quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Dr. Lao



Noel Gallagher foi fotografado no metrô, em Londres, nessa semana, indo para uma participação no show do U2. Para nós brasileiros isso sempre vai soar como se em vez de um simples ser humano usando da eficiente infra-estrutura de seu país, houvessem fotografado um unicórnio no centro da cidade. Para os brasileiros que vivem nas metrópoles desse país, é inconcebível que alguém com sã consciência e liberdade de escolha desloque pela cidade em outra coisa que não seja seu carro, de preferência fabricado no máximo nos últimos dois anos, com seguro em dias e com todos os opcionais de conforto. O brasileiro morre por seu carro, isso é fato (basta usar um pouco da memória televisiva, dos tantos programas policiais que mostram o morto no banco do motorista no registro de resistência ao assalto). O brasileiro correlaciona diretamente o uso do transporte público nacional com a sina de um fracasso vergonhoso e inexorável. Em nossa mente, por mais que tenhamos que eufemizar, quem usa o ônibus e o metrô por aqui é um derrotado. Pensei em intitular esse post com "Complexo Vira-lata", assim mesmo sem a preposição "de". Penso que não é à toa que reclamamos tanto do Brasil; não é um chiste involuntário, um TOC auto-tourette; estão errados os que tentam cunhar o clichê de inadmissibilidade que dizem não suportar quem fala mal do país, dos que usam frases como "se fosse no Brasil...". O brasileiro fala mal do Brasil porque o conhece profundamente, conhece da maneira mais ineludível, através da prática diuturna inescapável. Engana-se quem julga o brasileiro um alienado apolítico. Meu sonho de toda a vida era ser alienado apolítico. Lembro perfeitamente de, aos 13 anos, ler Stephen King, e ser admoestado por um amigo de colégio que lia Dias na Birmânia a ler coisas importantes. Por aqui, o sujeito é obrigado a saber a taxa do dólar, os nomes dos presidentes das duas casas no Congresso, a saber pelo menos 5 siglas de impostos federais, a saber as tipificações de pelo menos 3 crimes do funcionalismo público, e a ter ideias complexas sobre técnicas de equilíbrio diplomático entre líderes políticos arrestados em investigações policiais para a mínima gestão das aparências. Como eu disse alhures, o Brasil é o país que não te deixa em paz. O brasileiro, seja de que classe econômica ele for, é um ser complexo, profundo, que usa da dissimulação sem a falsa moral dos calouros, e que sabe que lhe pesa a maldição de não poder dizer que leva a vida que lhe dê na telha, que zela com independência de sua família, pois o que acontece na política é a mão direita da qual depende para por a comida na mesa. Um amigo meu, semana passada, me recordou que há dez anos haviam apenas dois carros estacionados na praça pública da cidade interiorana onde moro. Ninguém naquela época tinha carro. Hoje, na referida praça, há mais de cinquenta carros. Todos os dias de madrugada eu passo, a caminho do trabalho, pelo maior colégio público da cidade, e nas ruas de frente é onde estão os melhores carros: os professores concursados são os que compram os melhores carros. Os servidores públicos que mais ganham mal, são os melhores clientes das concessionárias, das linhas de crédito consignado, e das financiadoras. É um erro deles, os que deveriam alertar os alunos sobre consumismos e economia, sobre danos ecológicos, sobre gastar a grana em coisas intelectualmente mais produtivas? Creio que não. Há dez anos esses velhos homens e mulheres atravessavam os morros à pé; seus correligionários de profissão das grandes cidades purgavam idas e vindas imprensados nas latas perigosas dos ônibus do transporte público. Talvez seja mesmo a maior lição deles mostrarem para seus alunos a pragmática apreensão do oportunismo comprando aqueles pomposos e brilhantes carros negros de quatro portas, o movimento mais astuto que eles poderiam ter na contra-dança com o país que a qualquer momento fará o passo de lançar-lhes ao ar sem a devida segurança, os farão se estrebuchar de barriga no chão. Keanu Reeves, Michael Douglas, Charlie Sheen, Al Pacino, e os grandes executivos que aparecem nos filmes em pé segurando confortavelmente as barras dos metrôs: em nossa mente inflamada de estoicismo, isso sempre parecerá absurdo.

