Os prazeres da literatura são amplos e comportam os extremos dos casamentos prolongados dos romances de mil páginas e os casos de amor ligeiros dos contos de dez parágrafos. Contos se vendem como coisas descompromissadas, que nos custam o tempo de uma sesta ou da hora que precede o sono da noite, mas que, os melhores deles, tem uma provisão de pequenas armadilhas que reverbera em nosso interior por toda a vida e por vezes nos vemos retornando à intensa presença que incorporaram em nossa lembrança. Os contos relacionados abaixo são o que pude pensar de melhor que já me fora apresentado ao longo de quatro décadas, muitos deles sendo minha iniciação na leitura, e muitos deles sendo ligados ao gênero de contos de terror, o qual está diretamente por detrás da fundamentação dessa espécie de narrativas. A lista abaixo contém apenas contos, não comportando narrativas mais extensas que, antigamente, costumava-se chamá-las de novelas.
Esse conto apresenta diversos títulos em suas traduções para o português. Encontrei-o com o nome Nadja, outra vez como Brincadeira. É dificílimo, senão impossível, escolher o melhor conto de Chécov; poderia fazer uma lista dos meus 50 contos preferidos desse maior contista de todos os tempos, e ainda assim teria a impressão de incompletude. Mas esse conto, além de ter sido uma das primeiras incursões minhas na leitura, tem uma carga de emoção, uma nostalgia, e uma perfeição estilística que pode bem representar toda a grandiosa obra desse autor. Primeiro, por ser um de seus contos mais curtos (tirando os contos quase crônicas da primeira fase de Chécov, esse talvez seja mesmo o seu conto mais conciso), tendo uma página e meia; segundo, por condensar nesse milagre espacial o ultraje de ter todos os maiores temas de Chécov: sua ironia, seu coração terno, seu compadecimento pelos mais simples, seu humor doloroso, e até uma de suas subliminares críticas sociais. A história é sobre as descidas de trenó entre o narrador indeterminado e a moça Nádia, em que, no auge da velocidade da descida, o narrador interpõe a brincadeira de dizer aos ouvidos de Nádia a frase Nádia, eu te amo. A moça, repetidas e repetidas vezes, insiste para que os dois desçam novamente, para confirmar se tal declaração vem mesmo do narrador. É uma sonata, e deixou em mim a marca perpétua da beleza da escrita de Chécov.
Poe foi um genial escritor irregular. É um autor para adolescentes, mas isso diz mais que o errático pejorativismo inerente ao rótulo. Não conheço adolescentes que se iniciaram na leitura através dos contos de terror e detetivescos de Poe que não sejam adultos apaixonados em leitura. Poe foi grande poeta, (na minha lista de maiores poemas, O Corvo ocuparia o segundo ou terceiro lugar), um ensaísta fraco, e um produtor regrado de poucos contos que se tornaram fundadores de uma das escolas da literatura. Nunca vi nenhum escritor dizer ser influenciado por Poe (tirando seus filhos estilísticos como H. P. Lovecraft), mas o débito que se tem às suas atmosferas, à sua maldade extraterrena, a seu inferno particular generosamente oferecido em suas ruas parisienses soturnas (curioso que o fog londrino clássico criado por Poe aconteça, na verdade, na Paris de Auguste Dupin) e seus assassinos perturbados pela culpa. E o Coração Denunciador me afigura como exemplo dessa tensão e desse fator inesperado que tanto foi imitado pelos contistas que se seguiram a Poe.
W. W. Jacobs é um autor desconhecido por completo, afora esse conto de terror que é um verdadeiro tesouro raro e uma maravilha indiscutível. Em três páginas ele constrói um crescendo que enche de esperança aos pobres pais de um filho morto, para se transformar em uma ameaça inenarrável que parece vai levar os personagens e ao leitor a se defrontar além do limite que consegue suportar a razão. Um dos contos mais perfeitos e impactantes que conheço.
