sexta-feira, 20 de junho de 2014
Enquanto Seu Lobo não vem: monólogos furados sobre Kubrick e as capas da Hipgnosis
19 comentários:
Sobre capas da MPB, todas as do Elifas Andreato são lindas, inclusive as que ele fez pro Chico. Mas realmente capas não era o forte da MPB.
ResponderExcluirRespostasDesconheço essas, Cassioney. Pegue pelas capas de rock nacional, p. ex., há alguma que preste? Mesmo as da contracultura, como Os mulheres negras (que eu gosto bastante do som), são tímidas, como se ninguém quisesse ofender com um mínimo de ousadia as doutrinas paupérrimas dos executivos. Daí, por esse ponto de vista, acabo vendo o valor que tem aquelas capas do two virgins do Lennon. É uma pequenez covarde dos músicos nacionais.
ExcluirProcura Elifas Andreato no Google imagens que tu vais reconhecer. Pode ser que não goste, mas eu acho bonitas. Do rock, gosto de algumas dos Engenheiros, têm uma proposta estética. Questiono às vezes por que o Renato Russo também não explorou as capas.
ExcluirConheço as do Engenheiros, mas não vejo muita coisa; houve uma estética meio de cartazes muralistas naqueles álbuns em que eles assinavam cada um com seu sobrenome, mas as outras capas são simplesmente fotos caseiras da banda andando pelo campo, ou_ uma que é pobre pelo seu umbiguismo regionalista_ aquela com a estátua de um estancieiro ou seja lá quem da história sulista.
Excluir
A melhorzinha da Legião foi justo a que eles declaradamente fizeram referência ao álbum do Crimson Lark´s tongues in aspic, o V. Mesmo para os anos 80, as capas do rock nacional são horríveis, se pensarmos nas capas dos The Smiths, ou nas distorções e caras de atitude do Echo & The Bunnymen e The Cure e The Fall, etc. As do rock nacional apresentam apenas as mais comezinhas fotos da banda, com um 3x4 mais ampliado.
- João Antonio Guerra20 de junho de 2014 às 21:23
Das capas, me vieram três à mente. São capas muito queridas minhas, e realmente não consigo pensar em melhores do que elas por aqui:
ResponderExcluir
Verde que te quero rosa, do Cartola: http://g.glbimg.com/og/gs/gsat2/f/original/2012/10/10/cartola_capa_disco.jpg
Sampa midnight - Isso não vai ficar assim, do Itamar Assumpção:http://1.bp.blogspot.com/_vV6KYvnGMp0/TKzFDxjjD5I/AAAAAAAABtI/bWAFbGJ-eGc/s1600/capa.jpg
Lagoa da Canoa Município de Arapiraca, do Hermeto Pascoal, que acho uma capa sensacional, mesmo a figura do Hermeto tendo que lutar contra a cafonice da margem e da fonte escolhida para o título, veja:
http://bocafechada.files.wordpress.com/2013/08/lpcapa.jpgRespostas- João Antonio Guerra20 de junho de 2014 às 21:29
Brinde: digo logo que não há capas que eu ame mais no mundo do que um punhadinho daquelas do Monk quando ele assinava com a Columbia. Underground!, Solo Monk!, Criss-cross!, e a sensacional Straight, No Chaser!
Excluir - João Antonio Guerra20 de junho de 2014 às 21:37
Não tenho tanto amor pelo Laranja Mecânica, ou ao menos nada comparável com o que senti assistindo 2001. Preciso rever o Laranja.
Excluir
Quanto a 2001, é um dos dois filmes com os quais sonho de vez em quando -- imagine dormir dentro daquele túnel de luzes e terá algo próximo --, o outro é Kagemusha, do Akira Kurosawa. Escrevi esse post com Underground na cabeça.
Excluir
Me nego a usar o tão xaropado termo "complexo de vira-latas", mas o primeiro álbum de uma das bandas nacionais que mais me impressionaram, o Teatro Mágico, nem chega a ter uma capa. Pretendi comprar, na época de seu lançamento, o original pelo site da banda, mas tal original não passava de um cd sem capa, gravado artesanalmente nos mesmo conformes que um bom download.
