quarta-feira, 10 de junho de 2015

Assim



Um extraterrestre, recém-chegado à Terra_ examinando o que em geral apresentamos às nossas crianças na televisão, no rádio, no cinema, nos jornais, nas revistas, nas histórias em quadrinhos e em muitos livros_, poderia facilmente concluir que fazemos questão de lhes ensinar assassinatos, estupros, crueldades, superstições, credulidade e consumismo. Continuamos a seguir esse padrão e, pelas constantes repetições, muitas das crianças acabam aprendendo essas coisas. Que tipo de sociedade não poderíamos criar se, em vez disso, lhes incutíssemos a ciência e um sentimento de esperança? (Carl Sagan, O mundo assombrado pelos demônios)

26 comentários:

  1. Um extraterrestre, recém-chegado à Terra, examinando os jornais de hoje e lendo que morreu o Ornette Coleman, procuraria ouvir a música do recém-falecido, curioso com a comoção em torno de seu nome, e ficaria também perplexo com o tipo de maravilhas que essa estranha e violenta e gananciosa espécie que habita esse planeta pode também criar, quando se dão um pouco de silêncio e ouvem as vozes de seus espíritos.

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    1. belo complemente, Fabricio.

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    2. Concordo com o arbo, Fabricio, belo complemento. Comprei um Gato Negro branco, e vou ouvir hoje Coleman e o álbum de heavy metal do Christopher Lee.

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    3. Coleman eu vou ouvir hoje, não tem como não (brindemos, Charlles!); já o tributo ao grande Christopher Lee será a partir de amanhã, quando espero já ter terminado o download daqueles velhos filmes da Hammer em que ele interpreta o Dracula, que eu acabo de botar para baixar aqui.

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    4. Eu não estou brincando, vou mesmo ouvir o disco do Lee. Minha internet aqui é muito fraca (falam que é 2 mega pela Oi, mas não é), e não dá para baixar esses filmes, infelizmente.

      Um brinde!

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    5. Cheguei tarde aqui para lamentar o Coleman, mas estou desde cedo muito triste pela morte repentina. Minha sugestão de catarse: ouçam um dos discos mais relegados desse gênio, o Ornette!, de 1961, gravado logo após o experimentalismo mais extremo do Free Jazz. É a prmeira parceria do Ornette Coleman com o baixista Scott LaFaro. Ornette estava fazendo psicanálise durante a gravação desse album e todas as faixas são referências a obras do Freud: T&T (Totem e Taboo), C&D (Civilization and its Discontents), WRU (Wit and its Relation to the Unconscious) e R.P.D.D. (Relationship of the Poet to Day Dreaming). Escutem em especial of Totem and Taboo, uma das maiores composições do Coleman.

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    6. Ouvi The shape of jazz to come (um tanto óbvio, né?). Que maravilha! Estou tentando baixar uma discografia dele pelo torrent, para ouvir esse álbum mencionado.

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    7. Claro que eu também lamento a morte do Coleman, mas um jazz man morrer aos 85 anos não se trata mesmo de uma "morte repentina". Como bem escreveu Geoff Dyer no seu esplêndido livro sobre jazz, paira sobre o destino de grande parte dos jazzista uma praga que os faz cair na loucura, nas drogas e na morte precoce. 85 anos é uma cifra raríssima de se alcançar no meio.

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    8. Nem Goethe viveu tanto. (Não tiro da cabeça a cena em O lobo da estepe, lido há quase trinta anos, em que o herói do Hesse condena Goethe ter se deixado chegar levianamente até os 83 anos.)

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    9. Você tem razão, Charlles. Repentina a morte porque ele vinha muito bem de saúde. Viajando para todo lado em tours. Até onde eu sei.

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  2. Esse livro de Sagan foi o primeiro que li de divulgação científica. Meu favorito é o de Bill Bryson. Estou gostando um bocado do novo Cosmos, apresentado por Neil deGrasse Tyson (o astrônomo meme).

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    1. Não era minha intenção relê-lo, mas a prosa foi me envolvendo de tal forma que já estou quase na metade.

      Já a nova série Cosmos, eu não sinto a mínima empolgação em vê-la. Como eu disse certa vez ao Fabricio, aquilo é outra coisa, e não deveria ter pego o oportunismo de fazer uma continuação à do Sagan. Tenho a do Sagan baixado (agora que me dou conta de procurá-la em Blu-ray para comprar), e a diferença é enorme. Aquele primeiro capítulo dá o verdadeiro valor da assinatura irrepetível do Sagan, com uma música sublime e uma fotografia idem.

      Nem me recordo em qual canal passa a série atual, Ricardo.

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  3. Cosmos está no Netflix, Ricardo. Gostei do primeiro capítulo.

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    1. por enquanto não sou assinante, minha internet é um tanto lenta; assisto aos episódios de O Universo no History e Como funciona o universo no Discovery, mas, sinceramente, na minha avaliação, considero os episódios relativamente fracos, salvo algumas exceções.

