É impressionante confrontar as muitas diferenças entre duas versões de um mesmo conto do americano Raymond Carver. Trata-se dos contos O Banho e Uma Coisinha Boa, ambos publicados no volume de contos lançado pela Companhia das Letras, 68 Contos de Raymond Carver. A história desses contos, a título de explicitar melhor suas dessemelhanças, é a seguinte: uma mãe encomenda com um padeiro um bolo de chocolate para a festa de aniversário de seu filho; quase na mesma hora, seu filho é atropelado por um carro. O acidente parece coisa de somenos importância, pois o menino volta para casa andando, mas ao relatar o fato para a mãe, ele tomba sobre o sofá e se lança num coma profundo. O enredo é, basicamente, este, de uma extrema simplicidade. Sabe-se que os contos de Raymond Carver sofreram uma severa interferência por parte de seu editor, Gordon Lish, que chegava a cortar mais da metade do que o autor escrevia, trocava os títulos e, o que pode-se deduzir dessas duas versões, inseria frases de emendas de seu próprio punho, criando um dos casos mais emblemáticos de dupla autoria da literatura. O conto O Banho, é a versão de Lish, reduzida a apenas lacônicas oito páginas. Uma Coisinha Boa é a versão recuperada sem cortes de Carver, com vinte páginas.
É uma verdadeira aula de estética e interpretação textual a leitura dessas duas obras que, apesar de partirem do mesmo pressuposto temático, se revelam absolutamente desiguais. Chegam a ser duas peças independentes que, à força da omissão deliberada num sentido, e do emprego da torrente de informações e sentimentos que lhe fora negado, num outro, entram cada um num território sensorial e artístico diferente. O estudo delas também revela algo sobre as necessidades de subserviência de Carver ao mercado editorial, e de como Lish adequava-se à incumbência de tornar a obra de Carver inserida numa determinada modística literária para ganhar relevância, o minimalismo. Carver se submeteu a essa exigência, sem nenhuma relutância, mandando cartas a seu editor em que deixava claro que Lish poderia meter sua mão onde achasse melhor nos contos, coisa que Lish fazia com um compromisso ditatorial em cortar todas os matizes, tudo que lhe parecia excesso. Para comparar, o volume de contos What we talk about, when we talk about love tem 103 páginas, enquanto a edição póstuma feita pela esposa de Carver do mesmo livro, sem as interferências de Lish, possui 300 páginas (na tradução lançada pela Companhia das Letras, Iniciantes).
Vamos ao que interessa, a análise desses dois contos. Em O Banho, o conto se encerra com um terrível tom premonitório, fica tudo vago, a sequência esperada pelo leitor do que aconteceria com o menino no hospital é lhe retirada bruscamente, e o que é oferecido é o impacto de uma incerteza descomunal de que os personagens estão à mercê de um universo indiferente e implacável. As oito páginas refazem o tom de desilusão dos contos de Hemingway (com os quais se assemelha muito), podando qualquer aprofundamento com os personagens. Não há descrições de cena além do estritamente funcional, não há qualquer caráter humano ou simpático. É uma peça impecável, dura, afiada, um laboratório em que os personagens são meros veículos ao propósito de um retrato impiedoso de uma condição humana que nega o trivial potecializando-o ao máximo, mas lhe negando qualquer mitificação.
No conto sem edição, vindo direto das intenções de Carver, Uma Coisinha Boa, nada se aproxima do conto de Lish. Sob todos os aspectos, a versão original de Carver é muito superior. Por mais que O Banho seja exemplar do que pode ser uma narrativa sucintamente grandiosa, a impregnação de toda a força e ternura de Carver torna Uma Coisinha Boa algo acima do talentosamente terrestre, elevando-a a um nível onde apenas a sublime genialidade alcança. Joseph Brodski, analisando O Pavilhão dos Cancerosos, romance de Solzenistkin, diz que o autor vez ou outra demonstra que está para transpor a normalidade eficiente da narrativa para ascender-se a um plano que o aproximaria dos grandes autores russos pré-revolução, mas que nunca consegue dar o passo que falta. Carver, nesse conto, não só caminha com desenvoltura com suas próprias pernas, como rebaixa Lish a um censor que mais cedo ou mais tarde terá que ser reavaliado como uma curiosidade de mercado, e ultrapassa o limite imposto pelos grandes criadores do conto. Enquanto Hemingway é o modelo perseguido por Lish, Carver dialoga com o "coração generoso" que Tchécov dizia ser uma qualidade imprescindível para uma narrativa.
Em Uma Coisinha Boa, Carver nos dá o calor dos personagens, nos afunda em seus medos, em suas ambiguidades, em suas humanidades. Não o interessa o efeito bombástico, a técnica do assombro que Lish empreende em O Banho. Lish só podia ir até ali, no terror puro, na falta de esperança. Carver atravessa a linha e nos dá algo excessivamente genuíno: o impacto do que está além da incompreensão das relações humanas. Quando o casal, após a morte do menino (narrada com uma grandeza tolstoiana, o que por si já revela o pecado dos cortes de Lish), se encontra com o ameaçador padeiro, que lhes telefonava repetidas vezes para que estes viessem-lhe buscar o bolo encomendado, acontece algo só possível na grande arte. De madrugada, os pais do menino, frente a frente com o grosseiro e lacônico padeiro, levam o leitor a atingir aquele estágio de envolvimento com a palavra que é capaz de mudanças definitivas: as lágrimas, o desfiguramento que a derradeira compreensão causa, aquela leveza que ao virar a página nos dá a certeza rara de ter sido tocado por uma percepção alienígena.
