segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Conversa apressada



George Saunders não me convenceu. Ainda me faltam dois contos de Dez de dezembro para ler, mas, a julgar pela premissa de Borges de que temos que nos aferrar ao prazer da leitura, ou a julgar pela leitura disciplinada em busca de esclarecimento mais que prazer, esse livro me deu nos nervos. Sinergismos exagerados, quase ao ponto do lisérgico, e aquela adolescenciofilia tão típica dos escritores norte-americanos cultuados mas de terceiro time, à lá Salinger. Não que seja ruim o autor, mas sei lá, temo que minhas 4 décadas de vida estejam pesando em meus gostos ou eu já esgotei por completo minha capacidade de me entusiasmar em saber o que uma menina de 14 anos pensa sobre sexo. Funciona para um estágio de leitor que ainda procura o que eu em meu estágio já encontrei. Não tem assombros em Saunders que me choquem ou, no mínimo, me tire um segundinho de pudor, o que não me deixa de entristecer um tanto. Há algumas semanas tive uma daquelas discussões infrutíferas com o Ssó_ infrutíferas porque somos ranhetas e indispostos a darmos os braços a torcer_, em que ele dizia que nada mais o emocionava na ficção desde Svevo, e eu contra-atacava alegando que de dois em dois meses sou arrebatado por algum romance ou livro de contos. Ssó me deu os parabéns, cheio de cinismo, e eu mencionei menos indiretamente que seria educado a elevada idade dele e as consequências disso. Pois nada é mais verdadeiro que essa minha afirmativa: eu sou uma criança quando leio. Eu rabisco os livros, entorto eles no colo, leio de cabeça para baixo com os pés estirados na parede, fico profundamente apaixonado pelo autor e logo passo a odiá-lo amorosamente. Se não me engano este foi um dos conselhos de Hemingway para uma vida longa, o de nunca se cansar diante o descobrimento da leitura. O que me causa auto-policiamento quando um autor como Saunders ou Egan não me diz nada, veio por um momento e eu não tornarei a procurá-lo em definitivo.

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Mas logo me animo quando me vejo com um novo livro de algum escritor do qual gosto muito. Semana passada me chegou pela Livraria Cultura o novo lançamento de Michael Chabon, Telegraph Avenue. Comprei uma carrada de livros, e pretendia começar com a releitura de Condição Humana, versão estendida e revista, da Hannah Arendt, mas o Chabon ficava me atiçando da estante, querendo atravessar a fila. E eis que, sem me dar conta, já estou na página 200 do romance. Cara, eu gosto muito do Chabon! Gosto pra caralho do cara! Ele é o equilíbrio espantosamente perfeito de todo escritor descomedido que faz pose nas esferas atuais da grande literatura: ele sabe deliciar o leitor com as trivialidades saborosas do provincianismo moderno, entremeando romance de gênero e metalinguagem elétrica, de forma muito mais encorpada e visceral que um Paul Auster; seus diálogos são afiados e inteligentes (incrivelmente inteligentes!), vindo de personagens que não precisam ter a maldade e promiscuidade justificadora dos de Martin Amis; ele faz grande literatura de uma maneira que parece involuntária, e não escorando em insossas peraltices do manual de redação criativa de um Jonathan Franzen; e, em comparação à supracitada Egan, a obra de Chabon antes de se prestar à dinâmica de cenas de seriado de tv, é literatura em alto nível, para leitores inteligentes. Chabon é best-seller nos EUA para um público leitor que tem de ter um QI equivalente à potência de sua escrita. E é viciante como ele escreve. Chabon foi co-autor dos roteiros do Homem Aranha do Sam Raimi, e é fácil para seu leitor identificar quais são os toques dado por ele nesses filmes: um dos que eu apontaria sem medo de errar é o quarto do Peter Parker no último filme da trilogia, um pequeno cômodo rústico no alto de uma arranha-céu, com todo o mobiliário remetendo a uma idade de crise financeira, cama de molas que lembra as de albergues filantrópicos, espelho de tinta esfumaçada na parede, um balde de metal para as abluções, uma penteadeira caindo aos pedaços; o único detalhe vantajoso é a enorme janela da qual Parker vê a metrópole entardecendo, o que lembra jazz, lembra nostalgias da vida aventureira da porra-louquice da juventude. O quarto é precário mas plasticamente encantador. Isso é o que Chabon povoa em seus livros: um cenário no qual o leitor se esconde, apartado da modernidade, exilado das fórmulas modísticas pré-fabricadas e institucionalizadas para o uso geral do imenso rebanho. Em As aventuras de Kavalier & Clay, o refúgio de um dos heróis da trama é um andar interditado e esquecido do sótão do Empire State, de onde ele manipula o imaginário de uma geração de jovens da segunda guerra mundial loucos pela catarse das histórias em quadrinhos que ele produzia; em Associação judaica de polícia, o cenário é uma cidade esquecida no meio do gelo do Alasca, para onde foram os sionistas emancipados do sonho de uma Israel oriental. E agora, neste, temos personagens que estão na iminência da bancarrota quando veem sua loja de vinis raros de jazz ameaçada pela chegada de uma mega-companhia de venda de música na cidade. Que bom chegar à noite e me preparar para o deleite de mais algumas páginas de Chabon, com toda a alegria contagiante de sua escrita, o humor incansável de suas histórias.

