quarta-feira, 7 de outubro de 2015

8 h



Não tem para ninguém. Amanhã, às oito horas, vai ser o nome deste senhor que será anunciado.

57 comentários:

  1. ( ͡° ͜ʖ ͡°)







    Mais fácil McEwan ou Auster. Ou ainda Murakami ou Eco. Scheiße, McCarthy e Pynchon também são mais prováveis - e o segundo é uma lenda urbana!

    Esqueça. Jamais ganhará o Nobel, como Borges e Bernhard. Tu sabes. Um Mediano, uma feminista, um homossexual (somente por o se-lo) tem mais chances. O Mago leporídeo mago tem mais chances. Nao vai dar.


    Mas amanha, lerei o anúncio com esperança... porque esse velho judeu safado merece! Filho da puta. Shylock. (Torcendo também por uma premiação-bomba-surpresa a Houellebecq!, por que nao?! )

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  2. Como bielorrussa, minha mulher está na torcida por Svetlana Alexievich, a favorita, segundo os jornais norte-americanos e europeus. É autora de 'Vozes de Chernobyl', onde Elena esteve tocando logo após a catástrofe. Verdade. O segundo favorito é Murakami.

    http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/10/1690987-ignorada-no-brasil-svetlana-alexievich-lidera-apostas-para-nobel.shtml

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    1. Tinha visto essa matéria. Fiquei com uma tremenda vontade de ler essa mulher.

      Do que adianta favoritismos se o destino já está escrito? Será ele.

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  3. http://www.betbreakingnews.com/betmod-item/9583/

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  4. Mais fácil o Rubem Fonseca, Ferreira Gullar, Cony ou Dalton Trevisan ganharem, mas bem que o Roth merece, a academia vai incorrer no mesmo erro que fez com o Tolstoi novamente, não premiando-o.

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  5. E olha que não seria a minha escolha. Se a academia me pedisse para escolher, sem relutância alguma eu apontaria o Cees Nooteboom. Ele merece, por ser o mais velho e pela grandeza de sua obra (os inigualáveis Dias de finados e Rituais), e porque com o prêmio o restante de seus livros seria traduzido aqui no Brasil.

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    1. Nooteboom só tem um páreo nas letras em questão de sutileza de estilo e beleza esotérica: Saul Bellow. Nooteboom é o correspondente europeu do autor de O planeta do sr. Sammler.

      Mas não adianta cogitar, uma vez que já está decidido.

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    2. É um autor, que o mercado editorial brasileiro, deveria olhar com mais carinho, até por ele ser um profundo hispanista, e conhecer uma ou outra coisa de nossa literatura, o que convenhamos é muito raro, um autor tão festejado e de altos méritos se dar a conhecer, e atualmente está na moda o tal "café Amsterdam", que vem trazendo inúmeros autores holandeses para várias cidades brasileiras, então poderia ser editado mais alguns títulos do Nooteboom por estas plagas, e quem sabe traze-lo para esse bendito evento literário.

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  6. Espero que o Roth ganhe,só assim a Companhia das Letras irá reeditar O Teatro de Sabbath,o qual não é encontrado na Estante Virtual por menos de R$ 200,00!

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  7. Aposto minhas fichas no Lobo Antunes. Ele está sempre relativamente bem cotado nas bancas de apostas, pode chegar comendo pelas beiradas e faturar amanhã.

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  8. Sempre que vejo sobre as casas de apostas europeias e americanas sobre prováveis ganhadores percebo que a maior parte dos que apostam lá é composta de gente que não entende muita coisa de literatura. Murakami jamais ganhará o prêmio; não por ser um escritor menor, que vários menores já o ganharam, mas por ter um perfil excessivamente comercial e juvenil que destoa do prêmio. Bob Dylan é uma piada inconsciente reafirmada a cada ano. Eco também está fora: um autor best-seller que só escreveu um livro extraordinário, o resto é pra lá de dispensável. O cúmulo é o nome da autora de 50 tons de cinza constar no páreo. Sobre a Svetlana, eu a desconheço por completo, mas se as minhas pesquisas sobre ela estiverem corretas sobre ela ser uma jornalista, isso a torna inviável. Jamais um jornalista ganhou o Nobel.

