terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Semana Grandes Escritores: Terça-Feira de Thomas Bernhard




Quando eu tinha 14 anos, um amigo metaleiro me apresentou a uma música chamada Paranoid, do grupo de hard rock britânico Black Sabbath. Foi uma catarse! Assim que a agulha tocou nas ranhuras do vinil e a guitarra propagou seus disparos sincopados pelas caixas de som, no último volume, meus pêlos da nuca arrepiaram-se e eu senti uma espécie de arrebatamento. De pronto, percebi que o jeito melhor de curtir a música era seguir o que meu amigo fazia, balançar a cabeça freneticamente de cima para baixo, e, com os braços simulando segurar uma metralhadora invisível, ficar como no centro de uma baliza girando o corpo e disparando bala em direção a todo os nossos desafetos _ desafetos mais ideológicos que reais, devido a nossa pouca idade. Toda vez que punha essa música para tocar lá em casa, me vinha a mesma encarnação de assassino serial desmedido, com sua felicidade sem culpa em exterminar o máximo de entidades que travavam a possibilidade de uma vida mais fácil no mundo real, professores, diretores, o FMI, a fome na África, Margareth Thatcher. Eram menos de três minutos em que Ozzy Osbourne gritava "can you help me? Occupy my brain ? Oh yeah!" e que eu tinha para promover um banho de sangue e a explosão de prédios federais. E o curioso era que a sensação compartilhada por todo pré-adolescente que ouvia Paranoid era a mesma, o que tornara essa música um hit mundial que atravessara as décadas de 1970 e chegara com a mesma força ao final dos anos 1980. Mais tarde, depois que esse estilo de música já não só me oferecia  mais desabafo algum como não suportava mais seu encanto circense, (Nick Hornby dizendo o quanto a maturidade o fizera mais triste por não poder mais ouvir Rat Salad, do Sabbath, e Heartbreak, do Zep, sem peso de consciência), já tinha todas as leituras de Marcuse e Adorno para saber que o massacre real era a inteligência imperdoável da Indústria Cultural em conhecer essas fases da insatisfação humana e simular provê-la com bugigangas inúteis. Era o mesmo princípio tanto de controle social quanto de vendas exorbitantes que estava por detrás de adolescentes apascentados de serem violentos pela evocação fantasiosa da violência, e de crianças de um ano e meio como o meu filho o qual vídeos de homens vestidos de palhaço pulando numa felicidade eterna fazem o serviço doméstico de hipnotizá-los enquanto a mãe cozinha o almoço, e, não menos importante, inoculam já o princípio da saturação para que se compre o mais novo e melhor vídeo em que, dessa vez, os homens vestidos de palhaço prometem uma felicidade mais intensa, um controle social mais inescapável. Em suma, algo complicadíssimo!

Em seu livro Cultura de Massas no Século XX, Volume I, Neurose, Edgar Morin escreve que por mais que a Indústria Cultural emplastifica e padroniza na fria escala da produção em série uma ideia, extirpando-lhe o risco da genuinidade e tornando-a o produto seguro, sem ideologismos e transcendências, ainda assim _ diz Morin_, algo da intenção espiritual de seu autor subjaz, numa réstia de brilho autêntico. Ou seja, por detrás da inocente reverberação de Paranoid, ainda assim a fúria marginal do pobre testador de sinos que trabalhava no centro industrial londrino antes de se tornar o rock star Ozzy Osbourne, transparece por sob as poses demoníacas e os teatros de macumba que envolvem a indútria do hard rock.


