Que me desculpe o meu amigo Luiz Ribeiro, mas sinto que meus dias de twitter mal começaram e já estão para serem encerrados definitivamente. A coisa é uma praga em diversos sentidos. O mais imediato agora é que ao escrever esse post a tecla interna de policiamento me aponta a concisão exasperante dos 140 caracteres. Escrevo sobrecarregado da culpa do twitter. Como se não bastasse as tantas herdadas da nomenclatura freudiana. Como tudo na net, o twitter deveria ser genial e sua proposta é altamente sofisticada. Mas como nossa espécie sofre uma colossal carência de gênios, o twitter descamba para a balbúrdia e o frenesi. Talvez o mais significativo dessa rede é a prova de que mesmo no laconismo nossa espécie é tendente à balbúrdia; um estridente voto de silêncio (outra praga inercial do twitter: contar os espaços dessa minha última frase e detectar que ela daria um ótimo tweet; peraí que vou escrevê-la lá). Por isso, minha despedida do twitter e minha postagem de toda a minha obra fechada lá. Segue:
Talvez o mais significativo do twitter é a prova de que mesmo no laconismo nossa espécie é tendente à balbúrdia. Estridente voto de silêncio
Puta que pariu, tenho que parar com essa merda. Meus "seguidores" caíram de 10 para 9 e me bateu uma tremenda depré. Noite desestabilizada.
Uma cabeça enterrada na areia foi o personagem mais radical de Beckett. Imagino o verbo indigente e incorpóreo do twitter seu sucessor.
Para minha voz depreciativa do twitter minha imaginação argumentativa rebate: Beckett teria atingido o minimalismo máximo disso com gênio.
Aqueles que jamais dariam certo no twitter: Faulkner, Proust, Musil. Prováveis surpresas: Joyce, Rosa, Beckett. Quem teria escolha: Jay Z.
Brincando de recortar as palavras me veio a certeza de que o estilo índio-macho lacônico do Hemingway também daria muito certo no twitter.
O twitter é um entorpecente brutal. Não há aforismas sagazes o suficiente aqui que dispense o discurso elaborado. Toma-nos a preguiça feroz.
Trump nos Eua, Cunha no Brasil.Como a falta de imaginação da História aposta na repetitividade de enganoso caráter inofensivo a cada século!
O último sucesso das reivindicações da cerebral classe estudantil brasileira? Deixe-me ver... Ah, retirar a PM da universidade. Péra...
Kafka tinha um vocabulário básico de 300 palavras. O rapper Jay Z usa 6899. É óbvio: Jay Z é melhor que Kafka. Logica à lá pesquisas Veja.
Eminem tem um vocabulário superior não só ao de Bob Dylan, mas ao de Kafka. Logo, Eminem é melhor que Kafka. Simples assim, bordalengo.
Achar O livro do desassossego por 2 reais na Fnarc me fez tremer diante a intimação cósmica de que, finalmente, tenho que ler Pessoa.
Rendo loas pela primeira vez a uma maravilha tecnológica. Os fones de ouvido do iphone são esteticamente perfeitos e de uma qualidade única.
Chegar a frase decorrente para mais próximo do ponto no twitter afim de ter mais espaço me enquadra no perfil de corrupção nacional?
Twittar causa um inegável derrame de serotonina. Lembrar de pesquisar, porém, se há casos de despedidas suicidas nessa rede. Tudo é possível
Na crise a utopia mais requerida é a de Diógenes, que se masturbava nas praças lamentando não ter o mesmo resultado se esfregasse a barriga.
O autor perfeito no twitter deve ser uma mistura de Jerry Lewis e Emil Cioran. O demodê é matematicamente proposital.
#friedrichnietzsche. Podem seguir que esse é fera: "Pensar só, eis sabedoria. Cantar só seria estúpido."
Será que a famosa frase do Cioran de que um solo de saxofone é superior a toda teologia desbancaria a esposa do Zezé no top trends?
Twitters do Além. Imaginando aqui o quanto gente como Emil Cioran e Nietzsche teriam botado pra quebrar em 140 caracteres.
Ia escrever mais sobre o Cunha. Daí entrei na página inicial do twitter, com fotos de futebol, carnaval e um programa da Globo. Precisa?