Ler as versões dilapidadas dos contos de Carver por Lish, é como se contentar em ver um retrato focal do cavalo ferido em detrimento a todos os detalhes suntuosos e fundamentais da Guernica por inteiro.
Seria curioso se tivesse chegado à conclusão de que a versão de Lish é superior ao original de Carver - a desdita da crítica ao assalto mercadológico ao gênio do artista.
ResponderExcluirParece que nos simpatizamos muito mais fácil com o caso do assalto do mercado ao gênio do artista. Mas desconfio que o contrário deva ser muito comum também.
Escroto foi o que a Vintage fez com o Wind-up Bird Chronicle do Haruki Murakami, cortando nada menos que 100 e tantas páginas da tradução inglesa. Coisa que o mercado editorial europeu não fez. Como purista que sou não lerei o Wind-up até colocar as mãos na versão integral espanhola.
Ainda estou ensaiando o momento de meu conhecimento de Murakami, Luiz. É, pois, um quase completo desconhecido. Tenho uma lista de uns dez títulos em atraso pela frente antes de partir para a descoberta de novos autores, e o Murakami é o primeiro desta futura lista.
ResponderExcluirSobre intervenção alheia, acho que uma das mais famosas são os cortes feitos por Ezra Pound nos poemas de Eliot. Por mais que tenha sido intrusiva, ainda assim não conheço nenhum caso mais brutal que o de Carver e Lish. Um exemplo truncado, que pude utilizar didaticamente, do que você diz sobre "assalto mercadológico" à obra original, é a caixa deluxe edition de Achtung Baby, do U2, lançada recentemente. O sexto disco mostra as músicas deste álbum antológico, antes das intervenções de Brian Eno, assim como as faixas foram entregues aos produtores. Quase todas não funcionariam sem o equilíbrio artístico da suprema visão depurativa de Eno, algumas lentas demais, outras com os riffes iniciais longos demais, outras sem a atmosfera certa. Eno deu o veneno e a alma a muita inspiração indirecionada da banda, o que o faz um compositor também. Assim como George Martin com os Beatles.
Mas o caso de Carver, penso, é emblemático. Ele funciona melhor justo naquilo que Lish fez com que fosse mundialmente conhecido como grande contista: ele é a antítese de seu minimalismo acoplado à sua força mercadológica. A importância de Carver, confeccionada à risca, é toda atribuida às inserções de Lish. Mas a sua força a ser descoberta_ que está sendo depurada nas novas edições póstumas de seus contos_ é justamente a da sua prolixidade, de seu vagar, de sua ternura. Mas há sim um monte de contos do referido volume que é extraordinário graças a Lish. É de deixar, dolorosamente, o purismo de lado.
errata: no comentário acima, eu quis dizer que Carver funciona melhor justo no CONTRÁRIO daquilo que Lish fez com que ficasse mundialmente conhecido como grande contista.
ResponderExcluirDesconheço Carver, meu amigo. Obrigado por mais esse compass literário.
ResponderExcluirE é claro que o que eu quis dizer aí em cima é que nos simpatizamos com o gênio do artista que por vezes pode ser sufocado pelo mercadológico editorial.
E por falar na infatigável busca pelo gênio na arte, estou lendo pela primeira vez Doktor Faustus e estou absolutamente boquiaberto.
Não há como poupar exclamações com Mann. Eu achava que Doutor Fausto era a coisa mais incrível que me caíra em mãos, até ler A Montanha Mágica.
ResponderExcluirComo sou um chato de galochas e um provocador, pergunto: não o estás a ler em seu tablet, né. Só consigo imaginar o embevecimeno dessa leitura com o volume de páginas impressas pesando nas mãos.
Carver foi o segundo autor que li em inglês. Tem quase 7 anos, e eu não me esqueci de nenhum dos contos do volume. Adoro Cathedral, o conto, e esse, Uma coisinha boa, que já tinha saído aqui na antologia da Rocco.
ResponderExcluirA coisa mais incrível que já me caiu em mãos foi Em Busca do Tempo Perdido!!! De Mann só li Morte e Veneza e Tonio Kroeger, então não posso soltar taaantas exclamações. O que vocês preferem?
A Montanha Mágica, Em busca do tempo perdido...
ResponderExcluiro chiclete que vocês mastigam não é igual ao meu.
Paulo, escrever sobre Carver e não falar de Catedral é um pecado imperdoável, mas o tema desse post era específico. Catedral, que não teve intromissão nenhuma de Lish, é uma maravilha. Assim como Uma coisinha Boa, está em qualquer lista dos melhores contos de todos os tempos. O tipo de textos que uma primeira leitura já os tornam inesquecíveis.