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Cem anos de nascimento de Júlio Cortázar. Há uma matéria longa, longa, longa sobre Cortázar na Piauí deste mês. Nada como uma longa matéria sobre Cortázar em uma revista requintada como a Piauí, desde que tenha algo de interessante para contar. O texto do Reinaldo Moraes é só enfadonho. Paro na metade e vou caçar a foto do autor para ver o que ele manda. Um sorriso, uma boa saúde, uma cara que me lembra um tio boa praça que tenho em São Miguel. De imediato reafirmo minha decisão de, desde agora em minha intenção de ser escritor, tomar o máximo cuidado com fotos. Nunca me deixar fotografar. Olhando a cara do Moraes e mais uns outros da equipe da Piauí, não me contenho em pensar que são simpáticos demais, urbanos demais, 3x4 sem conflitos. Um escritor não pode ser assim. O Carlinos me disse que vem me visitar qualquer dia desses e vai ser ótimo; se quiser pode passar o fim de semana, tem quarto de sobra pra ele e a esposa. Vai ser leve e risonho, mas na hora da fotografia vou parecer aqueles bestas que cerceiam a exposição da própria imagem. Eu não sou ninguém e não é metidez, mas estou com o Pynchon. Já viram a cara do Pynchon?, pois é; chego a arrepiar ao imaginar aquela cara tão exposta quanto a do Garcia Marquez, por exemplo, com aqueles dois dentes protuberantes e aquelas orelhas de abano. Já me foi difícil erradicar a imagem de velho safado de Nabokov para poder lê-lo, das tantas fotos em que sua vaidade exagerada deixou aparecer. Pynchon não seria Pynchon se não tivéssemos dele apenas essas duas fotos célebres, em que desculpamos seu prosaísmo por ser algo restringido ao branco e preto do passado. Mas voltemos ao tema (?): amaldiçoado pela cara de bom moço da literatura brasileira (a Carol Bensimon jovial demais... o Galera com aquela barba longa de botique... (bom mesmo são as falhas dentárias à lá Maiakósvki, que impregnam o autor de uma seriedade shakespereana, onde se intui o futuro suicídio, ou a velhice recolhida)), continuei e finalizei a leitura do artigo do Moraes sobre Cortázar. A única coisa interessante é a reafirmação da polêmica declaração de uma ex-affair do escritor de que Cortázar na verdade morreu em consequência da AIDS. Cortázar, segundo Cristina Peri Rossi, foi uma das primeiras vítimas da doença em Paris, depois que recebeu uma transfusão de sangue contaminado em um programa do ministro da saúde (deposto em razão dos altos índices de contaminação advindo dessa desastrosa decisão) em usar como doadores estrangeiros ilegais. Cortázar contaminou sua companheira, Carol Dunlop, que definhou com infeliz rapidez e morreu antes dele. Disso eu não sabia.

