sábado, 24 de agosto de 2013

Lendo Getúlio, de Lira Neto



Estava planejando fazer um post com os meus 20 melhores livros de não-ficção para esse final de semana, mas desde ontem me vejo preso no compromisso de ler o primeiro volume de Getúlio, do Lira Neto. Não consigo fazer mais nada, e estou para alcançar a página 300. O livro é perigosamente absorvente. Creio que há uma especialidade literária em que os brasileiros são excelência: a biografia, documentada, escrita com rigor investigativo e com alguma retórica sofisticada que agrada a leitores mais engajados, mas profissionalmente arejada o suficiente para acatar um público mais amplo. Na margem oposta, por exemplo, coloco a biografia de Hitler, do Joachim Fest, que é um pesado calhamaço duplo em que brincam ali sisudas argumentações filosóficas e lentas perorações acadêmicas. Gostei muito do Fest, mas os biógrafos brasileiros a que Neto faz parte tem um triunfo que se enquadra nessa nossa mestria nacional do gênero: enquanto um Fest se leva muito tempo para ler, os livros produzidos na mesma seara por um Fernando Morais e um Lira Neto são extensões do entretenimento extasiante dos filmes de Hollywood e das reportagens policiais da mais estereotipadamente adrenérgica imprensa marrom, o que os fazem altamente digeríveis. Mas são, também, documentos sérios e peças literárias de alto valor. Morais e Neto tem o talento de um Sidney Sheldon e de um Dan Brown para escreverem sobre temas que são primazias de velhos generais que abrem seus segredos militares e historiadores especialistas.

Algumas rápidas observações sobre Getúlio:

- os títulos dos capítulos parecem manchetes televisivas de programas policiais, como os do Marcelo Rezende. Tem um histrionismo que, se não fosse o poder da obra, desmotivaria leitores mais profissionais. Saber, por esses títulos chamativos e grandiloquentes, que Getúlio se apaixonara por um Donzela de Vermelho, ou que Getúlio, aos 15 anos, teria assassinado um estudante de direito, ou que o clã dos Vargas teve que apagar um desafeto político com um tiro na cabeça, dá a impressão que o autor se volta demasiadamente para o lado far west do biografado, mas o texto traz uma abordagem que vai, felizmente, bem além disso.

-ler Getúlio confirma o que a pessoa que tem o mínimo conhecimento de história e a mínima independência de visão quanto às artimanhas que compõe a escrita da história sabe: os heróis da pátria são quase sempre os grandes canalhas, vindos dos mesmos aparatos seculares do benefício familiar pela usurpação e o assassinato. Lira Neto é excelente no papel de historiador crítico em demonstrar isso. Neto salienta que a fortuna do pai de Vargas, Manuel Vargas, vem em grande parte do fruto dos roubos cometidos por ele durante os sucessivos massacres da Guerra do Paraguai. Vemos que os Vargas compunham o coronelato de São Borja e outras adjacências sulistas, favorecidos pelos mandatários do estado, Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros. Vemos que o irmão mais velho de Getúlio Vargas, Viriato Vargas, era uma espécie de filho de ditador moderno, filho de Saddam Hussein ou da família Trujillo, repetindo os mesmos casos de abuso sexual, de corrupção desmedida de tudo para manter-se no poder, de ganância ativa pela riqueza às custas do sofrimento da maioria, de assassinato e truculência de quem se sabe acima da lei. Pelo que Neto escreve, Viriato Vargas foi um dos personagens mais medonhos e cruéis de nossa história, uma história por si mesma saturada desse tipo de mandatários de famílias tradicionais para que continuem absurdamente passando batido.

_ há uma citação das palavras do presidente Lula na contracapa do volume 2 de Getúlio. Reproduzo-a:

"Poucas vezes vi alguém descrever tão bem a história de Getúlio Vargas e do povo gaúcho como o Lira Neto na primeira parte da sua trilogia. Foi impactante para mim que me vi andando com Getúlio, fumando um charuto, pela Rua da Praia, em Porto Alegre."