ResponderExcluirTaí...Proust! Ia comprar o Tempo Perdido lançado pela Globo, mas quando fiquei sabendo do lançamento programado pela Cia das Letras para ano que vem, resolvi aguardar. Mas tenho certeza que não será melhor que A Montanha Mágica. Beirando os 40, não acho que exista algo novo sob o sol. Minhas maravilhas eternas já estão concluídas, e agora é tarde: Mann, Faulkner, Conrad, Joyce...
De Mann (creio ter lido tudo), recomendo: Montanha Mágica, Os Budenbrocks, Doutor Fausto, o primeiro volume de José e Seus Irmãos. São todos, em seus devidos campos, maravilhosos.
Caminhante, sinceramente, não consigo entender alguém não gostar de A Montanha Mágica. Por exemplo, Joyce sim, reconheço que as idiossincrasias de sua escrita repudie muitos leitores, como fez com o Ramiro, que não consegue ver nenhum graça em Ulisses; ou Faulkner, que pode ser hermético demais. Mas Mann não é, esteticamente, um autor "moderno", virtuose em excesso, radical em suas técnicas de escrita. É o tipo de autor que tem um pé na grande tradição da narrativa oitocentista, que visa, antes de mais nada, contar uma boa história, para, enquanto isso, entremear suas originalidades discursivas e ensaísticas que o cituem no século XX.
ResponderExcluirA Montanha Mágica é um romance-casa. Se há um em que eu posso dizer que habito, é esse.
Você sabe que eu parei Montanha Mágica com a intenção de retornar e nunca mais o fiz - o que já mostra que ele nunca será um dos meus livros preferidos. Acho que para amar o livro, teria que gostar daqueles papos filosóficos com o prof. Fulano (esqueci o nome do dito cujo). Nessas partes eu só me entedio, porque tudo me parece muito datado. De resto, a história é interessante. Enquanto Chachau (é isso) esteve no livro, eu o devorava. Depois passou.
ResponderExcluirEm busca do tempo perdido foi o primeiro capítulo mais longo e sonolento da minha vida. Pior que isso, só tentar assistir O Triunfo da Vontade.
Hahahahaha. Devo confessar que esse primeiro capítulo de Proust é que me fez atrasar a sua leitura. Tentei quando tinha uns 25 anos, mas aquelas infinitas páginas que descreviam o acordar do personagem me entediaram profundamente. Reconheço a enorme estultícia que digo, mas fazer o quê. Nada me pareceu tão moroso e insosso. Faulkner, que também tem uma prosa quilométrica, é, em tudo o mais, o oposto a Proust: em seus longos parágrafos constroem-se impérios patriarcais e sublevam-se personalidades individuais, moças inocentes se tornam devassas ardilosamente vingadoras, solitários contumazes se transformam em assassinos cheios de idevassáveis razões metafísicas...e Proust, por 30 páginas, um simples acordar sem, ainda, se levantar da cama (para isso, mais 30 páginas).
ResponderExcluirJá disse isso aqui: não suporto a literatura francesa, tirando Stendhal e Camus (o primeiro, mais italiano que francês, o segundo, mais africano). Mas terei que ler Proust. Ou não. Mas vou tentar sem muito compromisso.
Mas são esses diálogos com o Settembrini que são impagáveis, Caminhante. Datados!!! O Montanha foi feito, deliberadamente, para ser um reduto isolado contra o século XX, daí seu tom demodé.
Viu o que eu disse? Entre a Montanha Mágica e eu existe um mar insuperável de diálogos.
ResponderExcluirEu adoro literatura francesa. Se é francês já tem meio caminho andado comigo. Num arroubo de amor por Chopin, quase li George Sand.
Mais: os diálogos são datados no mal sentido. Aposto que você não tinha lido Said quando leu Montanha Mágica.
ResponderExcluir*mau sentido
ResponderExcluirNão entendi a relação com Said. Não me pareceram datados ao reler o Montanha em 2009. Até digo que foi pelo contrário, as teorias cosmológicas do professor Naphta e seu desprezo pela infantilidade da ciência humana me soam muito atuais.
ResponderExcluirEu achei os discursos de Setembrine completamente eurocêntricos. Toda aquela visão de perfeição masculina, heterosexual, européia, etc. Com relação a Naphta, concordo.
ResponderExcluirAh, sim. Realmente, não tinha me dado conta dessa aproximação com as críticas sobre o orientalismo e os arquétipos étnicos a serviço do imperialismo e tal, de Said. Mas acho que isso não mostra uma datação quanto ao frescor da obra para um leitor contemporâneo. Qual obra da época, e mesmo de meados do século passado, não são eurocêntricas, ocidentalistas e pré-conceituosas? Said escreveu sua tese de doutorado_ e se tornou um estudante atento_ sobre Joseph Conrad. Em Cultura e Imperialismo ele decanta um por um os pecados de Conrad quanto à sua recepção acrítica dos ecos da cultura ocidental em ver os "outros" como seres inferiores, atrasados. Em certa medida, Mann retifica esses conceitos em sua tetralogia sobre José: em pleno auge das convoluções do século passado, ele sai da Europa e da América, e volta-se por completo para o antigo povo, "primitivo" e "místico", judáico.