16 comentários:

  1. João Antonio Guerra11 de agosto de 2014 às 21:32

    Dá uma boa sensação isso de saber que agora sua escrita é pra-valer, que haverá a obra que eu (e mais o resto da turminha do barulho) estava esperando. Quando li a parte do nada-de-foto, pensei comigo, "A decisão dele é tanta que já SABE que virão fotógrafos", e não pude não achar doce, como achamos doce quando crianças -- naquela idade em que as palavras profissão e trabalho são coloridas, não se acinzentaram ainda com as nossas incontáveis mesquinharias cotidianas -- quando crianças declaram as mil e uma profissões que terão no tal quando-eu-crescer. É, é, eu tô te comparando com uma criança, coisa que é insulto para muita gente, e insulto que não entendo: pra mim sempre foi fundamental e feliz o fato de que poesia é coisa de criança; acredito mesmo que venha daí a fé submersa em Faulkner, a alegria de simplesmente estar atento ao mundo lá dos primeiros versos da Song of Myself do Whitman e etc.

    Sei que acabarei escritor também, coisa que eu neguei com a desculpa não-tão-qualquer do despreparo, mas que vem se aproximando mais e mais a cada desencanto meu. A pena que eu tenho das faculdades, o ódio que eu tomei da própria Educação -- não do que eu fiz com os meus queridos no estágio ou nos cursos ou nas aulas da igreja (é, dei aulas voluntárias de "redação" numa igreja, quem diria, a igreja do padre Iraldo, maconheiro e mais ateu do que eu!), lugares em que eu batalhei pra que perdessem o hábito até de me chamarem de professor, e eu de chamá-los alunos, nesses lugares eu sei que fiz algo diferente e que professor nenhum chamaria de aula, mas é outra história.

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    1. João Antonio Guerra11 de agosto de 2014 às 22:43

      E já que o tema são as leituras atuais, aqui as minhas:

      Por vias tortas, acabei entrando em contato com as obras e três autores, todos eles insanos: William T. Vollmann e Samuel Delany e Alasdair Gray.

      Vollmann escreve coisas de um nível pynchoniano de dificuldade, e produz quase que em massa.Li Europe Central babando. É um romance com milhões de personagens, vários narradores, sobre o front russo na segunda guerra mundial -- aliás, melhor dizer logo a informação que praticamente me obrigou a conhecer Vollmann o mais rápido que pudesse, um dos narradores é SHOSTAKOVICH!

      Já o Alasdair...

      Uma ex-namorada queridíssima, que está estudando na universidade de Strathclyde, lá em Glasgow, através do ciência sem fronteiras, ficou maravilhada com o tamanhão das livrarias e o tamanhinho dos preços. Faz um tempo me contou que tinha encontrado um romance dum professor de Strathclyde, e que não estava entendendo nada dele -- e que, portanto, era a minha cara. Foi assim que conheci Lanark, o primeiro livro de Alasdair Gray, escrito ao longo de três décadas, e encontrado por mim num sebo do centro da cidade por pura intervenção divina: pelo preço de porra nenhuma, dezoito reais para setecentas páginas em perfeito estado, jamais lidas, numa tradução feita pela editora record em 2001 que eu nem cogitava que existisse! Estou no segundo dos quatro livros que compõem Lanark -- aliás, o segundo livro é o primeiro, porque a ordem deles é 3, (prólogo), 1, 2 e 4, com o epílogo sendo no meio do quarto livro, isso tudo pra você ter um gosto das excentricidades do escocês --, e estou lentamente me convencendo de que ele é uma espécie de Gunter Grass doce, só que com ambições muito maiores do que as do próprio Grass.