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  9. Concordo em parte, Charlles. Acredito que a bolsa de apostas seja uma mescla de leitores com apostadores contumazes (daqueles como o John Cleese no pastelão Tá Todo Mundo Louco, haha). Tanto é verdade que no topo da lista sempre circularam majoritariamente nomes de grandes escritores como Kadaré, Rushdie, Kundera, Oz, Roth e o Lobo Antunes. Mas é válida a ressalva.

    E é uma bobagem. Mas nessa época do ano eu sempre lamento a ausência de alguns nomes no roll dos nobelizados. Tolstói, Walser, Kazantzakis, Schnitzler, Bioy Casares... enfim, a lista é extensa. A visibilidade é um fator importante nestas premiações, sem falar no sentimento de justiça ao ser reconhecido o legado de determinado escritor para a posteridade.

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    1. The Nobel Prize ‏@NobelPrize 7 minHá 7 minutos
      BREAKING NEWS The 2015 #NobelPrize in Literature is awarded to the Belarusian author Svetlana Alexievich

      https://twitter.com/NobelPrize

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    2. Bom, fazer o quê? Nem sempre os búzios funcionam. Esperar pela tradução da dama e ver se se trata de uma boa surpresa como foi Mo Yan e Patrick Modiano.

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    3. Eu vi o pronunciamento ao vivo pelo youtube no canal oficial do nobel.

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  11. Foda-se o Nobel e esses suecos arrombados filhos de mil putas.

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  12. Svetlana Alexievich 2015 #NobelPrize in Literature “for her polyphonic writings, a monument to suffering and courage in our time”
    Svetlana Alexievich es la 14ª mujer que consigue el Nobel de Literatura, y la 5ª en el Siglo XXI (la última, Munro en 2013) #nobelprize
    A spontaneous round of applause among the gathered journalists. Popular choice among the media corps!


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  13. Pelo menos muita gente conseguiu ter lucro, com as apostas.

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  14. Roth ganhará o Nobel quando o Inter ganhar o Brasileirão.

    @lhermoso_ 36 minHá 36 minutos Ver tradução
    Señores académicos suecos: un mundo en el que Philip Roth no ha ganado el Nobel es un mundo peor. Superen ya su fobia a USA.

    @elotroduarte 36 minHá 36 minutos Ver tradução
    Sería interesante para la historia literaria conocer los snapchats que Philip Roth está mandando a Murakami.

    @alexvtunzelmann 35 minHá 35 minutos Ver tradução
    Somewhere in Connecticut, Philip Roth grunts imperturbably and picks another bit of fluff out of his belly button.

    @denkkerker 29 minHá 29 minutos Ver tradução
    Philip Roth and Thomas Pynchon unfollowed @NobelPrize.

    @ThusBloggedA 8 minHá 8 minutos Ver tradução
    Seeing tweets abt Philip Roth's "achievement." Besides writing like a misogynist narcissist, what is that exactly?

    @MacTraverse 6 minHá 6 minutos Ver tradução
    Wieder kein Roth, Pynchon, deLillo... da stirbt gerade ne Jahrhundertgeneration von U.S.Autoren ohne einen einzigen Nobelpreis.

    I’m going to pretend to be surprised that Svetlana Alexievich is a real person and that I’ve got a clue what 'polyphonic writings' are

    @GiordanoTedoldi 26 minHá 26 minutos Ver tradução
    Nota filologica: nella motivazione hanno detto "polyphonic writings", quindi testi polifonici non scrittura polifonica. #nobelmusic

    @TCS_Clint 36 minHá 36 minutos Ver tradução
    #Nobel prize #literature: Svetlana Alexievich wins "for her polyphonic writings" http://gu.com/p/4d4m9/stw "prominent critic of Russian Regime"

    Tá divertido.

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    1. Sannikov said that Alexievich was a “writer and an artist” rather than a politician, but was nonetheless a well-known critic of the undemocratic regimes both in her native Belarus and in next-door Russia.