ResponderExcluirNão sei, Charlles. Talvez por ser mulher, eu me doa mais com esse discurso eurocentrico do que você. Não sou capaz de ler os discursos de Setembrinni sem ter em mente que tudo aquilo me exclui - a ciência do homem, a vontade do homem, a dignidade do homem. O feminino disso é a mulher de decote, a mulher cuidando dos filhos, a mulher trancada em casa. Não dá.
ResponderExcluirNão que considere blasfemo ler Mann no Kindle, mas caiu-me na mão uma edição velha da Penguin Modern Classics do Doktor Faustus. Uma professora de Filosofia do Direito da U of Toronto se desfez de alguns de seus livros a um amigo brasileiro como pagamento por tê-la ajudado a mover algumas caixas. Ele vinha me importunando por conta desses livros por algum tempo, tecnocrata que é, os livros estavam na suas palavras "entulhando e obstruindo a casa".
ResponderExcluirNão acreditei que os livros eram livros dos quais não se desfaz, pelo motivo mesmo de que eles foram descartados pela professora.
Para a minha surpresa, e graças à insistência do amigo tecnocrata caiu-me nas mãos umas amareladas edições da Penguin do Mann, os três volumes de capa dura da História da Filosofia do Hegel, os volumes quase completos dos escritos de Kierkegaard, a autobiografia do Sartre, etc.
Nada que li até hoje me impressionou tanto quanto La Recherche. Proust não era um contador de estórias. Era um cartógrafo de streams of conscience, if you will. As 30 primeiras páginas de La Recherche, embora não concorde com o julgamento da Caminhante e seu, não são assim representativos do opus.
Sou leitor bem meia-boca, nunca fui rato de biblioteca. Sobre Proust, tenho três notinhas:
ResponderExcluir1) A edição da Globo é bem boa, há tradução de Mário Quintana. Rolam oportunas notas de rodapé para assinalar chaves proustianas (que me foram úteis). Pode ser que a da Cia das Letras supere.
2) Eu confesso que não me desceu redondo a princípio. É meio fastidioso o início dos Caminhos que a Caminhante não percorreu (trocadilho péssimo esse, mas vou deixar). Passa página, passa página, passa página e NADA acontece.
3) Daí vem um mísero parágrafo e ele costura umas 150 páginas. É incrível como Proust consegue. Por isso, tem que insistir. É belo que faz chorar (eu não chorei, porque dei uma segurada, mas os olhos ficaram úmidos e deu aquela sensação de "arrepio nasal" antes da lágrima descer).
Caminhante, eu já havia dito à Rachel que, se eu fosse mulher, talvez jamais seria leitora. A aposta contrária seria se conseguisse um eficaz distanciamento quanto à sensibilidade de gênero, pois, a meu ver, quase toda a literatura foi produzida por homens e PARA homens (o próprio teclado me desmente de uma maneira pérfida: errei ao digitar "homens" e saiu "hímens"). Por exemplo a Márcia Tiburi, como ela consegue transitar nesse universo em que as mulheres parecem não existir da filosofia clássica? Um arranjo perfeitamente bem sucedido é o de Hannah Arendt, que não fica a dever a ninguém de nenhum dos cinco sexos conhecidos e dos ainda a se conhecer, que escreve de forma brilhante sobre política e literatura pairando bem acima dessas preocupações que acabam se tornando insignificantes.
ResponderExcluirLuiz, espero que tal professora não tenha aberto mão dessas preciosidades por substituição para uma biblioteca digitalizada. Uma doação dessas parece uma dessas coisas fictícias que acontecem ai no Canadá.
ResponderExcluirEu também não concordo nem um pouco com as observações que fiz sobre Proust. Na verdade aguardo pela leitura dos sete volumes para ano que vêm.
Anônimo,
ResponderExcluirouvi dizerem mesmo que até agora a edição da Globo é insuperável.
Mas tenho muito fetiche pelo trabalho da Cia das Letras, ainda mais que os volumes sairão pela charmosa coleção de clássicos da Penguin.
"Arrepio nasal" é muito bom.
Não sei se é a indústria cultural, a internet, time is money e toda pressa contemporânea que polui nossos gostos ou se é a experiência e a capacidade de avaliar rapidamente o que me agrada ou não. O fato é que não tenho mais paciência pra percorrer mais de 100 páginas chatas à espera da história engrenar. Já larguei muitos livros por menos. Isso de forma alguma é uma qualidade. Abandonei Proust, abandonei Sthendal, e quem sabe abandone Bolaño (o livro ficou arrastado e só fico pensando no fato dele estar entre os teus 10 piores, Charlles), se ele não tomar alguma providência. Quem sabe meu futuro esteja em Paulo Coelho, Violetas na Janela e livros de letras grandes e figuras bonitas. Eu gosto de aquarelas.
ResponderExcluirPS: também amei o arrepio nasal.
Quanto ao Detetives Selvagens, Caminhante, eu sou uma exceção. Muita gente venera esse livro.
ResponderExcluirO anônimo esqueceu de assinar, Fábio Carvalho
ResponderExcluirBem que reconheci o estilo.
ResponderExcluirNÃO! NÃO! NÃO!
ResponderExcluirSenhor Charlles Campos.
Existe muita coisa interessante no Ulisses de Joyce; porém também muita merda, por exemplo:
1)Por que preciso passar uma página inteira lendo o nome de duzentos santos católicos? Pra quê? Pra nada!