Baseado nessas novas vacinas adquiridas contra a catarse oferecida pela indústria, em qualquer nível, que eu demorei mais de dez anos para ler Thomas Bernhard. Tinha a convicção, alimentada pelas loas e reverências da imprensa e dos meios acadêmicos após a sua morte, que ele não passava de mais um desses produtos dotados de brilho interno que a confecção da cultura viam por bem ter que preservar, mas que servia plenamente aos objetivos dessa indústria e dessa cultura de consumo sofisticada. Era francês demais, e nunca suportei os franceses, excluindo Stendhal. E seu mote era o pior possível, uma versão adulta do que Paranoid fazia ao nível da meninice, ou seja, botar ao chão todas as partes da sociedade que ele escolhia como deletérias e não deixar sobreviventes. Eu estava envolvido demais com a literatura legítima dos norte-americanos, hispano-americanos, e os alemães célebres da metade inicial do seculo XX, que falavam sobre personagens e situações verdadeiras, sentimentos e agonias relevantes, para perder tempo com um eleito monotemático, um queridinho de professores universitários. Bastava-me como esclarecimento geral ler algumas análises sobre seus livros principais saídos na imprensa miúda, o que não mudava minha decisão de que o austríaco genial, o maior autor alemão dos últimos tempos, não passava de um caluniador minimalista, rancoroso, ao estilo do pobre do Onfray atual. Decididamente o esqueci, até que o Milton Ribeiro ou um dos comentaristas de seu blog citou o enterrado Bernhard com uma entonação especial, que me fez procurar um de seus romances cultuados, O Náufrago.

O Náufrago, que adquiri por birra de não ficar para trás do público letrado do Milton, poderia ter sido o único livro de Bernhard que eu leria. Um romance competente, grandioso, forte, alucinado, o que já serviria para derrubar o preconceito, do alto de meus trinta e cinco anos, que se represara em mim contra o autor. Mas o Milton estabelecera que O Náufrago não era nem a metade de Extinção, o romanção escatológico que era a súmula das qualidades de Bernhard, o que atiçava mais ainda meu desejo o fato de Extinção ser um dos dez títulos mais procurados e difíceis de se encontar no mercado de livros usados nacionais. A Companhia das Letras lançou uma só edição, que se esgotou rapidamente. Foram meses de consultas diárias a sites de sebos sem que o achasse, o próprio Náufrago tendo sido uma sorte imensa tê-lo comprado num supetão, pois também não aparecia quem quisesse abrir mão de seu exemplar para a venda.

Comprei Extinção por um preço salgadíssimo, trêmulo de medo de que o vendedor me mandasse um pedido de desculpas pelo equívoco de não informar antes que o exemplar já havia sido vendido. Li em três dias e, como é óbvio na confecção não-gostava-passei-a-gostar desse post, a coisa atingiu fundo, me trouxe a sensação de que a crise da beira dos quarenta anos fora atenuada por ainda poder-se descobrir livros tão vivificantes e empolgantes quanto esse. Realmente não havia me enganado com minha ideia de que Bernhard tinha apenas um tema. Da primeira à última página (a começar antes, pela mensagem concisa do título), Bernhard não faz outra coisa que desconstruir e atacar a instituição hipócrita da família, a medianidade inculta da Áustria, o vazio vaidoso da cultura alemã, a conivência simpática da população aos nazistas, o catolicismo, a burguesia, o capitalismo, o comunismo, toda a vida humana em si com seus arquétipos falhos de normalidade e, sem que essa aversão unânime lhe fizesse cair a crítica de que a lucidez de ver a corrupção torna o denunciante o único que se salva, o personagem de Extinção fecha a fila com sua própria destruição. E o estilo de Bernhard, carregado de síncopes, de frases aliterativas, de uma compulsão constrita que faz lembrar o depoimento de um louco, de um doce de tão apurado ódio aos limites tacanhos da existência imposta, serve a endossar além do gesto do leitor em encerrar a última página, fechando o livro, a alta qualidade de sua ficção de que o próprio volume faz parte do contexto ficcional, por ser o diário de um homem ao extremo da saturação. Extinção é como ver o quadro por inteiro de um Pollock, ou de um Picasso (não importa a escola pictórica), e saber que todo ele é uma obra em concordância intrínseca desde os pequenos detalhes  no centro até a moldura. Por isso, e pela absorção e pelo prazer que me proporciona (já o li mais duas vezes), considero-o um dos mais perfeitos romances.