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  4. Eu realmente estou gostando muito do novo Cosmos com o Neil deGrasse Tyson.
    Se tiver que apontar um senão, ele iria para uma heroicização dos cientistas e seus feitos. A ciência, como sabemos, é também um imenso antro de vaidades e pequenezas de espírito. Porém, isso é largamente compensado pela beleza da produção, pela mediação do Tyson, pelo valor da simples iniciativa de fazer divulgação científica com qualidade para o grande público. E, querem saber, nestes tempos de fundamentalismos religiosos, de ostentação orgulhosa da própria ignorância convicta, eu posso muito vem relevar a heroicização da ciência. Eu acho que mesmo que, em um plano geral, temos é que defendê-la.

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    1. Defender não a heroicização e sim a ciência, bem entendido. A série traz a potência da ciência em sua capacidade de nos dar perplexidades com a qual nos assombrarmos, e da valorização dos caminhos abertos de descoberta e debate.

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  5. a quem possa interessar:

    No site da Amazon,
    Meus prêmios, TB, por 12,80.

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    1. Tem na Estante Virtual um exemplar de Árvores Abatidas, com a curiosa classificação de "agricultura em geral". Acho que se eu caçar o O primeiro homem, do Camus, vou encontrar indicado "virgindade, sexualidade".

      http://www.estantevirtual.com.br/crystalbooks/Thomas-Bernhard-Arvores-Abatidas-153224440

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  6. Agricultura, agricultura em geral... hahahaha.
    Ah,o comércio...
    E a pedida do livreiro está na casa dos 145, só porque é de agricultura, agricultura em geral...

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    1. Falar em livros na casa dos cem, essa semana cometi um desatino...adquiri o homem sem qualidades...estou na expectativa de recebê-lo...

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    2. Esse Musil, como não me canso em dizer, é um espetáculo! O meu está todo sublinhado e anotado a lápis, com os títulos dos capítulos referenciados à medida da minha exultação com eles.

      Sobre o "arvores abatidas" é estranho, porque o livreiro sabe se tratar de Bernhard, que é um autor bastante caro por causa das edições esgotadas. Vai ver pensam que é um agrônomo com doutorado em psiquiatria ("Perturbação"), pós doutorado em darwinismo ecológico que estuda o aquecimento global ("Extinção", "Origem"), com especialização em ventriloquismo ("O imitador de vozes"), e phd em acidentes náuticos ("O náufrago"). Em suma, Bernhard deve dar um nó na cabeça dos caras.

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    3. O meu Musil(que eu ainda não o li) eu comprei por 100 reais, num sebo aqui perto da minha casa, eu só paguei esse valor pois era a 1° edição em capa dura, um livro desse tamanho deve marcar muito a lombada quando não é de capa dura.

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  7. "Melou" minha aquisição do homem sem qualidades. Ofertaram, mas não tinham no estoque (no mercado livre). Aliás, lá parece ser comum ofertar sem ter o estoque. Pra minha surpresa, o que estava sendo anunciado no EV por 300,00, fora o frete, foi vendido hoje. Mas vou acompanhar e aposto que já já teremos outros lá por menos de 100.

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    1. Me arrependo de ter deixado de adquiri-lo uns meses atrás quando na amazon estava por 80, eu havia me cadastrado pra receber o alerta e ignorei o e-mail de aviso porque estava meio apertado

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  8. PARA ALÉM DOS CANDONGUEIROS
    by Ramiro Conceição

    A reflexão de Janio de Freitas, sobre a recente fala de Lula, está correta. Sim, não se tratou de um fuxico destinado à ruptura com Dilma, tal qual é alardeado aos quatro ventos pelos pistoleiros e pistoleiras do PiG – esses contumazes candongueiros de seus patrões.

    O desabafo de Lula revela lucidez: a esquerda brasileira – capitaneada pelo PT – está em crise de identidade. Portanto a franqueza de Lula não é uma fraqueza, mas uma constatação, uma pergunta conhecida: “o que fazer?” (aquela velha capa daquele velho livro daquele velho autor, que não respondeu…). A história é uma “volumétrica” espiral divergente, não uma curva sobre um plano… O que fazer?… Esse é o efetivo desafio político a ser superado, mas com a Democracia sob um pleno Estado de Direito (que pode ter sido esboçado na última encíclica de Francisco).

    A intuição de Lula está correta: sem dúvida, a resposta associada à pergunta supracitada pertence à juventude, às novas lideranças políticas; pertence à construção de uma mídia democrática em contato direto com povo; pertence a um processo concreto de educação de alunos e, principalmente, de professores; pertence a todas as religiões de um estado laico, que pertence também aos ateus; pertence ao complexo processo entre o capital e o trabalho; pertence à subordinação paulatina, e irreversível, do 1%, mais rico, aos interesses à continuidade da vida para todos os seres desse Planeta; pertence ao vigor do amor nas crianças, nas mulheres, nos velhos, nos homens delicados; pertence à dor dos doentes terminais…; pertence à ciência, à tecnologia e à arte que, afinal, são manifestações do Mistério que se apresenta aqui, no estado quântico, e também ali, para além do Sol…

    P.S.: http://tijolaco.com.br/blog/?p=27791&cpage=1#comment-201143

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