Belo lançamento. Em setembro teremos mais dois sensacionais: o último do javier marias pela cia e o volume completo de todos os contos do Tolstoi pela Cosac
No vídeo sobre o encontro de Pepe Mujica com a Juventude brasileira, ocorrido em 27/08/2015, na Uerj, um fato, não comentado em qualquer mídia, me chamou a atenção…: num dado instante, durante a fala do sábio, um menino que fazia parte da mesa, provavelmente um líder estudantil, mas escondido da câmara delatora, começou a chorar… /1/. Sem jeito, tentou disfarçar… Todavia, a cada tentativa, mais evidente ficava, copiosamente… É…, comecei a chorar junto…
Mujica tratava de uma questão seriíssima: a considerar o estágio atual do capitalismo, a superação do mesmo deveria vir acoplada fundamentalmente a uma transformação paulatina dos valores culturais hegemônicos; por exemplo, não é natural a obcessão de se consumir mais e mais… Ao contrário, o natural é transformar o fruto do nosso trabalho, que gera capital, em um conhecimento de si mesmo, mas com a meta de conhecer o outro, pois o público é em essência também o privado ou, em outras palavras, mais que uma conta corrente a acorrentar a nossa liberdade, o medular é o nosso amor coletivo que perpassa e respeita as faces de nosso amor aos homens, às mulheres, aos filhos, aos amigos, aos bichos, às árvores, aos rios, aos oceanos, ao silêncio estelar das estrelas idas e das novas… que ainda serão bem-vindas: Mujica tratava da única utopia que, de fato, vale a pena: a continuidade à dádiva da vida.
Choramos juntos, eu e aquele menino… Não à tristeza, mas à possibilidade da página, na qual, apesar das horas, o poema brota.
PS.: ao menino da Uerj, que desconheço, deixo:
MOQUECA by Ramiro Conceição
Não sou vermelho, branco, preto ou amarelo. Muito menos mulçumano, judeu ou cristão. Não cuspo no chão. Santo? Não sou não! Sim, tenho o estranho hábito de enterrar e desenterrar os ossos do nosso desatino e com carinho planto girassóis no quintal. Sim, sou um cachorrinho, um quase canibal, um misto de coveiro, jardineiro e cozinheiro que faz uma moqueca de estrelas aos convidados – à mesa principal.
/1/: o menino começa a chorar, aproximadamente, 2:25:54… EVOÉ!
Piketty, em seu Capital, no capítulo 16, trata da dívida pública. De acordo com o autor, a solução que parece mais razoável, ao enfretamento de tal complexa questão, seria a criação de um imposto progressivo – durante um intervalo de tempo a ser estipulado por um extenso acordo político – associado às diferentes categorias de capital, ou seja: i) tal imposto seria praticamente nulo em patrimônios líquidos inferiores a 1 milhão de euros (~ 4 milhões de reais), quer dizer, no caso brasileiro, praticamente 90% da população não seria atingida; ii) aos patrimônios líquidos entre 1-5 milhões de euros (~ 4-20 milhões de reais), tal imposto deveria ser próximo a 1%; iii) e em patrimônios superiores a 5 milhões de euros (20 milhões de reais, aproximadamente), o imposto estaria por volta de 2%. A proposta de Piketty tem lógica, pois, se não está a me falhar a memória, entre os 5%, mais ricos, mas principalmente, no 1%, mais abastado, está praticamente de 30 a 50% do capital estocado, em uma NAÇÃO RICA, mas alicerçada num ESTADO POBRE.
E capital estocado é capital morto porque não é produtivo, não gera trabalho e nem riqueza a ser distribuída. Chega-se à conclusão, portanto, que o atual estágio do capitalismo é diabético, obeso, parado, rentista, repleto de triglicérides gerados por um diminuta minoria (isso, assim mesmo, redundante…) de párias sociais, encastelados em uma ideologia imediatista a dilapidar esse Planeta.
Por outro lado, Piketty faz uma seriíssima advertência: tal imposto progressivo seria possível se, e somente se, houver uma transparência global sobre o fluxo de capitais em transição nos mercados, pois aquela minoria obesa, aquele 1%, exerce a sua hegemonia via um pequeno exército de capachos, espalhados em todas as categorias do trabalho humano, que eu os definiria como – subanimais!
Logo, nunca dantes esse mundo precisou tanto de bicicletas que, eruditas, sabem do momento de inércia…: a probabilidade do movimento SEM QUEDA.
RASCUNHOS by Ramiro Conceição
A arte não vem cedo. A arte não vem tarde. A arte vem em rabiscos da realidade.
Dos rascunhos que fique a cor que berre qual uma novilha contente sem medo do mundo.
Agora só falta o novo livro de ensaios dele lançando recentemente nos EUA e também, que sinto falta no mercado editorial brasileiro, os livros de ensaios do Martin Amis.
Juro: vi, no meu sonho do “Jardim dos Castanhos”, o Quixote, diante de Dulcineia del Toboso, a abandonar o pangaré Rocinante… E, com uma bicicleta nova de fibra de carbono, começou a combater esses novos moedores do entretenimento… Sancho? Ora, como é de costume, ficou perdido… Na escada rolante da realidade!
Belo lançamento. Em setembro teremos mais dois sensacionais: o último do javier marias pela cia e o volume completo de todos os contos do Tolstoi pela Cosac
ResponderExcluirSe nada é haver: tudo a ver...
