Lembro que eu tinha uns oito anos e minha mãe me levou até a repartição onde trabalhava, abaixou minha bermuda até os joelhos e perguntou diante um homem com o desamparado ar dos funcionários públicos: isso aqui é fimose? O homem retirou os óculos, examinou com uma certa fagulha não de todo desinteressada de atenção, apesar do tédio mortal, e, após sopesar os prós e os contras, respondeu taxativo: não, isso não é fimose. Não sei se anterior a isso ou anos depois_ mas que era ainda muito criança_ recordo que tive uma infecção na glande e tive que tomar muitos banhos de bacia com uma água azul turquesa. Depois de curado, criou-se a certeza finalmente abalizada de que qualquer pele que tivesse nascido colada a algum lugar nas minhas regiões baixas havia sido solta, o que encerrava para sempre o enigma da fimose para minha mãe. Mas a fimose continuava em mim ao menos ao nível mental, como um fantasma, como se houvesse acontecido comigo a lenda urbana clássica do afogamento do irmão gêmeo em que o irmão sobrevivente não sabe se é ele mesmo ou o outro que morreu. Eu não sabia se aqueles banhos depurativos haviam levado de vez a fimose ou se serviram apenas para o artifício pérfido de autorizar o silêncio em torno da pele sobressalente que, com isso, adquiria toda a autoridade para crescer em personalidade até tomar conta do meu corpo e ganhar vida própria. As conversas da adolescência serviram-me para dimensionar o desastre da coisa: aparentemente ninguém, nenhum rapaz da minha idade, sabia ao certo o que era fimose. Alguns diziam que era o equivalente ao hímen feminino, e que só se rompia na primeira relação sexual. Havia uma classe distintiva de entendidos que vaticinava que fimose era um afinamento peniano, e que os infelizes que a tinham seriam impotentes durante toda a vida. Outros, com a inocência quebrada dos que leram apressados livros proibidos dos pais, afirmavam que era uma anomalia que só ocorria em médio-orientais, que estava até na Bíblia onde Deus ordenava sua excisão já logo após o nascimento. Ou seja, era uma ignorância sofisticada a qual podia-se preencher com uma ilimitada gama de imaginação especulativa, que servia para poses de masculinidade incipiente e ostentação de experiências sexuais inventadas, mas que não escondia a universalidade do atraso no campo do esclarecimento quanto ao próprio corpo tanto para os que tinham pai quanto para os que não o tinham.
(O assunto "pênis" na minha adolescência era o maior dos tabus. É incrível pensar como isso deveria soar anacrônico hoje, com essa frenética repaginada 4.0 da liberdade sexual onde feministas se deliciam em falar deliberadamente as palavras proibidas, e a homossexualidade por um triz não se torna de vez a febre comportamental da hora. Uma olhada por alto nos diálogos aerados do clube feminista não destoa muito das conversas de banheiro de times de futebol de bairro: há tanto "pau", "buceta", "trepada", "chupar o cacete", "dar o cu",_ e uma nova modalidade afetiva que me faria brochar na hora se ouvisse uma adepta dizer, em meus áureos tempos de galo ciscante: buça !_ que dá a sensação de que assim que cada uma se vê a sós em suas casas, ou devem respirar aliviadas por ainda poderem mijar sentadas, ou então devem ter uma prisão de ventre tão devastadora por os orifícios naturais sofrerem o acondicionamento recalcado de não suportarem mais a simplicidade de suas puras funções orgânicas. Mas deixa eu voltar ao tema... na minha adolescência a salvaguardagem da própria masculinidade era um tarefa diuturna, um graal vigiado incansavelmente, um exercício templário tenso, um...bom, acho que já fui suficientemente enfático. Era uma ofensa mortal passarem a mão em sua bunda, o que só dirimia a necessidade assassina de vingar a afronta se você passasse de volta a mão na bunda do adversário. Nos pátios do colégio era comum ver perseguições selvagens entre dois meninos, a cara de insanidade fixa no que perseguia, e a cara meio de traquinagem meio de aturdimento do segundo, e o que estavam resolvendo não era um bullying de roubo de lanche ou de ter sido atirado na caçamba de lixo, mas a equiparação da honra e a imposição do respeito superior de devolver aquela mácula inaudita de ter-se a bunda violada pela mão do inimigo. Era uma coisa estúpida, eu reconheço hoje. Acho que todos que conheci, que hoje beiram os quarenta, percebem, com o sorriso adstringido, que era uma estupidez sem tamanho, típica da adolescência. Já