Esse desmazelo cobra muito da minha síntese sobre o grande abismo de nossa mídia cultural. Se um desses álbuns tivesse uma boa capa, teria vendido substancialmente mais do que vendeu.Meus melhores filmes (não sou muito chegado em cinema, mas...):
Excluir
1- 2001
2- Stalker
3- Nostalghia
4- Amarcord
5- Todos do Monty Python
6- Verão de 42
7- Lawrence da Arábia
8- Um sonho de liberdade
9- Luzes da cidade
10- Através das oliveiras
11- Beleza Americana.- João Antonio Guerra20 de junho de 2014 às 22:35
É sempre um descaso enorme. O Hermeto Pascoal, quando perguntado sobre pirataria digital, respondeu implorando que o pirateassem, porque assim ouviriam suas músicas. Você vai no site oficial do Hermeto e, clicando em "Licenciamento", é direcionado para um documento feito à mão por ele mesmo, dando permissão para qualquer um executar qualquer uma de suas músicas sem precisar pagar... e o documento é feito de giz de cera, é claro, todo pintado e desenhado, porque o Hermeto é um anjo.
Excluir
É tão, mas tão triste esse homem não ser ouvido...
Quanto aos filmes preferidos... bem, a minha arte é a literatura. A música sempre pega parte dos meus dias, mas é uma porcentagem bem pequena. As artes plásticas sempre me encantam, sou um rato de galeria aqui no Rio (inclusive tenho que te escrever sobre algo que me aconteceu semana retrasada: fui no Centro ver a mega exposição do Dalí, e encontrei um quadro do Anselm Kiefer!, quase caí de joelhos!). O cinema é com o que menos convivo.
Tarkovski é um santo que nunca me decepcionou, e o mesmo vale pro Fellini; costumava dizer o mesmo de Bergman, mas depois de mergulhar de cabeça na filmografia dele, desenterrei uma série de filmes horríveis, que não matam A Hora do Lobo mas certamente diminuiriam a posição dele se eu estivesse propondo uma listagem; do Kubrick eu já falei, e só adiciono que no momento gosto mais do Barry Lyndon do que do Laranja; Kurosawa tem uma filmografia enorme, com muita coisa até mediana, mas é o cara que fez os filmes mais importantes da minha vida; descobri recentemente Alejandro Jodorowsky, e num dia só vi todos os seus filmes disponíveis pra download no piratebay, absolutamente encantado*; e tem o Orson Welles, o cineasta mais injustiçado do século XX.
São os que passam pela minha mente assim que penso em cinema. Deixei de foram qualquer nome que eu tive que forçar a vir.
*- Comentei mais tarde com uns amigos que, há anos, estou tentando convencer a lerem Pynchon, que o cinema de Jodorowsky é a coisa mais próxima do que sinto quando leio Pynchon -- não é uma proximidade que os irmane totalmente, não, ainda deixa quilômetros de distância entre os dois, mas é a mais próxima. Não gosto nem um pouco de cinema, João. Fui um consumidor compulsório do cinema americano na adolescência_ lembro dos cinemas do centro da cidade, naquelas tardes de solidão pré-puberdade que parecem vir em preto-e-branco. Assisti aos Indiana Jones e aos Cobras lá. Cara, Indiana Jones é lixo da pior espécie: alguém tem mesmo que fazer por aqui um inventário erudito convincente sobre o quanto somos vítimas de estelionato cultural com todo essa merda que vem dos EUA, quando somos jovens, e o quanto procuramos repetir esse vilipêndio querendo ver nos produtos nacionais algo assim tão glamoroso_ Glauber Rocha e Chico, que são dois lixos sem tamanho também.
Excluir
Mas esses filmes assinalados são muito mais que filmes, são experiências religiosas. Beleza Americana é arte sublime, atemporal. Concordo com Caetano: ninguém mais que os americanos entendem sobre diversão de primeiro nível. Há muitos filmes americanos dos quais poderia falar muito bem aqui, alguns bastante comezinhos e que são raquíticos se comparados à pretensão de nível literário não de todo involuntária que leitores profissionais como eu cometem. Mas cinema é uma arte menor.
Não assisti nem a 10% dos grandes filmes cult. Não conheço nada de cinema japonês. E não tenho nenhum saco para ficar diante a tela obtendo male male o que os livros me oferecem com uma grau de recolhimento muito mais eficaz.