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Claro que esses últimos 15 dias foram de total felicidade. Meu filho Eric nasceu, e tudo deu certo. A pressão sanguínea da Dani disparou na noite de sábado, dia 10, e o médico achou melhor antecipar o parto para a manhã de domingo. Cheguei à capital e ele estava deitado no bercinho, todo envolvido por mantas, à mostra no berçário através da vitrine. Só naquela manhã nasceram 10 bebês. O plano de saúde cobriu tudo, a cesariana, a laqueadura (a Dani não pode ter outra gravidez, o que conformamos), o apartamento de luxo por 4 dias (na verdade cobria um apartamento simples, mas não havia mais nenhum disponível, o que tiveram que nos dar o de luxo). Quando ela teve alta, saímos pela porta com as costas murchas, esperando alguém nos chamar para acertarmos alguma conta pendente. É que já estamos acostumados. O parto em que a Dani teve a Júlia, paguei 8 mil reais. Era um parto de alto risco, e a obstetra foi de um mercenarismo grotesco, contando cédula por cédula na minha frente, um dia antes da cirurgia. E coube a ela me legar uma cena constrangedora, pois a obstetra aparentemente esqueceu de repassar a parte da grana que lhe ficou incumbida para a pediatra, e a pediatra cobrou rudemente a Dani o dinheiro horas após o parto, no quarto em que a Dani estava instalada. Eu não estava perto, por sorte, pois nem sei o que eu teria feito. O plano cobriu a cirurgia cardíaca da Dani, dois anos depois, e, após a cirurgia, o cardiologista me liga cobrando 3 mil reais por materiais extras que foram necessários no procedimento. Ele foi tão gentil na extorsão, e eu estava tão aliviado que tudo tenha dado certo, que não titubeei em pagar. Assim é. Eu tenho aversão a dinheiro, devo dizer. Gosto de dinheiro e não sou nenhum asceta, não é isso que quero dizer. A Dani é que fica com os cartões bancários, e ela que gerencia a casa. Eu fico meses sem tocar em dinheiro, o que me faz muito feliz. Lembro a época em que me formei e comecei a trabalhar, em que tirava do banco apenas o aluguel de um quarto em que se incluía almoço e janta. No final do ano, tirei o extrato da conta e havia lá o que considerei uma fortuna. Comprei um carro à vista, por pura necessidade. Me assombra que médicos, que são os profissionais milionários por natureza, se mostrem tão gananciosos. Para onde vai tanta grana? Eles usam para quê? E sempre me pareceu de uma rasteirice paradoxal que eles usem os momentos de maior felicidade de seus pacientes para exercerem essa ganância desmedida. No momento pleno em que eles conferem a vida, eles se investem contra a plenitude que eles foram veículo para se rebaixarem à necessidade mais mesquinha da extorsão; e sem a mínima precisão. Talvez seja apenas o vício que o exagero de remuneração lhes acomete. Talvez o jogo de angariarem dos parentes aliviados um pouquinho mais de grana seja o modo adrenérgico compensador para sentirem com exatidão a mágica científica que fizeram. Talvez eles não compreendam o quanto fizeram felizes os que no fundo no fundo pensavam na morte, e a materialização do dinheiro seja a forma para eles empurrarem um pouco para o lado a insensibilidade da rotina.

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Houve apenas um contratempo nessa felicidade. Um dia depois do parto, minha irmã voltava às oito da noite da academia onde trabalha, na companhia da minha filha, e ao estacionar na frente do prédio da minha mãe, dois motoqueiros lhe apontaram armas e lhe levaram o carro. Deram tempo para que ela retirasse minha filha com a cadeirinha do banco de trás. Eu estava aqui na minha cidade. Por uma infeliz prova de que eu estava certo em minha recomendações, aquela noite foi a primeira vez que ela desrespeitou minha ordem de que a Júlia não poderia sair após as 18 horas. Uma semana antes, eu proibi que levassem a Júlia a uma festa de criança, por essa estar marcada para as nove da noite. A Dani me ligou chorando, e elas devem ter falado horrores do meu pérfido coração em não me amolecer diante a decepção da Júlia em não poder ir ao evento. Fui taxativo e disse pelo telefone que elas estavam na cidade que figurava entre as 32 cidades mais violentas do mundo, e seria uma isca sem igual um carro com três mulheres e uma criança vagando pelas ruas à noite. Se elas estivessem em Sheberghan, no Afeganistão, poderiam ir, mas estavam em Goiânia, Brasil, a trigésima segunda cidade mais perigosa do mundo. Foi a pior oportunidade que tive para dizer "eu te disse, eu te disse". Dois dias depois, a delegacia de furtos e roubos liga para minha irmã, a busca em casa e a coloca no meio de dez homens fardados de preto dentro de um camburão e saem cortando sinal à toda velocidade, até um bairro de periferia onde está seu HB20 largado no lado do calçamento. O porta-malas cheio de produtos roubados, além de cheques e documentos pessoais. Minha irmã acha um tanto anti-profissional que a polícia tenha escolhido esse método espalhafatoso para mostrar eficiência. 14 dias depois_ ontem_ tentam roubar o carro da minha mãe, quando ela e minha esposa estavam diante a clínica obstétrica. Elas chegaram na hora de ver os criminosos quebrando o retrovisor e levando o espelho com eles.