Não saberia expressar o quanto amo esse conto de beleza indescritível. É um conto mais longo dessa lista. Escrito pouco depois da morte da filha do autor, cada linha tem uma intensidade e uma carga emocional única. A história é narrada em primeira pessoa, começa com o narrador dirigindo seu carro pelos campos da Inglaterra (Kipling foi um dos primeiros automobilistas da Europa), e chegando involuntariamente a uma casa suntuosa aonde mora uma mulher cega que tem como companhia ruidosa um grupo de crianças que nunca são vistas, mas entrevistas. No meio do conto, quando estão a mulher cega e o autor conversando no jardim, tomando chá, acontece uma dessas reações de atemporalidade suspensiva no leitor, um desgaste severo da linha da realidade: um efeito de estocada rápida de uma verdade inapreensível que sugere um infinidade de oportunidades ao pensamento. A conclusão do conto é arrebatadora, mostrando o quanto a desolação pessoal do autor se interligava à tragédia suscitada das perdas humanas para a guerra. Um importante crítico sentenciou que estas páginas são as maiores da literatura inglesa; não ouso contradizê-lo. Kipling é um contista genial, em toda acepção do termo; não à toa Borges anunciou ser uma das felicidades de sua vida.
Hemingway, se não está esquecido por completo como romancista, caminha a passos largos para isso; mas poucos contistas foram tão certeiros quanto ele no século passado. Este conto, também muito curto, repete de forma eficaz o poder de não-dizer do estilo insinuador de Henry James. Toda sua força se concentra no diálogo entre um homem e uma mulher, enquanto esperam o trem chegar na estação. O homem aos poucos tenta persuadir à mulher que o aborto que ela está por fazer é seguro e a melhor coisa para o futuro de sua relação. É estupendo como Hemingway, um potro-macho muitas vezes ególatra e narcisista, que tratava a literatura como sendo um prosseguimento sem ruptura da prática da caça e do boxe, e que dedicou boa parte de sua produção a falar sobre os sabores dos drinks infinitos que tomava e sobre culhões, consegue transmitir tanta densidade emotiva e tanta miríade de interpretações, utilizando o que há de mais prosaico e coloquial na escrita. Estas três ou quatro páginas concentram um universo dramático que remete às guerras, ao existencialismo, à paz em separado, ao exílio, à efemeridade das relações humanas, à violência dos atos sociais instituídos. Páginas como esta, e outras como as de Os Assassinos, Gato na Chuva, Fora de Estação, estão acima de Hemingway, no mesmo nível da arte esotérica mais refinada produzida em qualquer tempo.
6. Arábia, de James Joyce.
Um dos contos de Dublinenses e uma pílula onde está embalada em poucas páginas o estranhamento, o flaneurismo, a Dublin mítica, a falsa frieza impassível diante a imensidão da existência, e a escrita inigualavelmente plena que viria em Ulysses. Tal como nos outros contos do volume, há uma lucidez aqui de arrepiar os cabelos da nuca; é dado uma visão translúcida de manhã após a chuva (uma chuva irlandesa) ao leitor, e todos os objetos são vistos em sua integridade infinita (para citar Morrison e, em decorrência, William Blake). A história fala de alguns garotos que cabulam a aula para vadiarem pelos portos e vielas de Dublin. São nesses contos com enganosa estrutura pueril que os milagres acontecem, e Joyce é o maior santo milagreiro da literatura. No núcleo do conto está o mal entendido de um encontro entre o garoto principal da história com uma espécie de marujo mendigo, onde tudo se insinua mas nada fica claro, e por mais que se continue pensando por todos os anos que ainda durar a vida do leitor, as interpretações se complicam e tudo se obnubila. Fala-se tanto das maravilhas de Ulysses, que o gigantismo de Joyce_ talvez o maior escritor do século XX_ escamoteia a beleza de suas obras que ficam à sombra de seu grande romance, como é o caso destes contos.
