quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Chacrinização



O Brasil tem algo de Coréia do Norte. É tão fechado, e para nós que aqui moramos sem possibilidade a curto prazo de sairmos para além de suas fronteiras, parece que vive um outro tipo de realidade toda própria. A cada dia me vem a certeza de que a verdade brasileira é insondável, permanente, indevassável e aprisionante, e que nos submetemos com tal inclemência a ela que estamos em descompasso em compreender o que se passa no restante do mundo. Eu vejo, com temor profundo, que a brasilidade me distorceu a tal ponto que comprometeu minhas faculdades de entendimento. Eu só consigo entender sob a ótica acondicionante de viver no Brasil. Por exemplo, esse filósofo, escritor, ou o que quer que seja (o sinal do meu comprometimento neuromotor é não estar à altura de definir o que tal sujeito é), esse Ovalo de Caspalho... ele...o cara é tão..., mas tão ignóbil e espúrio e sem substância, que eu fico pensando com toda sinceridade: alguém como ele é possível de existir em outro país, em outra pressão atmosférica que não seja a do Brasil? Fico horas olhando o Facebook dele e fico em consequência frio de medo. O que nos tornamos? Isso foi progressivo; algum dia fomos melhores e nos degradamos nisso, ou sempre fomos assim tão insípidos, irrisórios? Porque, vamos falar a verdade, não se trata de complexo de vira-latas, quisera deus que fosse algo tão simples e contornável com o exercício sedicioso de um amor-próprio alimentado com disciplinada sofreguidão: o fato é que assim como estamos, assim como nos apresentamos, somos mesmos um povo menor, vergonhosamente menor. Eu sou daqui e não fico nem um pouco feliz em dizer isso. Me parte o coração e me enche de bile ver o desprezo despejado com tanta falta de cerimônia para cima de nós. O assunto é seriíssimo!! Esse Ovalo, filósofo, redundância encarnada... todo o Facebook dele é de uma bestialidade medonha, uma azucrinação e pornografia mental, promiscuidade sem tamanho. Leem seus textos e os dos seus absurdos seguidores e façam o exercício de como aquilo parece aos olhos de um leitor estrangeiro. Dá uma vergonha prostrante. Há um mapa da América Latina em que o Brasil aparece com a foto sobreposta de um ânus. Como alguém dá atenção a um cara desses? Toda frase do cara tem um xingamento, as palavras mais chulas. Daí, ele entremeia com pequenos textos de um lirismo tão raso, que nos comentários aparecem os celerados elogiando a beleza daquilo, a profunda poesia. Percebam a preguiça com que escrevo isso aqui; não tenho o mínimo ensejo em escrever sobre Ovalo. Um ególatra puro. A foto que estampa seu Face faz referência à serenidade ostensiva de sua cabeça ao beijar a criança (neto?), algo que lhe deve soar helênico, a estante abarrotada de livros atrás. Uma foto feita não para mostrar a criança, mas o velho. E não há o mínimo conteúdo nas coisas que ele escreve, mas mesmo assim... um caudal de seguidores! Não é para menos. Visito outros endereços virtuais e vejo, por exemplo, alguém dizendo sobre Dostoiévski, e assim, como um movimento condicionado inevitável, os comentários que se seguem são de "entendedores de Dostoiévski" que não leram nada além da wikipédia, ou conservam uma onisciência de papo de boteco. E esses, notem, são pessoas letradas, altos profissionais e gente descolada, gente de bom gosto. É por isso, será? Assim como o brasileiro adora ostentar supremacia social através de qual carro ele compra, é indispensável para o brasileiro descolado apenas arvorar cultura e esclarecimento? Pouco lhe importa ser, mas parecer? Assim explicaria muita coisa: Ovalo cai quase como uma luva, e soma-se a isso o fato de ser um filósofo com recursos high tech, o que agracia a vaidade de todo mundo que quer ser visto por todo mundo. A serotonina do ódio direcionado no espaço virtual, e do elogiar em conjunto. O único tema do sujeito é ele mesmo. Essa inelutável convergência para se ser o Chacrinha em cada área de atuação do brasileiro deveria ser fonte de estudos sérios para nos tentar salvar.