2) Por que preciso constatar que o sr Joyce seria capaz de escrever uma bula de remédio, um contrato de seguro saúde, uma notícia de jornal, elaborar uma lei, ou cagar, ou peidar, ou vomitar num mesmo capítulo? Pra quê? Pra nada!
3) Por que preciso saber que uma específica passagem se refere a um discurso nebuloso que um medíocre capitão irlandês declamou 200 anos antes do romance de Joyce? Pra quê? Pra nada!
4)Por que preciso saber o nome de 50 transeuntes, sem qualquer contexto com o livro, que Joyce resolveu anotar numa bebedeira, talvez num guardanapo e resolveu, sei lá o porquê, incluir no livro? Pra quê? Pra nada.
5) Por que sou obrigado a tolerar parágrafos do seguinte naipe (que vou inventar, mas que poderia estar no livro): E se deu que a. A praia estava deserta. Era ela linda ainda não descrita. Charlles deu pro Milton. O Marcos foi pra Marte. É tudo é como se. O Milton deu pro Charlles, mas quem comeu foi o Ramiro (eu sou besta, sô!).
6) Por que devo tolerar informações, informações e mais informações, que a tradutora sequer se atreveu a comentar.
AH, CHARLLES, HAJA SACO!
Talvez Joyce precisasse dum editor semelhante àquele que você menciona em seu post.
Charlles,
ResponderExcluirdiante do estrambótico que vivemos, eu prefiro, preciso de coisas que ferem assim esse nosso tempo...
CONTENTE
by Ramiro Conceição
Quando
se cuida,
o amor
cuida
da gente
com a melodia que alguém
compôs um dia na esquina
contente.
Mas, então, não tenho nenhuma admiração por Joyce? Óbvio que sim! Joyce é a ruptura da linguagem. Algo semelhante entre a mecânica clássica de Newton e a mecânica quântica de Plank. Isto é, Joyce pulveriza a linguagem até o não-sentido, ou melhor, a probabilidade de um sentido num instante que passa… Joyce cria palavras que só poderiam ser explicadas pela práxis de Marx, revisada em ampliada por Gramcsi, isto é, se algo aconteceu eu posso e sou capaz de escrever. Não existe na língua. Eu invento na íntima relação em que concebo um ato metafisicamente e um ato efetivo, histórico. Joyce relata literariamente a nossa incapacidade de comunicação, e conseqüentemente a nossa impotência. Joyce é um crítico voraz a nosso onipotência, pois, dá voz e nome a seres sem qualquer importância social, isto é ao “Zé Ninguém” que Reich, contemporaneamente ao irlandês, cria toda uma nova psiquiatria que é uma ruptura a Freud e Jung. Joyce canta às ruas… em tempos diferentes, que foram utilizados no cinema, principalmente, por Ingrid Bergman, Fellini (em Amacord), Buñuel na inversão da realidade e etc. (não sou erudito em cinema). Outro fato, que não posso negar, Joyce é substrato a muitos poetas. No Brasil, é pena criativa dos irmão Campos. Têm influência decisiva na última obra poética importante de Haroldo de Campos: “Galáxias”. Devo ressaltar também que li a pedra do caminho de Drummond no Ulisses e também o famoso poema das orações subordinadas adjetivas: que amava cicrano que não amava ninguém (estou citando de memória…). Portanto, Joyce é um pássaro eterno, pois se atreveu a fazer o que fez. Não devemos esquecer que Joyce escreve Ulisses durante a primeira guerra mundial: o parto do inconcebível, que aconteceria depois, com as duas bombas atômicas sobre o Japão… Portanto, Joyce, em sua loucura embriagada, tentou a sanidade à criação do ser humano. Portanto, Joyce por sua aventura humana é um dos pilares dessa nossa civilização ocidental. Deixo a seguir um poema que seria inconcebível sem a pré-existência de Joyce.
ResponderExcluirSUMO
by Ramiro Conceição
De tudo,
que fique
o sumo
que cante
ao mundo.
O resto é cena
não vale a pena
porque é mudo.
Não ter medo do novo.
Não ter medo do antigo.
Novo e antigo são amigos:
o tempo é ISSSOOOooooo
PS: a transformação do pronome demonstrativo “isso” numa seta entrópica do tempo só é possível depois de Joyce (não sei se me fiz endender…).
Tentando esclarecer o PS acima.
ResponderExcluirA segunda lei da termodinâmica, em que é definida a função entropia, é uma das maiores conquistas da inteligência humana, pois tenta explicar cientificamente o porquê que certos fenômenos ocorrem naturalmente, espontaneamente, num sentido, mas não em outro; isto é, por que é natural, num processo irreversível, o quente aquecer o frio, e não o contrário; por que uma bola colocada a 10m de altura se solta, desce. Enfim, por que tudo ocorre naturalmente num sentido, mas em nenhum outro. Dessa forma, o tempo poderia ser algo explicável dentro do possível pela segunda lei da termodinâmica, isto é, o tempo seria a seta da função entropia, ou seja, o universo “gosta” de caminhar espontaneamente para estados de maior desordem, ou seja, para os quais a variação de entropia entre o estado final e inicial é POSITIVA, quer dizer, progride na direção da desordem universal.
