segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

On Grief and Reason


Vocês ficarão entediados com seu trabalho, seus cônjuges, seus amantes, com a vista de sua janela, a mobília ou o papel de parede de seu quarto, seus pensamentos, com vocês mesmos. Por conseguinte, tentarão imaginar maneiras de fugir. Além dos dispositivos de auto-satisfação mencionados anteriormente, vocês podem assumir novos empregos, residências, empresas, países, climas, podem assumir a promiscuidade, o álcool, viagens, aulas de culinária, drogas, psicanálise...Na verdade, podem juntar tudo isso, e por algum tempo vai parecer que está funcionando. Até o dia, é claro, em que você acorda em seu quarto em meio a uma nova família e outro papel de parede, num estado e num clima diferentes, com uma pilha de contas do agente de viagens e do psicanalista, mas com o mesmo sentimento de fastio em relação à luz do dia que se infiltra pela janela...

(Joseph Bródsky, citado por Zygmunt Bauman em Vida para Consumo, p. 144, Zahar editora, tradução de Carlos Alberto Medeiros) 

2 comentários:

  1. http://alessandromartins.me/post/2403127335/aquele-buraco-que-todo-o-mundo-tem-no-peito

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  2. Legal a tirinha.

    Amanhã vou a Goiânia passar três dias para os exames de rotina das crianças no pediatra, e planejo ver os outros títulos do Bauman na Livraria Cultura. O grande interesse, o mais premente, é sobre as derivações da indústria cultural. A internet dominando tudo, sendo a confluência de vários fatores sociais, desde a questão da epidemia do crack, da carência da educação, da pobreza extrema nacional (conceito vilipendiado pelo presidente que nos deixou chorando de abstinência pelo cargo), a inoperãncia do Estado...

    Bauman escreve para quem? Escreve do navio que naufraga. Ainda não sei como posso reagir à altura da autocrítica que a leitura de seu poderoso livrinho me provocou.

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