7. Tlön, Uqbar, Orbis Tertius, de Jorge Luis Borges.
Borges, como é de conhecimento geral, nunca escreveu romances (apesar de certo presidente que alegou ter lido todos eles escritos pelo argentino), mas é o único contista que tem como característica mais significativa ter produzido contos que contradizem a própria norma de episodicidade e foco que define o gênero. Os contos de Borges valem por romances, outros valem por epopeias e tratados científicos, outros bebem com igual fecundidade nas fontes que criam as religiões, outros ainda estacionam numa região anterior à ironia e parecem objetos consolidados na realidade e não as brumas de sonhos retóricos que realmente são. Todos tem a marca do labirinto que forjou os sonhos desse cabalista que dizia não ser factível ao homem conhecer os mistérios da existência, e o orientalismo setecentista das listras do tigre nas quais esse mistério se revela em todo seu enigma inalcançável. Por isso seus contos são infinitos, e os que estão em Ficções e O Aleph possuem a mesma perfeição e assombro. Tlön, Uqbar, Orbis Tertius me parece ser um dos mais maravilhosos e instigantes, em que Borges se coloca como narrador e personagem central, junto a seu amigo Bioy Casares, e descobridor por engano de páginas da British Encyclopedia que existem em variantes geográficas e nas quais conta-se sobre a cultura, a política, a religião e varias particularidades da terra de Uqbar. Todo o conto é o estudo centrípeto e periférico de nações e povos que escolheram para si uma realidade alternativa, com valorações que são quase o negativo das nossas, tanto no contar das horas do dia quanto das intermitências de sua metafísica.
8. Uma Coisinha Boa, de Raymond Carver.
Um magnífico conto. Desses que limpam a alma. Desses que trazem apaixonados para a literatura. Uma peça de delicadeza e sensibilidade tocante. Tem aqui um texto meu dedicado a este conto integral e a seu espelho assombroso produzido pelo editor de Carver.
9. Na Colônia Penal, de Franz Kafka.
Relutei se o melhor conto que já li de Kafka é este, ou O Artista da Fome, ou Diante da Lei. O que exerceu maior impacto sobre mim foi, indubitavelmente, Diante da Lei, por sua inércia desesperadora, sua impotência total. Aquele indivíduo diante os enormes portões do palácio da justiça, com o vigilante impávido que lhe diz que aqueles portões foram feitos para ele e por isso ele jamais poderia entrar por eles, é, talvez, o símbolo mais poderoso do século XX; daí suas inúmeras interpretações políticas, religiosas, divinatórias, filosóficas. Tal passagem, que tem força em si mesma, na verdade é o cerne do romance O Processo, o que, óbvio, não tira em nada o mérito do conto (existem vários contos em que seus autores os estendem em obras maiores). Mas este Na Colônia Penal realmente é uma das produções mais estilisticamente perfeitas de Kafka; os personagens estão desenhados com tanta propriedade que vemos os gestos que fazem com as mãos e as idiossincrasias de suas feições. Nestes efeitos de cena acontece o humor um tanto pérfido do conto, pois estamos diante uma máquina diabólica de tortura, que tatua no corpo de miseráveis famélicos, internos da colônia penal, os crimes pelos quais estão sendo acusados. Kafka chegou a realizar uma leitura pública deste conto na Galeria Goltz de Munique, ocasião na qual duas senhoras desmaiaram com o impacto.
10. A Enxada, de Bernardo Élis.
Já é muito gasta a informação nas contracapas das coletâneas de contos do Bernardo Élis o anúncio que Guimarães Rosa fez de ser computado a Élis a criação de cinco dos maiores contos do mundo, em qualquer língua e em qualquer época. Rosa estava sendo absolutamente sincero _ não havia razão para que ele gastasse um preciosismo com um autor que vinha de uma das áreas da federação menos literarizada, como Goiás. A Enxada é um desses cinco contos. A história do trabalhador rural Supriano, que tenta de todas as maneiras adquirir uma enxada para realizar suas labutas no campo, e nunca consegue, é uma obra de gênio, inigualável, ácida e violenta em sua denúncia da opressão humana medieval que acontece nas tantas searas do coronelismo do país. Mas esse não pode ser reduzido à categoria de literatura regional, mas inserido entre as melhores páginas da literatura latino-americana do século XX. A tragédia dessa obra alcança uma proporção clássica, universal. Sua escrita é dura, direta, sem meios termos; o final é tão chocante quanto grandes outras obras políticas carregadas de feridas abertas típicas dos países sub-desenvolvidos como os das Américas, os africanos, asiáticos e do leste-europeu. É uma das maiores penas Élis ter sucumbido a esse sub-desenvolvimento: deixou que perdesse seu talento, foi acometido por uma enorme afasia literária em que chegou a produzir obras oficiais do estado, e no fim da vida lamentou em público, em uma entrevista para um jornal, não ter dinheiro para comprar as obras de José Saramago. Mas A Enxada ficará como uma das obras mais poderosas da literatura.
