O comentário do Luiz, na caixa de comentários de ontem, me fez resgatar esse meu pequeno texto, publicado no blog do Milton no Bloomsday do ano passado.
Esse é um dos livros em que o enredo é o de menos. Importa a incrível vivacidade e energia verbal de Joyce. É o anti-limite de sua superioridade como escritor acima de todos os outros_ de Mann, de Faulkner, Proust, Kafka_ que iria subir à estratosfera e se perder com o livro seguinte, o ilegível Finnegans Wake. Trata-se de uma brincadeira bem urdida, uma ciranda calculada na espontaneidade de um severo trabalho de anos, não uma tentativa, mas uma culminação do resumo do ser humano e de sua história, e um enorme deboche à febril ciência da psicanálise (se tudo que passa pela cabeça de um homem comum é simploriamente banal, é ridículo sistematizar seu comportamento contraditório numa cabala do subconsciente). Ama-se Bloom e sua esposa, ama-se Dedalus e o excessivamente extrovertido Buck Mulligan, com todos os seus pecados, suas desimportâncias, suas carências.
É o romance da falta de sutilezas, da falta de coqueteria, o romance essencialmente não-burguês (não ANTI-burguês, pois revela o enorme descaso do autor para contrapor uma reação à uma sociedade medíocre), não-científico, e, por mais que possa ser surpreendente, não-literário. Dedica-se todo à celebração da literatura, mas é anti-empolação e anti-oitocentismo. Tanto que depois de Ulisses, aboliu-se a possibilidade de escrever como Victor Hugo, Sully Prudhomme, Romain Rolland, e outros. Ulisses aboliu a literatura em diversos países, obrigando os novos escritores à adaptação. É a suprema manifestação do humor, do humanismo, da redenção velada. Uma mistura de Nona Sinfonia com a fuga da Sinfonia Júpiter, com cabrioladas de um jazz que abriu as portas para as correntes de ritmos de Coltrane e dos minimalistas. O maior mérito de Joyce foi ter controlado sua extraterrestridade para dar à obra um caráter perfeitamente legível, pois seria natural que depois de ter rompido todos os limites, seu último passo seria Finnegans Wake, assim como o passo seguinte_ o estilo tardio_ de Beethoven fosse os ùltimos quartetos e a Missa Solemnis.
Aldous Huxley lamentou que Joyce tivesse optado pela abdução. Poderia ter escrito importantes livros da estatura dos de Stendhal. Mas é compreensível. Deportou-se do mundo dos viventes. Não lhe diria nada a estranheza e prazer de incompreensão libidinosa que o mundo adotaria ao analisar as cartas singelas que escrevia para Nora Barnacle, seu amor de toda a vida. Onde revelava a leveza de seu espírito, a ralé via apenas a sujeira sexual de um intelectual reprimido. Por isso é desconcertante que achemos de uma beleza sem igual as passagens de Bloom se masturbando, de Molly cedendo-se mais uma vez com seus repetitivos sim, sim,sim, da última página, de Mulligan se atirando seminu ao mar, ao lado dos pescadores. Uma impossível beleza nesses gestos prosaicos, e uma lucidez que desmascara toda a hipocrisia, toda pompa. Uma declaração de amor à humanidade, antes de mais nada, mas uma humanidade ainda de um distante porvir, livre das tralhas da ciência e das hierarquias, e centrada no cultivo das idiossincrasias soltas e intimistas de si mesma.
Por isso que é tão espantoso a Buck Mulligan quando Stephen Dedalus revela que, no leito de morte de sua mãe, se recusou a se ajoelhar; mas não pelo constrangimento à mãe, mas pelo constrangimento contra si mesmo. A liberdade do homem que tomou suas próprias rédeas e manda as convenções e a opinião alheia às favas…
Não li e é improvável que leia. Gostaria de saber o que a primeira charge significa.
ResponderExcluirCaminhante, significa que James Joyce, excitava-se com a flatulências de sua mulher Nora Barnacle. Era só ela soltar unzinho que o escriba partia para cima já devidamente armado.
ResponderExcluirNas cartas para Nora, JJ explicava em detalhes como era o comportamento da esposa enquanto os dois faziam sexo. Desde como ela sempre colocava a língua para fora da boca, até a questão dos apreciados gases durante o sexo. Joyce gostava do som e do cheiro.
Eu tenho um amigo aqui que sofre de uma vertente distorcida desse fetiche. Ele solta suas flatulências e força a esposa a uma apreciação compulsória, prendendo-a debaixo do edredom.