vi no comportamento juvenil de hoje que não se dá mais a excessiva importância que se dava à vigilância da bunda, como na minha época. Respiro aliviado, e invejo a leveza dos alunos de 17 anos que passam em bandos diante a minha casa, todos os dias, e dividem tapas nas bundas com uma virilidade tranquila, uma masculinidade segura. Mas devo confessar que não se precisa ter estudado em herméticos internatos ingleses para ter esse período da vida como um dos piores geradores de trauma para a vida toda. Por mais que meu humor tenha hiperatrofiado, e eu sinta os ombros livres de tanto peso inútil, ainda percebo o eco daquele tempo incrustado em mim. Já deixei minha esposa embasbacada diante minha reação espontânea a algum movimento desatento dela que circunavegue pela baixa Patagônia. E esses dias um colega de trabalho, ao passarmos em sentidos opostos por um corredor estreito, me pressionou contra a parede de uma forma muito mais literal do que minha abnegação estava preparada para avaliar prosaicamente. Me vi soltando um enfurecido: "qualé meurmão, prestatenção chegado.", e quase não consegui controlar o adolescente em mim que queria porque queria fazer com que ele passasse de novo pelo corredor, invertendo-se os papéis. Pura estupidez!)
Duas situações tardias me fizeram ter conhecimento libertador do meu pênis. A primeira foi há 3 anos, quando cismei que estava crescendo um caroço em meu testículo esquerdo. Passava por lá os dedos e o caroço insistia em mostrar seu contorno anormal além da minha capacidade de auto-eufemização. Como perguntar para um amigo se a circunferência de seu saco tinha também alguma variação notificável? Depois de uns quatro meses que tomei coragem e fui consultar um andrologista. O médico era da minha idade, de boa aparência, ar ponderado e visivelmente profissional ao extremo, o que calava os resquícios de honra adolescente da minha parte. Ele pediu solicitamente, depois de ter me feito as perguntas de praxe, se podia apalpar meu testículo. Fiquei de pé, como me mandou, e ele ajoelhou à minha frente. Como percebeu meu julgamento equivocado de que me examinaria por sobre a calça, pediu que eu me desnudasse até as coxas. De luvas, segurou com delicada firmeza meu testículo esquerdo por um momento, e depois se levantou, agradecendo e dizendo que eu poderia subir as calças. Não é câncer, ele me disse de uma vez. O alívio fez com que eu relaxasse, o que deu prosseguimento a uma extensa conversa entre nós que me esclareceu sobre diversos tabus. Ele mesmo me confessou, não sei se por puro dever de camaradagem, que sua escolha de especialização muito tinha a ver pelo desconhecimento medieval que os homens sofriam quanto o próprio corpo. Falei sobre o mistério da fimose, e ele confirmou que era uma das dúvidas mais frequentes mesmo entre homens maduros como eu. Saí de lá com a sensação de ter sido exorcizado, apenas para sofrer uma vergonha lancinante dois dias depois em que tive que ficar pelado diante três enfermeiras para os exames de tomografia. O resultado dos exames acabou fazendo uma justiça poética à suposta fimose que levei a vida toda acreditando ter: não era uma pele sobressalente e renitente que eu tinha, mas um epididimo naturalmente maior que o outro, o que muito certamente havia nascido comigo assim e só agora eu havia dado por conta.
A segunda vez foi no exame pediátrico de rotina de meu filho. Também isso revela uma das coincidências rimadas da minha vida. O pediatra e eu nos reconhecemos aos gritos no supermercado principal da cidade. "Charlles, é você?". "Fernando, é você?" Abraçamo-nos diante a multidão na fila dos caixas, e ficamos uma meia-hora alheiada em pé, atrapalhando os passantes, relembrando os anos do colégio em que frequentamos juntos, e indagando o que a vida nos havia feito nesses dez anos em que desaparecemos um do outro. Ele trocava a vida em Brasília por uma rotina menos remunerada e mais tranquila ao ser aprovado no concurso municipal para médicos da cidade. Detalhe: havia sido candidato único. Levei meus filhos nele, o que me causou embaraço por notar que cem mães ficaram à espera em nossa longa consulta. Ele confirmou o que eu já sabia no íntimo: meu filho não tinha fimose; era um exemplar dessa geração sem bagagens desnecessárias, sossegada e livre, que os nossos anos de preocupações fantasiosas conseguiram engendrar e tínhamos a obrigação de manter saudavelmente distante de toda a nossa sofrida e ridícula inquietação.