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Não troco por nada minha vida no interior. Não há bares sofisticados e nem eventos culturais aqui; mas eu chego em casa em dez minutos de carro. Quando fico um dia na capital, eu sinto a doença da capital querendo entrar em meu sangue. É uma vida bestial, suicida, infernal, mecanicista e estúpida. Goiânia é um dos escalões do inferno. Aquilo não foi feito para seres humanos. São Paulo, um tanto pior e mais bestial, é o objetivo a ser alcançado por Goiânia, em pouco tempo. Daí não sabem porque o Brasil está como está. Não há tempo para pensar em longo prazo, quando se trabalha 8 horas por dias e se gasta 4 horas no trânsito (caso de São Paulo), ou 2 (caso de Goiânia). O indivíduo não se integra mais nos problemas da sociedade, porque a exaustão o torna apenas um burro da carga. E isso não é apenas os baixos funcionários, mas executivos, os médicos loucos por grana, os juízes, etc, etc. Todo mundo. Não sobra tempo para os filhos, que são criados apenas sob a influência dos órgãos oficiais de contenção, sem carinho e sem ternura, sem atenção. Daí sobrar tempo para pensar em Cunha, em CPMF, ou o que seja? Animais cumpridores de movimentos pavlovianos. Não me espanta que estejam cada vez menos espiritualizados. Os espiritualizados numa rotina dessa se matam. Nenhum espírito aguenta essa pressão. Não largo, por nada, a vida boçal com excesso de tempo e excesso de espaço que tenho aqui. Aqui é único paraíso possível, idiotas!

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Há uma cena que nunca me saiu da cabeça no magnífico filme As sete faces do dr. Lao. Uma mulher entra na cabana do vidente cego do circo do dr. Lao e lhe pede que leia o futuro nas linhas da mão. O vidente, entediado, se recusa. Ela, uma senhora requintada, vestida com pomposidade elegante, com seu ar inamovível de superioridade loura, ameaça com ira o velho cego, perguntando-lhe quem ele acha que é ao recusar um pedido de uma dama digna como ela. O velho então prende a mão da mulher à sua e perfila toda a vida futura que a dama terá pela frente, anunciando que nunca lhe aparecerá o cavalheiro que ela espera para lhe pedir em casamento, que ela jamais será a pessoa socialmente influente que almeja ser, que ela envelhecerá na solidão sem ter cumprido nenhum de seus sonhos de grandeza e glória, que ela morrerá esquecida por todos em sua casa solitária, que ninguém ao longo dos anos que lhe restam a amará ou se importará com ela, e que sua lembrança se apagará assim que ela for enterrada. A mulher consegue soltar sua mão e sai aos prantos desesperados da cabana, causando um alvoroço entre os frequentadores. Ela se esconde ao lado de uma tenda, chorando ainda mais, e uma outra mulher a encontra e lhe pergunta o que se passa. A dama segura o choro, limpa a cara, e diz que se sente muito feliz porque esteve com o vidente cego e este lhe assegurou que todos seus propósitos de felicidade se cumprirão imediatamente. Não por menos sinto a atração de chamar a internet, com seus blogs, twitters e Facebooks, de dr. Lao.

32 comentários:

  1. Também moro no interior (da Bahia) e sei do que você está falando. Temos engarrafamentos diários, irritantes que, somados, devem dar uns 25 minutos por dia, hehehe. Aqui ainda é possível conhecer os vizinhos. Antes morava em Salvador, que na época foi considerada a pior capital do país para se viver. Há alguns dias, fomos lá, minha mulher pagou dez pilas para estacionar e ainda assim um sacizeiro destruiu o vidro da janela. O cara devia estar muito drogado, pois levou minhas chaves do interior e um pendrive com canções infantis e meus livros em doc que ninguém quer publicar, mas ignorou R$12 em cédulas e moedas. Concordo com as propagandas que afirmam ser Salvador um lugar contagiante - mas no que tem de pior.

    Você ouviu falar de A Poeira da Glória, de Martim Vasques da Cunha (pra mim nosso melhor crítico cultural em atividade)?

    Terminei o Céline e enquanto meus John Gray não chegam, li metade de Um Furto. Bellow é mesmo exuberante.

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    1. É um filme de terror opressivo a vida de uma cidade grande, Paulo. Me espanta como não se faz nada contra isso, contra essa experiência hermética implosiva e amplamente doentia. Aliás, conserto o que acabo de dizer: eu sei porque não se faz nada: porque as pessoas que vivem nela são acondicionadas desde sempre à pressão da realidade da metrópole, tanto é que não sabem que existe outra realidade. Minha irmã acha abominável quando lhe digo que deveria ir para o interior. Pudera, ela só conhece o trabalho, as horas dentro do carro, e a tv baixinho na novela na hora de dormir. Nós somos muito próximos, ou éramos, não sei (sempre. SEMPRE, quando chamo minha filha Júlia, eu confundo e a chamo de Aline, que é o nome da minha irmã), mas nossos papos são extremamente limitados. Ela foi acondicionada a ter apenas o mínimo suficiente para suportar a vida na cidade. Nada de esoterismos ou assuntos cabeças, nada de livros, nada de filmes genuínos, nada de espetáculos de arte além dos clichês. As vezes que passa aqui em casa, temos que desligar o som, que costumamos deixar no timer com músicas de todos os tipos (Mahler, Beethoven, Márie Brenam, Mozart, Bach), e que adoramos usar para o sono, porque ela não suporta dormir com música. É uma pessoa inteligente, acho mesmo que detêm um alto QI, mas que não usa a inteligência além do ponto morto. Quando criança, ela era um ás da química e da matemática, era realmente espantosa, e depois, quando entrou na universidade, deixou tudo isso para trás. Sinto um lamento terrível quanto a isso, mas não há espaço nenhum para falar sobre isso com ela.