ResponderExcluirUm dos meu orgulhos pátrios é o grande carinho e devoção que o mercado editorial (e os leitores, claro) tem dedicado ao Ulisses. Fomos o segundo país a fazer uma tradução do romance, só atrás da França, e para esse ano, a Companhia das Letras programou lançar uma terceira tradução, penso que no Bloomsday. Algo inédito!
Caminhante, existem aqueles que leram Ulisses, e os outros. Em qual categoria vc quer ficar? :) (Só pra ver se te atiço.)
O mundo se divide entre Antes e Depois do comentário acima do Charlles.
ResponderExcluir(Charlles, desculpe, foi irresistível).
Por tudo isso, Charlles,
ResponderExcluirneste tempo do indelicado:
eis uma delicadeza...
LUA-GOOGLE
by Ramiro Conceição
Na lua-google, escrevi novamente
― entre “aspas” ― o nome seu.
E a busca, que não mente, qual sempre,
respondeu-me que o seu amor, era eu!
Como consertarei tal desatino,
se o coração é teimoso em ver
a sua lua que flutua no caminho
a alumiar o sol do bem-querer?
Existe somente uma saída:
escrever um verso a mais
e lançá-lo aos outros cais...
Assim talvez no tempo da vida,
deixemos a estrada do jamais
e, enfim, nos tornemos REAIS!
Jamais poderia imaginar um fetiche desses. Nada que uma dieta rica em repolho e ovo não resolva.
ResponderExcluirCharlles, me conformarei em ser um dos outros que leram A Montanha Mágica, que tal? (RÁ, te peguei nessa!)
Ramiro, que bonito!
ResponderExcluirCaminhante, então tu lestes a Montanha Mágica?
Comecei ontem...
ResponderExcluirNão, a cultura inglesa!
ResponderExcluirViva a portuguesa!
MARÍTIMO
by Ramiro Conceição
Ah, Madalena do Mar… uma aldeia, uma ideia, um povoado… meu primeiro amor vivenciado nas fantasias de grandeza de meu pai sobre um monumental Portugal. Ah, Ilha da Madeira que nunca foi, é ou será nada além dum pequeno rochedo sobre o Atlântico muito aquém do imaginário de Pessoa.
Porém, da pequena Madalena do Mar, ficou-me uma espúria cultura branca, escravocrata, dita, cristã e caridosa, oriunda dos primeiros canaviais anacrônicos do Império português que tentaram, a todo custo, se rejuvenescerem aqui, na colônia cruel, denominada Brasil.
Passaram–se os séculos…
Porém, por ser um indivíduo histórico, compreendi que não é necessário viver o passado, para compreender o bestial imaginário ancestral contido em si.
Basta, calmamente, refletir…
Por isso o Mar ensinou-me os passos pra além do politicamente correto da alma… Por isso matei, tranquilamente, sem qualquer piedade, o três impostores pastores de Fátima…
Por isso, marítimo, fiz-me!
Alguém aí já fez a prova de três com as traduções do Houaiss e da Bernardina da Silveira Pinheiro? Eu fico muito ressabiado em ler Joyce em português. Tanto mais depois de ver Finnicius Revém estampado nas capas da mais nova empreita de verter Finnigans Wake para o português - parece as infelizes versões de títulos de filmes da Sessão da Tarde.
ResponderExcluirAliás, essa tradução tem alguma relação com a parcial tradução dos irmãos Campos?
Luiz, tenho o Ulisses original, mas não tive peito para lê-lo. Tenho as traduções do Houaiss e da Bernardina, e essa última é muito mais descolada e aproximada do coloquialismo de Joyce que a do Houaiss. Já disse para a Caminhante que não divido esse conceito quanto à traduções serem "deturpações", pois há traduções ontológicas e tão válidas quanto o texto original. Joyce é Joyce, claro, mas radicalizar quanto à pureza da fonte é matar a literatura de modo geral. Se ninguém leu Joyce se não o leu no original, então sempre vai haver limitações graves à literatura e aos leitores, pois ninguém domina TODAS as línguas.
ResponderExcluirA tradução nova da Cia das Letras está nas mãos do Caetano W. Galindo.
Errata: Antológicas
ResponderExcluirAcho que sou mesmo mais purista que você. Mas admito que a tradução às vezes verte um texto mais interessante que o original.
ResponderExcluirO Ulisses no entanto é um caso muito particular. Como traduzir aquela penca de neologismos e onomatopéias sem cair no risível?
Ulisses é um pouco como o Daodejing. Perde-se mesmo para alguns leitores.
