sábado, 27 de abril de 2013

O refúgio da leitura


8 comentários:

  1. O meu chegou a semana passada. Mas quem disse que arranjei tempo para ler. Uma merda!

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  2. OK, Charlles, você me convenceu: vou ler Bulgákov… Compreendo as suas gargalhadas. Entendi do que se trata no livro… Prova disso é o que vem a seguir: no fundo, é o conteúdo d’O Mestre e a Margarida…
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    Nesses últimos dias, Reinaldo Azevedo elaborou essa pérola…
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    “A cretinice politicamente correta vai estrilar e tentar quebrar o termômetro para ver se acaba com a febre, como sempre. Já ouço a gritaria, a chiadeira, mas o fato é que dois estudos demonstram que o desempenho de cotistas nas universidades públicas é inferior ao de não cotistas. Só no começo? Não! A diferença se estende a todo o curso. Deve-se supor que isso possa ter algum impacto no desempenho do futuro profissional, não é mesmo? Se o sujeito for apenas um mau filósofo, problema dela (desde que não seja professor, é claro!). Já é mais complicado quando abre abdômenes ou projeta pontes, não é?”
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    “Mas as cotas vieram para ficar. É o tipo de caixa cuja tampa não pode ser aberta. Abriu, não há jeito. É por isso que a proposta elaborada pelas universidades estaduais em São Paulo é melhor do que a estupidez em vigor nas universidades federais. NOTA: eu sou contra qualquer cotismo no terceiro grau. Se aponto a superioridade do modelo paulista, é porque o considero menos danoso do que o do PT. Adiante.”
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    “No modelo proposto pelas universidades paulistas, os alunos que quiserem ingressar nas universidades por meio das cotas (mescla de critérios sociais e de cor de pele — nem negro nem branco são raças…) terão de fazer um curso de dois anos, um “college”. Trata-se, de fato, de uma capacitação. É o desempenho nesse college que vai determinar o ingresso ou não no curso superior.”
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    “Adivinhem só! Os petistas da USP saíram soltando os cachorros — e noto que há também pessoas contrárias por bons motivos; não nesse grupo, claro! Querem ver na USP o mesmo sistema bucéfalo implantado nas federais. Caso se analise o abaixo-assinado (eles adoram isso!), lá estão os nomes de sempre da esquerda chique uspiana — o submarxismo de botequim, que se viu obrigado a trocar a luta de classes pelo arranca-rabo de minorias.”
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    (Cont…)

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    Respostas
    1. O RISO É FÚNEBRE
      by Ramiro Conceição

      Tal qual sempre, o texto é bem articulado. Quando a isso não há dúvida. Mas o que está por trás de tal articulação?

      1) Em primeiro: a pseudonatural desfaçatez em argumentar que cotistas, esses previlegiados!, além de vivenciarem durante toda a existência uma descriminação social, deveriam por obrigação ser os melhores alunos no terceiro grau. Tal desfaçatez só poderia ser gerada na cabeça dum escroto católico fundamentalista, que acredita em milagres. O mundo do conhecimento e do trabalho não é feito de milagres, pois é feito de coisas humanas demasiadamente humanas (desculpe-me o trocadilho, bigodudo). Só alguém que ainda crê na justiça da casa grande, da senzala e da chibata, seria capaz - por ser um potencial capataz - de alinhavar supracitados disparates.

      2) Em segundo: com má fé colossal, pois o tal articulista não é burro, foram omitidas as notas dos cotistas e a nota média dos alunos da USP. É óbvio que os super-dotados, cotistas ou não-cotistas, os 2% dos alunos, não entram nessa argumentação, pois certamente não tiveram, não têm e não terão qualquer dificuldade no mundo do trabalho, a não ser em casos de exceção (um genial maluco, por exemplo).

      3) Para reforçar o dito em 2), relato a seguir minha experiência profissional, por ser professor de engenharia do Ifes (Instituto Federal de Educação do ES). Em nosso Instituto, a nota mínima para aprovação é 6. A maioria de nossos alunos “regulares” possui um índice de aprovação, digamos, entre 6,5 e 7,5. Os “bons” entre 8 e 9. E os ditos “excelentes” acima de 9. Contudo, em minha área, metalurgia e materiais, ultimamente, os alunos bons e excelentes estão com certa dificuldade de colocação no mercado de trabalho. Está a acontecer um fenômeno singular: nos famigerados processos de seleção em grupo, sob a supervisão de psicólogos, nossos alunos “regulares” estão a obter mais sucesso quando comparados àqueles ditos “bons” ou “excelentes”. Injustiça? Tal esclarecemento vem a seguir.