Kiefer!!- João Antonio Guerra20 de junho de 2014 às 23:19
Kiefer!
Excluir
Compartilho da sua preferência pela leitura. E falando em leitura (e lembrando da sua experiência com a literatura brasileira), pelo amor de Borges, leia Osman Lins. Ao menos guarde o nome pra depois, bem mais tarde, Moby Dick já terminado e devidamente vivido. Arranje A Rainha dos Cárceres da Grécia ou Avalovara e descubra (como estou descobrindo agora) mais um imenso escritor que o Brasil esqueceu.
“Uma luz que vem debaixo”…
ResponderExcluir
Sem dúvida, é a metáfora dessa transição que, para além da qual, sabemos praticamente quase nada.
Uma luz que vem debaixo poderia estar associada, por que não?, àquela que vem de dentro e que sai, redundantemente, pra fora, em ascensão ao celeste de onde viemos.
Não seria isso que está lá, registrado metaforicamente, na “Divina Comédia”: o inferno, o purgatório e o céu? Haveria outra maneira de compreender o celeste sem antes, as fogueiras terrestres? Creio que não…
*
*
PLANTADOR DE BATATAS
by ramiro conceição
*
*
O ato de criação é plantar batatas
porém ensinando aos pequeninos
a alegria da batatinha quando nasce
e a dor - d’Os Comedores de Batatas.
Por isso o poeta deve cavar e colher o óbvio
que plantou e, qual Dante com o seu Mentor,
deve ir até o inferno em busca da luz porque
é no interior do ser que rebenta o esplendor.De fato, as capas nacionais não são muito boas. Não me ocorreu uma sensacional. Talvez a melhor seja mesmo a dos meninos do Clube da Esquina. Também parece haver autenticidade naquela mesa de jantar do Secos e Molhados com cabeças.
ResponderExcluir
Fiquei aqui pensando e gosto de algumas dos Titãs (por baixo das letras de Õ Blésq Blom parece ter uma arte distorcida de pontas de cigarros de maconha coladas; eu conheci uma menina que fazia colagens assim e era bem parecido), da Marisa Monte (o grafismo de Cor de Rosa e Carvão é doce e feminino como o álbum), Barão Vermelho (o peixe no liquidificador de Carne Crua sempre me incomodou, embora não seja uma obra prima). Com o CD, essa arte de capas precisou se reinventar e Pirata, da Bethânia, é belíssimo, todo "bordado".
Mas tem um zilhão de capas hediondas por aí. Não é só do Caetano, não.
Dos álbuns que têm fotos fantásticas, nunca me esqueci de Island Life da Grace Jones: uma pose fantástica fez uma capa sublime.RespostasAs próximas do meu agrado são as capas do Elomar (esse artista fantástico praticamente desconhecido), que tem uma estética autoral própria. Procurei da memória aqui alguma do rock nacional, e só me veio o Calango, do Skank, que é bem mais ou menos.
Excluir
Ainda conservo o resíduo de uma análise sociológica de que essa limitação é uma das características de um baixo amor próprio nacional e uma impotência de se ver com mais ousadia, que em menor grau pode se restringir apenas a um mercado artístico deficitário em estratégias de vendas. Olha só a capa do Barret: de uma simplicidade e sinceridade comovente, nem um pouco auto-indulgente como ocorre com os nossos artistas; assimila a loucura e a exclusão do músico como sequelas de sua auto-biografia. Uma obra de arte.Pegue uma situação similar a do Barrett; o álbum Loki, do Arnaldo Baptista, um cara que pirou e tem toda uma história que deriva disso. Olha a capa do Barret e a capa do Baptista. Quanta diferença! Olha a sutileza do Barret, suas referências futuras na influência dos álbuns do Pink Floyd, a meia luz_ algo que pode-se viajar mais dizendo sobre sua atmosfera rembrandtiana. É uma capa que, o mínimo que se pode falar dela é que é adulta.
Excluir
Olha o Loki. Constrangedor. É de 1974 mas com estrela ao fundo e uma defasada marcação anos 60, hiponga quando todo mundo já antagonizava a geração hippie. Uma capa infantil; ouço os empresários do disco, com sua pouca inteligência, reunindo o que achavam que o público de Arnaldo pensava, e inserindo todo esse reducionismo na capa.