domingo, 7 de abril de 2013
Mais uma vez, o indispensável Leminski
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto.
______________
razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
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À poesia de Leminski.
ResponderExcluirÀ sua vida, Charlles;
mas, essencialmente,
àquela da sua filhota:
A CASA DO POETA
by Ramiro Conceição
.
.
Na casa do poeta,
o comprimento é o tempo.
A largura - a escritura,
e a altura é o pensamento
onde o firmamento mora.
Tem muito de Leminski em sua poética, Ramiro. Cada vez que leio o curitibano, mais vejo e entendo a sua poesia, a poesia do Ramiro Conceição. É um tanto intrusivo dizer, já que percebo Leminski como um poeta livre, desapegado, avesso a comparações, mas a poesia de Ramiro não fica nada dever a Leminski. Se você não tiver esse livro, adquira-o correndo, cara. É muito, muito bom! Cada país precisa de escritores out-sider, que não cabem na definição da literatura. São escritores não-escritores, não-canonizáveis, que não são escolhidos para listas e ofertas acadêmicas, mas que são imprescindíveis para as letras do país. Nos EUA temo-os aos montes: Ginzberg, Kerouac, Bukowski. São os poetas e escritores que não estão nem aí para a merda empolada da literatura, e que escrevem como se fossem se suicidar no momento seguinte; que não devem nada a ninguém, e que não devem nada à grandeza literária. Não há um só poema de Leminski que seja canonizável: o poema é ele.
ExcluirMALUCA
Excluirby Ramiro Conceição
Não é possível!...
Ainda anda comigo
o teu…olhar antigo.
Como posso amá-lo
amigo… em sonhos,
se sequer nos tocamos
à margem de qualquer passagem?
Sim… Devo ser uma artista maluca
que ainda crê na inocente sensatez
desse nosso mundo caduco.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDo que já li de Leminski e de Ramiro Conceição, achei melhor o segundo.
Excluir(comentário corrigido)
Charlles, estou intrigado com algo. Como é possível apreciar os poetas clássicos, "empolados", e também os muito descolados como Leminski?
ResponderExcluirUm leitor perde se tiver preconceitos, João.
ExcluirNão tenho preconceito algum. Tenho exigências.
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