Palavras de contundente riqueza de interpretação para quem lê sobre tanto diagnóstico da vilania das classes dominantes e tem para dizer que se sentiu impactado por uma cena que, provavelmente, foi o exemplo colhido num folheamento ligeiro lá pela página 83. A literatura do esclarecimento revolucionário já está aí há anos, basta termos o ensejo necessário para entendermos de vez o que ela realmente quer dizer. Os truques popularescos do muito inteligente Lira Neto repetem a manobra de massa que vem sendo adotada desde Shakespeare: o uso da violência chamativa da capa e espada para mostrar, em límpido e bom tom, a violência espiritual que um país vem passando perenemente para conservar a mesma linha de subjugação perpétua. A frase que define melhor o Brasil é a que vem no magnífico filme Il Gattopardo, de Luchino Visconti: "Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude". Isso é o que o Getúlio, o livro de Lira Neto, parece dizer, ou vem dizendo pelo menos para mim.

26 comentários:

  1. Dá uma olhada nesses links.

    http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=2679
    http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=2692
    http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=2694
    http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=4816

    Parece choro de ignorado? Sim. Mas e daí?
    Discordo de 50% das coisas que ele escreve, porém nesse caso concordo, mais por raiva da Cia. dos Esquerdinhas, já que não consigo encontrar em lugar algum o "Estudos sobre a humanidade", do Berlin. Cancelem as impressões de umas tranqueiras avulsas semanais e reeditem esse livro essencial pra vida, senão terei de roubar o da universidade depois de tanto renovar semanalmente. Preciso possuí-lo. Preciso.

    Ah, Getúlio, o pai dos pobres. Júlio de Castilhos, O Patriarca positivista, que fez Borges, governador por uns 25 anos, que fez Vargas, que aprendeu direitinho com seus mestres, adicionando o esquerdismo fascista de Mussolini. E Olívio Dutra bicheiro, Tarso poeta punheteiro, etc. Esse é o Rio Grande.

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    1. Cara, ótimos links! Também discordo em muito, principalmente quando junta numa mesma trinca a Veja, a Cia das Letras e a Folha, mas é bom ler esses ditirambos arrazoados (aviso: linguagem sob influência da escrita rebuscada do Getúlio que ora se reproduz excertos no livro; todo político nacional é um escritor medíocre e pretensioso: vide Getúlio, Sarney. etc.). A Cia não é uma instituição política, e tem que vender seu peixe, ora bolas! Se ela tem vendas potenciais, às custas de seja quais artifícios, de best-sellers biográficas ou de romances eróticos (o primeiro de primeiro time, o segundo de quinto expoente), isso garante que ela possa ter o maior catálogo de excelentes livros do país e um dos melhores do mundo. 60% dos meus livros são da Cia. Isso é um disparate.

      Claro que eu também vejo algo dessa linha de teoria da conspiração. A cia publicou ótimos títulos do Vargas Llosa, como suas memórias sobre sua atuação política e um romance policial, além de outros, mas não há mais nenhuma referência nem na parte do catálogo onde ficam os livros esgotados. E publicou três do Berlin, mas só restou um, os demais, nem rastro. Estranho isso.

      Estou muito ansioso para ler Berlin, principalmente este.

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    2. Não leio Jô Soares, mas as 500 mil cópias vendidas de cada livro dele garante que me chegue quentinho uma obra do Javier Marías. Viva o Jô!

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    3. Estou lendo os links, Mas eles tratam de coisas que não estão na obra do Neto. Só casos de coxia e de fofocas de imprensa, já que grande parte do que esse Juremir trata, pelo menos no primeiro link, se refere ao disse-me-disse da obra do Neto antes de que essa fosse publicada_ portanto, antes do Juremir poder lê-la. Fala apenas, com a eventual celeuma, dos brilhos dos holofotes da Folha e da coluna do Lauro Jardim para uma biografia prometida. Mas o Lira Neto não diz, em parte alguma, que descobriu fatos novos sobre o assassinato do alundo de direito em Ouro Preto _ cita, nas notas, a mesma obra do Louzeiro acusado pelo autor do link. E sobre o estupro da índia e o assassinato do cacique, ele expõe a homonimia e a má-intenção de Lacerda em atribuir os crimes ao Getúlio presidente. E Neto, mas uma vez, não aponta exclusividade alguma na exposição desse fato.