      “We always argue about many things. It’s always so refreshing to talk to her. She’s not very optimistic about our life or our future. She’s been outspoken, for example over Vladimir Putin’s war in Ukraine. She calls a spade a spade. Her position is liberal. She can’t accept evil in state power, whether in Belarus or in Russia.” He said her books “were not popular in Belarus”. Her last 2013 work, Second-Hand Time, wasn’t published in her homeland.

      ( ͡° ͜ʖ ͡°)

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  15. Olha, basta dizer que TOLSTÓI não ganhou o prêmio numa época apesar da enorme pressão. Eu disse TOLSTÓI.

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  16. Deve ser uma excelente escritora, mas ela não escreve literatura.

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    1. Achei bastante estranho isso, Cassionei. Estou ansioso para lê-la, mas, pelo que eu sei, trata-se de uma premiação absolutamente inédita. Nunca um escritor que se restringe ao jornalismo (mesmo o jornalismo literário) em sua produção ganhou o Nobel. O prêmio já foi dado a filósofos (Bergson, Russell), a ensaístas e sociólogos (ainda que estes fossem também ou romancistas e poetas, como Bródski, Canetti e Octávio Paz), a teatrólogos, mas nunca a jornalistas. Tem-se que ler a autora para saber ao certo os limites com a literatura do que ela faz, mas ainda assim sinto uma grande estranheza nessa escolha.

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    2. O mais próximo desse ineditismo que consigo lembrar é o prêmio conferido ao Churchill, por suas obras como historiador.

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    3. Para mim, literatura é arte. Que se crie outros prêmios para jornalistas. A literatura perde seu espaço.

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  17. https://pbs.twimg.com/media/CC5TMchWYAEsCQL.jpg:large

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  18. Charlles, a viúva eterna de Roth. :)
    Brincadeira a parte, chateado aqui também.
    Mas é isso mesmo que vocês todos falaram. Talvez me repito então. Mas se até Borges foi negado o Nobel por um jantar com Pinochet, que dirá Roth e sua nebulosa posição sobre a Palestina e o Estado de Israel. A pecha de misógino. A amizade corrente com o politicamente incorreto.

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    1. Acho que já falei sobre isso aqui, mas vai de novo. Vocês sabem para quem Borges perdeu o Nobel? No último ano da contagem, em que diversos jornalistas estavam estacionados diante a casa de Borges crentes de que as apostas se confirmariam e o argentino seria o ganhador do ano, o prêmio saiu para... ninguém menos que Saul Bellow. Creio que 1976 foi o ano raro em que dois gênios se confrontaram nas eliminações da escolha da academia. Em uma dessas entrevistas clássicas sobre o desalento que o começo de outubro provoca nos escritores, no mesmo dia, Borges respondeu não conhecer Bellow. Acho mesmo que foi algo como "nunca ouvi falar dele". E Borges termina dizendo que a academia jamais daria um prêmio a um platino. Seria uma escolha tremendamente difícil; foi um dos enigmas da minha vida de leitor: a quem escolher, Bellow ou Borges. Quando li essa história, não sei onde, há 25 anos ou mais, eu era ávido por Borges e era fácil me localizar. Mas hoje, eu ficaria com Bellow.

      A academia só dever ter lido O avesso da vida e Operação Shylock e abandonado os outros títulos de Roth. Só O teatro de Sabbath merecia o Nobel. Este romance é o maior romance em inglês dos últimos 50 anos, ficando ali ombreado aos 4 ou 5 livros fundamentais de Bellow. É uma tremenda de uma birra estúpida cancelar um escritor por suas ideias sobre o comportamento contemporâneo de sua própria etnia. Estou crente que eles realmente não vão escolher Roth. A morte de Roth vai ser um prazer de confirmação de forças para eles. A coisa só pode mudar se Roth atingir os 90 anos, aí talvez eles revalidem seu poder de o retalhar com um gesto calculado de piedade a um velho já destituído de capacidade de polêmicas.

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    2. Foi o que comentei com Charllyé por e-mail: do que adianta ter uma extensa obra de alta qualidade durante décadas? Um abracinho no Pinochet, nao seguir as boas maneiras da época, etc. acabam contando mais do que deveriam (e deveriam?).

      Mas, né, o pessoal é da Suécia, país ultra-sensível, laboratório das ideias super-inclusivas da gente esclarecida, boneco assexuado, invenção de pronome neutro, etc.