Extinção, entre os livros de Bernhard _ por mais que O Náufrago, Árvores Abatidas, O Sobrinho de Wittgenstein sejam grandiosos _, só é alcançado pelas biografias de Bernhard, compiladas em Origem. Origem chega a ser superior a Extinção, (uma felicidade), principalmente por a biografia servir melhor à força da prosa de Bernhard do que a ficção. Há páginas em Origem que de imediato o leitor treinado identifica como entre as maiores produzidas em todo século XX, como a do bombardeio das frotas aéreas dos Aliados a Salzburgo, e dos percalços do jovem Bernhard pelos muitos hospitais em que tenta se curar de sua doença dos pulmões.

Origem mostra um Bernhard terno, profundamento compadecido da condição humana que atola o espírito do homem na mais insondável alienação e bestialidade. As várias partes que dedica a descrever seu avô são muito tocantes. A relação de Bernhard com o avô, a única pessoa que verdadeiramente o escritor amou sem reservas, atinge um patamar tão alto de sinceridade, que não poucas vezes me deixara emocionado. A descrição de sua pobreza absurda na infância, quando moravam sua mãe, seu pai, um ou dois outros filhos do avô, e o avô e a avó, numa casa minúscula, dão a conhecer o Bernhard não ficcional, o que não é o Franz-Josef Murau de Extinção, o Bernhard que se revela nos vários momentos em que escrevera as 5 partes dessa biografia como um homem cuja vida toda fora não deixar-se absorver, não deixar-se apanhar pelas circusntâncias sociais, pelas correntes forjadas do espírito, pelos cabrestos catedráticos e políticos, partidários e patrióticos. Assim como ninguém daquela casa paupérrima perturbava o avô de Bernhard em suas perseverantes tentativas de escrever um romance que lhes trouxesse a liberdade financeira, Bernhard também promovia a sua escrita isento das responsabilidades prementes do mundo, tendo absorvido a vontade do avô de que fosse um grande intelectual, alguém distinto da massa de idiotizados e levados em infinitas conversas que compôe a sociedade dos homens.

"De tempos em tempos, as doenças, reais ou não _ nas palavras dele_, eram necessárias para que as pessoas refletissem sobre coisas acerca das quais  não pensariam se não tivessem adoecidos temporariamente. Se não éramos obrigados de forma natural, ou seja, por nossa própria natureza, a frequentar esferas propícias a tais pensamentos, como sem dúvida o eram hospitais como aquele e hospitais de modo geral, precisaríamos recorrer a artifícios para visitá-los, ainda que tivéssemos de descobrir, inventar ou mesmo produzir artificialmente em nós mesmos a doença que nos obrigasse a procurar os hospitais _ argumentou ele _, do contrário jamais teríamos aqueles pensamentos de importância vital, decisivos para a existência. Na verdade, nem precisavam ser hospitais, admitiu, cadeias também nos possibilitariam aquele tipo de reflexão, ou talvez monastérios. Mas cadeias e monastérios, prosseguiu, nada mais eram do que hospitais."
                                (Origem, p. 353, tradução de Sérgio Tellaroli, Companhia das Letras) 


Amanhã: Saul Bellow

12 comentários:

  1. No meu solipsismo bloguístico quase nunca visito blogs e menos ainda comento. Quando entro aqui no teu depois de semanas e vejo todos esses textos tão vívidos sobre os escritores que te atingiram em cheio, faço um baita "mea culpa" pelo meu ensimesmamento.

    Olha, espero estar errado e, por outro lado, torço para que não tenhas pago muito por Extinção, porque o livro está disponível na Cultura para entrega imediata, e é a edição de 2000 da Cia. Pode ser que o banco de dados da livraria não esteja atualizado, por outro lado.

    Abraço!

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  2. Em compensação, Victor, há coisa de um ano e meio obtive pela Estante Virtual "The Adventures of Augie March" por 8 reais. Quando abri i pacote, quase tive uma síncope: era a primeira edição americana. Segundo avaliação de um entendido, não custaria menos que 6 mil reais, hoje. Nunca o venderei, claro!

    Abraço!

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  3. Parabéns, meu velho.