      Ainda bem que eu sempre fui previdente quanto a isso para mim, sempre, intuitivamente, procurei a escapar disso. Não teria suportado. Claro que para um leitor, a vida no interior é uma benção. Sou profundamente feliz aqui; digo sem o mínimo constrangimento.

      Comprou o Cachorros de palha? É sensacional! Vai ser um presente sem igual a leitura do A busca pela imortalidade, verás. O que achou do Céline?

      Bellow é imbatível.

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  2. Vejo em todo lugar esse entorpecimento (com boas contra-surpresas), mas aqui no interior ainda não se renderam completamente à indiferença e ao egoismo. As pessoas se conhecem.

    Comprei Anatomia e Imortalidade. Céline é um dos maiores. No final das contas, o Viagem é mais terno do que pensei que seria. Comparam-no demais com Em Busca do Tempo Perdido, só porque é francês, mas a comparação a ser feita é com o Augie March. O que acha?

    Comprei também Wigan Pier e Armas, Germes e Aço.

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    1. Anatomia e Imortalidade? Desconheço. Se refere a Gray?

      Rapaz, e não é que eu pensava justamente isso semana passada? O Viagem tem muitas semelhanças com o Augie March, em termos de um estilo libertário. Claro que o Céline é bem mais ácido e anárquico, e mais focado que o romance de Bellow, mas a jovialidade tem sim muitos pontos de concordância.

      Esse Orwell é maravilhoso! Comprei o Como morrem os pobres, que achei por milagre na livraria daqui da minha cidade. Li o primeiro ensaio, que é de arrepiar. Orwell é imprescindível. No ensaio de apresentação o Lionel Trilling diz que Orwell não era um gênio, o que era um mérito por o homem comum se identificar mais imediatamente com sua mensagem. Descordo completamente: Orwell era um gênio.

      Estou lendo o Assim começa o mal. Marías é o cara! Que deleite!

      Acho que amanhã chega meu As rãs, que comprei pela Cultura.

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    2. Ah, sim! Caiu a ficha: Anatomia de Gray e A busca pela imortalidade. hahaha, me desculpe.

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  3. Vindo de uma cidade grande que nao tem metrô, com onibus que nao cumprem os horarios nas tabelas, foi um impacto chegar noutra onde ha metro para todo lado, frequentado por engravatados (um gentleman que sentou ao meu lado num dia, numa sexta-feira o vi saindo de uma garagem no zentrum em seu Porsche 911 Turbo) pedreiros, estudantes, maes com seu carrinhos de bebes enormes, todo mundo; onde onibus respeitam os horarios, motoristas nao passam dos 50 kmh, onde os passageiros se respeitam, onde nao é preciso colar avisos de bancos especiais...
    Como nao preferir numa grande cidade brasileira o seu carrinho, absurdamento caro e simples, e ficar parado horas em engarrafamento, ao transporte coletivo com seus motoristas loucos, onibus lotados, que nos jogam para o teto ou para o banco do lado ao passar por uma cratera na rua, com funkeiros e seus celulares roubados tocando aquela merda de ruido alto e distorcido, prontos para roubar mais um celular, a encoxar alguma moca, etc. Nao, nao. Melhor ficar por uma hora parado em sua caixa com rodas poluidora mas sozinho do que num Amapa, Grutinha, Jardim Vila Nova da vida depois das 18h, saindo do centro de PoA.
    Medicos e advogados, o raca fdp, as mafias, ops, categorias mais protegidas do Brasil.
    A vida em cidade grande é bem isso, ainda mais nessa jornada de 8horas laborais, acabam-se os lacos nao so com os vizinhos mais entre a propria familia, entregue os filhos as creches, etc. E com as cidades caoticas, apertadas do brasil... vivo numa cidade maior e com mais habitantes que porto alegre, mas nao sinto nada do cansaco que sentia ao sair de casa, a exaustao de ter de enfrentar aquela aventura arriscada totalmente desnecessaria. Tambem, em meu bairro tem campo de granola, tem fazenda com cavalos, ao caminhar ate a aparada de onibus passo sempre por esquilos brincalhoes, lebres, a noite uma vez ou outra raposas se escondem...nem parece uma cida de 2,5 milhoes. (meu vizinho octagenario conta que antes da Guerra, havia tambem muitos cervos por aqui)
    Poxa, com o silencio da ate para REZAR. Muito estranho. (Brasileiros que vieram para ca por algumas semanas disseram que nao poderiam viver aqui, pois é tudo muito quieto, da para ouvir os proprios pensamentos... juro)
    Que bom, todos bem! Sao e salvos. Cacete, como é dificil nao ser molestado no Brasil.

    O Paulo, comprei A Poeira da Gloria, talvez chegue em dezembro aqui. Gosto muito do Martim, seu blogue é para mim como o do Charlles, uma obrigacao.