      A única coisa que Lira Neto cobra como tendo sido o primeiro, é a de noticiar a parte do discurso do jovem Getúlio em que ele diz ser contra o cristianismo, e que Cristo sequer tenha existido. Segundo Neto, tal texto ficou trancado nos arquivos pessoais da família Vargas, com a etiqueta de 'confidencial".

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    4. Li os links todos desse Juremir. Me pareceu um bufão, denunciando nos outros atitudes que ele próprio está fazendo. Sério, fiquei curioso sobre se essas acusações todas procedem, estão sendo debatidas em algum lugar de forma mais séria. De novo digo o que sei: a biografia do Neto peca por usar essa linguagem meio sensacionalista, mas é compreensível para o público para o qual é direcionado. Juremir compara o evento com a França, alegando que uma biografia "falsificada" levaria naquele país o povo às ruas. Só que na França, a linguagem estaria um tanto mais medida por outros critérios, destinada a um povo que lê bem mais que o nosso. E repito: até onde li, Lira Neto não arvora ineditismo de informação alguma. Me encabula que Juremir acuse ter Lira Neto dito que o fato sobre o assassino homônimo de Getúlio Vargas tenha sido descoberto, com total exclusividade, por ele: ora, o livro diz que o processo foi arquivado à época por terem descobrido que getúlio não era o assassino do cacique e tal, e Neto mostra as referências aos papéis dos tribunais e uma série de outras fontes. Seria muita loucura de Lira Neto alegar que, depois de quase cem anos, ele foi o primeiro a descobrir isso. Juremir está ressentido e muito. E a alienação do leitor brasileiro que ela acusa, um leitor comandado pela mídia e pouco crítico, ironicamente se faz ver nos comentários de seus post: não há um comentarista que mencione o disparate do que Juremir escreve.

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    5. Claro que a Cia. tem mais que vender, e muito bem, seus títulos mais simples e de fácil leitura, para compensar com os livros mais densos de pouca venda. Jamais discordaria disso. Entendo e aceito o mercado, sou o capetalista daqui. Viva o Jô, viva o Toda Sua, viva até o Hobsbawm (não). Porém, como disseste, certas obras somem, não deixam rastro, e outras pululam por todo canto. "Estranho".

      O Juremir é meio amargurado, sim, com o pessoal do centro do país hahaha Não é a primeira vez. Direto fala sobre a Folha, a Companhia das Letras, o pessoal artista-descolado-carioca-e-paulista que acaba levantando um muro de Berlim em torno dos dois estados, declarando ser somente esse o Brasil que produz alguma coisa. Aliás, ele tem problemas com pessoal daqui também, com o LF Veríssimo é o caso famoso: ele acabou rodando na Zero Hora por dizer que o Érico não foi contra a ditadura, que foi omisso, alguma coisa assim. LFV disse "ou ele ou eu". Óbvio que levou pé na bunda.

      Pelo que entendi, o livro foi anunciado assim na imprensa, pela Cia., pela FSP e o escambau, que continha novidades nunca antes reveladas. Se o autor sabe que tal coisa é mentira, ganhando fama e dinheiro em cima, não seria desonestidade intelectual?

      “Após repetidas visitas a São Borja (município onde Getúlio nasceu, no Rio Grande do Sul) e Ouro Preto (onde estudou em Minas Gerais), descobriu que Getúlio era falsamente acusado de dois assassinatos”.
      “Pela primeira vez alguém teve acesso aos inquéritos de dois assassinatos atribuídos pelo Carlos Lacerda a ele. Pelo menos nesses casos, o Getúlio estava limpo”.

      Creio que, no livro, em nenhum momento ele diga ACHEI SOZINHO, SOZINHO, SEM AJUDA DE NINGUÉM, ESSE DOCUMENTO NUNCA ANTES VISTO NA HISTÓRIA DESSE PAÍS, mas, né...

