sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Companhias para o mês



Férias nesse mês. Atocaiado na biblioteca de casa, sem direito a atender a campainha. De bermudas e chinelos. De frente ao computador em horas regradas, para os projetos literários pessoais e para as traquinagens esporádicas do blog. Os companheiros serão David Copperfield, na bela edição da Cosac, e mais os Philip K. Dick que espero chegar na caixa postal. E O homem que amava cachorros, uma leitura noturna. Muita gente dizendo que 2014 foi um ano ruim e aquelas piadas todas sobre o ano velho, como se a Copa tivesse alguma coisa a ver comigo. 2014 foi-me um ano bom como todos os outros, no campo literário o ano em que conheci Musil. E Dick. E mais um monte de outras coisas (o álbum Rewind the film, por exemplo, que me imagino ouvindo-o pelo fone de ouvido debaixo de um arbusto gnômico de uma praça de infância, enquanto chove. Vai entender.) Não caio nessas limitações da arraia miúda descerebrada que transforma suas vidas em quintal da baixa política. Um mês pela frente de hedonismo e recolhimento. Ele está só começando. Ôba! 

23 comentários:

  1. Charlles vai sair alguma resenha sobre "o homem sem qualidades", estou querendo me motivar a ler aquele tijolo, a minha edição é a primeira em capa dura e pesa horrores, desse ano ele não passa, mas antes vou ler " o jovem Törless" que foi o primeiro romance dele, a propósito linda essa edição do Dickens .

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    1. O homem sem qualidades é um empreendimento de peso para o leitor, Tiago. Mas é muita mais leve e fluido do que parece. Tem esse papo de que certos romanções exigem um preparo, um treino em outras leituras primeiro, mas isso é balela. Para mim foi um entretenimento de primeira, no sentido de deleite.

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    2. Pois então a minha preocupação é mesmo com o peso, já que eu não posso leva-lo comigo para ler em qualquer lugar, essa parte da leitura impenetrável eu já passei da idade de acreditar nas grandes obras indeslindáveis que os críticos tanto nos fazem tentar acreditar.

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    3. Demorei a ler Musil porque eu sentia um certo receio dele.

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  2. Um mês de férias: que maravilha! Eu tenho uma semana de folga pela frente, e também já fiz minha programação literária: terminar de ler o "Memórias de um Caçador" (indicação sua, Charlles, de uns meses atrás), que iniciei no começo da semana e já vai bem avançado, e "Ninguém Nada Nunca", de Juan José Saer, que peguei emprestado de meu irmão.

    Charlles, "Rewind the Film" é o disco do Manic Street Preachers?

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    1. É o álbum do MSP. Descobri-o por acaso em 2014 e se tornou um dos meus melhores. Engraçado é que não me agradei de nenhum outro da banda. A canção título mesmo é belíssima, com aquele arranjo cheio de nostalgia que lembra Morricone.

      O Memórias é ótimo, não?

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    2. O Memórias é ótimo, Charlles! Alguns dos contos são até bem mais do que ótimos.

      Eu gosto muito do MSP. Não tanto dos primeiros discos; era praticamente uma outra banda.

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  3. Pensei em tirar uma foto das compras que chegaram aqui, mas logo imaginei Luiz criticando-me pelo showing off desnecessário no post do Charlles e desisti =D

    Para a alegria de todos aqui (hahaha) duas entrevistas publicadas ontem e hoje do Wellbeck sobre seu novo livro, Submissão, ou, melhor, Islam...

    http://www.theparisreview.org/blog/2015/01/02/scare-tactics-michel-houellebecq-on-his-new-book/

    http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/france/11323557/Enfant-terribles-literary-vision-of-an-Islamic-France.html

    Comecei a ler agora a primeira entrevista. Estou gostando.

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    1. Baita entrevista do Houellebecq. Acho que não encontraremos o vazio de antes, nem as provocações baratas. Tá mais sério, maduro.

      Muita do que foi dito penso estar correto. Haverá aproximação de católicos e muçulmanos, sim - eles já começaram a influenciar a Igreja internamente. Resta saber se dá para reverter o processo e restaurá-la, para então restaurar a Ordem. Mas, como disse o francês de cabelo esquisito, o Islam parece ter cara de futuro, Catolicismo de passado...

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    2. Eu quero ler outros livros do Houlla, Matheus. Esse novo e os outros. Amanhã de manhã, enquanto o pessoal aqui de casa estiver na igreja, penso escrever sobre os livros que li dele, e sobre o que considero o sucesso em seu público alvo.

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  4. Virei a contra-gosto o super-ego do blog do Charlles?
    :(

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Começo a reler hoje o Portnoy's Complaint do Roth para o curso que vou lecionar People of the Body: Desire, Sex and the Body in Judaism. Li no Eros and the Jews do David Biale sobre a enxurrada se controvérsia que seguiu a publicação do livro especialmente no New York Times por volta de 1969. Quero ler particularmente uma sátira que seguiu o Portnoy's onde um Wasp Episcopalian de New England emula o judeu pervertido de Roth. A sátira foi entitulada "Peabody's Complaint" e apareceu no New York Times Book Review de 69.

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    1. Vai ser um ótimo curso.

      Já conhece esse autor?:

      http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/tag/a-questao-finkler/

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    2. Não conheço o autor, Charlles. Bom?
      Aliás, deixa eu registrar aqui a minha dívida com você por ter me empurrado a ler Roth.
      Portnoy's Complaint será a última parte do meu curso.
      Biale tem um capítulo inteiro no Eros and the Jews sobre esteriótipos sexuais do Judeu, onde ele analiza vários mitos sexuais sobre o homem e a mulher Judia na América - o esteriótipo do Judeu da diáspora degenerado, da "Princesa" Judaica não-erotizida, da Shiksa puta - através do Portnoy.

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    3. Também não o conheço. Encontrei uma menção apaixonada nestas listas das melhores leituras do ano passado. É o único livro dele traduzido para o Brasil. Parece que ele quase completamente desconhecido fora da Inglaterra, apesar de ter ganho com este o Booker Prize de 2010. Encomendei pela Amazon. A Amazon tem sido um pecado na minha vida.

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    4. Fico envaidecido bastante por ter influenciado você.

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  7. De coração,
    Luiz, que seja
    um excelente
    curso…


    TÚMULO
    by Ramiro Conceição

    Um excelente livro lido
    é pra ser amadurecido
    num outro escrito, dedicado
    ao cume onde está o túmulo
    desses ditos bons costumes.

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  8. charlles, charlles... obrigado pelas anamneses e pela dica do Rewind the film... sempre bom ouvir algo novo e legal. um álbum de 2013 e q tinha me passado TOTALMENTE batido (o q é mais q entendível; não acompanho mais a "cena musical" há anos, só pego as coisas no ar, assim)...

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    1. O álbum é lindo, arbo. Fiquei muito surpreso ao ouvi-lo. Como você, eu também não sinto muito interesse pela cena atual. Mas escutei a banda tocando Show me the wonder em um programa na tv, o que me motivou a ir atrás do disco. E o disco todo parece ter sido feito sob uma outra ótica, sem revelar atender ao mercado.

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