É, tá certo. Até para os leitores irlandeses tais partes apresentam problemas, pois JJ recorre às origens da lingua inglesa e tal. Mas essa é a parte menos importante da obra. Os neologismos em Ulisses é igual a...achar-se que no Pequeno Príncipe existe apenas um desfile de aforismos açucarados ("vc se torna eternamente responsável por aquele que cativas").(A comparação é terrível, desculpe o domingo!)
ResponderExcluirDaí eu penso que pouquíssimas pessoas leram "Os Demônios", de Dostoiévski, pois quem domina o russo? Mas mesmo sem entender nada de russo, Thomas Bernhard já tinha "Os Demônios" como o livro mais arrebatador.
Ok, Ulisses é um livro interessante, legal, essas coisas. Mas para mim existem três tipos de pessoas: as vivas, as mortas e as que não nasceram, mas nascerão (enquanto as que não nascerão não serão, obviamente, pessoas). O resto a gente negocia.
ResponderExcluirSobre a ilustração: mas que gostar dos peidos da mulher, Joyce era também um coprófilo.
Sobre a formação de Joyce, o livro (ainda proustiano) Retrato do Artista Quando Jovem.
Huxley esqueceu que a improdutividade de Joyce devia-se a dois fatores: preciosismo extremado de um lado e, mais importante, alcoolismo do outro. Finnegans Wake parece fundir esses dois problemas: conversa de bêbado imersa na pretensa genialidade do artista enquanto boca mole. Vai ver que a língua do livro não é nada além que a voz de Joyce emitindo fonemas impossíveis depois de 2 garrafas de uísque vagabundo.
Cara, tem muita gente que só fica inteligente quando bêbado, eu incluso. O Finnegans eu considero uma abominação. Está mais para artes plásticas do que literatura. Ou quebra-cabeças, ou trava-línguas. Apenas uma pequena parte,pequeníssima, de escritores gostava dele. Anthony Burguess e um ou outro virtuose.
ResponderExcluirEngraçado_ não, engraçado não; vamos dizer que seja um tique nervoso_ que vc e o Luiz pegem, de imediato, pelo que o Ulisses têm de mais banal e desimportante (vc em outros papos lá no Milton): as "gracinhas" estilísticas. Isso é irrisório, e o máximo que se possa dizer delas é que não atrapalham a leitura. Ulisses não é arte pela arte. É um puta livro, diversão pura, horas de imersão num pensamento ordenado que oferece tudo o que compõe os grandes livros: humor, tensão, verdade, etc.
Que eu saiba, o bêbado acha que fica inteligente, quando, na verdade, ele só fica presunçoso e chato. Eu também bebo.
ResponderExcluirO Tao do qual se pode falar a respeito não é o eterno Tao...
ResponderExcluirO Joyce de Ulisses e Finnegans tem muito do delírio da literatura Merkabah e Hekhaloth... você quase pode ler a coisa de trás pra frente, em diagonal, pulando linha sim, linha não...
O Singer em Yiddish, dizem meus amigos em Yiddish, não é o Singer em inglês.
E Marcos, qual é o sentido de toda essa iconoclastia à metralhadora?
Pois é! E eu amo o Singer profundamente. Há escritores que se ama tanto, que realmente acaba se criando um tabu de não se falar deles. Nunca pensei em fazer qualquer resenha de A Família Moskat, Satã em Gorai, O Solar, os incríveis e quase intermináveis contos.
ResponderExcluirPenso que a literatura tenha a mágica da ópera: mesmo não se falando o alemão e o italiano, como algumas partes de Don Giovanni são tocantes e idiossincraticamente entendiveis.
De obras nos idiomas originais, li Mark Twain (no curso de inglês da adolescência), Faulkner (li Light in August, Intruder in the Dust), Bellow (Henderson, the rain king; herzog; seize the day), Cien años de soledad. Em francês, quando estudava para ir para a França fazer um estágio (desisti dois meses antes), li grande parte da Cartuxa de Parma, mas tenho muita birra contra essa lingua, me recusando a aprendê-la.( fiquei com mais birra quando o monitor da faculdade de veterinária de uma cidadezinha da França foi nos apresentado, o legítimo francês cheio de empafia e eugenia, cópia física do Poirot e carregado de preconceitos pós-imperiais).
Mas nada me agrada mais que ler em português mesmo.
..."qual é o sentido"? Não há. Motivação: o mundo não é uma catedral, não há pódios para santos, gênios ou ninguém. Metralhadora? Nunca tive uma.
ResponderExcluirCute. Mas o ponto perde em persuasão quando não sai da boca de G. B. Shaw.
ResponderExcluirNa verdade ele surte o efeito justamente contrário...