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    6. Não é por esse bloguinho ter caído nas graças da Cia das Letras que digo estas coisas. Mas esse Juremir atacar a Cia como uma das instituições demoníacas do país é de uma estupidez constrangedora. Eu que sou um cara amargurado também_ por natureza biológica, traumática e essa que você anuncia, por ter nascido no centro do país_, acostumado a falar mal de todo mundo, nunca me passou pela cabeça tal coisa. A Cia é uma das maiores promotoras de cultura nesse nosso paizinho, olha só o catálogo dos caras. Não vou discorrer sobre isso pois seria mera tautologia. Só falo duas coisas: os melhores escritores de qualquer canto do globo, com as melhores traduções, e Ulysses em edição de bolso (tá bom, são três).

      A mentira faz parte das edições. E tais mentiras são muito comezinhas para Juremir invocar o povo nas ruas. Há mentiras clássicas, como Walt Whitman resenhando seu próprio livro usando pseudônimo, como Philip Roth promovendo o Conspiração Shylock como história verídica, etc, etc. E pelo que já li da biografia, eu que não sou especialista e pouco sabia sobre Vargas, o livro é muito bom, muito instrutivo e divertido. Não espero a mesma satisfação de um Ginzburg, ou da completude da melhor biografia que li, de Charles Darwin, ou de algum dos grandes historiadores de que gosto. Só acho que é um recalque evidente do Juremir.

      Se roubar o Berlin, tira um xérox para mim. (Isso é uma rima que pode muito bem não ser uma solução.)

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    7. Jamais pensaria que tua aparente defesa a Lira Neto e seu livro fosse pelos envios da Schwarcz Editora. Jamais.
      Juremir e sua reclamação da editora é por ela direcionar cadernos culturais como a Ilustrada, que ignoram trabalhos de fora da chacrinha, por produzir grandes eventos (a famigerada Flip, que o Houellebecq deu cano de novo!!) que junta somente a galerinha amiga, de esquerda (e, aqui são outros que pensam assim, como eu).
      Quero ver se o livro do Olavo de Caralho terá algumas linhas bem escritas nesses cadernos (Oi, Luiz).

      Gosto MUITO desse lance midiático do Roth de "não falar sobre esse assunto" até hoje. =) Aliás, que livro demais o Shylock, dele fiquei com vontade de saber além do NADA sobre judaísmo; na época que o estava lendo perguntei pro Luiz umas indicações de leitura. Fiz um texto sobre, não ficou ruim.

      Tenho xerox da parte do nacionalismo. Aliás, o Berlin tem a ver (ou haver? Analfabeto, não sei) com minha leitura do Shylock mais a questão do nacionalismo judeu. Hum...


      *(Gosto muito de parênteses)
      ** Já que tens contato direto com a Cia, por favor, mande um email perguntando sobre o livro. Mandei dois emails e, acho que por não ter sido muito educadinho, não fui e não serei respondido.
      *** Acho que já postei aqui, pero bue: Juremir, Luis Augusto Fischer e Antônio Hohlfeldt falando sobre literatura e mercado editorial. Me diverti. http://www.youtube.com/watch?v=Wf1Kd6a9QUE Se estivesse ali o Charles Kiefer seria ainda melhor.

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    8. Lestes o Shylock! Demais né, principalmente as páginas do julgamento do suposto monstro nazista.

      Minha distância dos assuntos nacionais, principalmente as briguinhas regionalistas, me abstêm de me inteirar dessas coisas. Não, eu não me julgo superior a essas coisas, mas é que morar em Goiás me mantêm estoico na crença de que todos dividimos o fardo da brasilidade por igual, seja onde quer que moremos ou tenhamos nascidos. Não há eufemismos.

      Eu já mandei um e-mail sobre aquela nossa conversa sobre capas, para a promotora com a qual me comunico. Ela apenas disse, atenciosamente, que iria dirigir as críticas ao departamento específico. Também já dei meus modestos pitacos sobre a hipótese de um trabalho de divulgação mais agressivo, escrevendo que passei anos atrás de Teatro de Sabbath, e foi só através de um amigo (Cassionei Petry), que fiquei a par de que o romance havia sido relançado. Imagine campanhas publicitárias sobre Berlin, cartazes, etc, e toda astúcia de procurar pegar os leitores pelo que os livros exercem mais fetiche?

