terça-feira, 1 de abril de 2014

Objeto mais belo

Eu ia escrever um longo texto aqui sobre o objeto livro. O livro_ o que sofreu um adendo explicativo em dizer "livro físico", mas que para mim sempre será puro e simplesmente livro. Mas aí me chega na caixa postal um pacote com quatro magníficos livros e eu fico que nem bobo, fascinado com o poder que emana deles. Eu mal entro em casa e já abro o grande e pesado caixote, retiro os plásticos bolhas, e lá estão. Me toma uma torrente de serotonina; eu os cheiro, os folheio, leio suas primeiras páginas, invado incautamente os prólogos e os estudos complementares como uma criança provando um doce de cada em uma festa. Não há objeto mais belo que um livro, e nem precisa ser estes de irreprováveis elegâncias que transformam meu dia em véspera de natal. Não há matéria inerte que eu ame mais nesse mundo que um livro. Daí que não precisa mais que eu escreva uma apologia pessoal do livro. Basta postar essas fotos de alegria infantil que só tangenciam minha situação de enamoramento.












21 comentários:

  1. Eu quero o ficção completa do Bruno Schulz.

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    1. Eu a li pela editora Imago. Lembro que certa vez comentei com você e seu tom foi de indiferença. Schulz é muito bom, muito bom mesmo.

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  2. Putz! Entendo o que dizes! Outro dia me chegaram doze. E, daquele dia em diante, prometi para mim mesmo que vou comprar somente um ou dois livros por mês. O tempo anda escasso para ler. Estou há quase dois meses me arrastando com a autobiografia do Chesterton; e "Tempos Interessantes", do Hobsbawn. Uma bosta!

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    1. Estou atolado em leituras atrasadas. Estou lendo o Batendo às portas do céu, e o sensacional estudo sobre Goya escrito pelo Todorov, e mal vejo a hora de atacar esses livros aqui. Só que não sei por qual começarei. O primeiro parágrafo de Moby Dick me arrebata_ leva-me a crer que não exista início mais evocativo e bem escrito. E há anos desejo ler Os embaixadores_ que a Rachel Nunes e o Marcos me instigaram ainda mais após ler deles uma resenha. E anseio pelos contos de Stevenson. Vou me trancar na semana santa e fazer um tour de force.

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  3. Você tem toda razão. Nem precisa ser essas maravilhas, basta ser livro para me provocar essa mesma alegria infantil, para abrir um dia de sol na minha vida. Porém, essas edições da CosacNaif, vou te contar. Os sujeitos se dedicam muito na estética da edição. E vale.

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    1. Acho difícil encontrar edições mais caprichadas do que as da Cosac. Tem alto conteúdo e são objetos de luxo também. Servem tanto ao intelecto quanto à apreciação na mesinha de centro.

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  4. Pô, estava prestes a comentar que meu Legado de Humboldt da Companhia chegou novinho, e por vinte pilas (com o frete). Li as primeiras páginas e vejo de cara essa ironia editorial: "O Pulitzer é para pintos, para frangotes. Não passa de um prêmio de papagaiada para fazer publicidade no jornal, dado por picaretas e analfabetos". E lá está na capa, bem bonito: "Romance vencedor do prêmio Pulitzer". Hehehehehe. Esse romance vai ser bom.

    Seus livros são lindos. Começa pelo Moby Dick, a obra-prima que lhe falta.

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  5. Poxa, estava a pensar coisa semelhante enquanto colocava em ordem minha estante e abria o pacote da É Realizações, contendo o A Política da Prudência, de Russell Kirk. Um livro novo, bem feito, é mesmo o mais belo dos objetos. Temos que ter cuidado para não ficar apenas na superficial adoração estética, obviamente, mas um livro bonito, com seu cheiro próprio e novo, é tão bom... Aposto que todos temos um top 10 de favoritos esteticamente, ainda que seu conteúdo nos desagrade (mas livros ruins geralmente refletem suas falhas na capa).

    Estamos todos com literatura atrasada então? Estou atrasado com O Duplo do Dostô; com um artigo de imigração italiana; com o...

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  6. Engraçado isso de estar "atrasado" -- atrasado em relação ao que? Nossas estantes demandam a devolução do livro ao lugar que ficou vago até uma data-limite assinalada já desde o início da leitura? Isso é o que devem se perguntar os não muito afeitos à leitura... nós outros sabemos bem que é simplesmente atrasados para começar o próximo livro. A fome não passa nunca [risos]. E eu também estou atrasado, é claro, e cometi ainda a fraqueza de ir começando vários simultâneos, então agora estou multiplamente atrasado. (E tenho ainda um problema extra, que eu acho que vocês aqui, pelo menos a maioria, não tem: não sei desistir de um livro, deixá-lo inacabado. Comecei a ler a autobiografia do Neil Young, é horrível, mas agora vou até o fim.)

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    1. Eu desisti de poucos livros. A maioria de minha leituras interrompidas ou eu sigo do ponto parado, ou retorno e releio do começo até o fim. Acho que só desisti mesmo de dois autores: Updike (do qual nunca consegui chegar ao fim de Coelho enriquece), e Henry Miller (do qual nunca consegui passar da página dez de qualquer de seus livros).

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  7. João Antonio Guerra2 de abril de 2014 às 15:52

    Lindas essas edições! Dessas tenho só a do Stevenson, que é uma excelente seleção de estórias, e depois ainda tem um texto do Henry James e outro do Nabokov. Descobri em Markheim um dos meus contos favoritos; os próprios Jekyll e Hyde são inesquecíveis -- aliás, quando de fato li o Estranho Caso, como eu gostaria de não ter a mínima noção de como a estória deles se desenrolava!

    Os meus livros da promoção da Cosac chegaram também, e estou me deliciando com o volume de contos completos da Flanerry O'Connor. É da coleção "Mulheres Modernistas" da Cosac, que tem os contos completos da Woolf e da Mansfield, mais alguns livros da Karen Blixen, que o Orson Welles amava.

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    1. A fortuna crítica dos volumes da Cosac é outra coisa que se deve salientar. Imagine! Um texto de Henry James e um do Nabokov sobre Moby Dick. (Lembro que passei a vida toda ouvindo falar do álbum ultra-raro em que Jimi Hendrix forma uma banda com Jim Morrison; ansiei por ouvir algum trecho dele, mas era como um Graal. Com a net, o ouvi há cinco anos, e que decepção Jim Morrison chapado só gritando "little pussy" até desmaiar a deixar o Hendrix tentar salvar a coisa adiante. Mas não acontece a mesma coisa nessa reunião de gigantes.)

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  8. Estou com inveja de você, mas mesmo assim parabéns pelas aquisições.

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  9. http://www.lavanguardia.com/libros/20140403/54405435480/garcia-marquez-hospitalizado.html

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    1. Uai, não tinha batido as botas já não?
      Sei lá, tô fora do Garcia Marquez death watch.

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  10. João Antonio Guerra6 de abril de 2014 às 11:39

    Dia desses, me surgiu um link para uma entrevista do Thomas Pynchon sobre o processo de criação de Bleeding Edge, e uma entrevista da Paris Review ainda por cima. Me encuquei, mas fiquei felizão, fui ver... e era uma edição falsa, brincadeira de primeiro de abril da Paris Review, é claro. Mas que eu ri, eu ri: http://www.theparisreview.org/the-art-of-fiction-no-224-thomas-pynchon

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  11. Ô que coisa bonita! Aproveitando a ultima promoção da Cosac comprei 8! Como meu quarto tá garboso hahahah

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