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Seria uma evolução inalcançável se tivéssemos um veículo torpe, enojante, visceral, bruto, violento, descerebrado e desentorpecente como a Charlie Hebdo. Eu já disse aqui, em outra dessas ocasiões de minhas análises sobre o país, que eu compraria uma revista masculina em que viesse um hipotético ensaio fotográfico de uma mulher que, naquela data, estava sendo investigada no incipiente processo contra a corrupção na Petrobrás, mulher cuja estética corporal notoriamente expressiva do crime que cometera a tornava incondizente com a nudez expositiva. O que eu estava a dizer é que, a afronta a que alcança o equilíbrio entre criminosos no poder e o povo que os alimenta é tão irrespirável, que eu tenho a urgente necessidade de me haver com uma outra forma de expressão. E, já que a intocabilidade desses corruptos é tão insofismável, a burrice exorbitante do povo tão encalacrada, o absurdo de ver um nu desses abriria inéditas e insuspeitas maneiras de percepção. Precisamos aqui recorrermos a novos e mirabolantes exercícios de desentorpecimento, e a Charlie Hebdo cumpre bem esse papel em seu país de origem. Isso porque ela não pretende a genialidade, não busca o amor de seus leitores, não busca, sequer, leitores; prescinde corajosamente até do humor. O que ela faz é, restringindo à definição de uma única palavra: repulsivo. E é aí que, mais uma vez, está o x da questão. A Charlie tem apenas uma ambição: ser o ponto cego. Antes dos atentados que massacraram parte substancial de seus editorialistas e chargistas, as suas vendas eram mínimas, o interesse pelo que diziam só atingia os noticiários baseado no termômetro do calor de reação que uns desocupados tinham contra o que para estes era ultrajante e ofensivo. A Charlie seguia incólume em sua personalidade imutável de ser o que era: o ponto cego. Uma vez arvorada, sem pretender ou fazer nada para isso, à condição de ícone, bandeira da liberdade e símbolo cult nacional da França, ela prova a fidelidade à sua identidade ao não se envaidecer com esse amor a ponto de traí-lo, de jogá-lo na sarjeta. Os milhões que se dedicaram a comprar seus exemplares e torná-la um frenesi de vendas agora, em parcelas representativas, se dedicam a desbancá-la do posto de bem-amada graças a uma charge recente em que ela parece a eles ter ultrapassado os limites. Como se ultrapassar limites fosse algo programático para a revista, como se uma revista que sempre foi o que é, repulsiva e burra (na acepção do termo correlacionada a uma total despretensão de ter conteúdo), tivesse ainda algo a dever à cordialidade do mundo externo a seu escritório. Com a última charge, a polêmica racista, como está sendo vista por muitos, charge em que o menino sírio afogado é imaginado em uma hipotética sobrevivência adulta apalpando a bunda de alemãs, a Charlie Hebdo ameaça perder o título de baluarte moderno da liberdade de expressão para voltar a ser apenas a Charlie Hebdo. O mundo prova um pouco da burrice que vemos na Coreia do Norte brasileira ao espelhar em franca armadilha o que a charge da Charlie tenciona: a hipócrita vociferação recheada de ódio, típica de fundamentalistas, mas partindo da Europa altamente civilizada. Os comentários daqueles que se sentiram enganados ao vestirem camisas com a frase Je suis Charlie, e agora viram o racismo e intolerância da recente charge, enchem os editores da revista de prazer por verem a missão cumprida: a burrice em estado puro, selvagem e ingênua, é genialmente confrontadora. A charge, como bem acusou alguns, faz parte de um tríptico, em que a conclusão revela a alfinetada na predisposição confortável de se chorar com a foto da criança morta na praia, desde que não se tenha que dispender um mínimo esforço para uma auto-análise de como esses piedosos espectadores no aquecimento de suas casas veem com demérito e preconceito os refugiados sírios. Como esses para os quais o choro é uma catarse estética linda do corpinho do menino afogado querem que tais refugiados se mantenham o mais distante de suas fronteiras. Não, a Charlie não tem bom gosto, é idiota e desprezível, mas está no final de uma escala de evolução dialética (para a qual mesmo o europeu para quem é escrita parece mostrar descompasso na recepção da mensagem) em que nós coreanos rastejamos ainda com nossa adoração a Ovalos. A Charlie faz da chacota o objeto de elucidação impactante; já aqui, a mensagem levada ao estado de culto de alguém como Ovalo mostra que a chacota somos nós.                             