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    3. A Alemanha tá te fazendo bem, Matheus. "Invenção do pronome neutro" é muito bom. Sempre fui adepto de uma esquerda que não tem medo do Trieb.

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    4. ( ͡° ͜ʖ ͡°)

      Entendi ou não entendi?

      MELHOR NEM SABER.

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    5. "Invenção do pronome neutro" realmente é uma frase e tanto.

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    6. Os senhores entenderam, poxa.

      Mas confesso que também ri hahahah

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  19. Eu conhecia da celeuma que teve entre o Borges e o Canetti, mas eu só ouvi o lado do Canetti, e ele reafirma esse caso entre o Borges e o Pinochet, se tiveres interesse a entrevista está aqui. http://www.ddooss.org/articulos/textos/Elias_Canetti.htm

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  20. Enquanto isso no Brasil...

    Fico pensando quanto tempo demorará pra finalmente termos um Nobel de Literatura. E um Oscar. Não que eu acredite ser esses prêmios atestados de qualidade, mas sim porque, pra efeito, digamos, internacional, a produção literária e cinematográfica do país acaba tendo menos visibilidade. O cinema brazuca deste começo de século não faz vergonha a país nenhuma, apesar da ladainha de que argentinos são melhores e blábláblá. Cineastas nordestinos tem apresentado filmes simplesmente fantásticos. Só pensar em Kleber Mendonça Filho, no Hilton Lacerda, Marcelo Gomes, Karim Aïnouz, Petrus Cariry e por aí vai.
    No que tange à literatura penso que, quando se fala de autores que recebem mais atenção da mídia (se é que se pode usar esses termos quando se fala de literatura no Brasil), está difícil ganharmos alguma coisa. Se um middlebrow como o Galera (pra ficar em apenas um exemplo) é sucesso de crítica, poxa...

    Ana Paula Rocha

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    1. Acho que é falta de público interno para consumir a nossa produção artística de um modo geral, o brasileiro não vê muito cinema nacional dos ditos filmes de arte, por achar chato e "regionalista", o mesmo se aplica a literatura. Em compensação os filmes da globo filmes conseguem fazer uma boa bilheteria, e na literatura é só olhar a parte de não-ficção, a grande maioria é de brasileiros com obras de um gosto extremamente duvidoso, como a biografia da Kéfera e de outras pessoas do mesmo jaez.

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    2. Ana, eu fiquei pensando bastante nisso hoje, sobre a qualidade das coisas culturais no Brasil. Ando afastando a cortina que eu sempre coloquei entre minha percepção e a expressão artística brasileira, e não faço isso para ser simpático a alguma inerente causa nacionalista; faço-o mais pela imposição da maturidade. Pensar: Onde está o valor genuíno da arte brasileira? Será que não temos maior expressão por falta de uma mídia cultural poderosa (lembrando que, na poderosíssima mídia cultural americana, há gente muito mediana que é alicerçada a patamares de grandeza que só se explica pelo fetiche mercadológico e ufanista daquela país)? Eu creio que, HOJE, o único escritor passível de um Nobel no Brasil é a Nélida Piñon. É um insulto que ela esteja em tamanho ostracismo por aqui; é um sintoma de nossa falta de inteligência gerencial que escritores como ela não estejam alicerçados por uma potente estrutura de propaganda, de divulgação. É bom recordar que o que se faz por debaixo dos panos para que um escritor ganhe um Nobel não é coisa fácil: políticas, diplomacias, jantares, viagens, palestras (algumas vezes o país erra a mão e exagera, o que bota tudo a perder). Aqui no Brasil nunca tivemos tal mídia corporativa de fetichizar para as massas o grande escritor nacional e o grande cineasta, e o grande artista em geral. Temos um mercado editorial multifacetado e rico, mas isso pelo milagre de que o Brasil é um país de pouca leitura mas de grandes leitores: um mercado que se sustenta pela paixão: vide que o Brasil tomou frente nesse aumento de vendas de livros físicos, e no Brasil houve um aumento de números de livrarias, contrariando a tendência mundial. Por exemplo, deixar-se perder gente como Jorge Amado e Érico Veríssimo; o país não ter tido o insight de aproveitar o momento e incluí-los no advento do boom da literatura latino-americana. A prova da incompetência do Brasil em produzir o fetiche cultural e a corporação do consumo da arte nacional foi perder o bonde e deixar que se fale no boom da literatura HISPANO-americana, e não da literatura LATINO-americana. Que diferença tem o realismo fantástico de um Veríssimo com o de um Gabo? Será que a diferença de estilos entre ambos não traria méritos para os dois? Contudo, só o Gabo é universal; Veríssimo não.

