Esse álbum foi gravado em 1974, durante a passagem de Dizzy pelo Brasil, mas teve que esperar 30 anos para ser lançado (segundo seu produtor, não era "comercial"). Quero ver quem ouvir essa música e não sentir uma expansividade feliz na alma.
O Dizzy não foi o maior trumpetista do Jazz. Nem o mais transgressor (Miles), nem o mais expressivo (Chet Baker e Lee Morgan), nem o mais virtuoso (Clifford Brown). Mas o trumpete dele foi sem sombra de dúvida o mais jubiloso e contagiante. Faz um bom tempo que não ouço o Hard Bop dos tempos do Dizzy. Mais sempre quando o faço a casa se enche de um som contagiante de uma época quando ainda era possível imaginar o progresso e guardar fé no homem. Ouvi um dos maiores discípulos do Dizzie aqui em Toronto. Uma noite memorável com o cubano Arturo Sandoval. O maior herdeiro do exagerado trumpete do Birks.
Escute esse álbum, Luiz. Fiquei pensando: mas não era isso, essa imersão total na música, que o Miles pretendeu (e fez) no Bitches Brew? E tem gente aí magnífica da qual nunca ouvi falar, como o guitarrista Al Gafa e a cantora Mary Stallings, que canta em Evil gal blues. E o trio Mocotó é a prova do quanto o Brasil seria imbatível se tivesse uma mídia inteligente e diversificada como a americana. Os caras são sublimes.
Década de setenta e oitenta foi aquela época em que o Birks acordou para a afro-cubanidade do Jazz. É nessa época que ele visita Cuba e encontra o Arturo Sandoval. A visita dele ao Brasil deve cair nesse contexto também. Eu não baixo música na internet. Não gosto do formato digital nem consigo muito ouvir a música saída do speaker do computador. (A gente já conversou sobre isso). Mas vou ver se consigo acesso a esse album de outra forma.
Teremos sempre estas disparidades a nos distinguir caso nos descubramos gêmeos idênticos separados nos dois pontos do globo: você não escuta mp3, eu não leio livros digitais. :-))
Cara, o livro digital é para mim uma necessidade. Comparado ao CD ou LP, o volume de um livro de 400 páginas é quase um handicap. Não vou conseguir me desapegar de novo de sair deixando as minhas bibliotecas por aí (tem uma minha abandonada em Brasília). Então vou tentar comprar uns livros essenciais em formato digital. Exagero. Há livros hoje que eu abandono sem nenhum peso na consciência. (como um Romano expunha os filhos que não queria na rua à sua própria sorte). Se eu sei que será muito, mas muito fácil, encontrar de novo aquela mesma edição de Hemingway ou dar de cara com edições ainda mais belas das obras completas de Freud, eu abandono mesmo. Olhando agora mesmo a minha biblioteca aqui eu já decidi que vou abandonar uns Rushdie, um Balzac capa dura (Velho Goriot). Provavelmente vá deixar por aqui a minha edição capa ^mole^ do Moby Dick. E por aí vai.
Aparentemente, o episódio de breakdown nervoso do Roth com o remédio Halcion foi verídico e data mais ou menos da mesma época da visita dele em Jerusalém narrada em Operation Shylock.
Almost simultaneously with this rift, Roth suffered a freak breakdown (induced by the Halcion prescribed after knee surgery) together with a new, and urgent, longing to come home. 'I began to feel less and less connected to America. I began to feel I was losing touch with American life. And so by 1989 I realised I couldn't do this any more. So I came back. It was a wonderful return home, because I rediscovered an old subject, which was this country, and I began to write those books about America. It was the best situation. I found a new subject which was an old subject that I knew. All the old stuff was fresh for me.'
Por falar nele, que baita livro esse, não? Pelo menos para alguém como eu que se interessa bastante pelo problema Judeu. A única parte um pouco aquém desse romance foi a intromissão da personagem Jinx. Será que Roth não poderia deixar de ser Roth por uma centena de páginas e deixar de narrar sobre o seu indefensável allure sexual na pessoa do intelectual que seduz menininhas?
Ei! Não é encheção de saco não. Volta ao blog quando as coisas normalizarem aí. Mas você PRECISA escutar o "Without a Net", o último álbum do Wayne Shorter. (Ouvindo ele agora)
Vou ouvir esse aí. Nesses últimos dias me peguei empolgado ouvindo o Herbie Hancock, em especial "Mwandishi", que me trouxe forte nostalgia de quando me deslumbrei com o Bitches Brew. Daí, por essas co-relações metafísicas involuntárias, ouvi a emulação de fusion de "Bicho", o álbum do Caetano Veloso, e vi o quanto ela é fraca e paupérrima (os tecladinhos datados fazendo uma nuvenzinha choça perto do mar de sons de Zawinu, Larry Young e Corea).