17 comentários:

  1. Se nao estou enganado, Olavo pretendia ser Aristóteles com jeito de Alborgheti, cogito ergo Mussum, algo assim.

    Jeito de Alborgheti tem.

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    Uma Charlie impressa no Brasil? Impossível. Somos íbero-americanos demais para isso. Ninguém patrocinaria, nem o estado. Online, porém... te animas em encabeçar uma empreitada dessas? Se nao, te animas ao menos em LER algo assim? Pois eu duvido. Também duvido com a velha da Petrobras. MAS DUVIDO MESMO. Nao és capaz. Nao tens o estômago nem o mau gosto necessários. Puro papo. E furado, ainda. Uh-hum. To pagando pra ver, brother.

    A maioria da turba a choramingar pela charge do menino, a galerinha Refugees Welcome, é incapaz de perceber que a Charlie está mais ao seu lado na questão "Flüchtlinge" do que ao lado dos Refugees Go Home. O hebdomadário parisiense parece-me ser contrário à ideia de povo europeu (de povos europeus), do Cristianismo e sua identidade, do sistema econômico, etc. Essas charges polemicas da vez são claríssimas nisso, mas grande parte do mundo democrático-liberal não agüenta calculadas demonstrações frias a momentos tristes, tudo deve ser encarado com sentimentalismo falso e barato, Imagine tocando baixinho na trilha sonora. Os vizinhos alemães que festejaram a chegada desenfreada de Mohameds e Ahmeds em suas postagens carregadas de sentimentalismo no facebook, agora nao deixam seus filhos irem e voltarem da escola sozinhos, com medo de serem estupradas, roubadas, etc. Ué...

    Charlie é anti-cristã, porém sobe no banquinho - caixote, aliás - para condenar a falta de caridade cristã dos cristãos que, absurdo!, estão fechando as fronteiras, mandando de volta ilegais "refugiados", como se os cristãos através de nossas igrejas não tivéssemos enviado toneladas de mantimentos os abrigos.


    (Nao há integralização, por mais que liberais e progressistas digam o contrário. Sobrará para aqueles imigrantes que querem fazer parte. Que cagada Frau Merkel fez. Os bárbaros chegando com livre acesso, ganhando apartamentos, comida, roupas. O pequeno alemão, o médio alemão, AQUELE alemão medíocre, ressentindo e rancoroso está voltando da hibernação, não fica mais calado achando bonitinho o exótico vizinho estrangeiro de qualquer lugar. É swastika pichada pelos bairros (white power à porta aqui do prédio), é NPD fazendo propaganda e angariando mais ouvintes, é neo-nazi botando as manguinhas de fora agindo como camisas-marrons nos anos 30 descendo o cacete em qualquer marronzinho. A Europa sem Cristianismo entrará - já entrou - na onda dos nacionalismos de outrora. E a elite política e econômica continuará culpando quem não tem culpa. E aí lembro de Ben Abbes, de Houellebecq, da inércia dos europeus em seus livros, do processo de submissão passiva e pacífica, como se fosse impossível parar a marcha islâmica rumo ao domínio mundial, como se a Era Cristä tivesse acabado, estivesse morta, o Iluminismo a derrotou parcialmente para ser finalizada pelo Isla, não sendo possível ressuscitá-la, devemos abracar o Isla, é tradicional, tem praticamente os mesmos valores, etc. Pro caralho. Isso é Guenon falando. Claro que é possível. Mas não como se avizinha.