6. Arábia, de James Joyce.
Um dos contos de Dublinenses e uma pílula onde está embalada em poucas páginas o estranhamento, o flaneurismo, a Dublin mítica, a falsa frieza impassível diante a imensidão da existência, e a escrita inigualavelmente plena que viria em Ulysses. Tal como nos outros contos do volume, há uma lucidez aqui de arrepiar os cabelos da nuca; é dado uma visão translúcida de manhã após a chuva (uma chuva irlandesa) ao leitor, e todos os objetos são vistos em sua integridade infinita (para citar Morrison e, em decorrência, William Blake). A história fala de alguns garotos que cabulam a aula para vadiarem pelos portos e vielas de Dublin. São nesses contos com enganosa estrutura pueril que os milagres acontecem, e Joyce é o maior santo milagreiro da literatura. No núcleo do conto está o mal entendido de um encontro entre o garoto principal da história com uma espécie de marujo mendigo, onde tudo se insinua mas nada fica claro, e por mais que se continue pensando por todos os anos que ainda durar a vida do leitor, as interpretações se complicam e tudo se obnubila. Fala-se tanto das maravilhas de Ulysses, que o gigantismo de Joyce_ talvez o maior escritor do século XX_ escamoteia a beleza de suas obras que ficam à sombra de seu grande romance, como é o caso destes contos.
7. Tlön, Uqbar, Orbis Tertius, de Jorge Luis Borges.
Borges, como é de conhecimento geral, nunca escreveu romances (apesar de certo presidente que alegou ter lido todos eles escritos pelo argentino), mas é o único contista que tem como característica mais significativa ter produzido contos que contradizem a própria norma de episodicidade e foco que define o gênero. Os contos de Borges valem por romances, outros valem por epopeias e tratados científicos, outros bebem com igual fecundidade nas fontes que criam as religiões, outros ainda estacionam numa região anterior à ironia e parecem objetos consolidados na realidade e não as brumas de sonhos retóricos que realmente são. Todos tem a marca do labirinto que forjou os sonhos desse cabalista que dizia não ser factível ao homem conhecer os mistérios da existência, e o orientalismo setecentista das listras do tigre nas quais esse mistério se revela em todo seu enigma inalcançável. Por isso seus contos são infinitos, e os que estão em Ficções e O Aleph possuem a mesma perfeição e assombro. Tlön, Uqbar, Orbis Tertius me parece ser um dos mais maravilhosos e instigantes, em que Borges se coloca como narrador e personagem central, junto a seu amigo Bioy Casares, e descobridor por engano de páginas da British Encyclopedia que existem em variantes geográficas e nas quais conta-se sobre a cultura, a política, a religião e varias particularidades da terra de Uqbar. Todo o conto é o estudo centrípeto e periférico de nações e povos que escolheram para si uma realidade alternativa, com valorações que são quase o negativo das nossas, tanto no contar das horas do dia quanto das intermitências de sua metafísica.
8. Uma Coisinha Boa, de Raymond Carver.
Um magnífico conto. Desses que limpam a alma. Desses que trazem apaixonados para a literatura. Uma peça de delicadeza e sensibilidade tocante. Tem aqui um texto meu dedicado a este conto integral e a seu espelho assombroso produzido pelo editor de Carver.
9. Na Colônia Penal, de Franz Kafka.
Relutei se o melhor conto que já li de Kafka é este, ou O Artista da Fome, ou Diante da Lei. O que exerceu maior impacto sobre mim foi, indubitavelmente, Diante da Lei, por sua inércia desesperadora, sua impotência total. Aquele indivíduo diante os enormes portões do palácio da justiça, com o vigilante impávido que lhe diz que aqueles portões foram feitos para ele e por isso ele jamais poderia entrar por eles, é, talvez, o símbolo mais poderoso do século XX; daí suas inúmeras interpretações políticas, religiosas, divinatórias, filosóficas. Tal passagem, que tem força em si mesma, na verdade é o cerne do romance O Processo, o que, óbvio, não tira em nada o mérito do conto (existem vários contos em que seus autores os estendem em obras maiores). Mas este Na Colônia Penal realmente é uma das produções mais estilisticamente perfeitas de Kafka; os personagens estão desenhados com tanta propriedade que vemos os gestos que fazem com as mãos e as idiossincrasias de suas feições. Nestes efeitos de cena acontece o humor um tanto pérfido do conto, pois estamos diante uma máquina diabólica de tortura, que tatua no corpo de miseráveis famélicos, internos da colônia penal, os crimes pelos quais estão sendo acusados. Kafka chegou a realizar uma leitura pública deste conto na Galeria Goltz de Munique, ocasião na qual duas senhoras desmaiaram com o impacto.
