sexta-feira, 1 de julho de 2011

Quino


12 comentários:

  1. Devo ser a única pessoa do mundo que não gosta de Quino. Mafalda, então, tenho ódio.

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  2. Conheço algumas outras pessoas que não gostam. Ninguém é unanimidade. Assim como aposto que você não gosta UNANIMAMENTE de tudo do Quino. Essa tirinha é muito boa, confessa.

    Retirei do ipsis litteris, o blog do Grijó. (Tentei escrever isso lá em cima, mas a bagunça que deu, não deu.)

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  3. Essa tirinha, em particular, é boa. Boazinha. Não gosto da maneira como ele dá a crítica toda mastigada. Na boca de uma criança, como no caso da Mafalda, me soa chatíssimo. Tão chato como as crianças que falam como adultos em novelas (nem sei se ainda existem).

    Uma amiga foi à Argentina, trouxe um livrinho da Mafalda e ia me dar de presente. Fui obrigada a confessar que detesto Mafalda, e que ela desse o livrinho pra outra pessoa. Não foi educado, mas não achei justo. Não ia nem abrir o livro, ia doar pra biblioteca.

    Ainda bem que ela entendeu. Culpa dessa minha sinceridade galopante.

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  4. Mas talvez os possíveis exageros sejam parte do universo dos quadrinhos, Caminhante. A Mafalda fala, muitas vezes, com uma consciência hiperdesenvolvida para sua idade. Por um outro lado, nos desenhos da Mafalda não há nenhum animal falante, nenhum gato sarcástico ou um cachorrinho escritor. E mesmo a Mafalda é absurdamente ingênua e saudavelmente infantil, como das vezes em que faz perguntas que deixam os pais depressivos pois os confrontam com as suas insuficiências e derrotas de adultos aprisionados na rotina estupidificante. Na primeira tirinha da Mafalda_ antológica_ ela, acreditando que está fazendo a felicidade da mãe, diz para a mãe que quando crescer não quer ser uma mulher apagada e desgastada como ela. Eu acho a Mafalda absolutamente genial!

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  5. Prefiro animais falantes, gatos sarcásticos e cachorrinhos escritores. Aí se assume de uma vez que está no reino da fantasia. Não gosto da idéia de pais depressivos por perguntas inteligentes, mesmo que ingênuas. Bem, gosto não se discute. Eu odeio a Mafalda e adoro Garfield e Snoopy. E Calvin & Haroldo, Tintim, Asterix, Recruta Zero, Tio Patinhas...

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  6. Eu adoro todos os outros que citastes, também. Aliás, não há quadrinhos que eu não goste.

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  7. Eu não gosto dos quadrinhos adultos. Esses que viraram peças de colecinador.

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  8. Eu roubei muitos livros de uma biblioteca pública em Goiânia quando era adolescente desprovido de recursos para sustentar meu vício de leitura. Depois de algum tempo fui acometido por um peso de consciência terrível por causa disso. Doei três exemplares maravilhosos de "O Príncipe Valente", do Hal Foster, que eu amava além de qualquer coisa; livros editados em Portugal, do tamanho inusitado de pranchas, e que hoje são exemplares de colecionador caríssimos. O sacrifício exigia dor física e privação apaixonada. Mas cometi um deslize. Ao entregar os volumes à bibliotecária_ uma mulher típica desses postos de áurea policial, velhas secas e encarquilhadas treinadas para ver a malícia por detrás de blusas compridas e mochilas não revistadas_ me neguei a preencher a ficha de doação, achando que o anonimato fazia parte de um dos quesitos para um remorso desprovido de sinais de fariseísmos. Nunca mais vi esses volumes a biblioteca, por todos esses 20 anos. Ladrão que rouba ladrão?

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  9. Eu tenho alguma resistência à bibliotecas justamente porque minha mãe trabalha em uma. Sei de histórias de livros sumidos, classificações estúpidas ("A 3º guerra mundial". Assunto: história), livros recebidos com má vontade, livros abandonados, livros vendidos em sebos... Como se diz, pra respeitar uma instituição (e a maioria das pessoas), não devemos ter um convívio muito próxima a ela.

    Atualmente, tenho preferido doar pra biblioteca de um amigo meu

    http://livroseafins.com/biblioteca-pote-de-mel-pegue-um-livro-devolva-quando-quiser/

    pelo menos a coisa é mais assumida. Se quiser devolver devolve, e se quiser levar pra casa pode levar e entenda-se com a própria consciência. Mas é claro que nunca passei lá pra emprestar e muito menos pra ver o que fizeram das muitas doações que fiz. Sentiria dores no coração, tenho certeza.

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  10. CONTA DE LUZ
    by Ramiro Conceição


    Somos punitivos.
    Não, educativos.

    Se não se pagar a conta de luz,
    o corte não se dará na segunda,
    na terça, na quarta ou na quinta-feira
    mas sempre numa maldita sexta-feira.

    O escarro do recado é o seguinte:
    o fundamental é passar às cegas
    o sábado e certamente o domingo;
    o importante não é a solução do problema
    mas a humilhação do olhar, na falta de luz.

    Ouriçados, cacarejam os urubus de plantão:
    - Por que não botou no débito automático?
    - Por que, por três meses, você não pagou?

    Por esquecimento e, efetivamente, por desleixo.
    - Então vai se fodê; toma no cu a sua escuridão.

    Mas… e se eu não tivesse conta no banco,
    ou se eu fosse um desempregado? Aliás,
    quem vai me pagar a geladeira queimada
    naquela sobrecarga?

    - Vá se fodê, poeta!
    - Vá chiar no Procon!

    Quem vai pagar a vida daquele velho que,
    de síncope, morreu quando parou o elevador?
    E aquela mulher, em coma, quem vai pagar,
    porque findou a luz no hospital, sem gerador?
    Quem vai indenizar o motociclista paraplégico
    que, no cruzamento, se acidentou no sinaleiro?

    - Vá se fodê, poeta!
    - Não enche o saco!

    Vão se fodê, vocês!
    Na segunda – pago a conta!

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  11. Quino é mesmo um apocalíptico genial, mas não desenha mais, é pena. A Argentina o cansou primeiro, o mundo inteiro, depois.

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  12. Caramba, eu só lia a Mafalda quando tinha que prestar vestibular pra UFRGS (e foram 4).Era preciso esmiuçar a malícia/ingenuidade/perspicácia/crítica/etc. por detrás dos "sublimes" traços do autor... sem mais delongas já digo que a Mafalda é igual à Emília do Monteiro, que são iguais à Luci (Snoopy), iguais ao Garfield, ao Calvin... todos são projeções das opiniões veladas de seus autores. Mas o personagem que mais representa toda essa turma é a Pópis... essa mesma, a do Chaves do 8, quando ela diz ou faz alguma coisa "errada" (espontânea) e é repreendida. Só lhe resta bater na bunda da boneca Serafina e dizer "Feia, feia, feia!". É tipo falar o que pensa e dizer longo em seguida: "Não está mais aqui quem falou!" para não ter que arcar com as consequências (cadê o trema?). São parábolas de quem não tem saco de escrever um monólogo, uma tese, um estudo ou nem mesmo um conto. O Quino pode ser genial... mas a Mafalda é simplória.

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