      O velhinho ilustra seus próprios livros, se esmera de uma forma impossível -- acho que só as edições da Cosac seriam capazes de se aproximar do nível de beleza que ele alcança com seus anos e anos de trabalho manual, escrevendo e desenhando e pintando quase na mesma medida. Estou desesperado aqui pra comprar as coisas dele, porque só é possível importando, e SEM o preço da importação quase todos os volumes custam mais de cem reais. Vai ser uma lenta caminhada até ler tudo...

      O último foi o que descobri mais recentemente: Samuel Delany, americano, autor de diversos livros de ficção científica e literária (não acho que essa divisão seja honesta, em caso algum, mas na falta de termos melhores...), mas, em especial, autor de Dhalgren. Charlles, eu passei menos de meia hora lendo Dhalgren no computador, e com só essa meia horinha eu SOUBE que precisaria ter o livro em mãos para me meter naquelas oitocentas páginas de romance dito "ilegível" por gente como Philip K. Dick e Harlan Ellison. É outro que vai me custar muito pra importar.

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    2. João, que mundo é esse do qual você fala? Nunca ouvi falar em nenhum desses autores. Parece coisa inventada por um bom ficcionista. Vou atrás do Alasdair Gray (o próprio nome do cara parece bem improvável; vou procurar já avisado de que pode ser tudo uma pegadinha sua).

      Não tem muito a ver com eu estar esperando repórteres. Nunca nem pensei nisso. Não vou nem me defender da possível pretensão, porque esse tipo de ambição de visibilidade nem me passa pela cabeça. Estou encontrando um eixo, e sei que é válido, mas o fato de não querer fotos não passa por esse tipo de vaidade. Apenas que acho que a exposição facebook atual cria suas graves indisposições. Muitas vezes dá náuseas em mim ao ver fotos dos usuários do facebook. É tudo muito cafona, piegas da pior maneira, e justo por exprimir uma ultra-lucidez sobre o homem comedido urbano, etc, etc. Nisso que eu acho que fotos são deploráveis; nada mais moderno e cool do que, em plena época da entrega sem reservas à exposição, você conservar um tanto de mistério, de resguardo, de privacidade.

      Por exemplo: após ouvir muito sobre a série True Detective, acabo de assistir agorinha mesmo, pela HBO, o primeiro episódio da série. Que coisa fantástica! Fiquei preso na história, impossibilitado sequer de ampliar meus movimentos na poltrona. E eu nunca levei a sério o Matthew McConaughey, mas nesse episódio o cara estava simplesmente magnífico. O cara estava em chamas. Uma das maiores interpretações que já vi, sério. O simples fato dele caminhar um palmo de terra até o cadáver da mulher já é uma impregnação estudada do personagem que ele incorpora. E as fotos da beleza exuberante desse autor sempre me indicaram que ele fosse apenas mais um modelo que valia pela quantidade de músculos e pele bronzeada. Nunca suportei assistir o cara. E nessa série o cara está transubstanciado. Deve ter perdido muitos pontos junto ao inumerável clube de garotas para fazer essa série (e o filme que catalizou isso tudo, pelo qual ele ganhou um Oscar), mas ele atinge a sublimidade de modo surpreendente.

      Há uma distinção genuína na degradação dele, uma profundidade, uma experiência acumulada. Minha forma de ver a arte de qualquer tipo passa por essa carência de acomodação que gente assim transmite.

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    3. João Antonio Guerra12 de agosto de 2014 às 11:45

      (fiz merda e não consegui postar a primeira resposta)

      Hahahah, Charlles, é o nosso mundinho mesmo: totalmente improvável.

      Alasdair conheci através da pequena lá em Glasgow mesmo. O Vollmann eu descobri lendo um artigo sobre um de seus trabalhos mais recentes: The Book of Dolores, sendo que Dolores, a personagem do livro, foi inventada por Vollmann através de cross-dressing, sim, ele se vestiu de mulher e criou uma vida nova pra arranjar material para o seu livro. Procurando mais sobre o Vollmann, vi que ele deixa o Hemingway (a mentira-Hemingway, e não o homem verdadeiro, o frágil que escrevia) no chinelo no quesito aventureiro: Vollmann vai até regiões inóspitas e miseráveis, e mesmo zonas de guerra, com a finalidade de arranjar material para seu trabalho.

