domingo, 24 de fevereiro de 2013

Nesse domingo desterrado do infinito (relendo "O Leilão do Lote 49")

PELO AMOR DE DEUS, COMPANHIA, REEDITEM ESSE LIVRO!


Esse é um dos livros mais pedidos para que seja reeditado no site da Companhia das Letras. E um dos livros esgotados mais caros disponíveis no site da Estante Virtual _ tirando, claro, as pequenas fortunas cobradas por coisas como a primeira edição de Mein Kampf e a primeira edição de Grande Sertão: Veredas. Como parece acontecer na editora, os funcionários responsáveis pelas indicações de relançamentos esperam até o último nível do martírio para saciar os leitores; fico imaginando-os sentados torcendo as mãos e dando grandes gargalhadas sádicas diante mais uma solicitação incauta de "pelo amor de Deus, reeditem esse livro". Eu mesmo, sempre que via o Teatro de Sabbath pelo preço de 120 reais em oferta nos sebos, tornava a enviar um pedido que, após uns segundos intermináveis de riso compulsivo, os referentes senhores literários da Companhia simulavam responder: "Essa porta foi criada única e exclusivamente para você e nunca será aberta. E agora que me perguntastes, vou embora". Dois casos que mostram incrível renitência: os muito cobrados Extinção e O Náufrago, de Thomas Bernhard, continuam fora do prelo, por mais que o potencial de vendas desse grande autor austríaco seja um fato inexorável. (Ano passado a editora, finalmente, relançou, ainda que em pockett, o Origens do Totalitarismo, de Hannah Arendt.)

Pois bem, O Leilão é uma maravilha. É o Pynchon brincando com as palavras em estado de plenitude. Suas duas primeiras páginas são tão perfeitas, brilhantes e iluminadas, que sempre me causam uma espécie de desobstrução mental quando as leio. É ler o assombro da personagem diante o que o destino consubstanciado na ortodoxia cartorial da realidade americana do final da década de 60 lhe apronta, e um descongestionamento ampliando pela nuca acontece em minha cabeça. Leio essas palavras sentindo a felicidade extrema que toma Pynchon ao escrevê-las. Ali ele já propõe, traça a trilha da intuição do roteiro, e executa com uma leveza mestre tudo o que aprendeu nos campos literários e na percepção do esoterismo da existência. Há uma profundidade bastante séria na leveza desse livro, que só se assemelha à exploração filosófica de Kafka e William Blake. E a grandeza de O Leilão está, paradoxalmente, na contra-mão da grandeza dos outros monumentos literários do autor: é um jogo de enigmas que não esconde ser uma narrativa pura. É o mais flaubertiano romance do mais sterneano dos romancistas. Eu faço constantemente o teste: abro em uma página a esmo e leio, e o quanto me surpreende ver que são as frases mais simples e diretas de Pynchon. 

A leitura de Pynchon sempre me causa uma alegria praiana, como se eu revivesse lembranças de uma reencarnação passada que me encontra no meio da simpatia conjunta dos hippies sessentistas e dos out-siders arthurianos que os gerou. E essa alegria é a mais depurada quando leio O Leilão. Harold Bloom, um dos propagandeadores de Pynchon, disse que esse romancinho está entre os maiores do século XX. Eu concordo em absoluto.

13 comentários:

  1. É complicada a vida de pedinte.

    Que sorte a minha que comprei o Teatro de Sabbath da capa vermelha em ótimo estado e por um preço bem camaradinha num sebo. E pior que não li ainda: por alguma razão que é desconhecida por mim, resolvi que tenho de ler os livros anteriores primeiro. Tô quase lá, Roth...

    Olha que Origem, Extinção e O Náufrago se acha bastante em sebos e na EV. Nas livrarias grandes, Extinção e Origem são barbada de encontrar. Do Bernhard o difícil mesmo são Perturbação, Árvores Abatidas, O Sobrinho de Wittgenstein... No meu Perturbação, editado pela Rocco, na contracapa tem uma frase do austríaco muito boa, que penso ser de uma sinceridade e de um auto conhecimento revelador: "Minha vida inteira enquanto existência outra coisa não é do que uma vontade constante de perturbar e irritar."