É porque o mundo está cheio de bobocas que se curvam a um pedrigree. Citemos então Faulkner, o Charlles:
ResponderExcluir"A liberdade do homem que tomou suas próprias rédeas e manda as convenções e a opinião alheia às favas…"
Não. Não foi falácia de autoridade.
ResponderExcluirAchei que você conhecia o ensaio do Shaw.
Anywho.
O que eu quis dizer foi, descartar a idéia de que há gênios enquanto se é um gênio faz sentido.
Todo resto é bobagem juvenil inspirada por indigestão induzida por leitura equivocada de Ecce Homo ou por síndrome Holden Caulfield.
Charlles!
ResponderExcluirEmbora eu esteja sempre atento aos posts, há muito não comento. Aproveito o ensejo e atiço a discussão com uma passagem do Carpeaux de "Retratos e Leituras", sobre Ulisses... Um abração!
"Amigos “Amigos e Inimigos, admiradores e detratores concordam: Ulysses, seja obra-prima homérica, seja monstro pseudodantesco, é um livro de importância excepcional. Apenas não concordam quanto às conclusões históricas: alguns consideram a obra como o maior romance de todos os tempos, cume e suma do gênero; outros reconhecem em Ulysses a paródia definitiva do gênero, e lembrando-se do aforisma de Kierkegaard, segundo o qual “toda fase histórica termina com a paródia de si mesma”, proclamam o romance de James Joyce como ponto final da história do romance, desse gênero típico da burguesia.
Em julgamentos tão extremos influi, não pouco, o espírito de coterie: de um lado, os vanguardistas, sempre entusiasmados pelo dernier cri; e por outro lado, os retaguardistas (a divisão não coincide, aliás, com as divisões políticas), sempre indignados com a quebra dos standards reconhecidos. Mas adianta pouco estigmatizá-los. Na crítica literária admira-se, além dos revolucionários e dos plagiários, só um terceiro partido: o do famoso “bom senso” do leitor sem preconceitos. E o bom senso não é instrumento mais conveniente para verificar a importância ou irrelevância de Ulysses. Nem sequer para aproximar-se da obra. Que fará um leitor que desconfia das opiniões dos críticos sobre um romance? Sentar-se-á à mesa para lê-lo. Mas aí começa a dificuldade. Não é possível ler essa obra. Ulysses é, na acepção mais profunda da palavra, ilegível.
James Joyce, natural da Irlanda, usou, assim como a maioria dos seus patrícios, a língua inglesa. Presume-se que a sua obra máxima esteja escrita na língua de Shakespeare. Mas não é tanto assim. Imaginem uma língua inglesa, misturada com grossos pedaços de dialeto irlandês e de vários outros dialetos das ilhas britânicas; salpicada com expressões da gíria, ou antes, das diferentes gírias de classes que não costumam exprimir-se literariamente, além da presença da gíria ainda mais esquisita dos estudantes de medicina e dos pintores fracassados; imaginem esse complicado produto lingüístico entremeado de numerosíssimas reminiscências, meio citações e alusões veladas a todas as leituras possíveis, da Bíblia e dos filósofos escolásticos até Carlyle e Ruskin, e não apenas de leituras inglesas, mas também de leituras em língua grega, latina, francesa, italiana, espanhola, alemã, hebraica, sânscrita etc. etc., empregando-se sem cerimônia palavras de todos esses idiomas: enfim, para não esquecer, o uso parcial de um idioma inédito, composto de vocábulos da própria lavra de James Joyce – e compreenderão por que a grande maioria dos leitores ingleses, mesmo dos leitores muito cultos, não consegue ler Ulysses"
Obrigado pela contribuição, Pedro. Não conhecia esse texto do Carpeaux.
ResponderExcluirAbraço.
se me permite, mas eu não escrevia há uns 3, 4 anos... volto a pedir, com licença
ResponderExcluirALTTAB
caiu de duas janelas
um chão de estrelas
um céu de concreto
ficou suspenso num quarto-cadeira
hipnotizado pelo zumbido da conexão
era sempre muito triste pensar
um esticar de pernas desatento
um desses reflexos irrefletidos
e o fim
tudo ali muito presente
excessivamente perto
como num edifício master
e o subsolo com cheiro de vazio e mofo
só se respira em Alttab
essa hipercidade que não dorme
que prescinde dormir
o fôlego na próxima janela
Rapaz...sempre adivinhei um poeta por detrás das coisas que escreves, Arbo. Sério! Apesar da sempre pressa e telegrafismo.
ResponderExcluirQuais tuas influências poéticas? Cummings?