      Passei muito tempo na dúvida, até descobrir que é "a ver".

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    9. Esqueci de dizer: esse livro do Getúlio eu comprei, não recebi da Companhia.

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    10. Não sei por que diabos, o feed de meu blog parou de anunciar as novas publicações daqui, daí que deduzi que Charlles tinha se recolhido para meditar ou brigado com a oi novamente. Você leu Pulphead? Em algum momento tem um Charles Faulkner mencionado. Ah, e é um livro muito interessante.

      Sobre a Companhia ser uma grande editora, penso em três motivos: 1) Briga de igual pra igual com as outras editoras em vários segmentos: quadrinhos - Zarabatana e Companhia; divulgação científica - Zahar e Companhia; artes - Sei lá, Cosac Naify e Companhia... E por aí vai.
      2)Saiu Sebald pela Record (que tem um catálogo louco, igualmente recheado de maravilhas e porcarias) e ninguém deu ousadia, e também Marias, e outros tantos que já tinham sido editados pela Rocco e similares; mas quando saíram pela Companhia, finalmente foram devidamente lidos e respeitados (pelo menos por minha geração). Nem todo mundo é amigo de Andrew Wylie.
      3) É quem melhor representa seus autores. Qual aspirante e escritor brasileiro não sonha publicar pela Companhia? Qual outra tem tanto interesse e eficiência em publicar brasileiros fora do Brasil? E quem mais inventou um evento internacional pra juntar os autores da casa numa grande farra? Podem encontrar muitos defeitos na FLIP (eu fui esse ano e o maior problema foi minha falta de bufunfa), mas não vejo lógica em afirmar que antes, quando não tinha nada, era melhor.

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    11. Taí. Penso a mesmíssima coisa. Considero a Companhia das Letras idônea, e sou fã declarado dela.

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    12. Ainda não li Pulphead. Tá na fila.

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    13. Demais mesmo, mas o que me fisgou foram as argumentações absurdas, mas nem tanto, do doppelgänger. O misto de susto e risadas ao concordar, sozinho, em voz alta, com muitos de seus apontamentos. O que me preocupa até...

      Das grandes editoras do país ela que teria capacidade para um marketing mais voraz, com um appeal charmosamente intelectual porém vendável. Sei lá, pegar uma dupla ou trinca de autores e insinuar um A x B de ideias ou qlqr outra coisa (ignorem essa ideia, horrível)

      Curioso pela lista dos 20 de não-ficção heim...

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    14. Ah!.....
      Tentei ler os links sugeridos pelo Matheus.
      Mas não deu…: tudo fede… fede… fede…

      “Fui eu que descobri aquele discurso”…
      “Ele é meu, meu, meu, meu, meu, meu…”

      “ Como ele conseguiu publicar?”…
      “Filho da puta, filho da puta, filho da puta…”

      “Eu sou MUITO melhor do que ele…
      Mas ele publicou: filho da puta, filho da puta, filho da puta…
      filho da puta, filho da puta, filho da puta…filho da puta, filho
      da puta, filho da puta…”

      ESSE É O RETRATO EFETIVO DA ACADEMIA SUBDESENVOLVIDA BRASILEIRA EM QUE TODOS SÃO POLIGLOTAS, MAS, NA VERDADE, NÃO PASSAM DE GRANDES PUNHETEIROS EM PORTUGUÊS.
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      A FERA
      by Ramiro Conceição
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      .
      Dentro de nós, há uma fera que,
      por não ser exatamente humana
      nem um sadio animal, sempre se
      disfarça, a esconder a sua crônica degeneração vital;
      por isso que o seu habitat eleito sempre são latíbulos:
      a academia; a crítica literária; a política;
      a pseudo-humildade; a pseudogentileza...
      Mas de nada adianta, pois tudo é farsa!
      Assim… a fera se fere até a ferida final.