    E não gostei mesmo dessa onda de editar e reeditar livros de história e assemelhados em tamanho de bolso. Ginzburg, Delumeau, Arendt em bolso não rola, ao menos não no jeito deles. A letra dos livros de bolso da Cia. é pequena demais, não facilita a leitura como os da LP&M, mas fazer o que, não achava Delumeau e Javier Marias em outro formato. Porém, QUAL O SENTIDO DE EDITAREM "HISTÓRIA DO MEDO NO OCIDENTE" EM EDIÇÃO DE BOLSO SE O VOLUME TEM QUASE 700 PÁGINAS E É GROSSO DEMAIS, QUE DEIXA DE SER "DE BOLSO" E TORNA-SE "DE BOLSA"? E "O QUEIJO E OS VERMES" COM AQUELA CAPA FEIA? SUAS CAPAS PARECEM FEITAS POR CRIANÇAS! CÊS TEM PROBLEMA? LP&M CONTINUA SENDO MUITO, MAS MUITO MELHOR QUE VOCÊS NO BOLSO, CHORA SCHWARCZ, CHORA SP, LP&M GAÚCHA, RS MELHOR EM TUDO. Se tiver algum Escolhido da Companhia lendo isso aqui, por favor tome nota.

    Agora vamos ao almoço, churrasco cheirando gsotoso...

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    1. Hahahaha.

      Mas Extinção está esgotado, Matheus. Eu nunca o encontro nas grandes livrarias físicas a que vou, nem nas virtuais. Eu o comprei usado por 95 reais, há 3 anos. Esses outros títulos do Bernhard são mesmo dificílimos de serem encontrados.

      Que baita livro o Perturbação, não? Não sei se agora está esgotado, mas o meu o comprei pela Livraria Cultura_ a LC reserva algumas surpresas, como a disponibilidade da primeira edição de Coração Tão Branco, por exemplo.

      Comprei o História do Medo, que sempre quis ler, nessa edição de "bolso". Ainda não o li. Imagino o calhamaço ainda maior da Arendt. Inevitável pensar naqueles pesadelos ultra-reducionistas que eu tinha na infância em que tudo ia encolhendo e encolhendo até caber numa opressiva cabeça de agulha (ah, credo!). Fico assombrado com essas falhas gritantes da Cia das Letras; e o que mais me espanta são justamente a péssima qualidade de algumas capas e o descompasso dos livros de bolso. Meu "O Castelo", que comprei em edição de bolso, está desfragmentado. As paginas soltas me dão nos nervos. Os pocketts da Cia são muito inferiores aos da Record, da L&PM, e mesmo_ do ponto de vista de durabilidade_ das Martin Claret. E isso é uma miopia sem tamanho; ALGUÉM DEVERIA ALERTÁ-LOS. E as capas... que capas horríveis. Eles tem os melhores títulos do país, e estragam o fetiche importante da combustão da compra na capa e na péssima colagem dos volumes. Deveriam aprender com a outra coleção semi-de-bolso que produzem, os primorosos volumes da Penguin-Companhia, que acertam em tudo: nas capas magníficas, na atitude jovem sem deixar de ser ao mesmo tempo anacronicamente clássica.

      Bom, deixa eu ir para meu frango a passarinho.

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    2. Só para complementar (enquanto os pedaços de frango com mostarda e cerveja fritam), o "descobridor" de Berhard na Espanha foi...Javier Marías. Em um ensaio de Literatura y Fantasma, ele cita o espanto que foi ler essa magnífica novela em francês, apresentado por um amigo (difícil acreditar que na época_final dos 70_ Marías não conhecesse o austríaco), e sua motivação em indicar imediatamente a tradução e publicação na Espanha.

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    3. Nos sebos daqui, penso eu, se achava fácil Extinção e Origem, principalmente, até uns meses atrás. Perturbação é demais, prefiro ele ao famosão O Náufrago. Este último é irritante em excesso, penso, ainda que irritar fosse seu propósito máximo em vida, mas em O Náufrago é uma batalha até chegar ao fim. Batalha que é, penso, até recompensadora, mas não tanto. Bernhard e Houellebecq (já leu? não, né?) adoram as vírgulas, mas o austríaco é tarado por elas e por pensar. O meu Perturbação é de uma edição de 99 mas parece que saiu da gráfica ontem de tão inteiro que está. APRENDE PENG, OPS, COMPANHIA.

      Mas o problema das capas que a Cia. faz atualmente é sério mesmo. Não consigo desfazer a conexão entre capas/conteúdo. Eles por acaso fizeram uma pesquisa que indica que as pessoas realmente gostam de tais capas? Tu deves saber exatamente de quais eu estou falando, o estilo delas: as do Cheever, Ginzburg, Zuckermann Acorrentado (a capa mais feia do Roth no Brasil de longe, de cores podres e muito informativa, e foram eles que fizeram aquela vermelha, tesuda e ao mesmo tempo horrenda de Sabbath, pqp tenho de ler só pela capa), que tem cores de combinação estranha, de listras despropositais, de letras chamativas pelo que tem de ruim (só faltava ser COMIC SANS). Até certo tempo tinham as melhores capas, mas depois ficou tudo meio babaca, como se feitas por artistas frustrados de bienais pós-modernos bicicleteiros amantes da natureza nativa da orla do Rio Guaíba que odeiam livros, sim, eles odeiam livros, pois se gostassem e lessem sobre a arte antes deles jamais fariam aquelas coisas.