    Antes tinha de medo de ser roubado, assaltado, molestado aleatoriamente por razoes brasileiríssimas; agora, receio de ser explodido ou metralhado por muçulmanos (mas que NAO SAO VERDADEIROS MUCULMANOS NAO HEIM!!!!) ou surrado por uma gangue de nazis ignorantes. Gracas a Deus que durante a estadia de meus pais aqui nada aconteceu.

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    1. Inconcebível uma Charlie brasileira, e jamais proporia algo assim. Há uma ótima resenha sobre um dos livros dela lançado aqui no Brasil, no blog do Aguinaldo Medici Severino. Estamos, em questão de insulto, na fase do CQC e associados, o débil do Gentili e do Rafinha Bastos, que estão infinitamente aquém. É como comparar Pantagruel (Hebdo) com qualquer adolescente facínora da Febem (Rafinha e Gentili). Morri de rir quando eles lançaram aquela charge dizendo que os refugiados afogavam porque só os cristãos andavam sobre as águas, e a absurda falta de percepção de que era um sarcasmo por parte de gente letrada (tive que avisar a um blogueiro conhecido isso).

      Acompanhei a hilária Marcha para Satanás, a enxurrada de mensagens de morte e ódio deixada nas caixas de comentários das redes sociais. Esses são os cristãos. Eu sou cristão, mas não sei expressar o quanto repudio o igrejismo canalha e criminoso no Brasil.

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  2. Li uns textos de Olavo sobre literatura que eram muito bons, mas esses dias entrei pela primeira vez em seu twitter, pra conferir a briga com Constantino (que me é tão desprezível quanto Eduardo Cunha), e é horrível. Não sei dizer dos livros.

    O que Padura fala de Cuba acontece no Brasil. É impossível se esquivar de certos ressentimentos por aqui. Em O Pintassilgo, um personagem fala mal do Texas, outro aparece na capa da Economist - esse tipo de artifício ficcional, bastante comum, é praticamente impossível de ser feito no Brasil. Imagine então uma Charlie Hebdo? Pense em quantos filmes americanos aparecem um presidente imaginário, muitas vezes cometendo um crime (recentemente revi Poder Absoluto, de Clint), ou alguém que, independente de sua orientação política, se encontra com um presidente real. Uma ficção brasileira (a exceção é Tropa de Elite 2) que fizer isso imediatamente estará abrindo mão de metade de seus leitores, que o verão somente como um coxinha ou um petralha, independentemente de sua qualidade.

    Falei de algo relacionado há alguns anos: https://raviere.wordpress.com/2013/10/28/o-nosso-irrevogavel-direito-de-nao-deixar-mais-ninguem-falar/

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    1. Disse bem. Aqui um jornalista americano insinua o alcoolismo de Lula e Lula e asseclas dizem que vão processá-lo. Os Simpsons fazem um episódio sobre o Brasil, avacalhando geral com o país, e uma frente nacionalista surgida do nada, com um patriotismo guerreiro que não se vê em ocasiões de maior peso, pedem o boicote do desenho. O Stallone faz um dos diagnósticos mais precisos do país, naquela sua afirmação de aqui pode-se destruir tudo e "eles ainda lhe dão um macaco", e é um deusmelivre de sensibilidades alteradas. O Robin Williams faz aquela piada sobre cocaína e Brasil e prostitutas, e todo mundo volta a encorporar o ufanismo bairrista (sentimento que nunca, renovo, aparece quanto às situações políticas contundentes e as mazelas sociais).