ResponderExcluirPorque hoje é sábado,
e Deus está cansado,
fica isso sem pecado:
http://tijolaco.com.br/blog/?p=29292
O CHORO
Excluirby Ramiro Conceição
No vídeo sobre o encontro de Pepe Mujica com a Juventude brasileira, ocorrido em 27/08/2015, na Uerj, um fato, não comentado em qualquer mídia, me chamou a atenção…: num dado instante, durante a fala do sábio, um menino que fazia parte da mesa, provavelmente um líder estudantil, mas escondido da câmara delatora, começou a chorar… /1/. Sem jeito, tentou disfarçar… Todavia, a cada tentativa, mais evidente ficava, copiosamente… É…, comecei a chorar junto…
Mujica tratava de uma questão seriíssima: a considerar o estágio atual do capitalismo, a superação do mesmo deveria vir acoplada fundamentalmente a uma transformação paulatina dos valores culturais hegemônicos; por exemplo, não é natural a obcessão de se consumir mais e mais… Ao contrário, o natural é transformar o fruto do nosso trabalho, que gera capital, em um conhecimento de si mesmo, mas com a meta de conhecer o outro, pois o público é em essência também o privado ou, em outras palavras, mais que uma conta corrente a acorrentar a nossa liberdade, o medular é o nosso amor coletivo que perpassa e respeita as faces de nosso amor aos homens, às mulheres, aos filhos, aos amigos, aos bichos, às árvores, aos rios, aos oceanos, ao silêncio estelar das estrelas idas e das novas… que ainda serão bem-vindas: Mujica tratava da única utopia que, de fato, vale a pena: a continuidade à dádiva da vida.
Choramos juntos, eu e aquele menino… Não à tristeza, mas à possibilidade da página, na qual, apesar das horas, o poema brota.
PS.: ao menino da Uerj, que desconheço, deixo:
MOQUECA
by Ramiro Conceição
Não sou vermelho, branco, preto ou amarelo.
Muito menos mulçumano, judeu ou cristão.
Não cuspo no chão. Santo? Não sou não!
Sim, tenho o estranho hábito de enterrar
e desenterrar os ossos do nosso desatino
e com carinho planto girassóis no quintal.
Sim, sou um cachorrinho,
um quase canibal, um misto de coveiro,
jardineiro e cozinheiro que faz uma moqueca
de estrelas aos convidados – à mesa principal.
/1/: o menino começa a chorar, aproximadamente, 2:25:54… EVOÉ!
PRECISA-SE DE BICICLETAS
ResponderExcluirby Ramiro Conceição
Piketty, em seu Capital, no capítulo 16, trata da dívida pública. De acordo com o autor, a solução que parece mais razoável, ao enfretamento de tal complexa questão, seria a criação de um imposto progressivo – durante um intervalo de tempo a ser estipulado por um extenso acordo político – associado às diferentes categorias de capital, ou seja: i) tal imposto seria praticamente nulo em patrimônios líquidos inferiores a 1 milhão de euros (~ 4 milhões de reais), quer dizer, no caso brasileiro, praticamente 90% da população não seria atingida; ii) aos patrimônios líquidos entre 1-5 milhões de euros (~ 4-20 milhões de reais), tal imposto deveria ser próximo a 1%; iii) e em patrimônios superiores a 5 milhões de euros (20 milhões de reais, aproximadamente), o imposto estaria por volta de 2%.
A proposta de Piketty tem lógica, pois, se não está a me falhar a memória, entre os 5%, mais ricos, mas principalmente, no 1%, mais abastado, está praticamente de 30 a 50% do capital estocado, em uma NAÇÃO RICA, mas alicerçada num ESTADO POBRE.
E capital estocado é capital morto porque não é produtivo, não gera trabalho e nem riqueza a ser distribuída. Chega-se à conclusão, portanto, que o atual estágio do capitalismo é diabético, obeso, parado, rentista, repleto de triglicérides gerados por um diminuta minoria (isso, assim mesmo, redundante…) de párias sociais, encastelados em uma ideologia imediatista a dilapidar esse Planeta.
Por outro lado, Piketty faz uma seriíssima advertência: tal imposto progressivo seria possível se, e somente se, houver uma transparência global sobre o fluxo de capitais em transição nos mercados, pois aquela minoria obesa, aquele 1%, exerce a sua hegemonia via um pequeno exército de capachos, espalhados em todas as categorias do trabalho humano, que eu os definiria como – subanimais!
Logo, nunca dantes esse mundo precisou tanto de bicicletas que, eruditas, sabem do momento de inércia…: a probabilidade do movimento SEM QUEDA.
RASCUNHOS
by Ramiro Conceição
A arte não vem cedo.
A arte não vem tarde.
A arte vem
em rabiscos
da realidade.
Dos rascunhos
que fique a cor
que berre qual
uma novilha contente
sem medo do mundo.
O resto é cena,
não vale a pena
porque é escuro.
E com a tradução do Galindo, que é um craque.
ResponderExcluirAgora só falta o novo livro de ensaios dele lançando recentemente nos EUA e também, que sinto falta no mercado editorial brasileiro, os livros de ensaios do Martin Amis.
Juro: vi, no meu sonho do “Jardim dos Castanhos”, o Quixote, diante de Dulcineia del Toboso, a abandonar o pangaré Rocinante… E, com uma bicicleta nova de fibra de carbono, começou a combater esses novos moedores do entretenimento… Sancho? Ora, como é de costume, ficou perdido… Na escada rolante da realidade!
ResponderExcluir