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    2. 4) A partir da década de 70, o sistema capitalista sofre uma metamorfose. O taylorismo/fordismo, isto é, aquelas megas empresas com 15.000 funcionários tornam-se anacrônicas. O centro desenvolvido do capitalismo, América, Europa, começa a perder competição relativamente ao Japão, isto é, em relação ao toytismo, quer dizer: o aparecimento de empresas enxutas, com funcionários polivalentes, capazes de operar no mínimo cinco máquinas com elevada tecnologia associada; um sistema produtivo horizontal, isto é, cada empresa passa a ser focada: o “adjacente” necessário à produção duma dada mercadoria principal é terceirizado; o time gerencial é altamente escolarizado, passa ser valorizado, por exemplo, engenheiros poliglotas; cada etapa de produção é realizada por um “time” que veste a camisa da empresa; a jornada de trabalho passa a ser colossal; cada mercadoria tem seu valor de uso diminuído, ou seja, o que interessa não é a durabilidade, duma dada mercadoria, mas o contrário: a utilização de um dado bem material deve ser a mais diminuta possível; começa a ter importância a geração de supérfluos ao imediato consumo insano, com o objetivo de aumentar o lucro, quer dizer, a mais-valia absoluta e relativa, que foram descobertas por Marx, no XIX, para que, dessa maneira, ser possível a patológica acumulação capitalista a qualquer custo humano ou ambiental; surge o neoliberalismo crente no deus mercado que tudo regula…, mas que não regula nada!; o “capital financeiro” começa a canibalizar o próprio sistema tal qual um vírus, sem controle, que passa a dinamitar paulatinamente, por décadas, o próprio sistema... Tal complexo processo chega ao Brasil, aproximadamente, a partir dos meados dos 90 e estava ainda em fase de implantação quanto estorou a crise de 2008…: o sistema constata que há um capital imaginário, metafísico, financeiro, que foi gerado, mas SEM PRODUZIR TRABALHO, portanto, ocorreu a geração de uma mais-valia esdrúxula, isto é, além de ser ladra costumeira da massa que sobrevive da venda do seu trabalho, concomitantemente, começou a devorar também com mais-valia os próprios capitalistas usurpadores do trabalho alheio. OPA!... ESTAMOS FECHADOS PRA BALANÇO…

      5) Aqui, volto àqueles com diploma superior. Nessa época de bypass, de desvio de rota capitalista, o que interessa à empresas são seres médios, não contestadores, de comunicação fácil em grupo: seres dóceis, educados por Xuxa, leitores de Paulo Coelho, admiradores de Raul Seixas, chegados num forro regado à vigarice do sertanejo universitário, bons filhos, boas filhas, mas se for preciso decapitar um funcionário compententíssimo de 40 anos – que assim seja! Afinal, são bons bebedores de cerveja, cheiradores de cocaína, evangélicos, católicos, ambientalistas, leitores de poesia até certo ponto, pois com os seu botões vomitam que os poetas, na realidade, são um saco (OLHA A CÂMARA DA GLOBO…:

      “Eu adoro poesia…”. (MAS O RISO É FÚNEBRE!).



      (PS.: o corretivo do word de pau, portanto, me desculpem qualquer imprecisão).

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    3. Errata: é óbvio que ao invés de "esclarecemento" é esclarecimento... Ufa! Ainda bem que percebi a tempo... Já imaginou o fundamentalista filha-da-puta católico com tal file mighon?... Eles são canalhas... Canibais de qualquer carniça!

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    4. errata: toyotismo, ao invés de toytismo..., parece óbvio, né?

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  3. Portanto, com extremo gozo,
    esporro... na fuça do safado.
    .

    A LESMA
    .
    .
    Sou lento… muito lento…
    pensando-sentindo tudo!
    Uma pedra para mim
    é um Pão de Açúcar,
    uma palavra, uma odisseia.
    Sim... sou uma lesma
    fantasiada de homem.

    Não sei como fabrico poemas.
    Devo ser uma lesma encantada,
    um bicho-papão em mutação,
    uma espécie de dragão, muito gosmento,
    a ser colado na imaginação das crianças.

    De início, fui uma lesma católica;
    depois, tornei-me uma marxista;
    freudiana; nietzscheana; reichana;
    e hoje sou uma lesma quase feliz,
    uma espécie de catassol aprendiz
    que ama navios perfumados a mar.

    É, agora estou literalmente a ver navios
    que sabem…: a tristeza ou a felicidade
    são migratórios pássaros de passagem.

    Embora lenta… a sabedoria da minha lesma
    ensinou-me que tudo é rápido, muito rápido,
    que o relevante não é a distância percorrida
    porém a profundidade e a altura do calado à
    geração de rastros, na busca de longínquos.

    Melhor do que um milhão de beijos: um único dado.
    Melhor que um milhão de olhares: um único amado.
    Melhor que uma biblioteca inteira: um poema alado.

    Sim,
    meu relógio são relâmpagos:
    a hora incerta dos vaga-lumes,
    das araras… e das maritacas.





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