Resumo da ópera:
ResponderExcluirtudo tende a desordem da MORTE,
mas a ordem...é a VIDA DA ARTE.
"5) Por que sou obrigado a tolerar parágrafos do seguinte naipe (que vou inventar, mas que poderia estar no livro): E se deu que a. A praia estava deserta. Era ela linda ainda não descrita. Charlles deu pro Milton. O Marcos foi pra Marte. É tudo é como se. O Milton deu pro Charlles, mas quem comeu foi o Ramiro (eu sou besta, sô!)."
ResponderExcluirE eu que acabo mau nessa história, tendo que dar para o Milton.
Estou aqui, na manhã de sábado, antes que a patota acorde (tão acostumado a acordar às 5 da madrugada que mesmo nos dias abençoados de descanço meu relógio biológico se mantém fiel), rindo muito de seus comentários, Ramiro.
Você está se tornando um sério leitor de Ulisses, meu caro! Esquecestes de mencionar a provável inutilidade do capítulo em que Joyce o monta apenas com perguntas e respostas. No estilo:
Por que Ramiro afirma que, no final, Milton, que havia anteriormente comido o Charlles, deu para ele (Ramiro)?
...e aí vem uma resposta nonsense que mistura tempo espaço, reminiscências pessoais, etmoligias de irlandês primitivo, e história da Irlanda, e o fato inofensivo de que o gene do daltonismo está condicionado a pouca dotação fálica o que é um alívio, etc...
O Ramiro me convenceu: nunca lerei Joyce!
ResponderExcluirEsqueci de vir aqui por uns dias. Ainda bem que já defenderam Proust, senão, depois que o post passasse, seria minha culpade ter puxado o assunto.
ResponderExcluirLi os sete volumes em 2009, entre os 22 e 23 anos. Demorei bastante, pois sempre ficava voltando, para reler meus trechos favoritos. Para mim, Proust é o que há de mais sublime na literatura. Depois que terminei, por meses, tudo o que lia era extremamente fraco, sem graça. Mesmo autores consagrados como o Defoe e o próprio Conrad (li Tufão logo em seguida). Só sarei desta ressaca no fim do primeiro semestre do ano passado, com Moby Dick.
No semestre seguinte li, entre outros, O Conde de Monte Cristo e Ulisses, e confesso que o primeiro me satisfez muito mais. No livro de Joyce, há capítulos formidáveis, como o diálogo da biblioteca, o de Molly, o das rochas, e meu favorito, aquele muito engraçado, em que jogam uma lata em Bloom. Mas não sei se o livro vale o esforço de passar por capítulos como o dos médicos, entre outros, exatamente por esses motivos que Ramiro fala. Não sei mesmo. Talvez tenha que ler de novo, num futuro um tanto distante, em inglês.
Apesar de preferir a literatura inglesa, também adoro francesa, assim como a Caminhante. Creio que o Charlles deva colocar Celine (que está em minha fila de urgentes) junto com Stendhal e Camus, pois há um mês o livro estava sendo elogiado por aqui.
P.S.Ia deixar um trecho de Proust, na tradução que eu li, a de Quintana, pra Charlles ver o que o espera, mas não consegui escolher entre um e outro.
Paulo, só não vou adquirir por agora o Proust de Quintana, por estar com Guerra e Paz engatilhado quase pela metade. Mas a propaganda sua valeu um montão.
ResponderExcluirDiscordo em todos os graus quanto a Ulisses e sempre irei discordar. Quanto mais passam-se os tempos fica evidente que a escrita precisa da mesma exuberância e excesso que vemos nas frentes inimigas do humano, como o sistema financeiro canibalesco, a alienação bestializante e o barbarismo. Não concordo com a Caminhante, e acho que ela tripudia ao afirmar que prefere literatura altamente digerível. O pensamento precisa sim de seu universo de atenção rigorosa, de sua aptidão ao extremo, de sua "ilimitabilidade". São autores como Joyce e Pynchon que reafirmam a arte como a mais alta condição a que se pode chegar o espírito do homem. Em cada aparência de futilidade que se vê em Ulisses há uma guerra a favor dos espaços significativos que nos distinguem em todas as frentes como seres passíveis de salvação. Leia de novo Ulisses, mas não em um futuro distante.
Tem um post aí sobre Céline. Julgo que ele tem o mesmo peso que Proust.
Ulisses vai ter que esperar mais uma vez. A fila é longa. Tenho que tirar o atraso de toda uma vida sem ler. Hehehehe. Prefiro pegar um dos Manns que tenho aqui olhando para mim, que Ulisses mais uma vez.
ResponderExcluirJá tinha visto o post. Era isso que eu dizia. Você limitou sua lista francesa (ironicamente, penso) a Stendhal e Camus. Tinha que ter colocado Celine também, já que tava falando dele apenas há alguns dias, senão invalida os elogios daquele post, hehehehehe.