      A incompetência para o fetiche cultural é tão grande que as tentativas que vemos é tíbia e desencontrada, como essa de tentar criá-lo através dos "jovens escritores gaúchos". É olhar para a direção errada: a literatura respira melhor e com mais escopo entre os mais maduros e os velhos. Literatura é experiência e antiguidade espiritual. Acho que os que estão aí em nosso atual cenário literário são muito insignificantes, ainda mais pelo tanto de temas a serem explorados que o país oferece e eles aí falando de futebol e paixonites traumáticas de uma infância de cinema americano. Acho que se a literatura brasileira pode ter um caminho de renovação, seria pelo respeito aos mais velhos, atrelado a estratégias inteligentes de consumo, e algo do tipo como fala Claudio Magris da literatura aldeã da Itália profunda. Magris, em Microcosmo, descreve o tanto de valiosos escritores anônimos que existem nos povoados de seu país. Isso poderíamos aprender com os americanos: a fetichização de tudo: por isso que escritores como Paul Auster e Updike são universais. Se ambos tivessem feito carreira no Brasil, seriam desconhecidos.

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    3. Charlles, um escritor como o Roth mesmo seria impossível ser valorizado aqui no Brasil, ele seria taxado de pornográfico, misógino e machista pela crítica.

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    4. Se não veio com poetas do quilate de Bandeira, Drummond, Cecília, João Cabral, Murilo, Jorge de Lima, Clarice, ou mesmo com romancistas/contistas/faz de tudo como Machado, Graciliano e o queridão Rosa, não virá com o que temos semanalmente nos moribundos segundos cadernos. Gente como Kiefer é escanteado, mas é "novo" ainda... (Claro que o assunto de importância aqui não é o premio em si, mas a relevância e a qualidade, que importam ainda mais em escolhas de autores de países periféricos sem muito lobby, hype etc).
      O "cinema nacional" ficou marcado para a massa como chato e intelectualóide, sujo e pobre-para-inteligentinho-ver. As exceções que arrastaram público, pelo visto, não mudaram as cabeças de quem faz cinema. Bem, posso estar falando besteira, não vejo cinema brasileiro faz uns três anos...

      E, neste momento, impacientes olhamos para nosso blogueiro favorito. Pretensão é bom, Charlles. Né Luiz? (Quando começa o True Highbrowspeak? Quero contribuir mensalmente para nossa sei-, ahn, comunidade virtual.)

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    5. Com absoluta certeza, Tiago. Aqui no Brasil o intelectual e o amante das artes é visto como um esnobe, uma aberração. O sujeito aqui se declarar como intelectual é motivo de chacota. Essa semana assisti a esse vídeo:

      https://www.youtube.com/watch?v=QM-Ujx7JET4

      Fiquei profundamente assustado. Não tem nada de novo nele, mas nos vermos pelo olhar de um estrangeiro foi um exercício de auto-lucidez sociológica tremenda. É isso aí que nos mantem no atraso!, pensei. É ISSO AÍ. Parece algo trivial e histriônico, mas esse é o rabo à mostra do astucioso diabo que nos mantêm enclausurados num subdesenvolvimento muito pior e conceitual: da escravização pela mais rasteira indústria cultural do planeta. Vai parecer desvio de assunto, mas tem tudo a ver: em nosso quadro de deficiência extrema de educação, junta-se o agravante do processo maciço de alienação emburrecedora da televisão e da mídia de entretenimento brasileira. A literatura que se vale no Brasil parece ainda ser escrita em latim, e a Rede Globo é quem faz sua liturgia de traduzi-la para as massas. Daí que temos um cenário único na divulgação da literatura no mundo: nossas grandes obras são transformadas em pastiches mercadológicos do pior nível pela tv que ainda é o monopólio do entretenimento e da manutenção do status quo no país, a única tv no mundo que dita as regras da política e da economia, que põe e defenestra presidentes. Daí as massas terem conhecimento de Grande sertão: veredas, através de Tarcísio Meira e Tony Ramos; daí Gabriela ser uma mera pornochanchada da morena subserviente de pernas arreganhadas em cima do telhado. Um livro como O teatro de sabbath ou seria escorraçado e abolido das livrarias, ou empobrecido em toda sua profundidade esotérica à rasura do pornógrafo. Mickey Sabbath, um dos mais profundos e soberbos personagens das letras modernas, seria reduzido a um Caio Castro envelhecido por uma má maquiagem se masturbando lubricamente com uma calcinha no quarto da filha do amigo que o acolheu. E o pior: a primeira dessas desvalorizações seria promulgada pela nossa classe intelectual, vide Monteiro Lobato.

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    6. True Highbrowspeak começa no dia que se chama hoje, Matheus.
      Charlles, outra história de outro injustiçado por Estocolmo por razão dos seus posicionamentos políticos. Se não fosse pela sandice de seu pequeno grupo paramilitar Tatenokai, Mishima certamente teria ganhado o Nobel. Corria a palavra que ele ganharia no ano que venceu seu amigo e mestre Kawabata. Aliás, ele chegava de um tour pela Europa na semana em que o Nobel fora anunciado. Saiu do avião cercado por jornalistas em polvorosa. Coube a Mishima a inglória de sair na foto apertando a mão de Kawabata quando lhe anunciaram o prêmio. Rito que Mishima cumpriu sem fingimento, talvez mais por seu orgulho ferido, do que pela tradição de piedade filial do oriente.
      Um jabá: https://twitter.com/juntakadaveres/status/600487700324573184

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    7. Errata: "deficiência eXtrema de educação".

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    8. Errata 2: vide O QUE FIZERAM com Monteiro Lobato.

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    9. Luiz, há uma crônica do Gabo que fala sobre como Rômulo Gallegos estava já muito bem cotado nas finais do prêmio quando uma comitiva inesperada e indesejada de políticos venezuelanos sem noção aportou na Suécia para fazerem de tudo para assegurarem a honraria. Gallegos não só perdeu como teve seu nome retirado da lista. E quem ganhou no lugar dele? William Faulkner.

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    10. "Um livro como O teatro de sabbath ou seria escorraçado e abolido das livrarias, ou empobrecido em toda sua profundidade esotérica à rasura do pornógrafo. "
      "E o pior: a primeira dessas desvalorizações seria promulgada pela nossa classe intelectual, vide Monteiro Lobato."

      Aí está. Tiago, cada livro novo de Roth diziam isso (misógino, pornográfico, machista, anti-judeu, etc.) em diversos locais, mas como naquelas bandas há pluralidade, pode seguir com a careira. Aqui, sem chances. As grandes editoras protestariam, jornais e departamentos de universidades boicotariam, ministros dariam seu parecer negativo...

      Veremos ainda se a Record vai caçar talentos literários perdidos nesse Brasil mesmo ou apenas surfará oportunisticamente na onda atual.

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    11. O Luiz, teu e-mail é aquela da utoronto.ca ainda?

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  21. A Nélida Piñon que foi citado pelo Charlles, numa das respostas acima, foi tema dessa matéria, eu creio que resume parcialmente a crítica do nosso país. http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/09/1680462-a-ladeira-ingreme-de-nelida-pinon.shtml

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    1. Ótimo link.

      "O prêmio Nobel Mario Vargas Llosa é dos que se rasgam de elogios à colega de letras brasileira: 'Os livros de Nélida Piñon permitem a imersão num mundo de grande riqueza verbal, que explora sutilmente a condição humana e desvela a infinita variedade de atitude e reações de homens e mulheres frente a experiência do amor, da amizade, da fantasia, da palavra e da própria literatura'".

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    2. Tô imprimindo esses comentários e colando no meu guarda roupa.

      Curso de letras pra quê? Se existe a caixa de comentários do blog.

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