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    1. Disseste tudo: como é difícil não ser molestado no Brasil. Não, não é síndrome de vira-lata. Eu tenho síndrome de Yorkshire: exijo algo melhor para mim e para as pessoas que amo. Não que a cidade onde moro seja estruturalmente uma libertação. Absolutamente pelo contrário: não há uma rua aqui que preste, com asfalto de nanquim que não condiz nem 1% com o IPVA que se paga; a corrupção corre à solta; há inúmeras vítimas para a vida toda da falta de educação; a saúde é precaríssima, a segurança é para apadrinhados; etc, etc, etc. Mas é um paraíso em liberdade de ir e vir e um paraíso em termos de lentidão. Aquele problema outrora por mim reportado sobre perturbação foi solucionado na justiça e o silêncio já há meses é primoroso. O que imagino é que uma cidade de menos de 20 mil habitantes, habitada por pessoas esclarecidas e críticas, seria o paraíso: usaria-se com competência os mecanismos públicos da justiça, etc. Tenho um bom nível de esclarecimento para me dar muito bem em termos de conforto e paz de espírito nessa cidade.

      Eu vi essa descrição que você fez em Um campo vasto, do Grass.

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    2. Outra coisa: eu moraria em uma cidade grande estruturada, racional, pensada, com serviços públicos funcionais. Eu moraria em sua cidade alemã, na Toronto do Luiz. Ahhh, moraria? Até eu! Quem não moraria.

      Mas, qual cidade brasileira tem o mais aproximativo padrão a essas cidades? Ou às cidades norte-americanas, com asfaltos lisos de morrer de admiração e extensas áreas arborizadas? Parte da minha família mora em diversos lugares dos EUA, e me relatam constantemente a situação de lá.

      Notem bem: eu sou quarentão. Em quarenta anos, a estrada entre Goiânia e a cidade onde eu moro, que é uma estrada muito importante economicamente por ligar vários polos de produção do estado, sempre foi bastante precária. Era uma pista única com muitas curvas e sobe e desce, onde transitam inúmeros caminhões. Os números de acidentes fatais eram recordes. Difícil um dia que eu a transitei em que não via um. E agora, há cerca de um ano e meio, surgiu uma verba para duplicar essa estrada. Um amigo meu me contou que se trata de uma verba internacional por uma das cidades do percurso ser patrimônio cultural da Unesco, a tétrica cidade de fantasmas escravos de Goiás, com seu muro de pedra construído por escravos e seus bobos históricos nascidos de estupros incestuosos. Não estou em condições de avalizar essa informação, pois detenho uma indiferença colossal à história local.

      Pois bem, essa estrada está sendo duplicada. Passei por ela umas cinco vezes, ida e volta, nessas últimas semanas. Uma maravilha! Uma das vezes toquei Autoban, do Kraftwerk, pois a maciez e a segurança me fizeram lembrar imediatamente dessa música. Em 40 anos da minha vida, agora que estão fazendo o que deveria ter sido feito há 60 anos. Depois de milhares de mortes ocorridas ali devido ao desvio de verbas e negligência criminosa dos mandatários da política, agora que está sendo duplicada, a passo de tartaruga, para raspar do tacho toda a forma residual de caixa dois e superfaturamento possível. E depois que ela estiver pronta, vão terceirizar sua gestão colocando pedágio. Assim é esse triste paisinho, e assim eu falo com meu incorrigível complexo de Yorkshire, em que eu penso o quanto eu mereço algo muito melhor. Não por eu ser esnobe, mas porque eu pago muito caro por um sonho.

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    3. Outra outra coisa: em Porto de Galinhas, meu assombro ao ver que às 22 horas a lei de silêncio vigora com rigor. Os bares continuam abertos, mas o som se cala. Perguntado, o dono da pousada me respondeu que é em respeito à exigência do grande número de turistas estrangeiros presentes.

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    4. Pessoas "esclarecidas" é ótimo. Hehe. Voltamos à época do Sr. Voltaire.

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    5. Não. Esclarecidos na época dos srs. Edward Said e Theodor Adorno, que dispensam o constrangimento eufemistico das aspas.

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  4. Estava agora passeando pelo blog da Companhia das letras, e vi o texto do Érico Assis, "Sexo e gibi e judeus". Corri os olhos crente de que se tratava de As incríveis aventuras de Kavalier & Clay, saudando a provável reedição desse livro pela Cia, mas não tinha nada a ver. Quando ia mudar de página, vejo o comentário de um tal Paulo lá em baixo, afirmando o mesmo engano. Só pode ser você, né, Paulo. Estamos com sincronismo de pensamento esses últimos dias.

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  5. Isso que Matheus fala é verdade. Quando estive em Barcelona, cidade em que quase todos andam a pé ou de bicicleta, fiquei embasbacado com a alegria e eficiência com que era atendido na lanchonete de uma estação de trem lotada, isso numa segunda de manhã. Pô, num lugar assim não importa o tamanho. Aqui, o inverso - grandes problemas das metrópoles se repetem em lugares recônditos.

