quarta-feira, 13 de agosto de 2014

True Detective



"Só existe um tipo de história, a mais antiga: luz contra a escuridão." (Rust Cohle, True Detective)

Cometi a distração de assistir pela HBO na segunda-feira o primeiro episódio de True Detective. Não descansei enquanto não assisti aos outros 7 episódios da série. Acabo de ver o último deles, e estou completamente deslumbrado. Foram 8 horas da mais generosa abdução para um mundo de refinada estética e entretenimento, um primor para o intelecto e um deleite para os sentidos. Não há como não ficar apaixonado pelos dois detetives_ sobretudo o ultra-niilista Rust Cohle. 




21 comentários:

  1. A HBO sempre proporciona séries geniais, tais como: THE SOPRANOS, GAME OF THRONES, BAND OF BROTHERS, BOARDWALK EMPIRE e na minha opinião a melhor MAD MEN.

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  2. João Antonio Guerra14 de agosto de 2014 às 08:24

    Fiquei realmente interessado, somando a sua recomendação e a do Paulo. É interessante pensar no ultra-nihilismo de um homem de nome Rust -- portanto, ferrugem, nada mais apropriado.

    O ator já me provou que sabe surpreender: em Wolf of Wall Street, seu personagem surge em apenas duas ou três cenas lá no início, e a atuação é estupenda, porta nas entrelinhas todo o destino do personagem do Dicaprio, e nos faz perdoar cada comédia romântica que o Mcconaughey já fez.

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  3. Ainda não assisti ao True Crime. Cortamos a TV à cabo e a HBO aqui em casa. Sou muito preguiçoso para baixar troço na internet. Não se trata de escrúpulo não. É preguiça.
    Mas pelas resenhas da série ela me parece de gênero muito próximo ao The Killing, com a estranhíssima ruiva e excelente atriz Mireille Enos (ela fez também uma das várias esposas do casamento mórmon do pai do Bill em Big Love). Essa série é fenomenal. É a coisa mais próxima na tela ao In Cold Blood do Capote. Não pude conferir ainda à versão original da série da TV dinamaquesa.
    Mireille Enos faz o papel de uma detetive de homícidio que se abnega de viver junto aos vivos preferindo a companhia dos seus mortos que ela investiga.
    A série é haunting, bleak e cínica. As estórias se passam na chuvosa e cinzenta Seattle e em vez de cada episódio compor um assassinato ou crime (conforme a moda dos detestáveis CSIs), a série gasta duas temporadas num só crime. Um baita script. Por isso tem gente que a compara a Twin Peaks, o que, com todo respeito a Lynch, não faz justiça a The Killing.
    Recomendo muito!

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  4. Eu sou assim às vezes acometido de terror noturno. Acordo gritando no meio da noite, balbuciando coisas incompreensíveis. Na noite em que assisti o último episódio do The Killing acordei a vizinhança inteira com um grito gutural do que me pareceu meu pior episódio de terror noturno.
    A série é bleak assim!

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    1. Luiz , alguns do episódios da 1° temporada de The Killing têm o roteiro de Nic Pizzolato, o criador e roteirista de True Detective :)
      Parece que estamos entrando na era de ouro das séries : Fargo, The Leftovers e um pouco abaixo, Penny Dreadfull. Aliás, tomara que The Leftovers mantenha o nível, que episódio aquele primeiro, que episódio!!!
      lucas

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    2. Olha, pra mim a Golden Age começou com Sopranos, atingiu o limite com True Detective e partir de agora é declínio. Mais e mais séries condensadas (máximo de 13 episódios), com trocentos canais e mídias novas. É impossível acompanhá-las todas, são tantos temas e autores e diretores ávidos por ter o próximo hit revolucionário - como Sopranos que meteu o pé na porta das emissoras no final dos anos 90 - forçando nos cliffhangers, atores com muitos anos de carreira nas costas em papéis secundários sonhando em ser o novo Brian Cranston (que para mim sempre será o dentista sádico Tim Whatley, de Seinfeld) num papel redentor, tomadas de câmera esquisitas ('inovadoras'), imagem muito fria ou quente demais, opacas, para dar um ar de sei lá o que.

      Ah, se fudê! Assisti o primeiro episódio de Manhattan (sobre o Projeto Manhattan) e me decepcionei. Hannibal ficou ridícula. Orphan Black perdeu o gás. E Game of Thrones somente ano que vem. Voltemos aos livros, o que o correto.

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    3. Fargo? Alguma conexão com a história original dos irmãos Coen?