      Parem. Voltem com as capas tesudas. Obrigado.

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  2. Se eu não fosse tão cético, acreditaria numa conspiração dos editores de Pynchon, pois li este livro esta semana. Até comentei no post de Milton sobre O Anão, ou livro impossível de achar barato. Comprei de uns R$30, em inglês. Foi o meu primeiro Pynchon (apesar de ter V(R$10) e O Arco-Íris da gravidade (R$200), e sua leitura não tem preço.

    Um comentário de Matheus e a imagem de minha pilha de livros sobre a mesa me estimulou num acordo comigo mesmo: não compro nada antes de ler 20 ou 30 desses livros (nunca peguei tanto livro emprestado).

    Meu O Sobrinho de Wittgenstein era único num babélico e caótico saldão de uma livraria falida. Custou R$5. Meu O Náufrago é daquela coleção da Cia de livros só com livros desconhecidos (fora ele), todos excelentes (nem bons nem nada, excelentes mesmo!), de bolso, mas com sobrecapa. Estes sim tenho dificuldade para encontrar, pois nem sei direito quais, já que não existe uma lista em lugar nenhum. Escrevi eles aqui: http://raviere.wordpress.com/2012/10/10/sonhos-de-einstein/

    Agora deixa eu voltar pro meu ruffles com carne moída.

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    1. Arco-Íris da Gravidade por 200 reais? Pelo que eu sei, ele custa uns $95 e ainda está no prelo. Pynchon não tem preço mesmo! Tenho tudo dele. Tenho o Arco-ìris, o lote 49 e o Against the Day em inglês. Há um lote 49 de Portugal na LC, por 49, se não me engano.

      Já não pego mais livros emprestados. Fico compulsivo por comprá-los, daí que não os pego mais. Lembra do início de numa Noite de inverno, do Calvino?, sobre os livros que estão para ser lidos e uma série de outras características dos livros?, pois tenho uns 20 aqui na espera, e já acredito que são ELES que determinam quando serão lidos.

      Tenho essa edição de O Náufrago, de bolso e com capa sobressalente. Taí, aquilo sim é que é livro de bolso. Faz parte de uma coleção da Cia!? Olha só, não sabia disso. Discordo do Matheus: O Náufrago é espantosamente excelente, tanto que merece uma aliteração ruim.

      A Cia às vezes me parece uma caixa empoeirada de mágica, com surpresas empoeiradas prestes a serem descobertas. Sabia que publicaram muita coisa de Vargas Llosa, que hoje não tem nem sinal, nem nos catálogos da editora? Recentemente descobri que publicaram dois livros fundamentais do Isaiah Berlin para nunca mais. Nem a mínima menção. Publicaram uma série de palestras do Berlin e e só isso que se encontra.

      Mas o que este blog está se tornando, afinal de contas? Um anti-spa literário?

      Sei lá, deixe eu voltar para meus brigadeiros especiais com chocolate belga.

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    2. É, não só estou atrasando a leitura do Sabbath por causa da fila como entrei agora numa frescura de ler os livros de certos autores na sequência que foram criados. Roth, por ex., já tinha lido primeiramente Portnoy, Professor do Desejo e mais dois, voltei pro começo com o Columbus (pq não o tinha) e agora vou seguir pro Zuckermann Acorrentado, Avesso, Patrimônio, Shylock e finalmente Sabbath. Com Faulkner, Enquanto Agonizo e Santuário já foram e o próximo será, amém, o Luz em Agosto. E com Bellow: (não tenho Augie March) Herzog, Sammler, Humboldt e...espero que isso passe. Logo.

      Acho que deixei uma impressão errada: achei demais o Náufrago, mas tenho algo contra seu PESO. Talvez tê-lo lido enquanto deitava ao lado de meu pai no hospital tenha deixado uma birra emocional com ele. Hum...

      "Um anti-spa literário?"

      Não entendi, cara. Estou/Sou burro. Explica melhor hehe

      E sempre pergunto se já leste o Houellebecq e nunca responde, muito mestre esse Charlles hahaha deve ter lido, odiado e calado sobre auheuhehe

      Chega de Risóles (?) e Torta Fria.

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    3. Anti-spa pelas calorias dos comentários.

      TOC interessante esse seu, Matheus. Ler os livros pela cronologia. Eu sou muito indisciplinado nesse terreno e por demais hedonista. Nunca que eu conseguiria passar por todo aquele primeiro Roth até chegar ao Teatro de Sabbath.

      Ainda não li o Houellebecq (ainda bem que o nome tá ali em cima em seu comentário, para eu copiar). Tenho a intuição de que irei gostar. Calma!