    Mas olha, o excerto de "Origem" que você transcreve, sobre a "necessidade" do adoecimento, dá o que pensar a respeito de uma alegação que se faz em relação a todos aqueles que se sentem "outsiders". Já por diversas vezes cogitei que as opiniões mais ácidas a respeito da condição humana, expressas por alguns dos meus mais queridos escritores e livres espíritos, teriam origem em alguma forma de ressentimento por não terem eles vivenciado, assim como eu não vivenciei e em virtude de circunstâncias personalíssimas que remontam lá às nossas infâncias, a experiência do entrosamento, da irmandade plena, com essa própria humanidade compartilhada por nossos contemporâneos. "Gauges" que, no fundo, trocariam toda sua filosofia pela experiência de submergirem e comungarem da vida comunitária tal como o seu vizinho ou colega de trabalho são capazes de fazer por puro instinto. E fui sempre forçado a reconhecer que sim, que toda essa visão de mundo é originária de um começo torto, de uma "doença" inicial que condicionou esses espíritos que tanto admiro a terem língua ferina e assim denunciarem as pantomimas contemporâneas (das quais, no fundo, gostariam de participar). Porém, nem por isso o que eles enxergam deixa de ser verdade, nem por isso o que denunciam deixa de ser realmente denunciável. A "doença" permanente, a enfermidade da qual padecerão sem expectativa de cura (pois ela se aprofunda a cada escrito seu), coloca-os numa perspectiva privilegiada, como se um dos efeitos colaterais da patologia fosse ampliar o espectro de cores que enxergam, permitindo-lhes ver matizes que não são percebidos por outros seres humanos. Não é pelo fato de a denúncia do vermelho que enxergam decorrer de seu estado febril que o vermelho não está efetivamente lá, sendo visto com olhos arregalados por aquele que, com espanto, constata que todos os demais nada percebem.

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  4. Essa ideia da doença relacionada à arte foi muito explorada por Thomas Mann, em praticamente toda sua obra. Em Montanha Mágica, o livro mais magnífico que já li, está lá.

    Hemingway disse que para ser um grande escritor deve-se ter sido infeliz na infância.

    E, afinal, a questão das questões: o que é "ser saudável?". Vc leu o excerto que reproduzi do Bellow? Vá lá. Me assombra essa descrição dele do homem de bilhões de anos, na fase final de uma evolução biológica que ultrapassou a técnica, a selvageria adaptativa do mais forte, e se tornou, por pressão inescapável, uma evolução moral. Penso quantas catástrofes provocadas e sofridas, quantas doenças erradicadoras, quantas novas formas de guerras mundiais, quantas reconstruções do nada (assististes à Estrada? [magnífico!]), terá passado a espécie para que chegue lá. (cont.)

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  5. E então, do alto da nossa falta de compulsão pelo sustento ( sendo verdes, proveremos nossa alimentação pela fotossíntese), estaremos finalmente preparados para a comunicação com Deus.

    Para mim esse pode ser o propósito dessa zorra toda: uma depuração pacientíssima ao longo do qual as desgraças, as dores, as injustiças, nos preparam para a transformação paulatina em algo melhor. Um pesadelo de reconstruções e quase a total extinção que levarão nossos decendentes mais remotos a serem merecedores de Deus e da existência.

    Ver a realidade não pelas sombras projetadas na caverna de Platão, mas forçando os limites de nossa evolução para vermos além, acho que isso colobora substancialmente para essa lentíssima caminhada. Os grandes artistas são os pressionadores fracassados dessa projeção para a frente.

    Tu sabes que meu pai morreu de câncer. Células do corpo dele o mataram porque estavam tentando frenéticamente se tornarem outra coisa por si mesmas, sem plano de mutação e sem propósito, apenas deixarem de ser o que estava estabelecido pela norma sistêmica para lançarem-se em aventuras de imaginação fisiológica a qual desde o primeiro instante não teriam como alcançarem algo coerente e seguro.