Quando puder, responda.
Aproveito para fazer uma nota: ando muito ocupado, mas o blog continua.
Abraço!
Carajos, interessante poema do Rômulo, sobre essa ânsia de acesso automático à rede que é um acesso reflexivo irrefletido de tudo. Como desde 2 de abril o Charlles não escreve chongas, resta aos leitores lotarem a caixa de comentários com textos meio que sem qualquer relação com a mensagem. Mexa-se, Charlles, senão farei uma antologia de Alt+Tab aqui, com todo auxílio lixioso do acervo internáutico.
ResponderExcluirCharlles e Marcos, obrigado.
ResponderExcluirEu não sei quais são "minhas influências" poéticas, Charlles - se pouco leio, li menos ainda poesia em minha vida. Talvez por isso escreva pouco tbm.
Como eu disse, há um bom tempo não me atrevia a escrever qq coisa, convicto de q o silêncio sempre era superior. deve ter vindo das profundezas isso aí, de coisas várias q tem me atravessado o caminho, como (poder-se-ia citar uma infinidade de exemplos) os poemas do Ramiro (de certa fora, estou "entendendo" poesia só agora, na leveza de suas palavras* - uma leveza de q me lembrei esses dias, ao ler num livrinho do Ítalo Calvino, Seis propostas para o próximo milênio, uma análise sobre essa propriedade), os teus posts, ou talvez mesmo o fato de eu ter visto anteontem (apenas anteontem) o documentário esse, edifício master, e toda essa questão da internet estar tão em voga. e o marcos identificou bem, ansiedade generalizada, q tbm é minha.
*leveza q ora só admiro, q talvez busque, mas q, como podem ver, da qual estou um tanto lejos...
[verdade, charlles, tá na hora de outro post]
[verdade, charlles, tá na hora de outro post] Qual nada! Todo poder aos poetas de d'esquina! Lá vai:
ResponderExcluirControlaltdel
Vejo a senhora à beira do precipício que tem como abismo
A Avenida Nossa senhora de Copacabana.
Meu prédio é em frente, assim imagino
E a hora é agora: - Dona, não pule, eu grito –
Vislumbrando na cômoda a fatura a vencer
Das lojas C&A.
Mergulho no abismo e de lá retorno
aliviado; a senhora está vida, a fatura foi predominante
a vontade de morrer, encubada, encubou-se
(quem sabe para sempre!)
Retorno à rede; as teclas ressoam
Em sua humanidade intensa: são letras, números, sinais
Que dão conta de nós.
Só então em não me percebo neles
Só então eu me percebo em outro lugar
Só então esse outro lugar, percebo
Não é mais que um sonho, e só então
Submeto-me às teclas e submeto-as àquilo que quero:
este mundo se apaga e eu respiro
olhando o confortável vazio.
No 8º verso, retifique-se: não é VIDA, mas VIVA
ResponderExcluirpra vcs terem a ideia exata de como fui do grande entusiasmo com a ideia de criar um blog chamado CTRL VERSO à desistência em um só dia, fui cadastrar (isso há uns bons anos) o endereço no blogspot, mas troquei as letras e ficou crtlverso... quando me dei contra, não gostei, fui trocar, não foi aceito, fim. impressionante como vou longe...
ResponderExcluirmas ainda acho um bom nome. talvez. me indicam alguma outra plataforma?
dívida de vida
ResponderExcluirdividida em duas
se fôra à vista
a vista da morte não seria nada boa
aahaaahauhahah
Bá, tchê, põe logo controlverso e pões aí um fim nisso.
ResponderExcluirBelo poema jocoso, piada, tipo Oswaldinho. Pavio curto, é claro; estoura, faz barulho (risadas) depois some. Caralhos, é o quanto basta.
Quando vi o disparo de número de comentários, pensei putaquepariu quequitáacontecendo?
ResponderExcluirMais um pouco disso e vou me achar um Milton Ribeiro.
Eu estou participando de um projeto de saneamento no meu trabalho que está tomando meu tempo por completo. Não sou de trabalhar muito e isso está me irritando. Não sobra tempo para ler (o que é a pior coisa da minha vida!), e nem para escrever. Mas vai só até essa sexta-feira.
Confesso que sinto inveja de quem faz boa poesia. Já estava acostumado a conter a noção de insuficiência própria diante o Ramiro e o Marcos, agora me aparece vc, Arbo.
Mas vai cara, libera. Escrever sem vergonha; ou escrever, sem vergonha.
(Mas afinal, Rômulo. Tu tens ou não um blog? Eu clico sobre seu nome e nada aparece.)