Há quase duas semanas perdemos o pai da Dani. Morreu na quarta-feira de cinzas. Recebi um e-mail de um amigo que me lembrava: "Philip Roth conta em Shylock que sempre mergulhava na leitura de romances em momentos de tragédias pessoais". Eu mergulhei em Ruído Branco, pegando-o a esmo e sem premeditação da estante em que ele esperava há mais de um ano pela leitura. Compreendi muita coisa com esse livro excepcional. Reservei sua leitura para que eu o fosse consumindo aos poucos, de modos que concluí a última página hoje. Vejo que Delillo está com 78 anos. Um livro que fala sobre o medo da morte. De todos os escritores americanos vivos, começo a pensar que ninguém merece mais o Nobel do que Delillo. Amanhã, assim que chegar de meu serviço, por volta das nove da manhã, sentarei-me diante essa máquina e me porei a colocar para fora todas as aflições e incertezas que me tomaram conta nesses dias complexos, e que este romance de Delillo aprofundou ainda mais as cargas de interpretações.
"Na escuridão, o cérebro dispara como uma máquina voraz, a única coisa acordada em todo o universo." (Don Delillo)
Lamento, Charlles. Força e serenidade para superarem aí a perda (se é que esse tipo de coisa se "supera"; esse termo, na verdade, sempre me pareceu inadequado). Sobre o livro do Delillo: me disseram que esse foi o primeiro lançado pela Cia das Letras, em 1980 e alguma coisa... Merecia uma reedição. No aguardo pelo seu post de amanhã. Aqui na ponta de baixo do país, num esplendoroso dia de sol que resolvi ficar em casa para dar uma descansada após uma semana que foi bem corrida e me preparar para outra que não será menos, pretendo passar o resto do domingo lendo a maravilhosa W. Szymborska, que conheci aqui mesmo, é lógico, em seu blog. É mais um agradecimento que te devo.
ResponderExcluirToda a força do mundo para você, para a Dani (mais ainda, tadinha), para seus pequenos. Superar é uma péssima palavra realmente: essas coisas ficam, só; alguns diriam que empesteando, outros que apenas estão lá de preto contra o fundo preto do palco.
ResponderExcluirDelillo e Nooteboom e Naipaul foram os três presentes que você me deu com este blog, Charlles, e portanto estou no aguardo pelo seu próximo texto.
Um abraço.
Obrigado, Fabricio e João.
ExcluirFui conferir aqui, Fabricio, e a minha edição é a de 2003. Parece que é a segunda edição, ou a primeira reimpressão. Mas no site da editora consta que ela ainda está no prelo.
ExcluirAlguém tem a edição da Planeta para me informar quem é o tradutor?
ExcluirNunca vi esse livro para vender em livraria, novinho, de modo que achava que ele estava fora de catálogo fazia tempo. O meu eu achei num sebo, lembro-me bem, pois não foram muitos até hoje os meus bons achados em sebos... Mas de fato ele continua sendo vendido pelo site da Cia, e também o Submundo! Certa vez vi o Submundo por 40,00 num sebo e não comprei, depois me arrependi (se bem que hoje temos a Estante Virtual para minimizar essas pequenas derrotas; tem o Submundo lá por 35,00, acabo de ver). Comprei o Cosmópolis, recentemente, novo na loja, com uma capa muito feia reproduzindo o pôster do filme. São lamentáveis essas capas.
ExcluirNão, não está tudo bem. Desejo o melhor para vocês, principalmente para a tua Dani; que superem essa dor e retomem a vida da melhor maneira possível. Um abraço forte em cada um de vocês, meu amigo.
ResponderExcluir(Tenho que comprar mais esse...)
Valeu, Matheus. E pelo e-mail também.
ExcluirTenho alguns títulos dessa coleção de capa dura da Planeta agostini (sic?). Pelo visto, trata-se de livros da Companhia das Letras, publicados para vendas em bancas de revista. Ou seja, a tradução, com mínima margem de erro, deve ser do Paulo Henriques Britto.
(Lamento que essa edição tenha tido uma revisão a desejar, visto uma série de erros que aparecem nas 30 últimas páginas. Nada que incomoda a leitura de um romance tão empolgante, mas valeria uma correção pormenorizada para uma futura reedição.)
É Paulo Henriques Britto sim, é a que tenho em casa.
ExcluirAcabei de ler agorinha... Sentimentos, principalmente, à sua mulher...
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