domingo, 1 de maio de 2016

A relutância



"É possível que o desígnio terreno do homem seja exterminar a Terra, a vida. Nesse caso, entretanto, comportou-se como Sísifo: durante algum tempo escapou do desígnio, da tarefa, fugiu das garras da morte, e maravilhou-se daquilo que tinha de exterminar: a vida. Desse ponto de vista, toda produção e pensamento superiores criados pelo homem existem graças a essa relutância; a arte, a filosofia, as religiões resultam da hesitação, da imobilidade diante da tarefa real, o extermínio; essa hesitação explica a tristeza incurável, nostálgica, dos verdadeiramente grandes." (Imre Kertész, A língua exilada, Companhia das Letras, p. 35)

8 comentários:

  1. Ramiro Conceiçāo1 de maio de 2016 às 13:55












    ALÉM DAS DITADURAS
    by Ramiro Conceição


    Sim… Seria bom se a amar estivéssemos…

    (Mas… Nem tudo é bom… E isso não quer dizer que seja mau… A vida são conjunturas… Às vezes resta somente a difícil adaptação ao não… Nessas situações, o importante é manter o norte ou o sul que duramente foram conquistados e que nos moveram, vivos, ao além das ditaduras).

    Sim… Seria bom se estivéssemos a amar…

    (Ora, ora, ora… Chega de autocomiseração!... O amor que se aprendeu continua a resplandecer… Não esqueça dos silêncios prediletos sob o sol… Não esqueça das dúvidas dos filhos a exigir presença contínua… Não esqueça dos amigos, dos lidos livros queridos… Não esqueça dos sonhos sem pé e nem cabeça… Não esqueça que talvez um amor desconhecido esteja ao redor… Não esqueça que estivemos, por milênios!…, nas barrigas dos relâmpagos muito antes que nas…, de nossas mães).

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  2. DeLillo novo: http://www.latimes.com/books/la-ca-jc-delillo-zero-k-20160501-story.html

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  3. É, acho que a propaganda funcionou, quebrarei novamente a fila de leituras pra conhecer o Kertész.

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  4. Como já possuía "O fiasco" eu comprei "Liquidação" e "A língua exilada". Começarei pelo último.

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    1. Um amigo me disse que quando eu invoco com um autor eu invoco mesmo. Comprei todos os livros lançados aqui do Kertész, e a tradução espanhola de "Sem destino". Li "O fiasco", "Kadish", "Eu, o outro", e "A língua exilada". Todos são excepcionais. Desses, me tocou profundamente "O fiasco". Tudo nele faz sentido, por isso, quando começar, não estranhe a compulsão cômica do início em descrever minuciosamente o quarto do escritor. Lá para o final, há também o conto "Eu, o carrasco", propositalmente ruim, que dá um dos motes da história. É um grande romance. Já "Kadish" é um monólogo assumidamente inspirado na forma por Thomas Bernhard, e "Eu, um outro", uma belíssima auto-biografia". Todos são ótimos.

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  5. Charlles, domingo tem álbum novo do Radiohead.

    https://www.youtube.com/watch?v=TTAU7lLDZYU

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