    O comentário no blog da Cia foi meu sim. Hehehehe. Meus livros chegaram. Eu estava na ideia de entrelaçar a leitura de Bellow com Wigan Pier, mas acho que vai ser com o Imortalidade mesmo. Não tem jeito. Mas estou doido pra ler o Orwell. Faz uns dois meses que li Na Pior em Paris e Londres, e é uma das melhores narrativas de não-ficção de todos os tempos. Orwell é um dos grandes ensaístas: https://gavetadoivo.wordpress.com/2014/05/31/matar-um-elefante/

    Terminei Um Furto, cuja qualidade não decai uma frase sequer. Interrompi a leitura no meio, pois de repente me lembrei de um conto que li em 2005, sobre um rapaz que se apaixona por uma moça que está para se mudar pra outra cidade, e ele tem uma única chance de convencê-la do contrário, num engarrafamento em NY. Procurei por horas e nada. Alguém conhece?

    Matheus, Martim é ótimo, mesmo ao atacar alguns de meus autores favoritos. Será que ele fala algo de João Ubaldo?

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    1. Não havia respondido sua pergunta sobre o Martim. Não o conhecia. Nessa seara, gosto da Camila von Holdefer, tendo lido alguns textos dela. Me identifiquei com este:

      http://blogdacarambaia.com.br/2015/10/28/livros-que-qualquer-um-consegue-ler/

      Vocês devem saber da minha paixão por O homem sem qualidades. O Milton Ribeiro disse em post recente em seu blog que se trata do livro mais chato que ele já leu. E o Milton é o responsável por me apresentar a Bulgákhov e Thomas Bernhard, o que devo a ele minha admiração e respeito por suas opiniões literárias (alguém que tenha me apresentado a um de meus escritores essenciais, como é o caso do Bernhard_ já o conhecia, mas com completa desfaçatez e desinteresse_, não é pouca coisa). Daí que escrevi uma resposta escatológica ao post, em que exagerei na alacridade, e o Milton ficou puto da vida. Cortou as partes clássicas do meu comentário em que eu ensejo um estudo sobre masturbação na terceira idade e sobre a influência de autores austríacos mortos há sessenta anos na lubricidade de tais exercícios, e sobre a parte em que eu duvido que ele tenha realmente lido O homem sem qualidades, inclusive cortando o desafio que lhe fiz sobre dizer se existia ou não um anão negro no romance. Pura idiotice da minha parte, diga-se com veemência, de modo que por e-mail eu lhe pedi sinceras desculpas de arrependido e lhe pedi que apagasse todos esses meus comentários ao post, inclusive a parte em que, com falsa solenidade, eu lhe contradigo em sua afirmação de que o tal anão negro não existe no livro mostrando-lhe o personagem mouro circense Salomão, adotado pelo multimilionário alto-intelectual e emulação manniana Arnheim.

      E esse texto da Camila fala justamente sobre a mesma lista de "livros que deveriam ser queimados" do Nick Hornby, que deu ensejo ao post despretensioso do Milton. A Camila escreve com lucidez e maturidade, sem poses, sobre o assunto, o que se aproxima enormemente com minhas ideias sobre a coisa.

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  6. Não me lembro mesmo de ter comentado no blog do Martim. Deve ter sido algum texto que me interessou mas não guardei o nome do autor.

    Essas listas de "livros ilegíveis" são engraçadas. É o que eu sempre falo, se os caras não gostam de ler, por que não vão se preocupar com outras coisas? Dostoiévski e Tolstói entre os autores ilegíveis! Hahahahaha. Se for um reflexo do mundo, o mundo está se tornando realmente muito burro. Quais seriam os livros legíveis para essa galera? É a turma que acha que citar Murakami é o máximo em erudição.

    Não comece a vasculhar o livro do Musil por curiosidade e sem compromissos, Paulo, que você não irá conseguir se desprender dele. Aconteceu assim comigo, era uma leitura pretendida para dali há uns dois anos, mas foi só ler a primeira página que eu estava viciado no romance. É claro que o Milton não o leu. Uma coisa é você aturar estoicamente um romance que não lhe satisfaz de 200 páginas (Pedro Páramo, no meu caso), outra é a impossibilidade de martírio massacrante de você ficar meses com um livro de 1300 páginas. Só para ter uma ideia, esse livro pulou lá para o terceiro ou quarto lugar entre meus livros preferidos, acima do Ulisses. E é uma leitura bastante leve, por mais que seja surpreendente afirmar isso.

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  7. Pesquisando aqui o nome do Martim e o meu, o google me revela a impactante verdade que o blog do Martim está na minha página de blogs que eu sigo!

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  8. Sobre Guerra e paz:

    "Seu autor o escreveu convalescendo, depois de quebrar um braço ao cair de um cavalo. Alguns leitores declaram, neste tipo de debate, ter se sentido assim durante sua leitura. "

    Isso é o tipo daquelas afirmações pseudo-lapidares da revista superinteressante, que tem por alvo adolescentes pre-vestibular, absolutamente vazias e cheia de intenção de ser descolada. Aliás, esse tipo de coisa nem deveria ser reparada, pois se trata de ração para adolescentes. Mas tem gente boa que se deixa contaminar por esses pirulitos giroflex do lugar comum pasmaceira: uma twitteira que eu admiro acabou soltando a afirmação engraçadinha de que, assim como o xadrez só faz o enxadrista inteligente sobre coisas de xadrez, a literatura idem para quem gosta de literatura. Ideias plastificadas de um universo opiniático que vem com claque; ideias de sitecom, que devem ser redondinhas e provocar o riso no final da sentença que reforce a bendição mútua de "como somos inteligentes". Ademais, é isso: o twitteiro e facebooqueiro só é inteligente para coisas de facebook e twitter.