(O assunto "pênis" na minha adolescência era o maior dos tabus. É incrível pensar como isso deveria soar anacrônico hoje, com essa frenética repaginada 4.0 da liberdade sexual onde feministas se deliciam em falar deliberadamente as palavras proibidas, e a homossexualidade por um triz não se torna de vez a febre comportamental da hora. Uma olhada por alto nos diálogos aerados do clube feminista não destoa muito das conversas de banheiro de times de futebol de bairro: há tanto "pau", "buceta", "trepada", "chupar o cacete", "dar o cu",_ e uma nova modalidade afetiva que me faria brochar na hora se ouvisse uma adepta dizer, em meus áureos tempos de galo ciscante: buça !_ que dá a sensação de que assim que cada uma se vê a sós em suas casas, ou devem respirar aliviadas por ainda poderem mijar sentadas, ou então devem ter uma prisão de ventre tão devastadora por os orifícios naturais sofrerem o acondicionamento recalcado de não suportarem mais a simplicidade de suas puras funções orgânicas. Mas deixa eu voltar ao tema... na minha adolescência a salvaguardagem da própria masculinidade era um tarefa diuturna, um graal vigiado incansavelmente, um exercício templário tenso, um...bom, acho que já fui suficientemente enfático. Era uma ofensa mortal passarem a mão em sua bunda, o que só dirimia a necessidade assassina de vingar a afronta se você passasse de volta a mão na bunda do adversário. Nos pátios do colégio era comum ver perseguições selvagens entre dois meninos, a cara de insanidade fixa no que perseguia, e a cara meio de traquinagem meio de aturdimento do segundo, e o que estavam resolvendo não era um bullying de roubo de lanche ou de ter sido atirado na caçamba de lixo, mas a equiparação da honra e a imposição do respeito superior de devolver aquela mácula inaudita de ter-se a bunda violada pela mão do inimigo. Era uma coisa estúpida, eu reconheço hoje. Acho que todos que conheci, que hoje beiram os quarenta, percebem, com o sorriso adstringido, que era uma estupidez sem tamanho, típica da adolescência. Já vi no comportamento juvenil de hoje que não se dá mais a excessiva importância que se dava à vigilância da bunda, como na minha época. Respiro aliviado, e invejo a leveza dos alunos de 17 anos que passam em bandos diante a minha casa, todos os dias, e dividem tapas nas bundas com uma virilidade tranquila, uma masculinidade segura. Mas devo confessar que não se precisa ter estudado em herméticos internatos ingleses para ter esse período da vida como um dos piores geradores de trauma para a vida toda. Por mais que meu humor tenha hiperatrofiado, e eu sinta os ombros livres de tanto peso inútil, ainda percebo o eco daquele tempo incrustado em mim. Já deixei minha esposa embasbacada diante minha reação espontânea a algum movimento desatento dela que circunavegue pela baixa Patagônia. E esses dias um colega de trabalho, ao passarmos em sentidos opostos por um corredor estreito, me pressionou contra a parede de uma forma muito mais literal do que minha abnegação estava preparada para avaliar prosaicamente. Me vi soltando um enfurecido: "qualé meurmão, prestatenção chegado.", e quase não consegui controlar o adolescente em mim que queria porque queria fazer com que ele passasse de novo pelo corredor, invertendo-se os papéis. Pura estupidez!)
