Como de praxe, estou sozinho em casa porque a família vai passar essa semana na casa da avó em Goiânia, para exames médicos de rotina. Bem, estamos o Miles e eu. Como de praxe nessa época de solidão mensal, alguém trouxe uma rottweiler para cruzar com o Miles e os dois estão no quintal de terra dos fundos, trancados em núpcias nem sempre silenciosas (por isso, estou privado também da companhia do Miles). A pia da cozinha já está se amontoando de pratos e panelas, que jurei à Dani que não vão estar lá quando buscá-los de volta no sábado (desta vez vou cumprir). Vou abrir uma garrafa de vinho quando o relógio bater religiosamente as 20 horas, e já coloquei no pen drive álbuns do Neil Young (Rust Never Stop, meu preferido), Allman Brothers (Eat a Peach, com a maravilhosa Blue Sky), muita coisa do Zeppelin, do Tull, e Grateful Dead (American Beauty). Tentei terminar de ler Hannah Arendt nesta tarde, Homens em Tempos Sombrios, que faltam apenas 30 páginas, mas nem ela serviu para concentrar minha atenção, e me peguei acordando no colchão da sala, agora. Não sei se minha guitarra imaginária vai estar afinada ao tom do vinho argentino. Há muito aquela que foi uma grande felicidade, o estar só para pular e voltar a ser adolescente sem culpa e sem remorso, vem definhando, perdendo o brilho de leviandade santificada, e tudo acaba em uma ducha prolongada no chuveiro não ao som adrenégico de Whole Lotta Love, mas sob a trilha de um som de pôr de sol, Phillip Glass e Ravi Shankar, Let My Children Hear the Music, ou The Best of Afrodite`s Child (Rain and Tears). Não sei se é um ciclo que se completou, e todas as paixões de modo geral se declinam, agora que beiro os 40. Só sei que pego a foto dela, e fica parecendo que o drama do velhinho se explica por um mês de distância.
Júlia, sete meses de idade em primeiro de maio |
Ela está uma graça! Você tem razão, Charlles: o narizinho dela é bem, como se diz hoje, afrobrasileiro! Mas não venha com essa de "todas as paixões de modo geral se declinam" aos 40, que não é verdade. No máximo, elas se manifestam menos histericamente, e só. Estão todas vagando pelo corpo, como sempre vagaram e vagarão.
ResponderExcluirEu estava só fazendo tipo, Rachel. Sinto-me muito mais disposto e realizado físico e mentalmente agora, e não troco a maturidade pela adolescência de forma nenhuma. É uma sensação maravilhosa de saúde e segurança whitmaniana que só se adquire mesmo quando se alcança a casa dos 40.
ResponderExcluirEla é linda. O narizinho dela tem a petulância dos tantos antepassados multiraciais que ela tem.
Ó, eu leio teus posts sérios. e gosto muito. Mas ando bem cansado e acabo desistindo de fazer um comentário elaborado. Agora, ante esse sorriso aí, não tem como não se declarar um babão. Ela é muito linda!
ResponderExcluirObrigado Farinatti!
ResponderExcluirTua filha é mesmo muito bonita, pelamor! Deve ter puxado tua mulher, é óbvio.
ResponderExcluirPreocupação minha: Não é mais "natural" que o Miles se desloque até a casa da noiva?
Milton, puxou a mãe mesmo. Mas o sorriso é o do pai, com toda essa quantidade de dentes (brincadeira, ainda tenho-os todos).
ResponderExcluirO Miles é um amor, mas não ouso experimentar isso. O comentário que mais ouço é de que ele parece um bezerro, pelo tamanho. E nenhum proprietário de uma cadela já me propôs levá-lo, daí que quando as crianças e a Dani estão fora, recebo a fêmea com gala. Só falta a cortina de chuveira do Kama Sutra.
pois apesar de linda, achei a LATA do charlles, na primeira foto!
ResponderExcluirNão entendi o "apesar". Ou não quis entender.
ResponderExcluirachei a LATA do charlles, apesar de linda
ResponderExcluirMELHOR ASSIM?
parecido com o comment do milton, aliás