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  6. Acho que tu falaste duas palavras essenciais: sem plano e sem propósito. Sabemos que o plano é importante, sempre. E o propósito, não esqueçamos do propósito. Bom, o propósito não é "dado", e sim deve ser criado. Não pertence a uma categoria diversa do plano. Claro, as mentes mais rasas têm dificuldades de criar seu propósito e, por isso esperam que as mentes mais preparadas elaborem um, nem que seja atribuindo a validade desse propósito a alguma "potência suprahumana". Isso é algo que terá de ser equacionado, mas quem disse que a evolução chega uniformemente para todos os indivíduos da mesma espécie? Bom, então sabemos que o plano é necessário e o propósito, além de essencial, deve ser parte do processo criativo. Faço questão de registrar que o propósito deve ter algum fundamento moral - mesmo que consideremos a moral algo historicamente condicionado e relativo. Acho que já superamos a fase de atribuir desvalor a algo apenas por não ter validade absoluta.

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  7. Quando à evolução, o texto do Bellow é interessante, mas parte de premissas questionáveis, sendo a principal o preconceito de que o desenvolvimento se opera a velocidade constante. Sobre isso, acho interessante uma teoria que eu já conhecia, e que o cientista Eamonn Healy, doidamente expõe assim:

    "If we're looking at the highlights of human development, you have to look at the evolution of the organism and then at the development of its interaction with the environment. Evolution of the organism will begin with the evolution of life perceived through the hominid coming to the evolution of mankind. Neanderthal and Cro-Magnon man. Now, interestingly, what you're looking at here are three strings: biological, anthropological and cultural.

    Now, what you've seen here is the evolution of populations, not so much the evolution of individuals. And in addition, if you look at the time scales that are involved here - two billion years for life, six million years for the hominid, 100,000 years for mankind as we know it - you're beginning to see the telescoping nature of the evolutionary paradigm. And then when you get to agricultural, when you get to scientific revolution and industrial revolution, you're looking at 10,000 years, 400 years, 150 years. You're seeing a further telescoping of this evolutionary time. What that means is that as we go through the new evolution, it's gonna telescope to the point we should be able to see it manifest itself within our lifetime, within this generation."

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  8. Uma das coisas boas de ser ficcionista, é a liberdade que essa condição dá em transitar por todos os gêneros da escrita, sem se comprometer com os aspectos dogmáticos deles. Bellow, um autor que eu recomendaria que lesse urgentemente (o urbanismo dele teria muito a acrescentar à técnica de Victor Lisboa romancista _ que já é muito boa, diga-se para evitar más interpretações), vai muitas vezes além dos teóricos e ensaistas, dando ao leitor a satisfação instigatória que esses não conseguem. A visão de Bellow da nossa evolução temporal ultra-acentuada é tratada em todo o livro, em que o Sr. Sammler se vê obsoleto e inadequado a um mundo onde novas certezas aprisonadoras são construídas a cada dia. Sente-se enfadado pelos ciclos sociais e políticos da "verdade" oficial do império.

    Pelo tanto que me passaram diante os olhos sobre Darwin e evolução, digo que o processo perene da evolução não se trata de um preconceito, mas uma das admissões da Teoria.

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  9. Sabe, esse ano será dedicado a ler o um milhão de livros que estão na minha estante, entre eles "Augie March", e mais o um milhão de livros que todo maldito dia alguém me recomenda e/ou empresta.

    Olha só, a questão é justo que, à evolução orgânica, foi lançado pela humanidade um outro elemento, que é a intervenção da consciência nesse processo (na forma da Ciência, mas não só) ampliando seu espectro para incluir fatores culturais (no sentido lato), e com uma orientação da evolução para o indivíduo e não mais para a espécie.

    Pelo que li sobre o "Sammler" (dê os devidos descontos a uma consulta superficialíssima aos oráculos virtuais) o problema é justo a ausência da dimensão moral nessa evolução retirada das mão das mãe natureza e entregue à Ciência e ao indivíduo (sendo esse uma "novidade" mesmo na história humana). Por isso, acho que a moral, mesmo relativa e condicionada historicamente, tem uma função vital. Claro, a resposta à pergunta "que moral" é melhor deixar em aberto.

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  10. "Por isso, acho que a moral, mesmo relativa e condicionada historicamente, tem uma função vital."

    Mas esse é o posicionamento do desencantado Sammler. Todo reinvindicador da moral para a espécie é descrente, exilado, não coaptível. A literatura judaica é cheia disso.

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  11. olha, só acho q a discussão de vcs deve sempre continuar
    tudo mto bem exposto

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