Duas situações tardias me fizeram ter conhecimento libertador do meu pênis. A primeira foi há 3 anos, quando cismei que estava crescendo um caroço em meu testículo esquerdo. Passava por lá os dedos e o caroço insistia em mostrar seu contorno anormal além da minha capacidade de auto-eufemização. Como perguntar para um amigo se a circunferência de seu saco tinha também alguma variação notificável? Depois de uns quatro meses que tomei coragem e fui consultar um andrologista. O médico era da minha idade, de boa aparência, ar ponderado e visivelmente profissional ao extremo, o que calava os resquícios de honra adolescente da minha parte. Ele pediu solicitamente, depois de ter me feito as perguntas de praxe, se podia apalpar meu testículo. Fiquei de pé, como me mandou, e ele ajoelhou à minha frente. Como percebeu meu julgamento equivocado de que me examinaria por sobre a calça, pediu que eu me desnudasse até as coxas. De luvas, segurou com delicada firmeza meu testículo esquerdo por um momento, e depois se levantou, agradecendo e dizendo que eu poderia subir as calças. Não é câncer, ele me disse de uma vez. O alívio fez com que eu relaxasse, o que deu prosseguimento a uma extensa conversa entre nós que me esclareceu sobre diversos tabus. Ele mesmo me confessou, não sei se por puro dever de camaradagem, que sua escolha de especialização muito tinha a ver pelo desconhecimento medieval que os homens sofriam quanto o próprio corpo. Falei sobre o mistério da fimose, e ele confirmou que era uma das dúvidas mais frequentes mesmo entre homens maduros como eu. Saí de lá com a sensação de ter sido exorcizado, apenas para sofrer uma vergonha lancinante dois dias depois em que tive que ficar pelado diante três enfermeiras para os exames de tomografia. O resultado dos exames acabou fazendo uma justiça poética à suposta fimose que levei a vida toda acreditando ter: não era uma pele sobressalente e renitente que eu tinha, mas um epididimo naturalmente maior que o outro, o que muito certamente havia nascido comigo assim e só agora eu havia dado por conta.
A segunda vez foi no exame pediátrico de rotina de meu filho. Também isso revela uma das coincidências rimadas da minha vida. O pediatra e eu nos reconhecemos aos gritos no supermercado principal da cidade. "Charlles, é você?". "Fernando, é você?" Abraçamo-nos diante a multidão na fila dos caixas, e ficamos uma meia-hora alheiada em pé, atrapalhando os passantes, relembrando os anos do colégio em que frequentamos juntos, e indagando o que a vida nos havia feito nesses dez anos em que desaparecemos um do outro. Ele trocava a vida em Brasília por uma rotina menos remunerada e mais tranquila ao ser aprovado no concurso municipal para médicos da cidade. Detalhe: havia sido candidato único. Levei meus filhos nele, o que me causou embaraço por notar que cem mães ficaram à espera em nossa longa consulta. Ele confirmou o que eu já sabia no íntimo: meu filho não tinha fimose; era um exemplar dessa geração sem bagagens desnecessárias, sossegada e livre, que os nossos anos de preocupações fantasiosas conseguiram engendrar e tínhamos a obrigação de manter saudavelmente distante de toda a nossa sofrida e ridícula inquietação.
As mulheres tem seus dramas e dúvidas com menstruação, depois riscos de gravidez e todas as doencinhas que afligem as práticas sexuais. No meio disso tudo, tabus, repressões, uma fonte de angústias que é um poço.
ResponderExcluirRachel, só agora, na paternidade, eu estou começando a ter consciência sobre o quanto o desconhecimento da própria sexualidade e do próprio corpo afetam profundamente a personalidade. Vejo o contrário disso em meus filhos, e me preocupo bastante em fazer com que tenham uma vida saudável nesse sentido. E a psicologia e Freud só fazem aprofundar mais ainda o problema, com essa especulação sombria sobre desejos e recalques. Cada passada de mão em minha bunda na infância, Freud prognosticava um ódio revanchista amparado em desvios sexuais recolhidos, e a coisa era apenas e tão somente, o desconsolo da falta de bem estar esclarecido comigo mesmo.
ResponderExcluirAcho que foi o texto mais leve que você escreveu, o que mostra que os teus tabus conseguiram se amaciar bastante.
ResponderExcluirUma vez estava na academia, vazia, e na TV a cabo passava um filme com um homem fazendo exame de próstata. Ele reclamava da posição, do tamanho das mãos do médico, de não ter música ambiente, e por fim o acusou de tê-lo transformado num viado, porque gozou ("eu apenas apertei a tua glândula por trás e saiu o que estava armazenado"). Eu achava que estava sozinha e quase chorava de rir. Até que olhei pro lado e havia um rapaz vendo o filme. Olhei pra sua expressão aterrorizada e tive vontade de rir mais ainda.
