terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ela



A forma dela surge,
ela vem menos guardada que nunca
e ainda assim mais guardada que nunca,
os grosseiros e sujos
entre os quais ela passa
não a tornam grosseira nem suja,
ela adivinha os pensamentos ao passar
e a ela nada se pode esconder
mas nem por isso é menos delicada
e atenciosa _ é a mais bem-amada
sem nenhuma exceção,
não tem motivos para temor e não teme,
maldições, brigas, canções de duplo sentido,
expressões chulas são para ela inócuas
quando ela passa, calada que vai,
bem segura de si,
coisas assim não chegam a ofendê-la,
ela as aceita assim como as aceitam
as leis da Natureza,
forte como ela é
_ também ela é uma lei da Natureza
e lei mais forte que ela não existe.
(Walt Whitman, tradução de Geir Campos)

2 comentários:

  1. Lindo poema.

    (Ela nunca suja os pés? Nunca nunquinha?)

    :¬)))

    ResponderExcluir
  2. Na verdade, amo esse poema já há quase vinte anos. Parece que nunca consigo captar o que ele diz. Pensei em colocar uma foto que a Marisa Monte fez de seus próprios pés, com os dedos retorcidos e sofridos, mas não a achei.

    ResponderExcluir