segunda-feira, 7 de maio de 2012

Discurso do Urso - Julio Cortázar e Emílio Urberuaga


Fui surpreendido pelo carinhoso presente dado pelo grande amigo Emerson a meus filhos. Eu não sabia da existência desse belo livro feito sobre um dos micro-capítulos de História de Cronópios e Famas, intitulado Discurso do Urso. Tem desenhos primorosos de Emílio Urberuaga, que se casam muito bem com o singelo texto de Cortázar. Um desses livros infantis com delicadeza, deslumbre e estranhamento que tem tudo para ser lembrado por toda a vida

13 comentários:

  1. Voc~e quase certamente se irritará com isso, mas este livro ilustrado não ratifica a tese do teórico Idelber Avelar acerca do infantojuvenilismo de parte da obra da Cortázar?

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    1. Absolutamente não. É tradição livros infantis escritos por grandes autores: Faulkner, Saramago, Jorge Amado, Tolstói, Dostoiévski, Ohran Pamuk,...

      Cronópios e Famas é um livro francamente juvenil, o que não há problema algum. O erro do Idelber foi achar que partindo de um exemplo pontual para a generalidade daria uma boa tese literária, polêmica e emancipatória. E deu apenas num misto de má-informação e preconceito com o qual ninguém de bom senso compactua.

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    2. Por desemcargo de consciência vê aí na ficha técnica do tal Histórias de Cronópios e de Famas (se tens aí) e confira se tá lá "literatura infanto-juvenil". Se não tá, é pra adulto. Ou quase adulto. Nada a ver com os textos especificamente destinados a crianças escritos por um caralhão de gente que normalmente escreve para adultos. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Agora, se tiver lá "literatura infanto-juvenil", tudo bem, ou depoimento do autor dizendo, "bá, tchê, escrevi essa barbaridade aí só para os piá". Se não, Idelber e esposinha estão certos, e Cortázar andou a mangar de seus leitores chamando-os de bobões juvenis.

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    3. Marcos, eu não quero aqui tratar de teses de Idelber, por favor! Sou leitor a tantos anos que, se precisasse de assistência técnica, recorreria a uma mecânica mais conceituada. Mas não vejo nos escritos da Rachel (que, reitero, os acho entre os mais inteligentes e bem escritos da blogosfera) algo nestes termos que permita que você a coloque ao lado do dito como fez na frase acima.

      Sobre catalogação bibliográfica, tenho sim o Cronópios aqui, e não há nada taxado de infanto-juvenil, assim como não o há nos maravilhosos livros de Rudyard Kipling que tenho aqui, livros que dão de dez em muitos dos desconhecidos latino-americanos que só o Idelber conhece e resenha em seu blog (certa vez até aventurei-me a comprar um desses autores, mas não os achei nem na Livraria Cultura nem na Estante Virtual, de forma que suponho que o IDeleber talvez tenha uma veia ficcionista ali pouco creditada) e em vários outros autores famosos da literatura "para adultos inteligentes".

      Mas vamos deixar o coitado do Cortázar em paz pelo menos uma vez.

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    4. Ahn? É? Kipling? Ah!

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    5. Charlles, a abordagem de Idelber Avelar é pertinente e fundamentada; sempre há as idiossincrasias do gosto, as simpatias, o que for, mas se vê, de fato, hiatos drásticos de qualidade na obra de Cortázar, a derrapar em ingenuidades travestidas den ironia fina para jovens (em Histórias de Cronópios...) e invenções malsucedidas porque estruturadas em formas de confecção deficiente (Rayuela, ou O Jogo da Amarelinha) de um experimentalismo frágil e algo fútil, onde não falta qualidade em algumas passagens, mas, no todo, o livro se perde em sucessivas tentativas formais que não conseguem dialogar de fato com as possibilidades de criação literária, mesmo as mais datadas (dadísmo, futurismo). Sobretudo, Idelber tem formação infinitamente superior à minha.

      Só queria deixar isso mais claro; não é necessário discutir mais esse assunto, que toca em suas convicções pessoais de maneira a irritá-lo, ao meu ver excessivamente, principalmente quando há um tanto de brincadeira nisso tudo.

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    6. Eu não fico irritado de forma alguma, Rachel. Jamais! Só me motivava a expressar a minha opinião sobre Cortázar, o que eu fazia com o mesmo empenho e paixão que dirijo para outros assuntos literários. Mas agora não sinto mais a motivação m relação aos textos do Idelber sobre Cortázar.

      Apenas digo que continuo discordando sobre o que você falou aí a respeito de Cortázar. Esse seu primeiro parágrafo pode ser usado em relação a qualquer outro escritor, basta fazer um teste e substituir o nome Cortázar por outro. Engraçado como nunca considerei Amarelinha como um romance experimental. Aquela simples alternância de capítulos não me parece ter sido feita pelo inteligente Cortázar para soar revolucionário. Ele tinha a tendência grafista que existe em outros autores como Blake, ou o Sebald. Basta ver O Livro de Manuel, ou Prosa do Observatório, cuja atenção muito menor que a dispensada para o Amarelinha os exclui de ataques de que sejam peças dadaístas, etc. O que Cortázar fez já era feito desde muito na literatura americana e parte da européia, que era inserções de técnicas de impressão que nada tinham de bombásticas. Aí determinada parte da crítica latino-americana não viu o comum nestes artifícios.

      E só para finalizar este meu comentário: não. As "teses" de Idelber sobre Cortázar não tem nem o mais distante fundamento. Só se pode respondê-las com chacota.

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    7. P.S.: como a crítica necessita de objetos de defenestramento, não vejo textos inteligentes sobre Cortázar (raros!). Por exemplo: os autores à lá Forum transparecem a própria obtusidade ao tecerem suas mimeografias digitais. Ninguém salientou que parte de Amarelinha é um tributo ao Walter Benjamin compilador de "Passagens". Os excertos neste romance perfazem o mesmo caminho do resumo crítico (e ácido) do pensamento humano do período, com matérias de jornais e frases filosóficas ou pragmáticas de outros autores. É difícil escrever com coerência sobre essas coisas. Mais fácil a tentativa tola de diminuir um autor canônico atribuindo a ele aspectos que ele nunca pensou em ter. Idelber pintou um Cortázar que dificilmente fechava a boca para conter a baba escorrendo. Cortázar, Harry Potter, É o Tchan e música baiana? O que dizer...

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    8. Se Cortázar é o "É o Tchan!", Idelber seria quem?

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  2. Na verdade, não há nada de infantil nesse livro. Marketing de editora, somente.

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