Nossa, Fernanda! Acabas de me criar mais um tabu nesse tardar da minha vida de macho adulto. Será isso possível? Ejaculação num exame de próstata? Isso faria eu rever todas as minhas técnicas não aprendidas de harakiri.
ResponderExcluirTinha um blog chamado "O meu pipi". Era o máximo.
ResponderExcluirDe resto, um post antológico.
Milton, conheci apenas há alguns meses a existência desse blog, O Meu Pipi. Na verdade, já o sabia pelo crime que o Mário Prata cometeu ao transpor as gírias lusitanas para o bacanal raso do carioca, ao "traduzir" o livro. Pois bem, procurei o blog e achei uma versão msn, cheia de meias palavras, gírias internáuticas, uso a abuso de sinais de digitação...
ResponderExcluirSe foi realmente assim o blogo original, não é para mim. Um dos mistérios...
Obrigado, amigo!
Meu pai teve câncer no intestino. Meu tio idem. Meu avô teve câncer também. Eu preciso ter alguma previdência anal.
ResponderExcluirFaz uns quatro anos que, no banho, notei algo estranho. Lá. Era uma saliência. Indolor. Claro que depois fiquei numa das posições mais medíocres do mundo, espelhinho a mão, olhando aquilo.
Fui ao proctologista. Nem rolou dedada. Foi só o exame externo. E ainda bem que eu fiquei com o rosto virado para a parede. Coloquei a roupa. A conversa que se seguiu, apesar de o médico ser bacana, foi horrível.
A parte mais tranquila discorreu sobre possibilidade de umas 567 DSTs. E eu sou perguntador. Contei o histórico familiar e ele, hum, não moveu um músculo da face. Disse que seria preciso fazer uma biópsia.
Para colher material para a biópsia, a posição mais medíocre do mundo. Espiei a anotação do médico. "Tumor ano-retal". E eu quase que implorando, em silêncio, para ter gonorreia, HPV, cancro, sífilis, tudo me parecia bacana.
Demora um tempo para sair o resultado. Uns cinco dias, período em que não dormi. Peguei o resultado sem uma gota de saliva na boca. Abri o envelope. Fui correndo ao proctologista. Sorrisão na cara.
Psoríase. Eu adoro minha psoríase. Ainda bem que não tem cura. Ela só não precisava ser diagnosticada lá, mas tudo bem, aceitei de boa.
Claro que ele me mandou fazer colonoscopia. E eu fiz. Vou te contar: prefiro mil vezes uma dedada, que não exige um "preparo" de 48 horas. Tenho que fazer colonoscopia de cinco em cinco anos.
Fábio Carvalho
Sobre o filme que o sujeito gozou e o teu não tão improvável harakiri. Sabe como é a coleta de sêmen em touros para inseminação artificial?
ResponderExcluirRola a tal da vagina artificial, que eu chamava de vaca de plástico, e fricção da próstata. Pensando bem, é melhor que bater uma para o touro.
F.C.
Fábio Carvalho
Fábio, estou para comentar o seu extraordinário comentário mais tarde, mas esse último eu tive que atrasar um pouco a caminhada para dizer:
ResponderExcluirtem também o "charutão do amor", que é um tubo de eletrodos introduzido no ânus do boi e, em seguida, acionado o choque. O boi ejacula produzindo um grunhido prolongado que, definitivamente, não é de prazer. A vagina de plástico eu já usei em cachaços.
Abraço.
Fábio, tu és muito engraçado, cara!
ResponderExcluirEssa apalpação revela o quanto somos mais frágeis do que as mulheres. Minha esposa tem três irmãs e um monte de amigas, e vejo o quanto elas são íntimas e desinibidas em termos de esclarecimento de dúvidas sobre higiene e saúde. Enquanto nós, homens, de um modo geral, somos isolados em nossos conceitos de gênero que nos fragilizam. Por isso soa tão constrangedoramente hilário os exames no chuveiro, "as posições medíocres".
Ás vezes desejo que surja algum movimento libertário, um "feminismo" para homens. Acabaria por ser a outra face da moeda dos movimentos feministas autênticos, que transformam as mulheres em cacoetes do machismo; só que essa inversão nos faria bem (azar não dar certo para elas), adotar uma série de comportamentos femininos no nosso modus operandi de machos.
