terça-feira, 4 de janeiro de 2011
O Primeiro Coro de "A Rocha"
Paira a águia no alto do céu,
o caçador e a matilha completam seu círculo,
Oh, revolução incessante de configuradas estrelas!
Oh, perpétuo curso de estações determinadas!
Oh, mundo do estio e do outono, de morte e nascimento!
O infinito ciclo das ideias e dos atos,
infinita invenção, experimento infinito,
traz conhecimento da mobilidade, mas não da quietude;
conhecimento da fala, mas não do silêncio;
conhecimento das palavras e ignorância da Palavra.
Todo o nosso conhecimento aproxima-nos de nossa ignorância,
toda a nossa ignorância aproxima-nos da morte,
mas a aproximidade da morte não nos aproxima de Deus.
Onde está a vida que perdemos em viver?
Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?
Onde o conhecimento que perdemos em informação?
Os ciclos celestiais em vinte séculos
afastam-nos de Deus e aproximam-nos do pó.
(T. S. Eliot)
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A LENDA
ResponderExcluirby Ramiro Conceição
Diz uma lenda que, certa vez,
Deus e um poeta se falaram:
— E, aí, poeta, algum plano imediato?
— No momento, subir a escada, entrar no quarto,
abrir as janelas, pensar-sentir… E encantá-Lo.
(Diz a lenda que Deus chorou).
HUMANA PROFECIA
ResponderExcluirby Ramiro Conceição
Em tempos terríveis,
quando a herança é o medo,
é bom acender uma fogueira
para que todos se aqueçam;
assim, talvez,
poucos bêbados alumiem-se
com palavras de entusiasmo – êxtase!
Porque a Vida
pra alguma coisa celestina se destina.
Viemos de estrelas, para lá retornaremos.
Eis a humana profecia: do pó – à Poesia!
Só esse desfecho, essa aproximação daquilo que supomos nos tornar, mas que já somos desde o nascimento, só ele já vale o poema.
ResponderExcluirEliot não amolece nem tranquiliza. Vai ao fundo sem deixar quer recuperemos o fôlego.
Talvez o grande dor norte-americanos.
Abraço
Grijó
grijó, tenho "A Rocha" num volume separado aqui em casa, mas esse excerto foi tirado de um perfil de Borges sobre o poeta. É, pois, uma tradução da tradução de Borges.
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