Não vai embora não, Charlles, pois: . . DANÇARINOS by Ramiro Conceição . . Vem comigo. mas contigo. Somos terrestres.
Vem contigo mas comigo. Viemos do celeste.
Vai contigo. Vou comigo. Nossa dança vem do Leste. .] . Sim, Charlles, nossa dança vem do Leste. Por isso lhe oferto um balanço… . . BALANÇO by Ramiro Conceição . . Quem fez o balanço que virou presente, a enfeitar a cidade? . Que coisa bem feita. Que coisa bem-vinda. Que coisa do Bem… . Escalou a castanheira. Escolheu o galho forte. Engenhou a brincadeira. . (Sem dúvida é um mestre, pois se percebe, pelos nós, o cuidado dum marinheiro).
Ah… Com certeza, foi um carpinteiro: a madeira da cadeira era envernizada, sem qualquer farpa nem cantos vivos. . O brinquedo foi deixado pra brincar por muito tempo com graça, fantasia e gargalhadas, em movimentos a ensinar que, com alegria, cada dia se torna...lento. . Sim, só pode ter sido um artista: dum balanço fez a cidade bonita. . . . . PS: Charlles, para espetar a sua vontade de escrever: encontrei na rede um ensaio de um gajo que sugere que a genialidade de “Grande Sertão:Veredas” foi inventada pela dita “Academia”, que não passa de um conjunto de inúteis gerado nos Cursos de Letras, aos borbotões…
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ResponderExcluirO Dizzy não foi o maior trumpetista do Jazz. Nem o mais transgressor (Miles), nem o mais expressivo (Chet Baker e Lee Morgan), nem o mais virtuoso (Clifford Brown). Mas o trumpete dele foi sem sombra de dúvida o mais jubiloso e contagiante. Faz um bom tempo que não ouço o Hard Bop dos tempos do Dizzy. Mais sempre quando o faço a casa se enche de um som contagiante de uma época quando ainda era possível imaginar o progresso e guardar fé no homem.
ResponderExcluirOuvi um dos maiores discípulos do Dizzie aqui em Toronto. Uma noite memorável com o cubano Arturo Sandoval. O maior herdeiro do exagerado trumpete do Birks.
Escute esse álbum, Luiz. Fiquei pensando: mas não era isso, essa imersão total na música, que o Miles pretendeu (e fez) no Bitches Brew? E tem gente aí magnífica da qual nunca ouvi falar, como o guitarrista Al Gafa e a cantora Mary Stallings, que canta em Evil gal blues. E o trio Mocotó é a prova do quanto o Brasil seria imbatível se tivesse uma mídia inteligente e diversificada como a americana. Os caras são sublimes.
ExcluirDécada de setenta e oitenta foi aquela época em que o Birks acordou para a afro-cubanidade do Jazz. É nessa época que ele visita Cuba e encontra o Arturo Sandoval.
ResponderExcluirA visita dele ao Brasil deve cair nesse contexto também.
Eu não baixo música na internet. Não gosto do formato digital nem consigo muito ouvir a música saída do speaker do computador. (A gente já conversou sobre isso).
Mas vou ver se consigo acesso a esse album de outra forma.
Baixe em FLAC e conecte seu micro em seu som. FLAC é o cd.
ExcluirSe for só para trilha sonora enquanto você pensa em uma forma de invadir os estúdios Decca e pegar os fonogramas originais, aqui está:
http://www.youtube.com/watch?v=kJm6r8uT7E4
Teremos sempre estas disparidades a nos distinguir caso nos descubramos gêmeos idênticos separados nos dois pontos do globo: você não escuta mp3, eu não leio livros digitais. :-))
ExcluirCara, o livro digital é para mim uma necessidade. Comparado ao CD ou LP, o volume de um livro de 400 páginas é quase um handicap. Não vou conseguir me desapegar de novo de sair deixando as minhas bibliotecas por aí (tem uma minha abandonada em Brasília). Então vou tentar comprar uns livros essenciais em formato digital.
ResponderExcluirExagero. Há livros hoje que eu abandono sem nenhum peso na consciência. (como um Romano expunha os filhos que não queria na rua à sua própria sorte).