É, valeu a lembrança. Céline, Stendhal, Camus, e, deixe eu ver...talvez François Mauriac, apesar deste já não ler faz um tempo. Fiz um ano e meio de francês, o que aumentou mais ainda meu repúdio à lingua, ao ver o diretor do instituto, que mantinha a matriz em França, palestrar diante os alunos brasileiros com uma empáfia de quem falava a tropicalistas sensuais e de poucos dotes cerebrais. Foi graças a esse senhor que eu me desmotivei por inteiro de fazer um curso naquele país, coisa que tenho como um dos meus melhores lances de lucidez.
ResponderExcluirMinha releitura de Joyce, acho, vai demorar um bocado também. Estou envolvido por inteiro em Tolstoi, o que indica que ficarei na literatura do século XIX por um bom tempo.
Há um outro livro cheio de coisinhas joyceanas que quero ler também, principalmente após ler a biografia de Canetti (que o cita bastante). É o "O Homem sem Qualidades".
Os debates de leitores aqui no teu blog, Charlles, sempre são ótimos, assim como os posts. Mas este debate está especialmente MARAVILHOSO!
ResponderExcluirRamiro, tua apreciação de Joyce quase me fez cair da cadeira de tanto.
Charlles, talvez o meu problema esteja em dar cada vez menos valor ao pensamento em si...
ResponderExcluirObrigado, Farinatti. Às vezes eu fico assustado pensando "de onde veio essa galera?".
ResponderExcluirCaminhante, não sei se o nome da única coisa que eu respeito e aposto seja "pensamento", mas na falta de uma definição melhor...
ResponderExcluirFarinatti, espero que de tanto... "pensar e rir"
ResponderExcluirCharlles, claro que você conhece esse negócio de literatura contemporânea e o narrador pós-moderno. Tem sido a abordagem desse semestre em meu curso de Letras e, confesso, foi uma descoberta e tanto, embora eu já tenha lido algo a respeito em Walter Benjamin. De modo que a disciplina desse semestre me revelou realmente como um "leitor narcísico", uma alcunha que recebi de um doutor numa comunidade do orkut, em 2005. Em muitos casos, eu realmente leio pelo prazer do texto mesmo. Foi assim que aconteceu com "Ulisses" - o monólogo de Molly é excepcional, realmente -, o que me faz pensar que a tradução de Houaiss é boa, não fosse e eu não teria lido o livro, coisa que fiz quando me peguei naquele café da manhã, e fui, fui, fui, às vezes voltava atrás para confirmar se havia entendido, e ia, ia, ia... Se não, eu não leria: nunca consegui ler "Lavoura Arcaica" e "Dois irmãos", por exemplo. Além disso, por descoberta mesma do blog seu, fui atrás do "Arco Íris da Gravidade" e, bastaram algumas páginas e já estava apaixonado pelo livro, uma tradução excelente, também, caso contrário não teria prosseguido. Cata-se de tudo no texto, poesia em abundância, especialmente. O texto pelo texto, me vi lendo um livro na biblioteca de minha faculdade, "Um estranho em Goa", de José Eduardo Agualusa, e fiquei apaixonado e, claro, o meu prazer tinha a ver com o texto, porque no livro tudo parecia acontecer exatamente para isso, era o texto pelo texto. Outra coisa interessante foi uma historinha infantil que Ricardo Ramos Filho me enviou, "O gato que cantava de galo", um texto delicioso que reli com o gosto da novidade. De modo que, sempre que venho ao seu blog, eu me pego naquela ânsia a que estamos todos condenados, tanta indicação de livros que não conhecia, mas que, por ora, não posso comprar.
ResponderExcluirEu defendo a ideia de que o narrador moderno não vai ter nada para contar. Não obstante, continuará escrevendo. O livro do futuro bem pode ser o de memórias. Todos os teóricos, quando envelhecem, dizem ler especialmente História. Isso é interessante, porque há realmente um casamento entre História e Literatura.
Para Luís: É possível comprar um Kindle em site brasileiro? O tech.com indica alguns, mas tenho medo de ser conto de vigário.
Concordo plenamente com você, Milton. O prazer da leitura pouco tem a ver com a "facilidade do texto", ainda mais que facilidade é um termo pra lá de subjetivo. Para mim é insuportável a leitura de Nicholas Spark, Lya Luft, Paulo Coelho, pouco me importa se estes são milionários e bem sucedidos e por isso qualquer crítica persistente de suas relevâncias como autores possa ser recalque da falta de sorte em não conseguir fazer chover no mercado editorial. Uma página de O Demônio e a Srta Prymn é muito mais intransitável para mim do que uma página de Ulisses o é para o Coelho. E o Coelho mostra o quanto a leitura está se tornando uma espécie de tabaguismo do gosto, o que a meu ver é um aspecto positivo. Nós, os tabaguistas da leitura, somos a garantia de que o livro sobreviverá. Afinal, a época das telas coloridas, não difere de forma alguma de qualquer das épocas, porque o livro sempre foi e continuará sendo um objeto de luxo para certos refinados e esnobes do espírito (cansei de me defender contra ataques de que sou esnobe e prepotente: admito-o com orgulho; nada pede mais na época atual do que a necessidade de ser-se reacionário, contra o barbarismo e o vazio mental, a fila programada e a busca pelos interesses instituídos. Recordo-me de quando trabalhei a primeira vez como Veterinário em um perdido povoado de Minas, e atendi um senhor belíssimo, um varapau mais alto que eu, de uns setenta anos, cabelos prateados e uma calma imponderável, um silêncio e uma facilidade de se fazer presente que era toda própria, e vivia absolutamente sozinho, o que me era um mistério, numa fazendinha pequena e bem cuidada, e que ouviu com gentileza os conselhos que dei sobre clostridioses e não sei mais o quê. Depois soube que era um viúvo, com vários filhos e netos que cuidavam cada um de suas vidas, e que ele sempre fora assim, calma, elegante, não absorvível. Encontrei a definição desse estado num livro de Magris: a Superior Humildade do Pensamento. Então, admito-o, pretendo-me tão arrogante e simples quanto esse senhor.)