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  9. Tolstói levou dez anos para escrever Guerra e paz. Que braço mais difícil de se curar naqueles idos da Rússia, não? Internet é para isso mesmo, a desinformação onírica avalizada.

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  10. Eu achei o comentário: http://martimvasques.blogspot.com.br/2012/12/os-melhores-e-os-piores-de-2012.html

    Já conheci muitos descolados que jamais irão mais longe que Murakami, Hornby, Woody Allen. Há toda uma indústria pra eles.

    O Musil da Cultura é uma pedra! Eu não quero é carregá-lo pra cima e pra baixo! Meus cotovelos doem só de pensar em lê-lo. Não tive onde colocá-lo aqui e deixei na casa de minha mãe. Talvez mais tarde.

    Sobre "martírios massacrantes", me lembrei duma suposta intelectual que disse na TV que tinha desistido de Ulisses justamente no monólogo de Molly - acho que era um papo com Paulo Coelho. Pô, o monólogo flui bem. E mesmo que não fluisse, se você atravessou as 900 páginas anteriores, é só aturar o resto estoicamente - ela na verdade não tinha era lido nada. Nem na faculdade de letras vi um blefe tão descarado.

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    1. Hahaha. O mesmo com o Paulo Coelho, que resumiu o Ulisses em um twitter, dizendo algo assim (não me lembro com precisão): "um judeu ronda a cidade durante um dia e chega bêbado em casa para encontrar sua mulher na cama falando sozinha". A parte boa é o "sua mulher falando sozinha" em referência a um monólogo INTERIOR. Fácil meter o sarrafo em um livro que você não leu, difícil é se manter com argumentos diante alguém que o leu.

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  11. Minha nossa, ainda não tinha lido seus comentários quando falei acima dos descolados e de livros que doem o braço.

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    1. Paulo, te achei no Facebook, fiz um pedido de amizade. Abraço.

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  12. A Poeira da Glória se tornará um clássico. Tirem um print screen e me cobrem depois.

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  13. Veja que sincronicidade! Estava agora a pouco numa mesa com um
    recifense, uma soteropolitana, uma mineira que mora em Brasília e uma moça de Valença, na Bahia. Todos vieram pra Aracaju fazer concurso pra o TRE. Pois bem que, nessas situações em que as pessoas acabam de se conhecer e então desatam a falar sobre onde moram, caímos justamente nas comparações entre nossas respectivas cidades. Sendo do interior da Bahia como o Paulo, de uma cidade com 8.100 habitantes, a frieza de uma capital foi pra mim o primeiro ponto negativo de Aracaju. Morei em Salvador o ano passado e fui morar em Goiânia em 2012. Comparando as três capitais onde morei até então, Aracaju é a que mais me agrada, pois aqui o trânsito é menos travado que o de Salvador, a cidade não tem a aparência sufocante da capital baiana e de Goiânia. Nesta última, minha estranheza em relação à cidade foi tão intensa que fui embora logo. Salvador, apesar dos inúmeros problemas quanto à estrutura, segurança, transporte público, etc., tem algo que não encontrei em Aracaju e Goiânia que é o contato entre as pessoas, o reconhecimento do outro. Sergipanos são educados, mas não calorosos.
    Resolvo ler os últimos posts do Charlles e, bem, cá estou. Queria uma Aracaju com pessoas de hospitalidade baiana, organização alemã, mas sem deixar de ser Brasil. Utopias servem para que caminhemos, então que continuem a existir.
    Noel tem um Rolls Royce e andou de metrô. Quer melhor prova de que uma cidade pode funcionar com fluidez pra todos?

    PS: Já aconteceu a vocês de escreverem um post em alguma coluna de autor da Cia. e não ser aprovado? Olhei agora a pouco este texto

    http://www.blogdacompanhia.com.br/2015/09/o-processo-criativo-2/#comments

    que comentei faz já umas 2 semanas e meu comentário não foi aprovado. Falei algo sobre ela ser terrivelmente ruim, apesar de a exaltarem como excelente usando o argumento da pouca idade e blá blá blá. Nem tenho hábito de fazer isso, mas julguei tão ruim a escrita da Luísa e tão forçada a bajulação em torno dessa "grande promessa da literatura brasileira" que me senti obrigada a comentar.