Se eu sei que será muito, mas muito fácil, encontrar de novo aquela mesma edição de Hemingway ou dar de cara com edições ainda mais belas das obras completas de Freud, eu abandono mesmo.
Olhando agora mesmo a minha biblioteca aqui eu já decidi que vou abandonar uns Rushdie, um Balzac capa dura (Velho Goriot). Provavelmente vá deixar por aqui a minha edição capa ^mole^ do Moby Dick. E por aí vai.
Por fora do assunto: vi esse texto em um blog português e não pude deixar de compartilhar:
ResponderExcluirhttp://malomil.blogspot.pt/2013/03/um-autor-dos-anos-2000.html
Ótimo que tenha descoberto essa pequena pérola, Charlles. A segunda faixa, "The Truth", abre invariavelmente um sorriso no meu rosto.
ResponderExcluirabraço,
Fernando
Também em mim, Fernando.
ExcluirForte abraço.
Aparentemente, o episódio de breakdown nervoso do Roth com o remédio Halcion foi verídico e data mais ou menos da mesma época da visita dele em Jerusalém narrada em Operation Shylock.
ResponderExcluirAlmost simultaneously with this rift, Roth suffered a freak breakdown (induced by the Halcion prescribed after knee surgery) together with a new, and urgent, longing to come home. 'I began to feel less and less connected to America. I began to feel I was losing touch with American life. And so by 1989 I realised I couldn't do this any more. So I came back. It was a wonderful return home, because I rediscovered an old subject, which was this country, and I began to write those books about America. It was the best situation. I found a new subject which was an old subject that I knew. All the old stuff was fresh for me.'
http://www.theguardian.com/books/2008/sep/21/philiproth.fiction
Por falar nele, que baita livro esse, não? Pelo menos para alguém como eu que se interessa bastante pelo problema Judeu. A única parte um pouco aquém desse romance foi a intromissão da personagem Jinx. Será que Roth não poderia deixar de ser Roth por uma centena de páginas e deixar de narrar sobre o seu indefensável allure sexual na pessoa do intelectual que seduz menininhas?
Ei! Não é encheção de saco não.
ResponderExcluirVolta ao blog quando as coisas normalizarem aí.
Mas você PRECISA escutar o "Without a Net", o último álbum do Wayne Shorter.
(Ouvindo ele agora)
Não fui embora.
ExcluirVou ouvir esse aí. Nesses últimos dias me peguei empolgado ouvindo o Herbie Hancock, em especial "Mwandishi", que me trouxe forte nostalgia de quando me deslumbrei com o Bitches Brew. Daí, por essas co-relações metafísicas involuntárias, ouvi a emulação de fusion de "Bicho", o álbum do Caetano Veloso, e vi o quanto ela é fraca e paupérrima (os tecladinhos datados fazendo uma nuvenzinha choça perto do mar de sons de Zawinu, Larry Young e Corea).
Não vai embora
Excluirnão, Charlles, pois:
.
.
DANÇARINOS
by Ramiro Conceição
.
.
Vem comigo.
mas contigo.
Somos
terrestres.
Vem contigo
mas comigo.
Viemos
do celeste.
Vai contigo.
Vou comigo.
Nossa dança
vem do Leste.
.]
.
Sim, Charlles,
nossa dança
vem do Leste.
Por isso lhe oferto
um balanço…
.
.
BALANÇO
by Ramiro Conceição
.
.
Quem fez o balanço
que virou presente,
a enfeitar a cidade?
.
Que coisa bem feita.
Que coisa bem-vinda.
Que coisa do Bem…
.
Escalou a castanheira.
Escolheu o galho forte.
Engenhou a brincadeira.
.
(Sem dúvida é um mestre,
pois se percebe, pelos nós,
o cuidado dum marinheiro).
Ah… Com certeza, foi um carpinteiro:
a madeira da cadeira era envernizada,
sem qualquer farpa nem cantos vivos.
.
O brinquedo foi deixado pra brincar por muito tempo
com graça, fantasia e gargalhadas, em movimentos
a ensinar que, com alegria, cada dia se torna...lento.
.
Sim, só pode ter sido um artista:
dum balanço fez a cidade bonita.
.
.
.
.
PS: Charlles, para espetar a sua vontade de escrever: encontrei na rede um ensaio de um gajo que sugere que a genialidade de “Grande Sertão:Veredas” foi inventada pela dita “Academia”, que não passa de um conjunto de inúteis gerado nos Cursos de Letras, aos borbotões…