      Eu mesmo sofro uma enorme, incontornável incompreensão por parte de muita gente que não consegue entender como alguém pode pensar sem partidarismos. Me encostam na parede e exigem que eu me identifique de esquerda ou de direita, e intimam que eu expresse todos os preconceitos identificadores dos gêneros.

      O último filme genial que eu assisti do cinema nacional foi o Que horas ela volta. Que maravilha! Que atuações! Que desperdício com a Cazé naquela coisa que ela apresenta na Globo. O autor de O cheiro do ralo, um magnífico ator. Esse filme consegue finalmente ombrear com a elegância identitária do atual cinema argentino. O único filme em anos em que se consegue assumir um "tema brasileiro", sem recorrer a favelas, a nordestinismos, a tráfico de drogas, a violência policial carioca, ou o bestialismo das comédias de classe média consumidora paulista. Um filme excepcionalmente sutil, que fala de todas essas coisas, mas com silêncio, com leveza. Um incrível exercício de percepção e denúncia social usando a tática do Hemingway de mostrar apenas a ponta do iceberg. Assisto 5 vezes o filme, comprei-o, gravei-o, e fiz as partes da minha família com as quais me importo assistir.

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  3. Sofro a mesma incompreensão, principalmente quando discordo de eleitores apaixonados, de um lado e de outro. Hoje em dia o brasileiro inicia uma conversa sempre com uma suspeita, um receio de entrar numa daquelas conversas sem fim nem finalidade. Está mais fácil conversar com crianças.

    Que horas ela volta é fantástico. Mutarelli e Cazé estão mesmo muito bem.

    Você viu O Som ao Redor? Apesar de não tão sutil, acho que chega lá também. Um dos últimos filmes que vi no cinema. Estava quase vazio, e um casal não parava de conversar, como se estivessem em sua sala de estar. Eu pensava: "mas é exatamente desse povo que o filme está falando".

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  4. Charlles, você esqueceu de mencionar que o Olavo também é astrologo(na verdade ele se diz aposentado, mas de vez em quando ele se trai, e sai falando sobre a importância da astrologia), a briga dele com o Constatino e o Reinaldo Azevedo é digna de crianças da quarta série se digladiando para ver quem tem o brinquedo melhor, e o pior que o brinquedo se chama Jair Bolsonaro, que foi defendido ardorosamente pelo Olavo.

    Um outro assunto que eu vi recentemente, foi que o Tostói vai ser reeditado pela "Cia das Letras", pelo selo penguin, é uma pena já que o luxo das edições da cosac vão se tornar para poucos, mas pelo menos vai ser acessível a muitos devido ao baixo preço.

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    1. Realmente, o que falar disso? É tão inexpressivo que nem para alimentar aquele gostinho por picuinhas que todo mundo tem serve.

      Há um livro dos últimos textos do Tolstói pela Penguin-Cia que é ótimo. Acho que os lançamentos ganharão outro grau de beleza, pois acho a estética editorial da Penguin de um charme único.

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  5. Achei Q hs ela volta bom, mas se fosse argentino seria melhor. Hehe. Quero dizer, gostei do filme, mas ainda vi ali, principalmente na Cazé, uma pitada de GLOBISMO - aquele exagero na cena, desnecessário. Pra mim, ela sendo mais sutil na atuação, o filme cresceria. Mas não vou reclamar de uma boa produção brasileira no deserto.
    Vi Som ao redor, por tudo q haviam me falado talvez, me decepcionei um pouco. Faz pensar, é claro.
    Ontem vi o último Tatantino. Um exagero de sangue até para seus níveis, mas, bem, ele estava contando uma história de formação, sangrenta. E como sabe contar bem uma história esse diabo. Diálogos deliciosos. Vejam.

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    1. Ficou parecendo q achei QHEVolta um filme qualquer. Mas, não. Minha ressalva é por um detalhe, q na minha cabeça o tornaria ainda mais tocante.