      Aproveitando o ensejo do nobre colega (desculpe, estava assistindo a tv senado. [quequeé, não vem me sacanear;vc gosta de samba-enredo, eu assisto às vezes à tv senado_ cada um com as suas perversões]), refuto terminantemente o ataque que o houll-etc fez a Céline. Céline é ótimo!

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    4. Bom, Sabbath não faz parte das histórias de personagens que reaparecem em outros livros dele. Acho que deste um empurrãozinho. Hum...

      Não quero te pressionar a nada, foi mal hehehe é que só me falta o último dele, acho que lerei logo pra encerrar de vez seu nome na lista. É capaz que goste. Achei que suas palavras contra o islã e muçulmanos seriam mais duras em Plataforma, mas pelo visto a ofensa veio só numa entrevista, o que, admito, me deixou meio decepcionado. Mas penso que ele retrata como ninguém estes tempos em seus livros, o que me entristece.

      Seguindo aquilo do Céline, saca só:

      - Tu falaste muito de Céline, não de Proust.
      - Proust é meio incômodo. Ele é nitidamente melhor escritor do que eu.
      (...)
      - Ele é meio chato, às vezes.
      - Não, tu não podes dizer isso, Juremir. Ele é sublime.
      - Por que tu não dizes isso o tempo todo, assim como fazer a propósito de Balzac?
      - É que Proust é um autor que não me serve para nada, nem como inspiração. Não há como continuar o que ele fez. É perfeito. Balzac é mais simpático e serve de inspiração. Proust, na sua perfeição, é inumano.
      - Ele era esnobe.
      - Não apenas isso. Era terrível. Era muito radical. Em certo momento, Proust se deitou e disse: vou parar de viver para escrever. Foi assim até o final de sua vida.
      - Tu queres viver?
      - Um pouco, ao menos. É impressionante.
      (...)
      - Tu és um escritor maldito?
      - Sim, estranhamente maldito, embora muito conhecido. Um amigo me disse uma vez que eu lembro um desses quadros em que Deus aponta alguém com um dedo vingativo para ser vítima...
      - Por quê?
      - Não sei. Não há razão. Precisava de alguém.

      E agora bateu um desespero de devolver este Um escritor no fim do mundo e O Náufrago, que peguei em novembro, mas parece que fiz uma renovação fantasma numa quase madrugada de janeiro e posso devolver em março.

      TV Senado? Sem problema. Deve ser extremante divertido assistir Pedro Simon e Fernando Collor debatendo alguma coisa, na última vez Simon se cagou todo pro cangaceiro derrotado por um FIAT ELBA. Lembrei que não assisti a apuração do carnaval do RJ pois estava no trabalho. Resta-me procurar seu vídeo na íntegra no glorioso youtube. Apuração de carnaval é tão superior a qualquer outro programa que só passa uma vez ao ano, sem reprise. Demais. NOTA 10!!!!!!!!

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  3. Já ouviu falar na história de que na época em que saiu essa ediçao da Cia. das Letras ela encalhou nas livrarias e a maioria dos exemplares foram vendidos a uma fábrica de reciclagem, motivo este porque o livro se tornou tao raro? Nao sei se é verdade, mas isso só aumenta a mítica em torno dessa ediçao (comprei a minha por 70 reais no EV).

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    1. Acho pouco provável, Vlademir (nunca tinha ouvido essa história). Primeiro, o respeito que a família Schwars tem pelos livros; segundo, que há vários outros títulos de passado não tão recente que são encontrados na cia ainda na primeira edição. As fábricas de reciclagem estariam tão cultas quanto um acadêmico francês nessas alturas. As sacolinhas de supermercado estariam vindo com incontroláveis aforismos de Shakespeare e Montaigne.

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  4. Charlles, só tem um O Arco-Íris da Gravidade na EV, de R$207. Está esgotado no site da Cia (mas deve ter em livrarias). Não consegui sair do lugar em Se o Viajante... (nem acreditei que era o mesmo autor de Cosmicômicas e O Cavaleiro Inexistente). Achei chato mesmo. Mas tenho mais de 100 livros na espera (malditos saldões!), e pelo menos uns 15 são pra minha dissertação, apesar de minha falta de resistência em ler os outros.

    Matheus, anti-spa, pois nos despedimos falando de comida.

    Ah, existe um livro sensacional de um escritor tcheco, Uma Solidão Ruidosa, do Bohumil Hrabal, em que o protagonista é um reciclador de papeis culto e beberrão. Recomendo.

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  5. Só tenho o Arco-íris em inglês, paguei 8 libras, mas queria muito ler a tradução do Paulo Henriques, pena que não acho mais.

    Charlles, tomara que ouçam o seu pedido, pois sou curiosíssimo para ler o Leilão.

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