      Alasdair e Vollmann são os dois simplesmente impossíveis, Charlles, cada um do seu jeitinho.

      Já o Delany, conheci por causa do Jodorowsky, mas indiretamente. Me apaixonei pelo cinema do Jodorowsky e vi tudo que pude; fiquei sabendo da vez em que ele tentou adaptar Dune, do Frank Herbert -- ah, procure saber também, e tente não babar: trilha sonora do Pink Floyd, arte do HR Giger e do Moebius, Salvador Dalí e Orson Welles e Mick Jagger e David Carradine atuando -- e li que, depois que os produtores estúpidos desistiram de fazer o filme, Jodorowsky enveredou pelas graphic novels, fazendo nos quadrinhos o que foi proibido de fazer no cinema. Foi num tópico de discussão sobre uma delas, The Incal, com desenhos do Moebius (que é Deus), que vi o nome do Delany sendo citado pela primeira vez. Pesquisando, soube da fama de Dhalgren ser o Finnegans Wake da ficção científica; baixei o livro e me apaixonei quase que instantaneamente, mas não li todo ainda, é o tipo de paixão com a qual as telas do computador ou do kindle não sabem lidar.

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    4. Isso tudo é incrível, João. Só não peço que me mande o link para os livros porque da vez que me mandou um, o incauto ingênuo aqui baixou junto um vírus que foi preciso levar o mico, digo, micro, para formatar_ e também porque não adianta, por mais que me empenhe, eu não consigo ler livros pela tela.

      Trilha do Pink Floyd? Que loucura é essa? Será que a banda chegou a gravar alguma coisa, à semelhança das músicas extras do Zabriskie e daquela outra trilha sonora abortada que é o santo graal dos fãs do Floyd? (Se bem que a presença do Jagger com certeza iria levar o filme ao fracasso, pois o cara não é só pé frio na torcida em estádios de futebol, mas um afundador de todo filme em que aparece_ supera o Dylan e o Bowie, o que é quase impossível.)

      Vou ter mesmo que ir atrás desses caras.

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    5. João Antonio Guerra12 de agosto de 2014 às 12:14

      Puta merda, vírus pelos arquivos que mandei? Paciência. Bem, se tiver a curiosidade de ler algumas linhas, há um pack com alguns livros do Vollmann no piratebay, que como é por torrent dá pra confiar; o Lanark do Alasdair e o Dhalgren do Delany eu só achei no Library Genesis, que um site russo bizarro e com links diretos, que eu não recomendo se você tem problemas com vírus.

      Cara, será que eles gravaram alguma coisa? O filme não saiu nunca da pré-produção, mas quem sabe? Faz pouco tempo, saiu na internet uma versão de Wish you were here que eles gravaram com o Stephanne Grappéli (provavelmente escrevi errado), um violinista sensacional que fez parceria com Django Reinhardt... e o pessoal do Pink Floyd simplesmente tinha esquecido da gravação, apesar dela ser muito superior à original! Portanto, acho que dá pra ter um pouquinho de fé em um dia ouvirmos algo da trilha de Dune.

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    6. Eu que fui apertando "aceito" em todo o processo do download do Martin Amis, daí veio o vírus. Estou ouvindo a versão da WYWH com o Grappelli. Não conhecia.

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  2. Junto com a mini-série inglesa Black Mirror, True Detective foi o que eu vi de melhor esse ano. McConaughey destrói! E no quarto episódio temos simplesmente a cena mais bem feita da história da TV (pra mim, é claro).

    João, procura Kavalier & Clay, de Chabon. Você leu The Goldfinch?

    Charlles, vai ler Donna Tartt? Apesar de estar mais interessado em Eleanor Catton (Os Luminares), li um perfil de Tartt de 1992, quando ela era uma revelação, e fiquei interessadíssimo em seu primeiro livro. Depois vim saber que ela demora no mínimo oito anos para escrever um romance - entocada numa charneca escrevendo, elaborando o enredo e os personagens, reescrevendo ad exaustum, enquanto todos os fãs pensam que ela abandonou a carreira - um luxo impossível em outros mercados. Estou doido pra ler A História Secreta.