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  2. Depois de passar umas boas semanas numa dieta à base de Eurípedes e Sêneca espero ter um salvo conduto de não ter que falar sobre Getúlio Vargas. Aliás vim aqui só para dizer que por obra do acaso acabei sentando num bar de jazz obscuro daqui da cidade e pude ouvir um garoto novo, desconhecido até onde eu pude pesquisar, que tem tudo para ser a reencarnação do Oscar Peterson.
    O nome dele é Patrick Hewan e o garoto diaboliza um piano trio a moda do Keith Jarrett.
    http://www.youtube.com/watch?v=p85Uor57GkE

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    1. Chega de Getúlio. Lucidez demais sobre nossa pobre história. Não sei pra que tanta discussão, todo livro de história brasileira é uma comédia sem graça e chatíssima.

      Mas que bom que voltastes.

      Patrick Hewan? Anotado.

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    2. Não anota só o nome do rapaz não.
      Dá uma olhada quando puder nesse video do youtube. É Blue in Green, né? Minha faixa preferida do Kind of Blue do Miles.

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    3. Vou ver. Minha preferida é Flaminco Sketches.

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  3. Curioso para ver essa lista dos 20 melhores livros de não ficção que você comentou Charlles ... Quando tiver um tempinho posta aí, suas indicações são em 99% das vezes certeiras.

    Abs

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  4. Charlles, complementando sua reflexão sobre Getúlio, creio que vale a pena a leitura de “Minha Razão de Viver”, de Augusto Nunes (sim, aquele articulista da Veja), pois trata da vida do jornalista Samuel Wainer, mas com enfoque nas relações promíscuas com Getúlio, em 1950.

    É uma leitura fundamental, pois esclarece de que forma um império jornalístico pode ser construído sob o famoso jogo do “toma lá, dá cá” - tão comum no seio do Estado brasileiro. É impressionante como há muito as mutretas se repetem, nesta republiqueta meridional, sempre sob o manto da impunidade.

    Terminei “A Civilização do Espetáculo” e já estou a terminar “Sabres e Utopias”… Pois bem, Charlles, alinhavando a sua reflexão sobre Getúlio com o livro do Nunes e os mencionados do Llosa, sobra no espírito, quase, uma certeza: a América Latina não tem solução (é muito triste escrever isso, caro amigo…).

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    1. Augusto Nunes! Sério que você está recomendando a leitura dele? Sei: como leitura profilática.

      É o que eu sempre digo. Um exemplo: eu fico olhando o facebook da minha cidade, em que os moradores, em um português alienígena e quase incompreensível, gutural e animalesco, expõem as suas opiniões e ideias sobre o que é o bom-viver comunitário, com os tantos puxa-saquismos e a escravidão laudatória ao pão e circo de sempre, e revejo a desilusão desesperançada que sentiu o Bolívar, o Francisco Miranda, o Che: lutar por ESSE povo...

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    2. É isso mesmo, Charlles, o tal... O que posso fazer? O bicho organizou um material denso sobre a história do Brasil, à época, que pertencia à filha do Samuel... e publicou. Não há como negar: a obra possui informações relevantes.

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  5. Em algum momento desse biografia fala-se de um lugar chamado Clevelândia, no Amapá?

    O Getúlio é apenas uma fiogura controversa de um espectro político e social conturbado. Ele nada fez além do que queriam que ele fizesse e era prática corrente; ele avançou em algumns aspectos em que ele foi forçado a avançar; ele se perdeu por ter ficado para trás quando o que estavam à frente eram os retrógrados que, por fim, fizeram 1964, o ano para ser esquecido.

    Sobretudo, Getúlio e seu tempo não cabem em 6 linhas. Mas desconfio que também não coube nesse biografia, que não li. Para falar a verdade, não lerei: já li muito sobre o assunto e penso que encontrar novidades sobre o período e o personagem seria como encontrar novidades sobre a vida de Jesus.

    Mas aproveito para recomendar a biografia do Tolstói.

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    1. Ainda não cheguei nesta parte sobre o Amapá.

      Planejo comprar essa biografia do Tolstói semana que vem. Li muita coisa boa sobre ela.

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    2. Esqueci de dizer, quanto à frase d'O Leopardo, hoje citada tão exaustivamente, que havia outra, certamente constante na biografia, atribuída a um figurão da época, que ilustra a razão revolucionária tenentista: "Façamos a revolução antes que o povo o faça". Dá quase no mesmo.

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