ResponderExcluirQuando falei de Proust, as 30 páginas, fui contra os meus princípios e a aprendizagem que tenho em anos de leitura. Talvez fiz isso por pura brincadeira, já que sei que o livro é que nos aceita. Demorei muito para ser aceito por Faulkner, mas quando isso aconteceu, foi uma espécie de amor para toda a vida, um ganho sem igual e incomparável. Coelho nunca pode dar isso. Como aquele grande colecionador de livros disse, Coelho está para a literatura assim como Edir Macedo está para a religião.
Mas sempre vai haver campo e criação para a literatura. Como Allan Bloom escreveu, o lixo da sociedade do porvir vai ser a fonte alimentícia dos grandes romances. Não é isso que fez Joyce e Pynchon?
P.S.: ontem mesmo vi numa revista de propoganda o anúncio de tablets de 800 reais na Novo Mundo.
Confundi Ingrid com Ingmar (Bergman),efetivamente, estava doidim, doidim...
ResponderExcluir"Mas sempre vai haver campo e criação para a literatura. Como Allan Bloom escreveu, o lixo da sociedade do porvir vai ser a fonte alimentícia dos grandes romances. Não é isso que fez Joyce e Pynchon?"
ResponderExcluirCharlles Campos
Sim, é isso mesmo, Charlles! Há de ser do mal onde o homem colherá o bem. Pelo menos nas artes.
Errata: a palavra correta citada no último comentário de minha autoria acima é "tabagismo", e não "tabaguismo". Tabagismo. Tabagismo. Tabagismo. Tabagismo. Tabagismo. Tabagismo. Tabagismo. Tabagismo. Tabagismo. Tabagismo.
ResponderExcluirMilton,
ResponderExcluirNunca tinha ouvido falar de compra do Kindle através de qualquer outro meio que não a Amazon.
Eu não arriscaria.
Uma pergunta. Por que não compra direto com a Amazon? Sempre comprei dela quando morava no Brasil e nunca tive problema nenhum com a entrega.
Porque me pediram um endereço físico nos Estados Unidos e, também, para calcular os impostos - além de analfabeto funcional em matemática, preocupa-me a possibilidade de o Kindle ficar mais caro - e o preço atual dele está ótimo para o meu bolso. Mas eu desconfiei do site também, apesar de a Globo estar exibindo um comercial dele.
ResponderExcluirEstou impressionado com o debate, positivamente dizendo. Por acaso esse blog me foi apresentado pelo Sr Google quando procurava os contos de Raymond Carver. Para minha surpresa cá estão vocês em um debate "caliente", defendendo seus autores. E isso meus caros é simplesmente maravilhoso.
ResponderExcluirNão entrarei em defensiva , tampouco me enredarei no assunto em pauta. Visto que se passaram mais de anos esse debate. De todo modo, sinto-me extremamente satisfeito em saber que não sou um viajante solitário em se tratando dos clássicos.
Um grande abraço a todos.
Obrigado, anônimo. Liguei o computador agora e vejo que estou quase imediato a você no comentário. Tem outros debates por aí no blog. Espero que você volte.
ExcluirAbraços.
Com certeza Charlles. Me agradou deveras. Um grande abraço.
ResponderExcluirNa introduçao do livro "68 Contos de Raymond Carver" deixa bem claro que foi um caso específico de apenas 1 livro e que Carver aprovava e elogiava os cortes do amigo Lish (amigo até dua morte).
ResponderExcluirO que ocorreu foi ele bater o pé sobre uma primeira versão dos cortes mas aprovou a versão final original de "Do Que Estamos Falando Quando Falamos de Amor". Sem contar que a influência do editor não estava em apenas esse livro. Uma balela.
Conclusão: Nunca se soube ao certo se era verdade a história, que segundo a viúva, ele desejava um lançamento de textos completos desse livro.
Enfim... Não li "Iniciantes", mas pra mim o que soa "mercadológico" é esse lançamento postumo. Pois a obra enraizada é a original.
Basta ler os dois contos citados neste meu post e você verá. O do Carver sem interferências, como eu disse, é infinitamente melhor. Isso justificaria plenamente o lançamento póstumo.
ExcluirOk, mas "Uma Coisinha Boa" que saiu em Catedral não é já uma versão mais completa de "Banho"? Pq ambas tem no 68 Contos e tem interferência de Lish.
ExcluirA não ser q Uma Coisinha Boa do INICIANTES realmente seja bem outra. Então, nesse caso temos 3 versões?