10. A Enxada, de Bernardo Élis.
Já é muito gasta a informação nas contracapas das coletâneas de contos do Bernardo Élis o anúncio que Guimarães Rosa fez de ser computado a Élis a criação de cinco dos maiores contos do mundo, em qualquer língua e em qualquer época. Rosa estava sendo absolutamente sincero _ não havia razão para que ele gastasse um preciosismo com um autor que vinha de uma das áreas da federação menos literarizada, como Goiás. A Enxada é um desses cinco contos. A história do trabalhador rural Supriano, que tenta de todas as maneiras adquirir uma enxada para realizar suas labutas no campo, e nunca consegue, é uma obra de gênio, inigualável, ácida e violenta em sua denúncia da opressão humana medieval que acontece nas tantas searas do coronelismo do país. Mas esse não pode ser reduzido à categoria de literatura regional, mas inserido entre as melhores páginas da literatura latino-americana do século XX. A tragédia dessa obra alcança uma proporção clássica, universal. Sua escrita é dura, direta, sem meios termos; o final é tão chocante quanto grandes outras obras políticas carregadas de feridas abertas típicas dos países sub-desenvolvidos como os das Américas, os africanos, asiáticos e do leste-europeu. É uma das maiores penas Élis ter sucumbido a esse sub-desenvolvimento: deixou que perdesse seu talento, foi acometido por uma enorme afasia literária em que chegou a produzir obras oficiais do estado, e no fim da vida lamentou em público, em uma entrevista para um jornal, não ter dinheiro para comprar as obras de José Saramago. Mas A Enxada ficará como uma das obras mais poderosas da literatura.
MEUS 20 melhores contos. Quem quiser ler, eu vendo baratinho:
ResponderExcluir1.poena, ou Aquele que enxerga longe
2.A caminho
3.As pirâmides de Guiné
4.Não faz falta
5.Deus, prêt-à-porter
6.O peso das pedras
7.Câmara Escura
8.Finnicius Revém, ou Como Transformar a Literatura em uma Ocupação Inútil
9 Ato Sexual nº 9.997
10.Poeira de estrelas - Memórias
11.Nunca vi Paris
12.O ex-monstro do Grajaú
13.Lênin Demente
14.Morte (e depois vida) de um cananeu
15.Gazetas
16.A humanidade fraterna
17.A senhora Myiagi (...) gravata amarela
18.Demoninho
19.Um par de óculos (com armação) verde
20.deus é um nome genérico
Os títulos interessantes surpreendentemente não revelam a enorme modéstia do autor. Conheço o de número 3.
ExcluirMarcos,
Excluirvocê esqueceu o 9' "O Mentiroso". Sem qualquer dúvida a obra-prima.
Mandei essa por brincadeira, porque tava de saída para o festival d ecinema e nao teria comomo ler ou comentar o texto. O primeiro saiu com o título cortado: É Apoena.
ExcluirDos contos citados, divirjo do selecionado no livro de contos do Joyce, que na verdade é bom mas fica batendo na tecla única da "essa Irlanda é uma merda, país atrasado, quem quer melhorar tem mais é que sair daqui". Nisso Joyce é muito brasileiro. No volume, o lugar comum é que Os Mortos é o melhor conto, mas é um lugar comum verdadeiro. Concordo: Os Mortos é o melhor conto do livro, que, mesmo repetindo o ramerrão da miséria social e intelectual irlandesa, buca uma saída transcendente pelo mistério dos sentimentos humanos.
Do Kafka gosto de muitos, como A Construção, e não saberia apontar o melhor.