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    2. A praga maior do cinema nacional é a impossibilidade de desvinculá-lo à Globo. Qual filme de certa relevância não tem um ator ou atriz da Globo? (O que me desmotiva por completo.) Só fui assistir ao Que horas depois de ver muita gente boa o recomendando, porque a Cazé era o que pior haveria de assinatura dessa emissora. Não a achei afetada na atuação, nem exagerada. Escrevi um texto aqui sobre a Dezi, uma pessoa maravilhosa que trabalhou na casa da minha mãe e morava conosco, e a personagem da Cazé é assustadoramente igual a ela. Mesmo que ver.

      O filme tem seu panfletarismo discreto. Isso parece ser uma marca do cinema do continente_ o igualmente fantástico Relatos Selvagens o é de uma forma que tange a doutrinação.

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    3. Eu achei que o Tarantino começa meio emperrado, e só engrena depois do terceiro capítulo. No geral é mesmo excelente, mas com tanta expectativa sempre julgo com mais severidade um Tarantino. A mocinha leva tanta porrada que fica engraçado - uma graça que dá vergonha de admitir.

      Gostei dos novos de Iñarritu e Spielberg (roteiro com dedo dos irmãos Coen). Por falar, alguém viu a série Fargo?

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    4. Tarantino é desses artistas que ninguém quer ficar sem ver, mas nunca me pareceu mais que um excelente emulador de estilo, um eficiente cômico (muitas vezes de comicidade involuntária). Eu re-assisti a alguns filmes dele e vi que funcionam mal na segunda vez. Django e Bastardos, por exemplo, me soaram palavrosos demais, com diálogos inflamados artificialmente, e muito mal resolvidos com tanto sangue festivo.

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    5. Qto ao QHEVolta, não fui ao cinema com o pé atrás pela Regina Cazé, pq em geral gosto do q ela faz. Mas é isso, tu falou a palavra, panfletarismo. Não precisa falar duas vezes, se dá pra pegar a ideia falando uma. O filme tem ESSE exagero, q talvez seja um exagero meu apontar. E se o aponto na Cazé, talvez seja mesmo só pq ela é a principal figura do filme, e é nela q isso acaba se manifestando.
      Relatos selvagens é humor, quer ser assim, e funciona.
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      Não vi esse Spielberg, nem a SÉRIE Fargo - mas se é Coen é bom (nem sei se um dos irmãos se envolveu na série).

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    6. Ano passado tirei para rever filmes. Revi uns dez Scorseses e meus Coens favoritos. Revi também Bastardos e continuei gostando, principalmente por causa do roteiro, a estrutura e os diálogos de Landa. A morte de Hitler é um daqueles insights que parecem óbvios, mas só depois que alguém fez antes. É meu Tarantino favorito.

      Arbo, os irmãos são produtores da série. Há várias referências ao universo dos dois. Pra mim foi a temporada mais sólida do ano passado, junto com a de The Knick.

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    7. A série Fargo é bem boa. Achei a segunda temporada melhor que a primeira. Já aguardo ansioso a terceira.

      Adorei o novo Tarantino. Típico: diálogos (quase) em excesso, mas que diálogos! A mulher que apanha o filme inteiro foi o ponto alto, junto com Samuel L Jackson. Continuo achando Bastardos Inglórios seu melhor filme - um dos meus favoritos. Cacete, como demoraram a fazer um filme moendo Hitler à bala.

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  6. A rainha da Jordânia fez uma charge de resposta à Charlie, em que o menino Aylan aparece como médico em um futuro ficcional e em um mundo ilusório em que os países que estão, a contragosto e providenciando uma reação, recebendo os refugiados seriam promotores de sua inclusão social e suas oportunidades de crescimento profissional. Um mundo em que esses países não tem um pingo de preconceito étnico e terror diante os arquétipos imaginados da ameaça que o menino Aylan produziria. Seria fácil uma réplica à rainha da Jordânia: "Majestade, basta ver que nem vivo Aylan chegou".

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