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    4. parece que meu comentário anterior não saiu....
      Sim, Luiz , se passa no mesmo "universo gelado" do original, mas os personagens do filme não aparecem ali,embora os eventos sejam aludidos...Acho que os irmãos Coen são produtores executivos da série, muito boa mesmo

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    5. Matheus,
      sim, sim , Manhattan esta decepcionando; sou estudante de física e estava louco pra ver história contada de forma fidedigna, mas qual!!! a série é praticamente ahistórica,..Winters e Isaacs(personagens principais da série) foram peixes pequenos, quer dizer, cadê Fermi(o mago), Feymann( o gênio extrovertido), Von Neumann( polímata bôemio), Fuchs(o espião comunista) , casal Rosenberg(eletrocutados na cadeira elétrica no lugar de Fuchs), enfim , a história original é bem mais interessante!!!
      caso queira um relato histórico, o Oliver Stone tem um documentário, em 12 partes, chamado The Untold History of the USA, que vai do New Deal até o Barack O_bomber, lá tem 3 episódios com o projeto manhattan como foco...
      Lucas

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    6. mateus, quanto a discussão da "golden age", eu esqueci de citar :

      Tremé (HBO)de David "midas " simon (The Wire , Generation Kill): se passa em Nova Orleans pós-katrina, centrada num grupo de músicos de jazz, tem a participação de vários músicos nativos daquela cidade, variando do Jazz ao folk; realmente arte solar do Simon...

      The Honourable woman (BBC) com a talentosíssima Maggie Gylenhaal: focado no conflito Israel X Palestina, sem relação com os eventos atuais

      Les Revenants (os americanos estão fazendo um remake )

      Já citei The leftovers(HBO) do Lindelöf(se recuperando do blunder que fo i Lost), esta série me dá um feeling de A peste do camus...

      Penny Dreadful(com a sexíssima Eva Green sendo possuída e tudo mais): parece A Liga Extraordinária(HQ) do Alan Moore, mas com a abordagem psicossexual de Lost Girls(HQ, também do Moore).

      House of Cards(Netflix): boa, mas acho o personagem de Spacey, hiperbólicamente maquiavélico, pouco crível no suposto contexto realista da série.

      O mestre e margarida(minissérie duma televisão russa) de Vladimir Bortko(também fez uma minissérie de O idiota): esta é mais antiga, mas é pós -The Sopranos., parece que oficialmente só foi lançada em russo(com legendas em inglês), vi uma versão que tem para baixar numa certa baía pirata...
      Enfim, teve-tem muita coisa boa na tv , mas concordo com vc que True Detective é um dos cumes..
      lucas


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    7. Lucas, sei que você foi cheio de boas intenções na sua sugestão da "American History X" do Oliver Stone ao nosso amigo reaça.
      Mas esse convite pra ele equivale à passar uma temporada na casa oficial de H. Chavez na Venezuela com direito a tour edificante do herói comunista canonizado.

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    8. Posse até assistir o documentário do Stone, com um pé atrás. (Como curiosidade, abri a página dele na Wiki. Olha que engraçado: British newspaper The Guardian has described Stone as "one of the few committed men of the left working in mainstream American cinema." Ô, só tem reaça em Hollywood...

      Treme assisti a primeira temporada, muito boa, mas um tanto morosa para meu gosto. O remake do Revenants, Resurrection, é... bonzinho, assim como o francês, porém menos chato, pois não é francês. House of Cards é muito bom. E não entendo o por que de acharem pouco crível o personagem do Spacey.

      Mais crível que Sandra Bullock vagando no espaço com sua mochilinha a jato.

      Ah. Querem saber? Fiquei muito feliz com a volta de 24. Jack Bauer neles!!!

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    9. Opa, em ***** retire The wire, eu tinha me esquecido do Stringer Bell, que qualifica com maçã podre sofisticada, kkkk
      lucas

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  5. Lucas, não sabia da conexão Nic Pizzolato - The Killing - True Detective. Preciso pois conferir mesmo. Put my feet in the water e dar boas-vindas ao mundo do download.
    Matheus, achei a idéia conceitual de Orphan Black bem besta. Por isso nem tentei assistir.
    Quanto a Sopranos... sei lá. Cosanostra é bem passé composé. Depois de três doses cavalares, "obrigatórias" de acordo com os críticos, de Coppola goela abaixo, dos gangsters italianos só tenho saco para os amorais da Camorra Napolitana. Gandolfini é foda (que Deus o tenha). Mas ele não ficaria melhor na linda baía de Nápoli em vez de no sujo rio Hudson?
    Em tempo, só quem gosta de Jersey é judeu... Jersey só o de Roth... E tá de bom tamanho.

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    1. Eu não gosto do universo ficcional sobre a máfia. Nunca consegui assistir O poderoso chefão. Sempre fui, com muita distração e tédio entremeado, até a cena da cabeça do cavalo decepada. E nunca assisti nenhum minuto de Os sopranos. Nasci com a deficiência total de entender que fascínio tem sobre o consumidor cultural as histórias dos clãs regentes do crime organizado. Não vejo o mínimo charme, nem o charme relativo dos dissidentes emigrantes na luta pelo seu espaço retaliativo no contrato social. Essa ficção sempre realça o que há de pior no imaginário étnico dos russos, italianos, irlandeses e chineses emigrados: a ralé racial que se sobrepõe através da criminalidade covarde, assassinos mandatários que não sujam as mãos e que pagam pistoleiros eficientes na tocaia, no tiro pelas costas, na extorsão dos próprios compatriotas que mantêm seus comércios sofridos. A visão que tenho deles, no melhor das possibilidades, foi bem retratada em O legado de Humboldt, em que Charles Citrine, o intelectual decadente espiritualmente apegado à desinência espiritual em um mundo urbano corrompido, assiste ao mafioso que lhe oprime defecando em um banheiro público, enquanto é agarrado por ele e mantido preso pela mão do lado de fora do cubículo da latrina. Citrine tenta sofismar alguma legitimidade nessa entidade embrutecida, o que é uma das mais bem construídas críticas feitas a essa mitologia idiota pela máfia.