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    1. Me deu muita vontade de ler Donna Tartt. Não posso gastar com livros até daqui a dois meses, mas ela entrará na próxima lista.

      Vou atrás do restante de True Detective. Demorei conseguir dormir ontem com o episódio na cabeça_ toma Ernani!

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    2. João Antonio Guerra12 de agosto de 2014 às 11:56

      Anotado já, Paulo. E li o novo da Tartt sim!, gostei bastante, com a ressalva de que o hype em torno dele me incomodou muito -- centenas de resenhas chamando o romance de "dickensiano" fizeram com que eu me irritasse muito toda vez que visse um cadinho real de Dickens no livro. Tenho um amigo que jura porque jura porque jura que o The Goldfinch é pouca coisa comparado com The Secret History, e o cara geralmente acerta. Um dia eu pego e leio.

      Eu também queria ler The Luminaries! Esse livro, The Goldfinch e The Flamethrowers, da Rachel Kushner, saíram mais ou menos ao mesmo tempo, e resolvi que escolheria entre eles; deu Kushner, que detestei, mas depois li a Tartt e deu no que deu. A Catton, tadinha, eu esqueci...

      Já me recomendaram True Detective também, e eu vi o primeiro episódio, mas só. Eu não tenho hábito de nenhum de ver séries -- até cinema pra mim é um esforço fodido --, sinto que só conseguirei ver uma série inteira se pegar todas as temporadas, ver tudo quase de uma sentada só. Breaking Bad eu vi a primeira junto com meu padrinho, e gostei tanto, mas até hoje não voltei a ver.

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    3. Também perdi meu comentário mais cedo.

      Dizia basicamente pra João que True Detective é formado por temporadas com histórias fechadas - ou seja, pode ir sem medo, essa história que Charlles vê termina no oitavo episódio. Black Mirror é ainda mais prático: cada episódio tem uma história diferente, seguindo numa linha narrativa. Escrevi sobre ele aqui: http://raviere.wordpress.com/2014/05/08/numa-tela-brilhante-black-mirror/

      Pesquisei sobre Vollmann, e o cara é bem famoso. Já ganhou até o National Book Award, e tem entrevista com ele na Paris Review.

      De Tartt, quero ler mesmo é História Secreta. Vendo esse perfil, de 1992, fico com comichão; será que ela não pensa em The Goldfinch desde aqueles anos? A última frase do perfil, lido hoje, é intrigante. http://www.languageisavirus.com/donna_tartt/interviews-smartt-tartt-vanity-fair.php#.U-qksfldWfZ

      Tinha ainda algo sobre Os Luminários, mas não me lembro.

      Ah, Charlles, já leu algo de Ryszard Kapuscinski?

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  3. Me surpreendi ao saber do seu prazer em ler Michael Chabon, sempre o achei um tanto forçado a ser engraçado. Você não deve concordar, certo?

    Mas agora fiquei curioso se tu tens uma lista definitiva dos teus livros de ficção, que nem tu fizeste com os não ficção.

    Grande abraço.

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    1. O Sergio Rodrigues disse que o problema de Chabon é que ele escreve bem demais em excesso. Demorei a entender o que é isso. Em seu novo romance há um certo deslumbre pela própria excelência, o que não retira o prazer e a segurança da leitura. Já em Kavalier e na associação judaica de polícia suponho não existir tais excessos, sendo obras de elevado nível.

      Fiz uma lista aqui:

      http://charllescampos.blogspot.com.br/2012/08/culto-personalidade-meus-20-romances.html

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  4. Chabon deixou (muito) a desejar no A solução final. Livrinho sem sal.

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  5. João Antônio Guerra,

    Obrigado pelas dicas de leitura. Consegui Lanark no estante virtual por oito reais (o frete, quatorze). Vamos ver no que vai dar...Gosto disso, leitura totalmente inusitada, inesperada.

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