    Ana Paula Rocha

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    1. Ana, saí da casa da minhã mãe aos 25 anos. Foram, no mínimo, 15 anos desses vividos em Goiânia. Tenho muitos vínculos afetivos com essa cidade. Eu adorava passear a pé pela cidade de madrugada, e deitar nos bancos da Praça Universitária. Aliás, adoro as praças de lá. Eu costumava voltar a pé da escola de veterinária, que dista 16 quilômetros do apartamento da minha mãe. Não faz tanto tempo assim, mas parece um século. Hoje a cidade mudou drasticamente. Nem falo sobre as mudanças para mim mais lamentáveis, que é o fim do vasto e movimentado comércio de sebos de livros que sempre existiu nesses 25 anos por lá. Eram tantos sebos, um ao lado do outro, que começava no início da avenida Goiás e seguia virando para a rua 4. Sério, no auge chegou a uns 20 sebos, com os livros mais fantásticos e desejáveis. Esses sebos foram minhas lojas árabes de cultura cobertas de delicioso saudosismo da biografia do Canetti. Neles eu passava o dia; conhecia todos os livreiros quase na intimidade.

      Era uma outra cidade. Pegava o ônibus do Campus II, lotado, todas as manhãs às 6 horas, e voltava às 8 da noite em ônibus não tão lotados, podendo se sentar então. Hoje o inferno que existe lá me dá a certeza de que eu escapei por pouco, de que eu vivia o período de transição onde residuava a última fímbria de lirismo. Andar de madrugada é uma atitude francamente suicida hoje. Os ônibus são exponencialmente mais aviltantes. Não há como ser agradável e caloroso em uma cidade dessas, em um experimento degradante desses. Acho que o pior erro da humanidade hoje é a exigência de desenvolvimento econômico, e como é calculado e conceituado tal desenvolvimento. Isso de continuar sendo brasileiro é algo importante, mas fico tentando encontrar nossa real identidade. Até agora, temos caído na conversa reinante há décadas de aceitarmos truncadamente um conceito de identidade baseado no desenvolvimento econômico, no "Brasil nona potência mundial". Mais da metade do país não tem rede de esgoto e vive beirando a miséria absoluta, e o que temos de mais nominativo é sermos a nona potência mundial, seja que paradoxo dentro de um mistério envolvido em um enigma é isso.

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  14. Por irônico que pareça, amanhã cedo viajo pra Salvador (a selva) e fico sem internet pelos próximos dias.

    Charlles, já li metade do Imortalidade de Gray. Duas pessoas, uma numa lanchonete e outra em minha calçada, ineditamente vieram conversar comigo sobre ele. Elas eram religiosas. A Busca pela Imortalidade. Com uma divulgação irresponsável, Gray poderia virar best-seller no Brasil.

    Ana, sou de um interior baiano com uns 80.000 habitantes (Irecê). De onde você é?
    Eu acompanho o blog da cia, e o textos da Luisa não me dão vontade de ler até o fim. Estão no páreo com os de Tony Belloto. No último mesmo, ela não diz nada, enrola, enrola, e é isso, pra um cara ir lá comentar que é o melhor do blog. Nunca li sua ficção, mas seus posts me lembram alguns parágrafos vazios de Vila-Matas.

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    1. Seria muito engraçado. Os evangélicos que conseguissem chegar ao final do livro teriam um duplo escândalo: o espiritismo da primeira parte e o ceticismo geral. Mas Gray não é ofensivo como Dawkins, e escreve com muita beleza.

      Não sei quem é essa Luisa (apesar do quê, pelo visto, eu posso até estar seguindo ela sem saber).

      Vi lá o seu Facebook, Paulo Raviere. Caboco simpático é você. Bela família!

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    2. Paulo, sou de Palmeiras, na Chapada Diamantina. Minha colega de quarto é de Irecê, já fui lá certa vez.

      Li um post aqui sobre o A Busca da Imortalidade, fiquei realmente interessada. Entrou pra a minha lista. Esses comentários sobre o livro só me deixam mais ansiosa pela leitura. Mas, sabem bem como é, dinheiro pra essas compras infelizmente está sendo racionado neste momento mais do que em outros. Estou aguardando a black friday da Cosac pra comprar uns títulos que desejo há tempos.

      Ana Paula Rocha

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    3. Ana, estive no Capão ha 15 dias! É im dos lugares mais bonitos do Brasil. Estou TEMENDO a Black Friday da Cosac. Hehehe.
      Charlles, adiciona lá. Sempre esqueço de botar as fotos mais legais. Meu filho, definitivamente, é dos nossos. Antes de completar dois anos já sabia todas as letras e agora (2,5 anos) sabe as cores e contar até 20 em inglês.
      Matheus comprei o poeira da Glória. Li 5 roths e 4,5 bellows e gosto mais do segundo. Você leu aquele delicioso ensaio de theodore dalrymple sobre julgar obras de arte? Eu gosto do blog da cia mas ultimamente ele anda meio parado mesmo. Meus favoritos de sempre são Vanessa Bárbara, Érico Assis e o raro josé Francisco botelho.
      Ps. Perdoem a escrita capenga de celular.

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    4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. Voces ainda lêem o Blog da Cia. das Letrinhas? Os melhores posts sao os relatos e as histórias depressivas do $chwarcz (quinta-série, perdao). Tirando ele, sempre ZzzzZZZZZzzzzzz.

    Relendo O Teatro de Sabbath após algum tempo, de quando tornei-me leitor de Charlles, de quando ele convenceu-me a ler Roth e saí a comprar uns dez livros de uma vez. É o seu melhor, mesmo. Que obra.

    Roth > Bellow.

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