      Em um programa de entrevista espanhol, o Benício del Toro foi acossado pela bela entrevistadora e perdeu uma oportunidade única de entrar para a história das grandes refutações do mercado de entretenimento. Em vez disso, virou um viral do youtube, em que se silencia e fica francamente sem jeito. Isso por que a mulher lhe pergunta se ele não via como um grande desrespeito aos tantos refugiados cubanos em Miami o fato do recente lançamento do filme sobre Che Guevara em que ele faz o papel do assassino militante argentino. Tanta resposta del Toro poderia ter dado diante uma pergunta limitada e tosca como essa: porque eu ficaria envergonhado?, ficaram envergonhados De Niro e Pacino, Coppola e não sei mais quem quando lançaram as mais de dez horas da trilogia da máfia siciliana num Estados Unidos carregado de vítimas dessa mesma máfia?, e por aí vai...

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    2. Ora, Charlles: o Del Toro é um socialista, defende os ideias da esquerda, e o resultado das ações de Che & Comparsas resultaram em Cuba e nas desgraças espalhadas pela América Latina. Ser socialista é uma escolha, ser italiano não. A máfia não representa a totalidade dos italianos, apenas um fragmento dos sulistas e centrais da Bota. De Niro, Pacino e Copola não defendem a máfia, como Del Toro defende a esquerda, defendem? E por acaso a máfia assumiu o controle de algum estado/país? (A Itália, ao menos, ainda não). Possui defensores na mídia, partidos políticos e organizações que promulgam seu ideias horrendos?

      Torito jamais entraria para a história refutando ao ~ mercado de entretenimento ~ nem se quisesse.

      (A máfia é um mal da sociedade italiana, principalmente a sulista. Resquícios da sociedade de clãs (famiglia!!!), costumes que não foram eliminados nem pela Igreja nem pelo estado. É primo casando com prima. É barbarismo. A Idade Média eliminou esse tipo de coisa na Inglaterra, nas terras germânicas, mas não lá. Falta Igreja no coração desses brutos. Ou a Igreja e o Estado italiano acabam com eles ou eles acabam com a Igreja, tomam o estado e enfraquecem as bases da sociedade, que ficará a mercê dos invasores, que já habitam aquelas terras.)

      OBS: tenho amigo de sobrenome Lucchese. Seus pais embarcaram num navio com destino a NY ou NJ. Quanto aportaram, foram recebidos como reis. You see, a máfia controla aquele porto, deram uma conferida na lista de passageiros e detectaram os senhores inocentes com o nome certo. Famiglia.

      Por isso que passei a usar o nome carcamano do meio hahaha vai que, né.

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  6. A violência extremada, o honor killing, os códigos tortos de irmandade, eu até entendo como tudo isso junto dá uma boa receita narrativa. Mas achei muito interessante o seu ponto sobre a exploração do tema do imigrante do Novo Mundo, onde o cinema oferece uma relacão de empatia com esse que foi um verdadeiro vilão social desse pobre expatriado Italiano, mas também Irlandês, Croata, Polonês, etc.
    Cosanostra já deu. Nunca li Mario Puzo, nem vou. Ele me parece um glorified Stephen King da ficção de novelas de crime blood and gore. E combinemos que o cinema não merece a memória indelével de um Marlon Brando obeso, calvo e beiçola. Por favor, respeito aos cânones. O meu Brando é o do Bonde Chamado Desejo. De camisa branca lisa, com as mangas dobradas duas ou três voltas acima do bíceps. (Estou tranquilo com a minha masculinidade, ok?) Aquele Brando rivaliza até com o James Dean de Juventude Transviada.
    Para mim o ponto fora da curva é Goodfellas do Scorcese. Tenho um carinho estranho porque ela cena em que os três gangsters, DeNiro, Liota e Pesci, se sentam à mesa da Mama do personagem do Pesci para comer lasanha enquanto buscam uma ferramenta para desmembrar o infeliz corpo no porta-malas do carro.
    E gosto muito de "La mafia di un villaggio siciliano, 1860–1960. Imprenditori, contadini, violenti." de Anton Blok, um ótimo ensaio de micro-história sobre a Cosanostra.

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    1. Meu Brando é o de Julio Cesar, 'vim enterrar Cesar, não elogia-lo'.

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