No jornal televisivo agora de manhã: uma menina de sete anos sobe em uma torre de televisão em Roraima, e só aceita ser resgatada quando lhe prometem que ela vai poder passear no carro dos bombeiros em perseguição ao arco-íris.
Tudo mais ou menos, Rômulo. De um lado, as realidades e as complicadas hermenêuticas; de outro, as criações humanas de finalidade vadia que de vez em quando se esgotam e nos esgotam. Muito equívoco para pouco entendimento, e a maldita dialética das relações sociais impossíveis.
Se Lennon fosse vivo certamente tal história fomentaria uma canção, na qual Lucy Lucinda, in the sky with diamonds, desfilaria em farrapos sobre um carro de bombeiros sobre um arco-íris do Monte Roraima para encontar finalmente o coração da América do Sul.
Se Lennon fosse vivo certamente tal história fomentaria uma canção, na qual Lucy Lucinda, in the sky with diamonds, desfilaria em farrapos num carro de bombeiros aos pedaços sobre um arco-íris de três cores do Monte Roraima para encontar finalmente o coração despedaçado da América do Sul
Eu achei interessante pois eu estava em ponto morto, absorto e em estágio de latente exaustão diante tanta matéria sobre violência típica desse jornalismo policial rasteiro que domina o país, quando o repórter falou quase literalmente assim como escrevi no post: "andar no carro de bombeiros em perseguição ao arco-íris". Achei de uma poesia iluminada, e pressenti que o próprio repórter viu nisso um jeito de se adstringir por um momento daquele cotidiano mesquinho. Foi uma matéria que não deve ter durado um minuto, mas serviu a dar novos contornos ao amanhecer e salvar o dia.
RODA D’ÁGUA by ramiro conceição * * Em uma roda d’água cada pá cumprimenta a sua vizinha… “Fui!” a da frente berra. “Voltei!”, a detrás vocifera. * Fui-Cheguei-Fui-Cheguei A rua roda… Fui-Cheguei-Fui-Cheguei A mariposa pousa… * Fui-Cheguei-Fui-Cheguei A Lua ousa… Fui-Cheguei-Fui-Cheguei O Sol são rosas… * Fui-Cheguei-Fui-Cheguei A cidade é louca… Fui-Cheguei-Fui-Cheguei Nesse país de poucos… * Fui-Cheguei-Fui-Cheguei Nesse mundo tosco… * Fui-Cheguei-Fui-Cheguei no alto da torre de televisão da cidade… * Agora só desço - em carro de bombeiro, que me leve ao arco-íris da imaginação.
Essa menina andou tomando ácido lisérgico.
ResponderExcluirAssistiu o mesmo jornal, não? Mas essa criança é outra:
Excluirhttp://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/noticia/2014/05/crianca-de-dois-anos-que-ingeriu-lsd-continua-internada-em-joinville-4502036.html
Vi nada não. Foi só uma brincadeira acerca desse imaginário tão lírico (carro de bombeiros perseguir arco-íris).
Excluirnão sabia q o Nunes tinha voltado... tudo certo, Marcos?
ResponderExcluirTudo mais ou menos, Rômulo. De um lado, as realidades e as complicadas hermenêuticas; de outro, as criações humanas de finalidade vadia que de vez em quando se esgotam e nos esgotam. Muito equívoco para pouco entendimento, e a maldita dialética das relações sociais impossíveis.
ExcluirSe Lennon fosse vivo certamente tal história fomentaria uma canção, na qual Lucy Lucinda, in the sky with diamonds, desfilaria em farrapos sobre um carro de bombeiros sobre um arco-íris do Monte Roraima para encontar finalmente o coração da América do Sul.
ResponderExcluirOu numa versão mais realista...
ExcluirSe Lennon fosse vivo certamente tal história fomentaria uma canção, na qual Lucy Lucinda, in the sky with diamonds, desfilaria em farrapos num carro de bombeiros aos pedaços sobre um arco-íris de três cores do Monte Roraima para encontar finalmente o coração despedaçado da América do Sul
Eu achei interessante pois eu estava em ponto morto, absorto e em estágio de latente exaustão diante tanta matéria sobre violência típica desse jornalismo policial rasteiro que domina o país, quando o repórter falou quase literalmente assim como escrevi no post: "andar no carro de bombeiros em perseguição ao arco-íris". Achei de uma poesia iluminada, e pressenti que o próprio repórter viu nisso um jeito de se adstringir por um momento daquele cotidiano mesquinho. Foi uma matéria que não deve ter durado um minuto, mas serviu a dar novos contornos ao amanhecer e salvar o dia.
ResponderExcluirRODA D’ÁGUA
ResponderExcluirby ramiro conceição
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Em uma roda d’água
cada pá cumprimenta
a sua vizinha…
“Fui!” a da frente berra.
“Voltei!”, a detrás vocifera.
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Fui-Cheguei-Fui-Cheguei
A rua roda…
Fui-Cheguei-Fui-Cheguei
A mariposa pousa…
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Fui-Cheguei-Fui-Cheguei
A Lua ousa…
Fui-Cheguei-Fui-Cheguei
O Sol são rosas…
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Fui-Cheguei-Fui-Cheguei
A cidade é louca…
Fui-Cheguei-Fui-Cheguei
Nesse país de poucos…
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Fui-Cheguei-Fui-Cheguei
Nesse mundo tosco…
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Fui-Cheguei-Fui-Cheguei
no alto da torre de televisão da cidade…
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Agora só desço - em carro de bombeiro,
que me leve ao arco-íris da imaginação.