Charutão do amor é ótimo. Gosto muito de quando o Fábio vem aqui e vocês debatem essas informações profissionais.
ResponderExcluirSempre digo que a masculinidade é uma coisa muito frágil. Tenho uma certa dó. Um detalhe em rosa na roupa, uma bunda feminina ignorada, não estar disponível a fazer sexo com uma mulher que não o atraia, admitir que quer esperar a anestesia fazer efeito pra ser costurado... qualquer besteira coloca a masculinidade em risco.
Não quero conhecer esse charutão se um dia eu reencarnar como bovino. Aliás, não quero ser macho reprodutor. Daí, ou viro boi (ai meu saquinho), ou viro churrasco (ai minha picanha). Ih, não sei o que é pior.
ResponderExcluirTenho um amigo que usava desodorante Dove. Porque agride menos a pele. Ouviu infinitas piadas sobre isso, incluindo uma ótima com a apresentação roll on. (Eu já usei um Rexona de jato seco. Nunca tive reação nenhuma. Mas, se ele fosse aplicado com os pelos ainda molhados, virava um concreto debaixo do braço. Mó ruim de remover. Homem não conversa sobre isso).
A filhinha de uma amiga engoliu um brinco. A mãe desesperou, mas a menina expeliu nas fezes, inteirinho, não houve nada grave. Daí, virou pauta. Fui fazer a matéria.
Apurei coisas incríveis que já foram engolidas por pacientes psiquiátricos, incluindo pilhas e escova de cabelo. A tampa da caneta Bic tem hoje a ponta furada por conta de casos de obstrução de glote. E tem ainda o grande perigo que é aspirar objeto estranho (quando criança eu já enfiei uma pequena esfera de aço, do jogo batalha naval, no nariz).
E, bem, o assunto no Pronto Socorro enveredou sobre objetos introduzidos no ânus. Sempre é homem que faz isso. Um cara teve infecção grave causada por um pedaço de pepino que se quebrou lá dentro e ele não expeliu. Um senhor chegou ferido, acompanhado da esposa, com um espeto de churrasco (!).
Terrível foi a história de outro que introduziu um copo. E o copo entrou inteiro, introduzido de boca para baixo. Não conseguiram tirar pelo ânus. Cirurgia. Abriram o abdômen. Não conseguiram. Daí o sujeito ficou com um copo no c* e num pós-operatório.
O copo quebrou. Nova cirurgia de emergência. O paciente perdeu não sei quantos centímetros de intestino. E morreu. Tudo isso porque, supostamente, qualquer acesso à baixa Patagônia é coisa de viado.
Meu pai escondeu sintomas do câncer de intestino por mais de quatro meses. Era um tumor friável. E o tumor cresceu muito porque a região é altamente vascularizada. Meu tio fez a mesma coisa, foi internado às pressas com obstrução intestinal. Poizé.
F.C.
Charlles,
ResponderExcluirvocê conhece o blog de Letícia? "Cem homens". Eu, que cresci numa família que brinca sobre sexo vinte e quatro horas por dia, fiquei chocado com a linguagem usada pela autora. O engraçado é que, quando o blog não fazia sucesso, Letícia ameaçava parar de escrevê-lo. Depois de ser entrevistada pela Rádio Globo, o blog detonou, e ela o escreve regularmente. E faz questão de indicar as propagandas. Lola, do "Escreva Lola Escreva", não se cansa de elogiar o blog. Nessa linha de pensamento, Jorge Amado dizia que palavras como "cu", "buceta" e "toba" eram poesia para os ouvidos, enquanto "ânus", "vagina" e "pênis" são verdadeiros palavrões. Tem aquela piada de português que esqueci (droga!). Li-a na Plaboy, no século passado. O médico explica ao português que ele devia introduzir o supositório no ânus. Delicadeza vai, delicadeza vem, o médico explode: "Enfia no cu!". Calmo, o português: "O doutore agora se zangou". Hahahahahahahahahaha!
Fábio, impagável!
ResponderExcluirVivo em constante paranóia quanto a essa preocupação de objetos aspirados e engolidos em relação a meus filhos. Vi uma pesquisa que afirma ser a quantidade de aspirados maior.