Tchékhov ou Chécov ou qualquer tradução que o valha é a mesma coisa: como escolher um entre dezenas de obras-primas? O cara é de matar de inveja qualquer um. Depois de ler o volume A Dama do cachorrinho dá vontade de jogar debaixo da terra todas nossas páginas irrelevantes. Mas a gente é teimoso pra caralho.
Tens uns autores daí que, claro, não merecem um décimo de minha simpatia. Idiossincrasias pessoais. Dois eu simplesmente desconheço, nunca nem ouvi falar. Outros ainda faltam para completar vinte. Vamos ver a lista completa para criticar o autor por omitir este ou aquele conto e nome. É a parte mais divertida de qualquer lista.
Ramiro: não captei a mensagem. Muitas vezes sou indizivelmente burro. O que me salva é que algumas outras sou apenas burro.
numas férias, qdo adolescente li, acho numa daquelas Seleções q minha vó tinha em casa aos montes, O escaravelho de ouro, do Poe, e fiquei deslumbrado com todo aquele mistério, sustentado e elevado a cada página.
ResponderExcluireu gosto duns contos machadianos, sua ironia... lembro com gosto de um chamado O machete.
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gostava qdo o marcos escrevia sua pequenas ficções nos comentários do milton. podia voltar a fazer aqui.
O espaço do blog tá aberto ao Marcos, sempre.
ExcluirSó li o Chécov. Estou com o Arbo (ops, é arbo) e colocaria um Machado de Assis aí. Ah, e um Guimarães Rosa.
ResponderExcluirSofri bullying de Machado minha vida de estudante inteira, daí a desconsideração traumática.
ExcluirComo esperava essa falta da literatura brasileira, deixei para colocar o item 10 agora.
Tuas professoras de literatura vão para o inferno, certeza. Nunca vi um leitor apaixonado resistir tanto aos livros e autores do seu próprio país. E nem tem outro clássico pra eu me oferecer pra ler em troca de outro - no máximo poderia me oferecer pra ler mais umas 100 páginas de Ulisses.
ExcluirNão seja assim. Não temos olhos claros e nem uma imprensa que preste, somos corruptos e iludos, mas ainda assim somos teus parentes. Vem cá dar um abraço!
Claro que aceito o abraço de uma gata dessas (mas que diabo de foto é aquela em seu twitter?!), mas meus parentes literários na maioria vem de países tão fodidos quanto o nosso, não tem olhos claros, e são perseguidos por todas as crias possíveis do atraso. E se você der uma de Marcos Nunes, já antecipo que um dos mais rejeitados deles era sim nascido nos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, o tal do Faulkner que tem murais e santos por tudo quanto é parte nesse blog.
ExcluirAliás, há dias quero te perguntar: desistiu mesmo do Ellison?
Adoro aquela foto! Fiz num desses sites de montagem, o resultado ficou muito bom! Quando a usava no FB acabei perdendo alguns pedidos de amizade porque as pessoas não me reconheciam...
ExcluirNem eu sei se larguei o Ellison. Muitas coisas andaram desviando a minha atenção então acabei lendo pouco ou nada nas últimas semanas. Só avancei um pouco mais do Tristam. Ellison é bem escrito, envolvente, cheio de qualidades... mas eu sofri demais com aquele primeiro capítulo. Você não se recusou a ver o documentário com cães sofrendo? Então. Olho pro livro e tenho medo dos outros capítulos serem tão ruins ou piores, em termos emocionais. Ainda não decidi se devolvo ou renovo na semana que vem.
A Enxada arrebentou minha cabeça. Só tenho a agradecer, que só descobriria um autor incrível desses por aqui, neste blog. O conto me raptou com tamanha violência que estou triste pela injustiça que cometemos com Bernardo Élis, da mesma forma que me entristeço quando lembro do "ok, that's a take" do Joe Strummer, dos dias que João Antônio apodreceu sozinho até perceberem que ele tinha morrido, do fracasso de Kafka...
ResponderExcluirCharlles, em que livro se encontra esse conto do Tchekhov? Se tu conseguires se lembrar e puder me dizer eu ficaria grato.
ResponderExcluirhttp://www.estantevirtual.com.br/hamurabilivraria2/Tschecov-O-Malfeitor-e-Outros-Contos-da-Velha-Russia-135753003
ExcluirMuito obrigado Charlles,
ResponderExcluirfaltou citar maupassant e scott-fitzgerald
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