistente algo não tangível nesta esfera de consciência.

      Ou tô falando merda, o que é bem provável.

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    7. Obrigado, Fabricio e Matheus. Um dos sentidos desse blog, percebo aos poucos, é a riqueza de auto-análise que os comentários oferecem para mim. Fico muito agradecido por isso.

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  2. Como te acompanho vai algum tempo, sabia que Arendt, Bernhard e a Escola de Fankfurt estariam presentes. E colocou Bellow nesta lista também! Desses listados li mesmo por inteiro só o Massa e Poder, como há contei aqui, em pé nas horas sem aula na biblioteca da universidade (um chamado). Tens total razão quanto a imunização recebida por esta obra, principalmente às ideias arrebatadoras de multidões, das massas (imunidade e certeza aumentadas com a leitura atual de A Rebelião das Massas, do OrtegaYGasset).

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    1. Não li nada do Ortega y Gasset. Mea culpa.

      Que bom que Massa e poder tenha lhe provocado essas mesmas reações.

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    2. Gasset, para mim, está entre os maiores pensadores do século XX. Essa obra vale a leitura.

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    3. Leia esse que citei, Charlles. LEIA.

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  3. Sabe, a música, os filmes, a pornografia, todas essas coisas estão morrendo em termos de sua estrutura tradicional. As pessoas estão confusas e não sabem o que fazer. Não há mais meio termo. Porém, os livros não estão mortos. É algo que sempre vai estar por aí e isso me dá esperança.
    Sasha Grey > Carol Bensimon sauhsuashhsa (implico pq sou invejoso, sim)
    http://diversao.terra.com.br/arte-e-cultura/,d8c103979eba0410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

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  4. Minha lista não teria nenhum desses. Sou um tanto quanto clássico nessas horas. Na minha lista certamente não faltaria um Platão e um Aristóteles.

    Ah, Viktor Frankl também não ficaria de fora. Talvez o livro mais lindo do século XX e de todos os outros.

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    1. Tive meu tempo de leituras de Platão, mas nunca li Aristóteles, Doni. Platão não me modificou em muita coisa não_ com todo o devido respeito à sua inegável enormidade. E esta lista, a exemplo do que disse Borges sobre o prazer da leitura como lei máxima e única, se justifica pelo quanto estes livros me deram deleite e pelo quanto fazem parte do que eu sou.

      E, claro, sou um leitor em plena atividade e torço para que haja ainda tempo para ler muita coisa desconhecida por mim. Por exemplo, nunca ouvi falar de Viktor Frank, mas já estou pesquisando pelo Google.

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    2. Fedão, de Platão, é uma das obras mais lindas de todos os tempos. Os últimos momentos de vida de Sócrates comove até uma estátua.

      E Viktor Frank é imperdível! Comece por "Em busca de sentido".

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