Sobre essa maçonaria da macheza, digo ainda que o unico pênis que vi, afora o meu, foi o do meu pai, quando entramos juntos num banheiro público. Passei dias chocado, e com a forte impressão de que ele estava doente, pois toda a sua virilha estava depilada. Senti uma espécie de repulsa que ainda hoje não sei explicar. Comentei com ele, e ele respondeu na maior naturalidade que depilar-se fazia parte da higiene, já que ele morava na Amazônia.
Quanta distância!
Milton Cardoso, ótima piada. Conheço o blog dos Cem Homens. Referia-me a ele, no segundo parágrafo deste post. Um blog bem ruinzinho, além de um caso clínico que oferece importantes sintomas.
ResponderExcluirHá aquela também do cara que se fere no testículo esquerdo e sai procurando um médico. Entra por engano num escritório de advocacia, espera ansiosamente que a secretaria lhe mande entrar, e assim que se pôe diante o doutor, abaixa as calças e pergunta:
_ Doutor, pelamordedeus, o que o senhor pode fazer por mim?
O doutor coloca as mãos na cabeça e diz:
_ Meu amigo, minha especialidade é o direito!!
O homem veste as calças rapidamente e responde:
_ Vai ser especialista assim na puta que pariu!
Sobre objetos introduzidos no anus:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=n4enhOWcn7E
(Adoro as reconstituições!)
Hehehehehehe! Bem sutil!
ResponderExcluirAlguém aqui já leu "A casa dos budas ditosos?", de João Ubaldo Ribeiro?
ResponderExcluirA questão é essa. Eu pego filmes pornôs para assistir, o filme começa, aparecem aqueles atores lindos (sim, eu tenho critérios para escolher meus filmes: um deles é nunca locar pornôs brasileiros), havia até uma americana chamada Savannah que me encantou pela beleza, e morreu recentemente de AIDS, sendo uma cláusula de seus contratos nunca fazer sexo anal nos filmes, mas, quando eles dão início ao sexo, de repente eu acho tudo uma merda e abandono a sessão.
O romance "A casa dos budas ditosos" se parece com o blog de Letícia. Aliás, pior, uma vez que o sexo é explorado bem ao nível de Nelson Rodrigues e seus delírios freudianos. Então, eu me pergunto: por que o livro não me chocou? Ao contrário, me levou a conhecer outras obras de João Ubaldo Ribeiro? E por que, a partir de "Tereza Batista Cansada de Guerra" eu rejeitei a literatura de Jorge Amado justamente pela linguagem vulgar empregada por ele? Será que a não gratuidade do estilo explica isso?
Quando criança, eu lia muito sexo, acho que já comentei dezenas de vezes sobre isso. Meu pai gostava de Adelaide Carraro, comprava os livros dela e deixava na estante. Eu ia lendo um por um. Lembro-me de que tinha uns onze anos quando li "Submundo da Soceidade", que foi inspirado na vida de Ângela Diniz, a pantera mineira. O garotinho ainda estava nas ruas paulistanas, quando o colega o levou ao parque para ver os travestis. Um deles estava sendo penetrado por um garoto, quando avisaram que o guarda estava vindo. O travesti gritou: - Não para! Não para! Guarda nojento, logo agora que eu estou quase gozando! E os companheiros fazem uma roda, escondendo o casal. Boa escritora, gostaria de saber por onde anda. Havia a Bíblia, com seus belos casos amorosos. As revistas francesas que meu primo enviava à família (pobrezinho, morreu de AIDS!), a coleção A Felicidade Conjugal. Eu realmente tive uma boa educação sexual.
ResponderExcluirMilton, da Carraro só li o O Estudante, que todo mundo da minha geração leu, pela imposição da escola. Mas os livros proibidos que citei no primeiro parágrafo são os que eu mesmo via dela, na casa de uma tia minha, quando eu era muito criança.
ResponderExcluirSugiro que leia O Teatro de Sabbath com urgência. O melhor romance erótico que existe. (Fiz uma em algum lugar do blog.)
Nunca gostei de filmes pornôs, apesar de ter assistido alguns (os italianos são escatológicos pesados).
Ah...o Jorge Amado achava linda a palavra "xoxota".
o bom de ser péssimo para piadas (porque péssimo de memórias, tbm) é q ouço uma q já ouvi, como essa tua da bola esquerda, e me mato rindo de novo. hauhauhauhauha
ResponderExcluir