Cunha é um urubuzinho. Basta olhar. Pescoço recolhido, desamparo retalhativo.O aleijado sedento por vingança. Evidente parábola nacional.
Talvez o mais significativo do twitter é a prova de que mesmo no laconismo nossa espécie é tendente à balbúrdia. Estridente voto de silêncio
Puta que pariu, tenho que parar com essa merda. Meus "seguidores" caíram de 10 para 9 e me bateu uma tremenda depré. Noite desestabilizada.
Uma cabeça enterrada na areia foi o personagem mais radical de Beckett. Imagino o verbo indigente e incorpóreo do twitter seu sucessor.
Para minha voz depreciativa do twitter minha imaginação argumentativa rebate: Beckett teria atingido o minimalismo máximo disso com gênio.
Aqueles que jamais dariam certo no twitter: Faulkner, Proust, Musil. Prováveis surpresas: Joyce, Rosa, Beckett. Quem teria escolha: Jay Z.
Brincando de recortar as palavras me veio a certeza de que o estilo índio-macho lacônico do Hemingway também daria muito certo no twitter.
O twitter é um entorpecente brutal. Não há aforismas sagazes o suficiente aqui que dispense o discurso elaborado. Toma-nos a preguiça feroz.
Trump nos Eua, Cunha no Brasil.Como a falta de imaginação da História aposta na repetitividade de enganoso caráter inofensivo a cada século!
O último sucesso das reivindicações da cerebral classe estudantil brasileira? Deixe-me ver... Ah, retirar a PM da universidade. Péra...
Kafka tinha um vocabulário básico de 300 palavras. O rapper Jay Z usa 6899. É óbvio: Jay Z é melhor que Kafka. Logica à lá pesquisas Veja.
Eminem tem um vocabulário superior não só ao de Bob Dylan, mas ao de Kafka. Logo, Eminem é melhor que Kafka. Simples assim, bordalengo.
Achar O livro do desassossego por 2 reais na Fnarc me fez tremer diante a intimação cósmica de que, finalmente, tenho que ler Pessoa.
Rendo loas pela primeira vez a uma maravilha tecnológica. Os fones de ouvido do iphone são esteticamente perfeitos e de uma qualidade única.
Chegar a frase decorrente para mais próximo do ponto no twitter afim de ter mais espaço me enquadra no perfil de corrupção nacional?
Twittar causa um inegável derrame de serotonina. Lembrar de pesquisar, porém, se há casos de despedidas suicidas nessa rede. Tudo é possível
Na crise a utopia mais requerida é a de Diógenes, que se masturbava nas praças lamentando não ter o mesmo resultado se esfregasse a barriga.
O autor perfeito no twitter deve ser uma mistura de Jerry Lewis e Emil Cioran. O demodê é matematicamente proposital.
#friedrichnietzsche. Podem seguir que esse é fera: "Pensar só, eis sabedoria. Cantar só seria estúpido."
Será que a famosa frase do Cioran de que um solo de saxofone é superior a toda teologia desbancaria a esposa do Zezé no top trends?
Twitters do Além. Imaginando aqui o quanto gente como Emil Cioran e Nietzsche teriam botado pra quebrar em 140 caracteres.
Ia escrever mais sobre o Cunha. Daí entrei na página inicial do twitter, com fotos de futebol, carnaval e um programa da Globo. Precisa?
Cunha é um urubuzinho. Basta olhar. Pescoço recolhido, desamparo retalhativo.O aleijado sedento por vingança. Evidente parábola nacional.
Toda vez que vejo a figura espúria do Cunha sinto enorme vontade de acreditar: em quem, quem?
Não há como não fazer paralelos desabonadores quando se lê Grass: cadê o deleite adulto em vez da juvenília descolada das nossas letras?
É uma identificação religiosa quando deparo com escritores que reafirmam a literatura como um dos poderes espirituais do homem: lendo Grass.
Não há como não fazer paralelos desabonadores quando se lê Grass: cadê o deleite adulto em vez da juvenília descolada das nossas letras?
É uma identificação religiosa quando deparo com escritores que reafirmam a literatura como um dos poderes espirituais do homem: lendo Grass.